Mensagem

"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."

Militão Pacheco

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

RECEITA DE ANO NOVO

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,

Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

ORAÇÃO NOSSA

Senhor, ensina-nos:

a orar sem esquecer o trabalho,

a dar sem olhar a quem,

a servir sem perguntar até quando,

a sofrer sem magoar seja a quem for,

a progredir sem perder a simplicidade,

a semear o bem sem pensar nos resultados,

a desculpar sem condições,

a marchar para a frente sem contar os obstáculos,

a ver sem malícia,

a escutar sem corromper os assuntos,

a falar sem ferir,

a compreender o próximo sem exigir entendimento,

a respeitar os semelhantes sem reclamar consideração,

a dar o melhor de nós, além da execução do próprio dever, sem cobrar taxas de reconhecimento,

Senhor fortalece em nós a paciência para com as dificuldades dos outros, assim como precisamos da paciência dos outros para com as nossas dificuldades.

Ajuda-nos, sobretudo, a reconhecer que a nossa felicidade mais alta será invariavelmente, aquela
de cumprir-Te os desígnios onde a como queiras, hoje, agora e sempre.

Espírito: EMMANUEL
Médium: Francisco Cândido Xavier
Livro: “A Luz da Oração”

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

NOSTALGIA E DEPRESSÃO

As síndromes de infelicidade cultivada tornam-se estados patológicos mais profundos de nostalgia, que induzem à depressão.

O ser humano tem necessidade de auto-expressão, e isso somente é possível quando se sente livre.

Vitimado pela insegurança e pelo arrependimen­to, torna-se joguete da nostalgia e da depressão, per­dendo a liberdade de movimentos, de ação e de as­piração, face ao estado sombrio em que se hominiza.

A nostalgia reflete evocações inconscientes, que parecem haver sido ricas de momentos felizes,
que não mais se experimentam. Pode proceder de exis­tências transatas do Espírito, que ora as recapitula nos recônditos profundos do ser, lamentando, sem dar-se conta, não mais as fruir, ou de ocorrências da atual.

Toda perda de bens e de dádivas de prazer, de júbilos, que já não retornam, produzem estados nos­tálgicos. Não obstante, essa apresentação inicial é saudável, porque expressa equilíbrio, oscilar das emoções dentro de parâmetros perfeitamente natu­rais. Quando porém, se incorpora ao dia-a-dia, ge­rando tristeza e pessimismo, torna-se distúrbio que se agrava na razão direta em que reincide no com­portamento emocional.

A depressão é sempre uma forma patológica do estado nostálgico.

Esse deperecimento emocional, faz-se também corporal, já que se entrelaçam os fenômenos físicos e psicológicos.

A depressão é acompanhada, quase sempre, da perda da fé em si mesmo, nas demais pessoas e em Deus... Os postulados religiosos não conseguem per­manecer gerando equilíbrio, porque se esfacelam ante as reações aflitivas do organismo físico. Não se acre­ditar capaz de reagir ao estado crepuscular, caracte­riza a gravidade do transtorno emocional.

Tenha-se em mente um instrumento qualquer. Quando harmonizado, com as peças ajustadas, pro­duz, sendo utilizado com precisão na função que lhe diz respeito. Quando apresenta qualquer irregulari­dade mecânica, perde a qualidade operacional. Se a deficiência é grave, apresentando-se em alguma peça relevante, para nada mais serve.

Do mesmo modo, a depressão tem a sua reper­cussão orgânica ou vice-versa. Um equipamento de­sorganizado não pode produzir como seria de dese­jar. Assim, o corpo em desajuste leva a estados emo­cionais irregulares, tanto quanto esses produzem sen­sações e enarmonias perturbadoras na conduta psi­cológica.

No seu início, a depressão se apresenta como desinteresse pelas coisas e pessoas que antes tinham sentido existencial, atividades que estimulavam àluta, realizações que eram motivadoras para o sen­tido da vida.

À medida que se agrava, a alienação faz que o paciente se encontre em um lugar onde não está a sua realidade. Poderá deter-se em qualquer situação sem que participe da ocorrência, olhar distante e a mente sem ação, fixada na própria compaixão, na descrença da recuperação da saúde.

Normalmente, porém, a grande maioria de depressivos pode con­servar a rotina da vida, embora sob expressivo es­forço, acreditando-se incapaz de resistir à situação vexatória, desagradável, por muito tempo.

Num estado saudável, o indivíduo sente-se bem, experimentando também dor, tristeza, nostalgia, an­siedade, já que esse oscilar da normalidade é carac­terística dela mesma. Todavia, quando tais ocorrên­cias produzem infelicidade, apresentando-se como
verdadeiras desgraças, eis que a depressão se está fixando, tomando corpo lentamente, em forma de reação ao mundo e a todos os seus elementos.

A doença emocional, desse modo, apresenta-se em ambos os níveis da personalidade humana: cor­po e mente.

O som provém do instrumento. O que ao segun­do afeta, reflete-se no primeiro, na sua qualidade de exteriorização.

Idéias demoradamente recalcadas, que se negam a externar-se - tristezas, incertezas, medos, ciúmes, ansiedades contribuem para estados nostálgicos e depressões, que somente podem ser resolvidos, à me­dida que sejam liberados, deixando a área psicológi­ca em que se refugiam e libertando-a da carga emo­cional perturbadora.

Toda castração, toda repressão produz efeitos de­vastadores no comportamento emocional, dando campo à instalação de desordens da personalidade, dentre as quais se destaca a depressão.

É imprescindível, portanto, que o paciente en­tre em contato com o seu conflito, que o libere, desse modo superando o estado depressivo.

Noutras vezes, a perda dos sentimentos, a fuga para uma aparência indiferente diante das desgra­ças próprias ou alheias, um falso estoicismo contri­buem para que o fechar-se em si mesmo, se transfor­me em um permanente estado de depressão, por negar-se a amar, embora reclamando da falta de amor dos outros.

Diante de alguém que realmente se interesse pelo seu problema, o paciente pode experimentar uma explosão de lágrimas, todavia, se não estiver inte
ressado profundamente em desembaraçar-se da cou­raça retentiva, fechando-se outra vez para prosse­guir na atitude estóica em que se apraz, negando o mundo e as ocorrências desagradáveis, permanecerá ilhado no transtorno depressivo.

Nem sempre a depressão se expressará de for­ma autodestrutiva, mas com estado de coração pe­sado ou preso, disfarçando o esforço que se faz para a rotina cotidiana, ante as correntes que prostram no leito e ali retêm.

Para que se logre prosseguir, é comum ao paci­ente a adoção de uma atitude de rigidez, de deter­minação e desinteresse pela sua vida interna, afive­lando uma máscara ao rosto, que se apresenta pati­bular, e podem ser percebidas no corpo essas deci­sões em forma de rigidez, falta de movimentos har­mônicos...

Ainda podemos relacionar como psicogênese de alguns estados depressivos com impulsos suicidas, a conclusão a que o indivíduo chega, considerando-se um fracasso na sua condição, masculina ou femini­na, determinando-se por não continuar a existência. A situação se torna mais grave, quando se acerca de uma idade especial, 35 ou 40 anos, um pouco mais, um pouco menos, e lhe parece que
não conseguiu o que anelava, não se havendo realizado em tal ou qual área, embora noutras se encontre muito bem. Essa reflexão autopunitiva dá gênese a estado de­pressivo com indução ao suicídio.

Esse sentimento de fracasso, de impossibilida­de de êxito pode, também, originar-se em alguma agressão ou rejeição na infância, por parte do pai ou da mãe, criando uma negação pelo corpo ou por si mesmo, e, quando de causa sexual, perturbando completamente o amadurecimento e a expressão da libido.

Nesse capítulo, anotamos a forte incidência de fenômenos obsessivos, que podem desencadear o processo depressivo, abrindo espaço para o suicídio, ou se fixando, a partir do transtorno psicótiço, dire­cionando o paciente para a etapa trágica da autodes­truição.

Seja, porém, qual for a gênese desses distúrbi­os, é de relevante importância para o enfermo con­siderar que não é doente, mas que se encontra em fase de doença, trabalhando-se sem autocomisera­ção, nem autopunição para reencontrar os objetivos da existência. Sem o esforço pessoal, mui dificilmente será encontrada uma fórmula ideal para o reequi­líbrio, mesmo que sob a terapia de neurolépticos.

O encontro com a consciência, através de avali­ação das possibilidades que se desenham para o ser, no seu processo evolutivo, tem valor primacial, por­que liberta-o da fixação da idéia depressiva, da au­tocompaixão, facultando campo para a renovação mental e a ação construtora.

Sem dúvida, uma bem orientada disciplina de movimentos corporais, revitalizando os anéis e pro­porcionando estímulos físicos, contribui de forma valiosa para a libertação dos miasmas que intoxicam os centros de força.

Naturalmente, quando o processo se instala -nostalgia que conduz à depressão - a terapia bioe­nergética (Reich, como também a espírita), a logote­rapia (Viktor Frankl), ou conforme se apresentem as síndromes, o concurso do psicoterapeuta especializado, bem como de um grupo de ajuda, se fazem in­dispensáveis.

A eleição do recurso terapêutico deve ser feita pelo paciente, se dispuser da necessária lucidez para tanto, ou a dos familiares, com melhor juízo, a fim de evitar danos compreensíveis, os quais, ocorren­do, geram mais complexidades e dificuldades de re­cuperação.

Seja, no entanto, qual for a problemática nessa área, a criação de uma psicosfera saudável em torno do paciente, a mudança de fatores psicossociais no lar e mesmo no ambiente de trabalho constituem va­liosos recursos para a reconquista da saúde mental e emocional.

O homem é a medida dos seus esforços e lutas interiores para o autocrescimento, para a aquisição das paisagens emocionais.


Joana de Ângelis - Psicografado por Divaldo franco

Kardec e vida

Kardequização do sentimento : equilíbrio
Kardequização do raciocínio : visão
Kardequização da ciência : humanidade
Kardequização da filosofia : discernimento
Kardequização da fé : racionalidade
Kardequização da inteligência : orientação
Kardequização do estudo : esclarecimento
Kardequização do trabalho : organização
Kardequização do serviço : eficiência
Kardequização das relações : sinceridade
Kardequização do progresso : elevação
Kardequização da liberdade : disciplina
Kardequização do lar : harmonia
Kardequização do debate : proveito
Kardequização do sexo : responsabilidade
Kardequização da personalidade autocrítica
Kardequização da corrigenda : compreensão
Kardequização da existência : caridade

Kardequizemos para evoluir com acerto à frente do Cristo de Deus. A Terra é nossa escola milenária e, em suas classes múltiplas, somos companheiros uns dos outros.

Kardequizarmo-nos na carteira de obrigações a que estamos transitoriamente jungidos é a fórmula ideal de ascensão.

Estudemos e trabalhemos sempre.

* * *

Bezerra de Menezes

[Página psicografada por Francisco Cândido Xavier]

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A Ficha

João Mateus, distinto pregador do Evangelho, na noite em que atingiu meio século de idade no corpo físico, depois de orar enternecidamente com os amigos, foi deitar-se para um merecido descanso. Sonhou que alcançava as portas da Vida Espiritual e, deslumbrado com a leveza de que se via possuído, intentava alçar-se, para melhor desfrutar a excelsitude do Paraíso, quando um funcionário de Passagem Celeste se aproximou, a lembrar-lhe solicito:

"João, para evitar qualquer surpresa desagradável no avanço, convém uma vista d'olhos em sua ficha..."

E o viajante recebeu primoroso documento, em cuja face leu, espantadiço:

- João Mateus, renascido na Terra em 1904, berço manso, pais carinhosos e amigos, inteligência preciosa, cérebro claro, instrução dígna, bons livros, juventude folgada, boa saúde, invejável noção de conforto, sono calmo, excelente apetite, seguro abrigo doméstico, constante proteção espiritual, nunca sofreu acidentes de importância, aos 20 anos de idade empregou-se no comércio, casou-se aos 25 em regime de escravização da mulher, católico romano até os 26, presenciou - sem maior atenção - 672 missas, aos 27 de idade transferiu-se para as fileiras espíritas, compareceu a 2195 sessões de Espiritismo - sob a invocação de Jesus, realizou 1602 palestras e preparações doutrinárias, escreve cartas e páginas comoventes, notável narrador, polemista cauteloso, quatro filhos, boa mesa em casa, não encontra tempo para auxiliar os filhos na procura do Cristo, efetuou 106 viagens de repouso e distração, grande intolerância com os vizinhos, refratário a qualquer mudança de hábitos para a prestação de serviços aos outros, nunca percebe se ofende ao próximo - através de sua conduta - mas revela extrema suscetibilidade ante a conduta alheia, relaciona-se tão somente com amigos no mesmo nível, sofre horror às complicações da vida social - embora destaque incessantemente o imperativo da fraternidade entre os homens, sabe defender-se com esmero em qualquer problema difícil, além dos recursos naturais que lhe renderam respeitável posição e expressivo reconforto doméstico - sob constante amparo de Jesus - através de múltiplos mensageiros - conserva bens imóveis de alto valor monetário e ainda guarda soma expressiva oriunda de lucro particular, para Jesus - que o procurou na pessoa de mendigos, necessitados e doentes - deu somente parca quantia, para cooperar no apostolado do Cristo já ofereceu pequena quantia em obras de assistência social...

Débito...

Quando ia ler o ítem referente às próprias dívidas, fortemente impressionado, João acordou.
Era manhãzinha...
À noite, bem humorado, reuniu-se com os companheiros, relatando-lhes a ocorrência.
Estava transformado, dizia. O sonho modificara-lhe o modo de pensar. Consagrar-se-ia doravante ao trabalho mais vivo, no movimento espírita: pretendia renovar-se por dentro, reuniria agora palavra e ação.

Para isso, achava-se disposto a colaborar substancialmente na construção de um lar, destinado à recuperação de crianças desabrigadas que, desde muito, desejava socorrer.

A experiência daquela noite inesquecível era, decerto, um aviso precioso. E, sorridente, despediu-se dos irmãos do ideal, solicitando-lhes novo reencontro no dia seguinte. esperava assentar as bases da obra que se propunha levar a efeito.

Contudo, na noite imediata, quando os amigos lhe bateram à porta, vitimado por um acidente das coronárias, João Mateus estava morto.

Irmão X - página recebida por Francisco Cândido Xavier

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Mensagem psicografada recolhida da Revista Espírita

Vale a pena LER de novo:

Mensagens dos Visitantes

Nota – Numa sessão espírita íntima, que ocorria na casa de um colega da Sociedade, em 6 de fevereiro de 1861, o médium escreveu espontaneamente o seguinte:

“Quanto maior o espaço celeste, maior a atmosfera, mais belas as flores, mais doces os frutos e as aspirações são satisfeitas além mesmo da ilusão. Salve, nova pátria! Salve, nova morada!

Salve, felicidade, amor! Como é pálida nossa breve estação na Terra, e como aquele que soltou o suspiro de alívio deve sentir-se feliz por haver deixado o Tártaro pelo Céu! Salve a bonança
verdadeira!

Salve a tranqüilidade legítima! Salve, sonhos realizados! Adormeci alegre porque sabia que ia despertar feliz. Ah! obrigado aos meus amigos por sua doce lembrança!"

H. Murger em 1861.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Auto-Encontro

A ansiosa busca de afirmação da personalidade leva o indivíduo, não raro, a encetar esforços em favor das conquistas externas, que o deixam frustrado, normalmente insatisfeito.

Transfere-se, então, de uma para outra necessidade que se lhe torna meta prioritária, e, ao ser conseguida, novo desinteresse o domina, deixando-o aturdido.

A sucessão de transferências termina por exauri-lo, ferindo-lhe os interesses reais que ficam á margem.

Realmente, a existência física é uma proposta oportuna para a aquisição de valores que contribuem para a paz e a realização do ser inteligente. Isto, porém, somente será possível quando o centro de interesse não se desviar do tema central, que é a evolução.

Para ser conseguida, faz-se imprescindível uma avaliação de conteúdos, a fim de saber-se o que realmente é transitório e o que é de largo curso e duração.

Essa demorada reflexão selecionará os objetivos reais dos aparentes, ensejando a escolha daqueles que possuem as respostas e os recursos plenificadores.

Hoje, mais do que antes essa decisão se faz urgente, por motivos óbvios, pois que, enquanto escasseiam o equilíbrio individual e coletivo, a saúde e a felicidade, multiplicam-se os desaires e as angústias ceifando os ideais de enobrecimento humano.

*

Se de fato andas pela conquista da felicidade, tenta o auto-encontro.

Utilizando-te da meditação prolongada, penetrar-te-ás, descobrindo o teu ser real, imortal, que aguarda ensejo de desdobramento e realização.

Certamente, os primeiros tentames não te concederão resultados apreciáveis.

Perceberás que a fixação da mente na interiorização será interrompida, inúmeras vezes, pelas distrações habituais do intelecto e da falta de harmonia.

Desacostumado a uma imersão, a tua tentativa se fará prejudicada pela irrupção das idéias arquivadas no inconsciente, determinantes de tua conduta inquieta, irregular, conflitiva.

*

Concordamos que a criatura é conduzida, na maior parte das vezes, pelo inconsciente, que lhe dita o pensamento e as ações, como resultado normal das próprias construções mentais anteriores.

A mudança de hábito necessita de novo condicionamento, a fim de mergulhares nesse oceano tumultuado, atingindo-lhe o limite que concede acesso às praias da harmonia, do autodescobrimento, da realização interior.

Nessa façanha verás o desmoronar de muitas e vazias ambições, que cultivas por ignorância ou má educação; o soçobrar de inúmeros engodos; o desaparecer de incontáveis conflitos que te aturdem e devastam.

Amadurecerás lentamente e te acalmarás, não te deixando mais abater pelo desânino, nem exaltar pelo entusiasmo dos outros.

Ficarás imune à tentação do orgulho e à pedrada da inveja, à incompreensão gratuita e à inimizade perseguidora, porque somente darás atenção à necessidade de valorização do ser profundo e indestrutível que és.

Terminarás por te venceres, e essa será a tua mais admirável vitória.

Não cesses, portanto, logo comeces a busca interior, de dar-lhe prosseguimento se as dificuldades e distrações do ego se te apresentarem perturbadoras.

* * *

Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Momentos Enriquecedores.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Salvador, BA: LEAL, 1994.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Jesus no Lar

Neste Natal, nada melhor que evocar a lembrança de Jesus:




O culto do Evangelho no Lar aperfeiçoa o homem.

O homem aperfeiçoado ilumina a família.

A família iluminada melhora a comunidade.

A comunidade melhorada eleva a nação.

O homem evangelizado adquire compreensão e amor.

A família iluminada conquista entendimento e harmonia.

A comunidade melhorada produz trabalho e fraternidade.

A nação elevada orienta-se no direito, na justiça e no bem.

Espiritismo sem Evangelho é fenômeno ou raciocínio.

O fenômeno deslumbra. O raciocínio indaga.

Descobrir novos campos de luta e pensar em torno deles não expressa tudo.

Imprescindível conhecer o próprio destino.

Não basta, pois, a certeza de que a vida continua infinita, além da morte.

É necessário clarear o caminho.

Do Evangelho no lar, depende o aprimoramento do homem.

Do homem edificado em Jesus Cristo depende a melhoria e a redenção do mundo.

* * *

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Nosso Livro.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.
LAKE.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

PRECE POR ENTENDIMENTO

Senhor Jesus!
Auxilia-nos a compreender mais, a fim de que possamos servir melhor, já que somente assim as bênçãos que nos concedes podem fluir, através de nós, em nosso apoio e em favor de todos aqueles que nos compartilham a existência.

Induze-nos à prática do entendimento que nos fará observar os valores que, porventura, conquistemos, não na condição de propriedade nossa e sim por manancial de recursos que nos compete mobilizar no amparo de quantos ainda não obtiveram as vantagens que nos felicitam a vida.

E ajuda-nos, oh! Divino Mestre, a converter as oportunidades de tempo e trabalho com que nos honraste em serviço aos semelhantes, especialmente na doação de nós mesmos, naquilo que sejamos ou naquilo que possamos dispor, de maneira a sermos hoje melhores do que ontem, permanecendo em Ti, tanto quanto permaneces em nós, agora e sempre.

Assim seja.

Espírito: EMMANUEL
Médium: Francisco Cândido Xavier
Livro: “Paciência” - Edição C.E.U.

A mãe de Jesus

Ela crescera, tendo o Espírito alimentado pelas profecias de Israel.
Desde a meninice, quando acompanhava a mãe à fonte de água, para apanhar o líquido precioso, ouvia os comentários.
Entre as mulheres, sempre que se falava a respeito, perguntavam-se umas às outras, qual seria o momento e quem seria a felizarda, a mãe do aguardado Messias.
Nas noites povoadas de sonhos, era visitada por Mensageiros que lhe falavam de quefazeres que ela guardava na intimidade d’alma.
Então, naquela madrugada, quase manhã do princípio da primavera, em Nazaré, uma voz a chamou: Miriam. Seu nome egípcio-hebraico, significa querida de Deus.
Ela despertou. Que estranha claridade era aquela em seu quarto? Não provinha da porta. Não era o sol, ainda envolto, àquela hora, no manto da noite quieta.
De quem era aquela silhueta? Que homem era aquele que ousava adentrar seu quarto?
Sou Gabriel, identifica-se, um dos Mensageiros de Yaweh. Venho confirmar-te o que teu coração aguarda, de há muito.
Teu seio abrigará a glória de Israel. Conceberás e darás à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado filho do Altíssimo e o seu reino não terá fim.
Maria escuta. As palavras lhe chegam, repassadas de ternura e, pela sua mente, transitam os dizeres proféticos.
Sente-se tão pequena para tão grande mister. Ser a mãe do Senhor. Ela balbucia: Eis aqui a escrava do Senhor. Cumpra-se em mim segundo a tua palavra.
O Mensageiro se vai e ela aguarda. O Evangelista Lucas lhe registraria, anos mais tarde, o cântico de glória, denominado Magnificat:
A minha alma glorifica o Senhor! E o meu Espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador!
Porque, volvendo o olhar à baixeza da Terra, para a minha baixeza e humildade atentou.
E eis, pois, que, desde agora, e por todos os tempos, todas as gerações me chamarão bem-aventurada!
Porque me fez grandes coisas o Poderoso e santo é o seu nome!
E a sua misericórdia se estende de geração em geração, sobre os que o temem. Com seu braço valoroso, destruiu os soberbos, no pensamento de seus corações.
Depôs dos tronos os poderosos e elevou os humildes. Encheu de bens os famintos e despediu vazios os ricos.
Cumpriu a palavra que deu a Abraão, recordando-se da promessa da sua misericórdia!
Ela gerou um corpo para o ser mais perfeito que a Terra já recebeu. Seus seios O alimentaram nos meses primeiros. Banhou-O, agasalhou-O, segurou-O fortemente contra o peito mais de uma vez. E mais de uma vez, deverá ter pensado:
Filho meu, ouve meu coração batendo junto ao teu. Dia chegará em que não Te poderei furtar à sanha dos homens. Por ora, amado meu, deixa-me guardar-Te e proteger-Te.
Ela Lhe acompanhou o crescimento. Viu-O iniciar o Seu período de aprendizado com o pai, que lhe ensinou os versículos iniciais da Torá, conforme as prescrições judaicas, embora guardasse a certeza de que o menino já sabia de tudo aquilo.
Na Sinagoga, O viu destacar-Se entre os outros meninos, e assombrar os doutores. O seu Jesus, seu Filho, seu Senhor. Angustiou-se mais de uma vez, enquanto O contemplava a dormir. Que seria feito dEle?
Maria, mãe de Jesus. Mãe de todos nós. Mãe da Humanidade. Agradecemos-te a dádiva que nos ofertaste e, ao ensejo do Natal, te dizemos: Obrigado, mãe.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. A mãe de Jesus, do livro Personagens da Boa Nova, de Maria Helena Marcon, ed. Fep.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

INSEGURANÇA E ARREPENDIMENTO

A criança mal amada, que padece violências fí­sicas e psicológicas, vê o mundo e as pessoas atra­vés de uma óptica distorcida. As suas imagens estão focadas de maneira incorreta e, como conseqüência, causam-lhe pavor. Ademais, os comportamentos agressivos daqueles que lhe partilharam a convivên­cia, atemorizando-a mediante ameaças de punições com seres perversos, animais e castigos de qualquer natureza, fazem-na fugir para lugares e situações vexatórios, nos quais o recolhimento não oferece qualquer mecanismo de defesa, deixando-a abando­nada. Essa sensação a acompanhará por largo período, senão por toda a existência, perturbando­lhe a conduta insegura e assinalada por culpas sem sentido, que a levarão a permanente desconsideração por si mesma, pela ausência de auto-estima, por incessantes arrependimentos.

Nessa instabilidade emocional, sem alguém em quem confiar e a quem entregar-se, a criança constrói o seu mundo de conflitos e nele se encerra, dominada por contínuo receio de ser ferida, desconsiderada, evitan­do-se participar da vida normal, para poupar-se a so­frimentos e do desprezo de que se sente objeto.

Para sobreviver, nessa situação, transfere os seus medos e sua insegurança para a responsabilidade do conjunto social que sempre lhe parece hostil, numa na­tural projeção do que sofreu e não pôde eliminar.

A violência de qualquer matiz é sempre responsá­vel pelas tragédias do cotidiano. Não apenas a que agri­de pela brutalidade, por intermédio de gritos e golpes covardes, mas também, a que se deriva do orgulho, da indiferença, da perseguição sistemática e silenciosa, das expressões verbais pejorativas, desestimulando e con­denando, enfim, de todo e qualquer recurso que des­denha as demais criaturas, levando-as a patologias inu­meráveis.

A violência urbana, por exemplo, é filha legítima dos que se encontram em gabinetes luxuosos e desvi­am os valores que pertencem ao povo, que desrespei­tam, que elaboram Leis injustas, que apenas os favore­cem, que esmagam os menos afortunados, utilizando-se de medidas especiais, de exceção, que os anulam, que exigem submissão das massas, para que consigam o que lhes pertence de direito... produzindo o lixo mo­ral e os desconsertos psicológicos, psíquicos, espiritu­ais.

Numa sociedade justa, que se organiza com indi­víduos seguros dos próprios deveres, na qual os compromissos morais têm prevalência, dignificando a cri­atura em si mesma e proporcionando-lhe recursos para uma existência saudável, os valores educativos têm pri­mazia, por constituírem alicerces sobre os quais se edi­ficam os grupos que a constituem.
Lúcidos, a respeito das necessidades que devem ser consideradas, os seus governantes se empenham com decisão, para proporcionar os recursos hábeis que po­dem facultar a felicidade das massas.

Não obstante, há fatores que contribuem para os desajustes sociais, que precedem o berço e que consti­tuem implementos relevantes na carga genética, pro­gramando seres inseguros, arrependidos, frágeis emo­cionalmente. Trata-se de Espíritos que não souberam conduzir-se, entregando-se a excessos e dissipações que os prejudicaram, mas também perturbaram outras vi­das, produzindo lesões nas almas, que agora ressumam em conflitos inquietadores. Esses mesmos fatores in­duziram-nos a reencarnar-se em grupos familiares onde as dificuldades ambientais e os relacionamentos afeti­vos gerariam insegurança, levando à dubiedade de comportamento - após qualquer ação, boa ou má - à irrupção do arrependimento, mais aflição que sentimen­to de auto-recuperação.

Somente através de uma constante construção de idéias positivas e estimuladoras será possível uma te­rapia eficiente, à qual o paciente se deve entregar em clima de confiança, trabalhando as lembranças trau­matizantes recordadas e preenchendo o consciente atual com perspectivas que se farão arquivar nos refolhos dalma, com propostas novas de felicidades, que volta­rão à tona oportunamente, enriquecendo-o de alegria.

A reprogramação da mente torna-se essencial para a conquista da segurança e da paz. Acostumada ao pes­simismo conflitivo, os seus arquivos no inconsciente mantêm registros perturbadores que deverão ser subs­tituídos pelos saudáveis. Esse material angustiante irá elaborar comportamentos sexuais insatisfatórios, medo de amar, pequena auto-estima, estabelecendo receios na área afetiva, por acreditar-se incapaz de ser amado, assim refugiando-se na autocomiseração, negando-se encontrar o sol do amor que tudo modifica.

Exercícios físicos contribuem para romper essa cou­raça psicológica, que se torna também física, produzin­do dores nos tecidos orgânicos, abrindo espaços para a instalação de diversas enfermidades.

O ser psicológico é o vigilante do domicilio celu­lar. Conforme conduzir-se, estabelecerá as satisfatórias ou negativas manifestações da saúde física e mental.

Aprofundar reflexões nas causas da insegurança e do arrependimento de maneira edificante, procurando retirar o melhor proveito, sem culpa nem castração, é o desafio do momento para cada ser, que então se dispo­rá à superação dos agentes constritores e de desagre­gação da personalidade.


Joana de Ângelis - Psicografado por Divaldo franco

A Música

A música é a voz dos céus profundos.

Tudo no espaço traduz-se em vibrações harmônicas, e certas categorias de espíritos não se comunicam entre si senão através de ondas sonoras.

A sinfonia e a melodia não são na Terra senão ecos enfraquecidos e deformados dos concertos celestes.

Nossos mais perfeitos instrumentos possuem sempre alguma coisa de mecânico e de duro, enquanto que os processos de emissão do espaço produzem sons de infinita delicadeza.

É por isso que em todos os graus da escala dos mundos e da hierarquia dos espíritos a música ocupa lugar considerável nas manifestações do culto que as almas prestam a Deus.

Nas esferas superiores, ela se torna uma das formas habituais da vida do ser, que se sente mergulhado nas ondas de harmonia de intensidade e suavidade inexprimíveis.

Quando das grandes festas no espaço, dizem-nos nossos guias espirituais, quando as almas se unem aos milhões para prestarem homenagem ao Criador, na irradiação de sua fé e de seu amor, delas escapam eflúvios, radiações luminosas que se colorem de várias tonalidades e se transformam em vibrações melodiosas.

As cores transformam-se em sons, e dessa comunhão dos fluidos, dos pensamentos e dos sentimentos desprende-se uma sinfonia sublime, à qual respondem os longínquos acordes vindos das esferas, dos inúmeros astros que povoam a imensidão.

Então, do alto descem outros acordes, ainda mais possantes, e um hino universal faz estremecerem céus e terras.

À percepção desses acordes o espírito se dilata e se regozija; ele se sente viver na comunhão divina e entra num encantamento que chega ao êxtase.

Do livro “O Espiritismo na Arte”
de Léon Denis

O que fazemos na Casa Espírita?

O que fazemos na Casa Espírita?

Vamos nos perguntar o que fazemos quando freqüentamos uma Casa Espírita?

Mas a pergunta, em si, é um tanto ampla, um tanto vasta, pois pede nos fazer pensar em várias respostas.

Por ser assim, poderemos nos referir a um dos aspectos possíveis e pertinentes a esta pergunta, que seria:

“Vou à Casa Espírita por ter interesse na Doutrina Espírita, por querer aprender com ela, por precisar dela para poder entender a vida, por conta de que eu me sinto bem quando lá estou, já que recebo um auxílio vibratório que me transmite harmonia interior e me dá condições de seguir a vida e suas dificuldades, que são sempre presentes.

Mas devo acrescentar que ao freqüentar uma Casa Espírita eu me envolvo de carinho e de respeito pelas tarefas lá efetuadas em todos os seus setores, de modo que procuro cumprir com as obrigações que naturalmente nos são colocadas, face às regras vigentes nesta instituição, como sucede ocorrer em todas, pois todas instituições têm suas regras.

Então, para que eu possa colaborar para o andamento sereno e objetivo de seus trabalhos, eu procuro ter um comportamento temperado, cortez, educado e pretendo sempre ser educado e respeitoso, não só para com os trabalhos, mas também para com os trabalhadores da casa, seja qual for sua ocupação.

Aliás! Mais um detalhe: Mesmo que eu não concorde com alguma diretriz deste local que eu freqüento, por estar aprendendo, com o Cristo, o respeito a indulgência e o sentido da fraternidade, eu tento fazer o possível para manter a serenidade e evito quaisquer confrontos, pois, se me dispuser a confrontos desnecessários ou certamente estarei sendo veículo das trevas, no sentido de que as trevas da ignorância me irão dominar e eu não desejo este mal para mim, nem para as pessoas que eventualmente estejam ao meu lado ou me acompanhando, no círculo de amizades que certamente terão construído nesta Casa de Jesus.”

Meu irmão, minha irmã: respeite a Casa Espírita que você freqüenta e, se você não gosta de algo ou de alguém lá, esforce-se para melhorar suas disposições nesta circunstância ou simplesmente saia, procure outra casa, para que você não gere ainda mais dificuldades para você mesmo, nesta sua atual jornada terrena.

Pedro de Camargo
Psicografia recebida no NEPT em 17 de dezembro de 2010.

O ödio

10. Amai-vos uns aos outros e sereis felizes. Tomai sobretudo a peito amar os que vos inspiram indiferença, ódio, ou desprezo. O Cristo, que deveis considerar modelo, deu-vos o exemplo desse devotamento, Missionário do amor, ele amou até dar o sangue e a vida por amor, Penoso vos é o sacrifício de amardes os que vos ultrajam e perseguem, mas, precisamente, esse sacrifício é que vos torna superiores a eles. Se os odiásseis, como vos odeiam, não valeríeis mais do que eles. Amá-los é a hóstia imácula que ofereceis a Deus na ara dos vossos corações, hóstia de agradável aroma e cujo perfume lhe sobe até o seio. Se bem a lei de amor mande que cada um ame indistintamente a todos os seus irmãos, ela não couraça o coração contra os maus procederes, esta é, ao contrário, a prova mais angustiosa, e eu o sei bem, porquanto, durante a minha última existência terrena, experimentei essa tortura. Mas Deus lá está e pune nesta vida e na outra os que violam a lei de amor. Não esqueçais, meus queridos filhos, que o amor aproxima de Deus a criatura e o ódio a distancia dele. Fénelon, (Bordéus, 1861.)

dO Evangelho Segundo o Espitismo

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Convivência

Se você encontra uma pessoa difícil em sua intimidade, essa é a criatura exata que as leis da reencarnação lhe trazem ao trabalho de burilamento próprio.
Abençoemos se quisermos ser abençoados.


* * *

Xavier, Francisco Candido. Da obra: Tempo e Nós.
Ditado pelo Espírito André Luiz.
IDEAL.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O Espírito da Verdade

Afinal das contas: O Espírito da Verdade é ou não é o próprio Cristo?

Bem, importa lembrar que a própria Obra da Doutrina cita que a identidade dos Espíritos não tem importância e que o fundamental é analisar o conteúdo das comunicações, mas mesmo assim podemos fazer um exercício na compreensão da questão do Espírito da Verdade, Entidade Espiritual fortemente presente em toda a Obra Doutrinária do Espiritismo.
Para isso, veja em prolegômenos a lista de Espíritos que assinam o mesmo texto:

São João Evangelista, Santo Agostinho, São Vicente de Paulo,
São Luís, O Espírito da Verdade, Sócrates, Platão,
Fénelon, Franklin, Swedenborg, etc

Todos eles representam Jesus e falam em nome Dele, por conta de estarem muito próximos Dele e podem tomar a palavra em nome Dele, inclusive usando seu nome, pois têm liberdade para isso.
São Espíritos que têm hierarquia adquirida com pleno potencial para isso e podem, perfeitamente, representar a palavra de Jesus.
Por isso, quando assinado Espírito da Verdade, poderemos ter uma mensagem de Jesus ou de um dos seus representantes, que diríamos, têm uma "procuração" do Cristo. Portanto, é como se fosse Ele falando. Mas pode ser Ele, também, como acontece no Capítulo V do Evangelho, quando diz "Eu sou o Grande Médico das Almas..." por exemplo.
Neste caso é Ele, sem qualquer sombra de dúvida. Mas pode ser representado por um de seus Prepostos, que, apesar de falar uma linguagem tão elevada quanto e colocar sua identidade como sendo o Espírito da Verdade (há traduções que apontam para Espírito "de" Verdade...) é Seu representante e não utiliza a mensagem para se identificar como sendo o próprio Cristo. Lembrando que a identidade do Espírito é secundária e que o importante é o conteúdo da mensagem e seus ensinamentos.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Avaliação da Casa Espírita

Toda Casa Espírita que busca o aprimoramento íntimo de seus freqüentadores, deve promover o estudo e a explanação da Doutrina Espírita no seu tríplice aspecto: científico, filosófico e religioso, consubstanciada na Codificação Kardequiana e nos ensinamentos do amado Mestre Jesus. Portanto, para que esteja em consonância com esses ensinamentos, deve ainda:


· Zelar para que as atividades exercidas em função do Movimento Espírita SEJAM GRATUITAS, vedada qualquer espécie de remuneração;
· Nas reuniões doutrinárias, jamais angariar donativos por meio de coletas, peditórios, à vista dos inconvenientes que apresentam, de vez que tais expedientes podem ser tomados à conta de pagamento por benefícios. A pureza da prática da Doutrina Espírita deve ser preservada a todo o custo;
· Evitar enfeites excessivos, jogos de luz e uso, pelos colaboradores, de paramentos e uniformes;
· Desaprovar o emprego de rituais, imagens ou símbolos de qualquer natureza nas sessões, assegurando a pureza e a simplicidade da prática do Espiritismo;
· Desaprovar a conservação de retratos, quadros, legendas ou quaisquer objetos que possam ser tidos na conta de apetrechos para ritual, tão usados em diversos meios religiosos. Os aparatos exteriores têm cristalizado a fé em todas as civilizações terrenas;
· Banir dos templos espíritas as cerimônias que, em nome da Doutrina, visem à consagração de esponsais ou nascimentos e outras práticas estranhas à Doutrina, tais como velórios e encomendações, colações de grau etc;
· Impedir a comunicação de enfermo espiritual, que só deverá ocorrer em reunião privativa e destinada a esse fim;
· Não permitir, nas reuniões do Centro, ataques ou censuras a outras religiões;
· Impedir palestras e discussões de ordem política nas sedes das instituições doutrinárias, não olvidando que o serviço de evangelização é tarefa essencial;
· Repelir acordos políticos que, com o empenho da consciência individual, pretextem defender os princípios doutrinários ou aliciar prestígio social para a Doutrina, em troca de votos ou solidariedade a partidos e candidatos. O Espiritismo não pactua com interesses puramente terrenos;
· Não permitir o uso do fumo, álcool e demais compostos químicos nas dependências do Centro Espírita.

Baseado nos regimentos internos da Federação Espírita Brasileira

SE ALGUÉM VOS BATER NA FACE DIREITA, APRESENTAI-LHE TAMBÉM A OUTRA

7. Aprendestes que foi dito: olho por olho e dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal que vos queiram fazer, que se alguém vos bater na face direita, lhe apresenteis também a outra, e que se alguém quiser pleitear contra vós, para vos tomar a túnica, também lhes entregueis o manto, e que se alguém vos obrigar a caminhar mil passos com ele, caminheis mais dois mil. Dai àquele que vos pedir e não repilais aquele que vos queira tomar emprestado. (S. MATEUS, cap. V, vv. 38 a 42.)

8. Os preconceitos do mundo sobre o que se convencionou chamar "ponto de honra" produzem essa suscetibilidade sombria, nascida do orgulho e da exaltação da personalidade, que leva o homem a retribuir uma injúria com outra injúria, uma ofensa com outra, o que é tido como justiça por aquele cujo senso moral não se acha acima do nível das paixões terrenas. Por isso é que a lei moisaica prescrevia: olho por olho, dente por dente, de harmonia com a época em que Moisés vivia. Veio o Cristo e disse: Retribui o mal com o bem. E disse ainda: "Não resistais ao mal que vos queiram fazer, se alguém vos bater numa face, apresentai-lhe a outra.” Ao orgulhoso este ensino parecerá uma covardia, porquanto ele não compreende que haja mais coragem em suportar um insulto do que em tomar uma vingança, e não compreende, porque sua visão não pode ultrapassar o presente. Dever-se-á, entretanto, tomar ao pé da letra aquele preceito? Tampouco quanto o outro que manda se arranque o olho, quando for causa de escândalo. Levado o ensino às suas últimas conseqüências, importaria ele em condenar toda repressão, mesmo legal, e deixar livre o campo aos maus, isentando-os de todo e qualquer motivo de temor. Se se lhes não pusesse um freio as agressões, bem depressa todos os bons seriam suas vítimas. O próprio instinto de conservação, que é uma lei da Natureza, obsta a que alguém estenda o pescoço ao assassino. Enunciando, pois, aquela máxima, não pretendeu Jesus interdizer toda defesa, mas condenar a vingança. Dizendo que apresentemos a outra face àquele que nos haja batido numa, disse, sob outra forma, que não se deve pagar o mal com o mal, que o homem deve aceitar com humildade tudo o que seja de molde a lhe abater o orgulho, que maior glória lhe advém de ser ofendido do que de ofender, de suportar pacientemente uma injustiça do que de praticar alguma, que mais vale ser enganado do que enganador, arruinado do que arruinar os outros. E, ao mesmo tempo, a condenação do duelo, que não passa de uma manifestação de orgulho. Somente a fé na vida futura e na justiça de Deus, que jamais deixa impune o mal, pode dar ao homem forças para suportar com paciência os golpes que lhe sejam desferidos nos interesses e no amor-próprio. Daí vem o repetirmos incessantemente: Lançai para diante o olhar, quanto mais vos elevardes pelo pensamento, acima da vida material, tanto menos vos magoarão as coisas da Terra.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Biografia: Amélie Gabrielle Boudet.

Madame Rivail (Sra. Allan Kardec) nasceu em Thiais, cidade do menor e mais populoso Departamento francês – o Sena, aos 2 do Frimário do ano IV, segundo o Calendário Republicano então vigente na França, e que corresponde a 23 de Novembro de 1795.

Filha de Julien-Louis Boudet, proprietário e antigo tabelião, homem portanto bem colocado na vida, e de Julie-Louise Seigneat de Lacombe, recebeu, na pia batismal o nome de Amélie-Gabrielle Boudet.

A menina Amélie, filha única, aliando desde cedo grande vivacidade e forte interesse pelos estudos, não foi um problema para os pais, que, a par de fina educação moral, lhe proporcionaram apurados dotes intelectuais.

Após cursar o colégio primário, estabeleceu-se em Paris com a família, ingressando numa Escola Normal, de onde saiu diplomada em professora de 1a. classe.

Revela-nos o Dr. Canuto de Abreu que a senhorinha Amélie também foi professora de Letras e Belas Artes, trazendo de encarnações passadas a tendência inata, por assim dizer, para a poesia e o desenho. Culta e inteligente, chegou a dar à luz três obras, assim nomeadas: “Contos Primaveris”, 1825; “Noções de Desenho”, 1826; “O Essencial em Belas Artes”, 1828.

Vivendo em Paris, no mundo das letras e do ensino, quis o Destino que um dia a Srta. Amélie Boudet deparasse com o Professor Hippolyte Denizard Rivail.

De estatura baixa, mas bem proporcionada, de olhos pardos e serenos, gentil e graciosa, vivaz nos gestos e na palavra, denunciando inteligência admirável, Amélie Boudet, aliando ainda a todos esses predicados um sorriso terno e bondoso, logo se fez notar pelo circunspecto Prof. Rivail, em quem reconheceu, de imediato, um homem verdadeiramente superior, culto, polido e reto.

Em 6 de Fevereiro de 1832, firmava-se o contrato de casamento. Amélie Boudet, tinha nove anos mais que o Prof. Rivail, mas tal era a sua jovialidade física e espiritual, que a olhos vistos aparentava a mesma idade do marido. Jamais essa diferença constituiu entrave à felicidade de ambos.

Pouco tempo depois de concluir seus estudos com Pestalozzi, no famoso castelo suíço de Zahringen (Yverdun), o Prof. Rivail fundara em Paris um Instituto Técnico, com orientação baseada nos métodos pestalozzianos. Madame Rivail associou-se ao esposo na afanosa tarefa educacional que ele vinha desempenhando no referido Instituto havia mais de um lustro.

Graças principalmente às obras pedagógicas do professor Rivail, adotadas pela própria Universidade de França, e que tiveram sucessivas edições, ele e senhora alcançaram uma posição financeira satisfatória.

A ambos, porém, estava reservada uma missão, grandiosa pela sua importância universal, mas plena de exaustivos trabalhos e dolorosos espinhos.

O primeiro toque de chamada verificou-se em 1854, quando o Prof. Rivail foi atraído para os curiosos fenômenos das “mesas girantes”, então em voga no Mundo todo. Outros convites do Além se seguiram, e vemos, em meados de 1855, na casa da Família Baudin, o Prof. Rivail iniciar os seus primeiros estudos sérios sobre os citados fenômenos, entrevendo, ali, a chave do problema que durante milênios viveu na obscuridade.

Acompanhando o esposo nessas investigações, era de se ver a alegria emotiva com que ela tomava conhecimento dos fatos que descerravam para a Humanidade novos horizontes de felicidade. Após observações e experiências inúmeras, o professor Rivail pôs mãos à maravilhosa obra da Codificação, e é ainda de sua cara consorte, então com 60 anos, que ele recebe todo o apoio moral nesse cometimento. Tornou-se ela verdadeira secretária do esposo, secundando-o nos novos e bem mais árduos trabalhos que agora lhe tomavam todo o tempo, estimulando-o, incentivando-o no cumprimento de sua missão.

O nome de Madame Rivail enfileira-se assim, com muita justiça, entre os de inúmeras mulheres que a História registrou como dedicadas e fiéis colaboradoras dos seus esposos, sem as quais talvez eles não levassem a termo as suas missões. Tais foram, por exemplo, as valorosas esposas de Lavoisier, de Buckland, de Flaxman, de Huber, de Sir William Hamilton, de Stuart Mill, de Faraday, de Tom Hood, de Sir Napier, de Pestalozzi, de Lutero, e de tantos outros homens de gênio. A todas essas Grandes Mulheres, além daquelas muito esquecidas pela História, a Humanidade é devedora eterna!

Lançado O Livro dos Espíritos, da lavra de Allan Kardec, pseudônimo que tomou o Prof. Rivail, este, meses depois, a 1o. de Janeiro de 1858, com o apoio tão somente de sua esposa, deu a lume o primeiro número da “Revue Spirite”, periódico que alcançou mais de um século de existência grandemente benéfica ao Espiritismo.

Com vasta correspondência epistolar, proveniente da França e de vários outros países, não fosse a ajuda de sua esposa nesse setor, sem dúvida não sobraria tempo para Allan Kardec se dedicar ao preparo dos livros da Codificação e de sua revista.

Aos 31 de Março de 1869, com 65 anos de idade, desencarnava, subitamente, Allan Kardec, quando ultimava os preparativos para a mudança de residência. Foi uma perda irreparável para o mundo espiritista, lançando em consternação a todos quantos o amaram. Madame Allan Kardec, quer partilhara com admirável resignação as desilusões e os infortúnios do esposo, agora, com os cabelos nevados pelos seus 74 anos de existência e a alma sublimada pelos ensinos dos Espíritos do Senhor, suportaria qualquer realidade mais dura. Ante a partida do querido companheiro para a Espiritualidade, portou-se como verdadeira espírita, cheia de fé e estoicismo, conquanto, como é natural, abalada no profundo do ser.

Madame Allan Kardec recebeu da França e do estrangeiro, numerosas e efusivas manifestações de simpatia e encorajamento, o que lhe trouxe novas forças para o prosseguimento da obra do seu amado esposo.

Cerca de dois meses após o decesso do excelso missionário de Lyon, sua esposa, no desejo louvável de contribuir para a realização dos plano futuros que ele tivera em mente, e de cujas obras, revista e Livraria passou a ser a única proprietária legal, houve por bem, no interesse da Doutrina, conceder todos os anos certa verba para uma “Caixa Geral do Espiritismo”, cujos fundos seriam aplicados na aquisição de propriedades, a fim de que pudessem ser remediadas quaisquer eventualidades futuras.

Outras sábias decisões foram por ela tomadas no sentido de salvaguardar a propaganda do Espiritismo, sendo, por isso, bastante apreciado pelos espíritas de todo o Mundo o seu nobre desinteresse e devotamento.

Apesar de sua avançada idade, Madame Allan Kardec demonstrava um espírito de trabalho fora do comum, fazendo questão de tudo gerir pessoalmente, cuidando de assuntos diversos, que demandariam várias cabeças. Além de comparecer à reuniões, para as quais era convidada, todos os anos presidia à belíssima sessão em que se comemorava o Dia dos Mortos, e na qual, após vários oradores mostrarem o que em verdade significa a morte à luz do Espiritismo, expressivas comunicações de Espíritos Superiores eram recebidas por diversos médiuns.

Se Madame Allan Kardec – conforme se lê em Revue Spirite de 1869 – se entregasse ao seu interesse pessoal, deixando que as coisas andassem por si mesmas e sem preocupação de sua parte, ela facilmente poderia assegurar tranqüilidade e repouso à sua velhice. Mas, colocando-se num ponto de vista superior, e guiada, além disso, pela certeza de que Allan Kardec com ela contava para prosseguir, no rumo já traçado, a obra moralizadora que lhe foi objeto de toda a solicitude durante os últimos anos de vida, Madame Allan Kardec não hesitou um só instante. Profundamente convencida da verdade dos ensinos espíritas, ela buscou garantir a vitalidade do Espiritismo no futuro, e, conforme ela mesma o disse, melhor não saberia aplicar o tempo que ainda lhe restava na Terra, antes de reunir-se ao esposo.

Esforçando-se por concretizar os planos expostos por Allan Kardec em “Revue Spirite” de 1868, ela conseguiu, depois de cuidadosos estudos feitos conjuntamente com alguns dos velhos discípulos de Kardec, fundar a “Sociedade Anônima do Espiritismo”.

Destinada à vulgarização do Espiritismo por todos os meios permitidos pelas leis, a referida sociedade tinha, contudo, como fito principal, a continuação da “Revue Spirite”, a publicação das obras de Kardec e bem assim de todos os livros que tratassem do Espiritismo.

Graças, pois, à visão, ao empenho, ao devotamento sem limites de Madame Allan Kardec, o Espiritismo cresceu a passos de gigante, não só na França, que também no Mundo todo.

Estafantes eram os afazeres dessa admirável mulher, cuja idade já lhe exigia repouso físico e sossego de espírito. Bem cedo, entretanto, os Céus a socorreram. O Sr. P. G. Leymarie, um dos mais fervorosos discípulos de Kardec desde 1858, médium, homem honesto e trabalhador incansável, assumiu em 1871 a gerência da Revue Spirite e da Livraria, e logo depois, com a renúncia dos companheiros de administração da sociedade anônima, sozinho tomou sob os ombros os pesados encargos da direção. Daí por diante, foi ele o braço direito de Madame Allan Kardec, sempre acatando com respeito as instruções emanadas da venerável anciã, permitindo que ela terminasse seus dias em paz e confiante no progresso contínuo do Espiritismo.

Parecendo muito comercial, aos olhos de alguns espíritas puritanos, o título dado à Sociedade, Madame Allan Kardec, que também nunca simpatizara com esse título, mas que o aceitara por causa de certas conveniências, resolveu, na assembléia geral de 18 de Outubro de 1873, dar-lhe novo nome: “Sociedade para a Continuação das Obras Espíritas de Allan Kardec”, satisfazendo com isso a gregos e troianos.

Muito ainda fez essa extraordinária mulher a prol do Espiritismo e de todos quantos lhe pediam um conselho ou uma palavra de consolo, até que em 21 de Janeiro de 1883, às 5 horas da madrugada, docemente, com rara lucidez der espírito, com aquele mesmo gracioso e meigo sorriso que sempre lhe brincava nos lábios, desatou-se dos últimos laços que a prendiam à matéria.

A querida velhinha tinha então 87 anos, e nessa idade, contam os que a conheceram, ainda lia sem precisar de óculos e escrevia ao mesmo tempo corretamente e com letra firme.

Aplicando-lhe as expressões de célebre escritor, pode-se dizer, sem nenhum excesso, que “sua existência inteira foi um poema cheio de coragem, perseverança, caridade e sabedoria”.

Compreensível, pois, era a consternação que atingiu a família espírita em todos os quadrantes do globo. De acordo com o seus próprios desejos, o enterro de Madame Allan Kardec foi simples e espiriticamente realizado, saindo o féretro de sua residência, na Avenida e Vila Ségur n. 39, para o Père-Lachaise, a 12 quilômetros de distância.

Grande multidão, composta de pessoas humildes e de destaque, compareceu em 23 de Janeiro às exéquias junto ao dólmen de Kardec, onde os despojos da velhinha foram inumados e onde todos os anos, até à sua desencarnação, ela compareceu às solenidades de 31 de março.

Na coluna que suporta o busto do Codificador foram depois gravados, à esquerda, esses dizeres em letras maiúsculas: AMÈLIE GABRIELLE BOUDET – VEUVE ALLAN KARDEC – 21 NOVEMBRE 1795 – 21 JANVIER 1883.

No ato do sepultamento falaram os Srs. P.G. Leymarie, em nome de todos os espíritas e da “Sociedade para a Continuação das Obras Espíritas de Allan Kardec”, Charles Fauvety, ilustre escritor e presidente da “Sociedade Científica de Estudos Psicológicos”, e bem assim representantes de outras Instituições e amigos, como Gabriel Delanne, Cot, Carrier, J. Camille Chaigneau, poeta e escritor, Lecoq, Georges Cochet, Louis Vignon, que dedicou delicados versos à querida extinta, o Dr. Josset e a distinta escritora, a Sra. Sofia Rosen-Dufaure, todos fazendo sobressair os reais méritos daquela digna sucessora de Kardec. Por fim, com uma prece feita pelo Sr. Warroquier, os presentes se dispersaram em silêncio.

A nota mais tocante daquelas homenagens póstumas foi dada pelo Sr. Lecoq. Leu ele, para alegria de todos, bela comunicação mediúnica de Antonio de Pádua, recebida em 22 de Janeiro, na qual esse iluminado Espírito descrevia a brilhante recepção com que elevados Amigos do Espaço, juntamente com Allan Kardec, acolheram aquele ser bem aventurado.

No improviso do Sr. P.G. Leymarie, este relembrou, em traços rápidos, algo da vida operosa da veneranda extinta, da sua nobreza d'alma, afirmando, entre outras coisas, que a publicação tanto de O Livro dos Espíritos, quanto da Revue Spirite, se deveu em grande parte à firmeza de ânimo, à insistência, à perseverança de Madame Allan Kardec.

Não deixando herdeiros diretos, pois que não teve filhos, por testamento fez ela sua legatária universal a “Sociedade para Continuação das Obras Espíritas de Allan Kardec”. Embora uma parenta sua, já bem idosa, e os filhos desta intentassem anular essas disposições testamentárias, alegando que ela não estava em perfeito juízo, nada, entretanto, conseguiram, pois as provas em contrário foram esmagadoras.

Em 26 de Janeiro de 1883, o conceituado médium parisiense Sr. E. Cordurié recebia espontaneamente uma mensagem assinada pelo Espírito de Madame Allan Kardec, logo seguida de outra, da autoria de seu esposo. Singelas na forma, belas nos conceitos, tinham ainda um sopro de imortalidade e comprovavam que a vida continua...

Convite à Perseverança

"...Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo."
(Mateus: 10-22).



Não asseveres: "é-me impossível fazer!"

Nem redargas: "Não consigo!"

Nunca informes: "sei que é totalmente inútil aceitar."

Nem retruques: "é maior do que as minhas forças."

Para aquele que crê, o impossível é tarefa que somente demora um pouco para ser realizada, já que o possível se pode realizar imediatamente.

Instado a ajudar não te permitas condições, especialmente se fruis o tesouro da possibilidade.

Fácil ser delicado sem esforço, ser amigo sem sacrifício, ser cristão sem auto-doação...

Perseverança nos objetivos elevados, com oferenda de amor, é materialização de fé superior.

Para que seja atuante, a fé deve nutrir-se do poder dos esforços caldeados para as finalidades que parecem inatingíveis.

Todos podem iniciar ministérios...

Tarefas começantes produzem entusiasmos exaltados.

Mede-se, porém, o verdadeiro cristão e, particularmente, o espírita pelo investimento que coloca na bolsa de valores imortalistas a render juros de paz...

Unge-se, portanto, de fé e deixa que resplandeça a tua fidelidade ao lado de quem padece.

Não fosse o sofrimento, ninguém suplicaria socorro.

Não fosse a angústia ninguém se encorajaria a romper os tecidos da alma para exibir exulcerações...

Ninguém se compraz carregando demorada canga, não obstante, confiando em alívio, lenitivo...

Nas cogitações que te cheguem ao plano da razão, interroga como gostarias que fizessem contigo se foras o outro, o sofredor, o necessitado que ora te roga ajuda.

Assim, envolve-te na lã do "Cordeiro de Deus" e persevera ajudando.

Não somente dando o que te sobra mas aquela doação maior que te parece difícil, a quase impossível...

A perseverança dar-te-á paz e plenitude. Insiste na sua execução.

* * *

Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Convites da Vida.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
5a edição. Salvador, BA: LEAL, 1991.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

ALUCINADOS, INSPIRADOS, FLUÍDICOS E SONÂMBULOS

Mensagens dos Visitantes

Temos pouco a dizer sobre a alucinação, estado provocado por uma causa moral, que influi sobre o físico e à qual se mostram mais acessíveis as naturezas nervosas, sempre mais prontas a impressionar-se. Sobretudo as mulheres, por sua organização íntima, são levadas à exaltação, e a febre se apresenta nelas, o mais das vezes, acompanhada de delírio, que toma as aparências da loucura momentânea.

A alucinação, é preciso reconhecer, por um pequeno lado toca a loucura, assim como todas as superexcitações cerebrais; e enquanto o delírio se manifesta sobretudo por palavras incoerentes, a alucinação representa mais particularmente a ação, a encenação. Contudo, é injustamente que por vezes as confundem. Vítima de uma espécie de febre interior, que não setraduz externamente por nenhuma perturbação aparente dos órgãos, o alucinado vive em meio ao mundo imaginário que cria, por um momento, sua imaginação perturbada; tudo está em desordem, nele como em torno dele; leva tudo ao extremo: por vezes a alegria, a tristeza quase sempre, e as lágrimas rolam nos olhos, enquanto seus lábios fingem um sorriso doentio. Essas visões fantásticas existem para ele; ele as vê, as toca e se assusta com elas. Não obstante, conserva o exercício da vontade; conversa com os interlocutores e lhes oculta o objeto de seus terrores ou de suas sombrias preocupações. Conhecemos um que, durante cerca de seis meses, assistia todas as manhãs ao enterro de seu corpo, tendo plena consciência de que sua alma sobrevivia.

Nada parecia mudado nos seus hábitos de vida e, contudo, esse pensamento incessante, essa visão mesma por vezes o seguia em todos os lugares. A palavra morte ressoava incessantemente em seu ouvido.

Quando o sol brilhava, dissipava a noite ou atravessava a nuvem, a horrível visão se desvanecia pouco a pouco, acabando por desaparecer. À noite adormecia, triste e desesperado, porque sabia que horrível despertar o aguardava no dia seguinte. Por vezes, quando o excesso de sofrimento físico impunha silêncio à sua vontade e lhe tirava esse poder de dissimulação, que de ordinário conservava, exclamava de repente: – Ah! ei-los!... eu os vejo!... E então descrevia aos que o cercavam com mais intimidade os detalhes da lúgubre cerimônia, relatava as cenas sinistras que se desdobravam aos seus olhos, ou rondas de personagens fantásticas que desfilavam à sua frente.

O alucinado vos dirá as loucas percepções de seu cérebro doente, mas não tem nada a vos repetir do que outros viessem lhe revelar; porque, para ser inspirado, é preciso que a paz e a harmonia reinem em vossa alma, e que estejais isento de todo pensamento material ou mesquinho; algumas vezes a disposição doentia provoca a inspiração; é, então, como um socorro que os amigos partidos antes vêm vos trazer para vos aliviar. Esse louco, que ontem gozava da plenitude da razão, não apresenta desordens exteriores perceptíveis ao olho do observador; são, entretanto, numerosas, existem e são reais. Muitas vezes o mal está na alma, lançada fora de si mesma pelo excesso de trabalho, de alegria, de dor; o homem físico não está mais em equilíbrio com o homem moral; o choque moral foi mais violento do que o físico pode suportar: daí o cataclismo. O alucinado sofre igualmente as conseqüências de uma perturbação grave em seu organismo nervoso.

Mas – o que raramente acontece na loucura – neles essas desordens são intermitentes e tão mais facilmente curáveis quanto sua vida é, de certo modo, dupla, pois pensa com a vida real e sonha com a vida fantástica. Esta última é, por vezes, o despertar de sua alma doente e, se o escutar com inteligência, chegar-se-á a descobrir a causa do mal, que muitas vezes ele quer ocultar.

Entre o fluxo das palavras incoerentes, que lança fora uma pessoa em delírio, e que parecem em nada se referir às causas prováveis de sua doença, encontrar-se-á uma que voltará sem cessar, que ela queria reter e que, contudo, escapa. Essa é a verdadeira causa e que é preciso
combater.

Mas o trabalho é longo e difícil, porque o alucinado é um hábil comediante e, se percebe que o observam, seu espírito se lança em estranhos desvios e toma as aparências da loucura para escapar a essa pressão importante, que pareceis decidido a exercer sobre ele. É, pois, necessário estudá-lo com extremo tato, sem jamais o contradizer ou tentar retificar os erros de seu cérebro em delírio. São estas as diversas fases de excitações cerebrais, ou antes, de excitações do ser todo inteiro, pois não é preciso localizar a sede da inteligência. A alma humana, que a dá, plana por toda parte; é o sopro do alto, que faz vibrar e agir a máquina toda inteira.

O físico é coisa material, sensível, exposta à luz, que cada um pode ver, admirar, criticar, cuidar ou tentar endireitar. Mas quem pode conhecer o homem moral? Quando nos ignoramos a nós mesmos, como nos julgarão os outros? Se nós lhes entregamos alguns dos nossos pensamentos, são muito mais ainda os que subtraímos aos seus olhares e que gostaríamos de ocultar a nós mesmos. Essa dissimulação é quase um crime social. Criados para o progresso, nossa alma, nosso coração, nossa inteligência são feitos para se derramarem sobre todos os irmãos da grande família, para lhes prodigalizar tudo quanto está em nós, como para se enriquecer ao mesmo tempo com tudo o que nos podem comunicar.

A expansão recíproca é, pois, a grande lei humanitária, e a concentração, isto é, a dissimulação de nossas ações, de nossos pensamentos, de nossas aspirações é uma espécie de roubo que cometemos em prejuízo de todo o mundo. Que progresso se fará, se guardarmos em nós tudo o que a Natureza e a educação aí puseram, e se cada um agir do mesmo modo a nosso respeito. . Vivamos pois, nos outros e eles em nos para sermos um só.

Revista Espírita:1868

Estudos Espíritas - Vibração, Ondas e Outras Informações...

VIBRAÇÃO

O que nos dá melhor idéia do que seja vibração, é ver o funcionamento de um pêndulo,
com seu vai-vem característico.

No pêndulo distinguimos:
a) o “momento de repouso” ou de “equilíbrio”, quando ele se acha exatamente na
vertical;
b) os “pontos máximos”, que ele atinge ao movimentar-se.
Partindo daí, verificamos que a vibração pode ser:

SIMPLES - que é o percurso de um ponto máximo A ao outro ponto máximo A'

DUPLA - que constitui a ida e volta (de A a A' e de A' a A); a esta vibração dupla
chamamos OSCILAÇÃO.

PERÍODO

Acontece que o pêndulo leva tempo em sua oscilação.

Então, chamamos PERÍODO o tempo de uma oscilação, medida em segundos. E para que a medida seja bastante precisa, costumamos dividir a oscilação em quatro partes, denominadas FASES.

FREQÜÊNCIA

Denominamos FREQUÊNCIA ao número de oscilações executadas durante UM segundo.

Quanto maior a freqüência, mais ALTA é ela; quanto menor, mais BAIXA.

Então, se executar 10 oscilações em um segundo, a freqüência é baixa; se realizar 10.000 oscilações em um segundo, a freqüência é alta.

A freqüência é medida em CICLOS. Então o número de ciclos é o número de oscilações (ou freqüência) contadas ao passar por determinado ponto, durante um segundo.

ONDA

Como, nada existe de imóvel, também a oscilação (freqüência ou vibração) caminha de um lado para outra. A essa vibração que caminha chamamos ONDA.

CORRENTE

Ao deslocamento de partículas num condutor damos o nome de CORRENTE; se a corrente caminha para um só lado, constantemente, dizemos que é contínua ou direta. Se ora vai para um lado, ora para outro, a denominamos alternada.

Por exemplo, quando dizemos que a corrente tem 50 CICLOS, isto significa que a onda passa, por determinado ponto, de um lado para outro, 50 vezes em cada segundo, ou seja, tem 50 oscilações por segundo.

Freqüência dos Pensamentos

Aqui começamos a entrever que a mediunidade pode ser medida e considerada com todos esses termos. A diferença reside nisto: a corrente elétrica é produzida por um gerador, e a corrente mental é produzida pela nossa mente e transmitida por nosso cérebro.

No cérebro temos uma válvula que transmite e que recebe, tal como um aparelho de rádio. Mas vamos devagar.

Consideremos, por enquanto, que cada cérebro pode emitir em vibrações ou freqüência alta ou baixa, de acordo com o teor dos pensamentos mais constantes. O amor vibra em alta freqüência; o ódio, em baixa freqüência. São pólos opostos. Quanto mais elevados os pensamentos, em amor, mais alta a freqüência e mais elevada a ciclagem.

Continuemos:

Na onda distinguimos varias coisas:

a) a AMPLITUDE, isto é, a força da onda (ou amplitude da oscilação), medida pela distância maior ou menor de subida e descida numa linha média; é, em outras palavras, o tamanho da oscilação. Temos, pois:
1) a BAIXA amplitude, quando as oscilações são pequenas;
2) a ALTA amplitude,. quando as oscilações são grandes.
Mas também há o:
b) COMPRIMENTO da onda, que é a distância que medeia entre duas oscilações. Para uniformizar a medida dessa distância, costumamos medir a distância entre duas “cristas” consecutivas. CRISTA é o ponto máximo de uma oscilação.

MEDIDAS

A medida do comprimento de anda é efetuado em:

a) metros (quando mais longas);
b) angström (quando mais curtas).

O angström (tirado do nome de um físico sueco) é uma medida pequeníssima; basta dizer que UM milímetro tem DEZ MILHÕES de angström (portanto UM centímetro tem CEM MILHÕES de angström).

Correntes de Pensamentos - Tudo a que vimos dizendo é indispensável conhecer, para que bem se compreenda o fenômeno científico da mediunidade, que se manifesta por meio de vibrações e ondas. A fim de dominar-se o mecanismo do fenômeno, é mister que a cada palavra seja dado o valor exato que possui no estudo da ciência da física e da eletrônica.

As vibrações, as ondas, as correntes utilizadas na mediunidade são as ondas e correntes de “pensamento”. Quanto mais fortes e elevado os pensamentos, maior a freqüência vibratória e menor o comprimento de onda. E vice-versa.

O que eleva a freqüência vibratória do pensamento (vímo-lo) é o amor desinteressado; abaixa as vibrações tudo o que seja contrario ao amor: raiva, ressentimento, mágoa, tristeza, indiferença, egoísmo, vaidade, enfim qualquer coisa que exprima separação e isolamento.

ONDAS AMORTECIDAS

Em física, estudamos as ONDAS AMORTECIDAS, assim chamadas porque atingem rapidamente um valor máximo de amplitude, mas também rapidamente decrescem, não se firmando em determinado setor vibratório. São produzidas por aparelhos de “centelha”, que intermitentemente despedem fagulhas, chispas, centelhas, mas não executam uma emissão regular e fixa em determinada faixa., Produzem efeito de “ruídos”.

Preces não atendidas - No cérebro, ONDAS AMORTECIDAS são as produzidas por cérebros não acostumados à elevação, mas que, em momentos de aflição, proferem preces fervorosas. A onda se eleva rapidamente, mas também decresce logo a seguir, pois não tem condição para manter-se constantemente em nível elevado, por não estarem a ele habituados. São pessoas que, geralmente, se queixam de que “suas preces não são atendidas”. De fato, produzem “ruídos”, mas não conseguem sustentar-se em alto nível, não atingindo pois, o objetivo buscado.

...

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

FERIDAS E CICATRIZES DA INFÂNCIA

Tem sido estabelecido através da cultura dos tempos, que a infância é o período mais feliz da existência humana, exatamente pela falta de discer­nimento da criança, e em razão das suas aspirações que não passam de desejos do desconhecido, de necessidades imediatas, de ignorância da realidade.
Os seus divertimentos são legítimos, porque a eles se entrega em totalidade, sem qualquer esforço, graças à imaginação criadora que a transporta para esse mundo subjacente do crer naquilo que lhe pa­rece. Não estando a personalidade ainda formada, não há dissociação entre o que tem existência real e aquilo que somente se fundamenta na experiência mental.
A criança atravessa esse período psicologicamente feliz, sem o saber, com as exceções compreensíveis de casos especiais, porque tampouco sabe o que é a felici­dade. Só mais tarde, na idade adulta é que, recordando os anos infantis, constata o seu valor e pode ter dimen­são dos acontecimentos e prazeres.
Como a criança não sabe o que é felicidade, facilmente identifica-a no divertimento, aquilo que a agrada e a distrai, os jogos que lhe povoam a ima­ginação.
É na infância que se fixam em profundidade os acontecimentos, aliás, desde antes, na vida intra-uteri­na, quando o ser faz-se participante do futuro grupo familiar no qual renascerá. As impressões de aceitação como de rejeição se lhe insculpirão em profundidade, abençoando-o com o amor e a segurança ou dilacerando-lhe o sistema emocional, que passará a sofrer os efei­tos inconscientes da animosidade de que foi objeto.
Da mesma forma, os acontecimentos à sua volta, direcionados ou não à sua pessoa, exercerão prepon­derante influência na formação da sua personalidade, tornando-a jovial, extrovertida ou conflitada, depressi­va, insegura, em razão do ambiente que lhe plasmou o comportamento.
Essas marcas acompanhá-la-ão até a idade adulta, definindo-lhe a maneira de viver. Tornam-se feridas, quando de natureza perturbadora, que mesmo ao se­rem cicatrizadas, deixam sinais que somente uma tera­pia muito cuidadosa consegue anular.
Por sua vez, o Espírito, em processo de reencarna­ção, acompanha mui facilmente os lances que prece­dem à futura experiência, e porque podendo movimen­tar-se com relativa liberdade antes do mergulho total no arquipélago celular, compreende as dificuldades que terá de enfrentar mais tarde, ao sentir-se desde então indesejado, maltratado, combatido.
Certamente, essa ocorrência tem lugar com aque­les que se vêm impelidos ao renascimento para repa­rar pesados compromissos infelizes, retornando ao seio das suas anteriores vítimas que agora os rechaçam, o que é injustificável.
A bênção de um filho constitui significativa con­quista do ser humano, que se deve utilizar do ensejo para crescer e desenvolver os sentimentos superiores da abnegação e do amor.
As reações vibratórias que podem produzir os Es­píritos antipáticos na fase perinatal, produzem, não raro, mal-estar. Não obstante, a ternura e a cordialida­de fraternal substituem as ondas perturbadoras por outras de natureza saudável, preparando os futuros pais para o processo de aprimoramento e de educação do descendente.
Na raiz de muitos conflitos e desequilíbrios juve­nis, adultos, e até mesmo ressumando na velhice, as distonias tiveram origem - efeito de causa transata -no período da gestação, posteriormente na infância, quando a figura da mãe dominadora e castradora, as­sim como do pai negligente, indiferente ou violento, frustrou os anseios de liberdade e de felicidade do ser.
Todos nascem para ser livres e felizes. No entanto, pessoas emocionalmente enfermas, ante o próprio fra­casso, transferem para os filhos aquilo que gostariam de conseguir, suas culpas e incapacidades, quando não descarregam todo o insucesso ou insegurança naque­les que vivem sob sua dependência.
Esse infeliz recurso fere o cerne da criança, que se faz pusilânime, a fim de sobreviver ou leva-a a refugi­ar-se no ensimesmamento, na melancolia, sentindo-se vazia de afeto e objetivo de vida. Com o tempo, essas feridas purulam, impelindo a atitudes exóticas, a com­portamentos instáveis, às fugas para o fumo, a droga, o álcool ou as diversões violentas, mediante as quais ex­travasam o ressentimento acumulado, ou mergulham no anestésico perigoso da depressão com altos reflexos na conduta sexual, incompleta, insatisfeita, alienado­ra...
A sociedade terá que atender à infância através de mecanismos próprios, preenchendo os espaços deixa­dos pela ausência do amor na família, na educação es­colar, na convivência do grupo, nas oportunidades de desenvolvimento e de auto-afirmação de cada qual. Para tal mister, torna-se necessário o equilíbrio do adulto, do educador formal, que pode funcionar como psi­coterapeuta, orientando melhor o aprendiz e reenca­minhando-o para a compreensão dos valores existen­ciais e das finalidades da vida.
Inveja, mágoa, ciúme, instabilidade, ódio, pusila­nimidade e outros hediondos sentimentos que afligem as crianças maltratadas, carentes, abandonadas mesmo nas casas onde moram, desde que não são lares verda­deiros, constituem os mecanismos de reação de todos quantos se sentem infelizes, mesmo que inconscientemente.
A compreensão dos direitos alheios e dos próprios deveres, o contributo da fraternidade, a segurança afe­tiva, a harmonia interior, a compaixão, a lealdade se instalarão no ser, cicatrizando as feridas, à medida que o meio ambiente se transforme para melhor e o afeto dos outros, sincero quão desinteressado, substitua a indiferença habitual.
Qualquer ferida emocional cicatrizada pode rea­brir-se de um para outro momento, porqüanto não er­radicada a causa desencadeadora, os tecidos psicoló­gicos estarão muito frágeis, rompendo-se com facilidade, pela falta de resistência aos impactos enfrenta­dos.
A questão da felicidade, por isso mesmo, é muito relativa. Se a felicidade são os divertimentos, ou é o prazer, ei-la de fácil aquisição. No entanto, se está radi­cada na plenitude, muito complexa é a engrenagem que a aciona.
De certo modo, ela somente se expressa em totali­dade, quando o artista conclui a obra a que se entrega, o santo ao ministério de amor a que se devota, o cientista realiza a pesquisa exitosa, o pensador atinge com a sua mensagem o mundo que o aguarda, o cidadão comum se sente em paz consigo mesmo... O dar-se, a que se refere o Evangelho, certamente é a melhor me­todologia para alcançar-se essa ventura que harmoni­za e plenifica.
Toda vez, portanto, que alguém sinta incompletu­de, insegurança, seja visitado pelos sentimentos inqui­etadores da insegurança, do medo, da raiva e da inveja injustificáveis, exceção feita aos estados patológicos profundos, as feridas da infância estão ainda abertas ou reabrindo-se, e necessitando com urgência de cica­trização.


Joana de Ângelis - Psicografado por Divaldo Franco

Os Guias Espirituais das Casas Espíritas

Podemos afirmar que todas as Casas Espíritas têm seus Guias Espirituais, por conta de uma questão denominada intenção. Toda Casa Espírita tem, a princípio, uma boa intenção e isso, além de desejável, é venerável, por conta de que é nesse propósito que as pessoas podem se unir em favor de outrem para auxiliar, amparar, conduzir, orientar, alimentar, agasalhar, aconselhar, ouvir, recolher e tantas outras possibilidades que só teríamos a agradecer a Jesus por estas chances que temos de aprender em um Centro Espírita.

Bem, o propósito inicial, então, é servir, certamente. Ninguém se reúne em equipe para trabalhar em uma Instituição dessas se não for para o desiderato de servir, de ser útil e, claro, aprender e ser acolhido. Mas o serviço espiritual exige certas renúncias, que as pessoas que se dedicam a um Centro Espírita precisam estar prontas para elas, como por exemplo, a renúncia do tempo de diversão, a renúncia do afastamento familiar (parcial, claro), a renúncia da tolerância para com os companheiros neste propósito, dentro do Centro Espírita, enfim, essas apenas algumas das muitas renúncias desejáveis para que o trabalhador da Casa Espírita possa estar efetivamente integrado com os trabalhos comuns.

Mas a equipe de trabalho do Núcleo Espírita não se compõe apenas dos encarnados, tendo os Espíritos Amigos do Bem, envolvidos com toda a estruturação deles no correr de todo o tempo de existência deste Agrupamento de Amigos encarnados, isto é, há um comando que parte dos Espíritos desencarnados, por conta de sua mais ampla visão a respeito da Vida e dos necessários vínculos nos serviços propostos nesta Instituição.

Felizmente os Amigos Invisíveis estão nos inspirando continuamente, mas sempre é bom lembrar as palavras de Hermínio C. Miranda, quando fala sobre os Benfeitores do Invisível:

"São enormes as responsabilidades desses amigos invisíveis e as qualificações exigidas para as tarefas que desempenham junto aos encarnados são rígidas. Poderíamos dizer que cada grupo tem os guias e protetores que merece. Se o grupo empenha-se em servir desinteressadamente, dentro das propostas do Evangelho do Cristo, escorado na Doutrina Espírita, disposto a amar incondicionalmente, terá como apoio e sustentação uma equipe correspondente de companheiros desencarnados do mais elevado padrão espiritual, verdadeiros técnicos da difícil ciência da alma." - do Livro Diálogo com as Sombras.

A responsabilidade básica dos trabalhos, portanto, procede do plano espiritual, por isso o verdadeiro plano de trabalho é todo projetado pelos Espíritos, sempre em sintonia com as intenções dos encarnados. Os trabalhadores do plano invisível, entretanto, respeitam muito as aspirações dos encarnados, deixando a seu encargo uma série de providências correspondentes com a organização e funcionamento das tarefas, como, por exemplo, escolha do dia da semana para determinadas tarefas, escolha do horário, a designação da direção da Casa, a observância da assiduidade dos trabalhadores.

Quando essas atividades são adequadamente observadas, os Benfeitores do Invisível adaptam os planos do Mundo Espiritual, para adequar o intercâmbio dos dois níveis da Vida.

A esse respeito, mais uma vez, Hermínio afirma:

"Os Benfeitores Espirituais não irão ditar um breviário de instruções minuciosas. É preciso que fique margem suficiente para a iniciativa de cada um, para o exercício do livre-arbítrio, para que tenhamos o mérito dos acertos, assim como a responsabilidade pelos erros cometidos. Em suma, os Espíritos não nos tomam pelas mãos, mas não deixam de apontar-nos o caminho e seguir-nos amorosamente."

Temos, então, nossa parte para fazer, certamente.

Mas, um detalhe: se as qualificações exigidas para as Entidades Espirituais são tão rígidas, por qual razão não temos nós que exigir de nós mesmos o aprimoramento necessário para que tenhamos um desempenho mínimo em nossa proposta de servir, tendo por diretriz os ensinos da Doutrina Espírita?

A disciplina é fundamental para que o trabalho da Casa Espírita corra com a desejada harmonia, para que possamos manter a adequada sintonia com a equipe de trabalhadores espirituais que nos senhoreia nesse esforço.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS

A VINGANÇA

9. A vingança é um dos últimos remanescentes dos costumes bárbaros que tendem a desaparecer dentre os homens. E, como o duelo, um dos derradeiros vestígios dos hábitos selvagens sob cujos guantes se debatia a Humanidade, no começo da era cristã, razão por que a vingança constitui indício certo do estado de atraso dos homens que a ela se dão e dos Espíritos que ainda as inspirem. Portanto, meus amigos, nunca esse sentimento deve fazer vibrar o coração de quem quer que se diga e proclame espírita. Vingar-se é, bem o sabeis, tão contrário àquela prescrição do Cristo: "Perdoai aos vossos inimigos", que aquele que se nega a perdoar não somente não é espírita como também não é cristão. A vingança é uma inspiração tanto mais funesta, quanto tem por companheiras assíduas a falsidade e a baixeza. Com efeito, aquele que se entrega a essa fatal e cega paixão quase nunca se vinga a céu aberto. Quando é ele o mais forte, cai qual fera sobre o outro a quem chama seu inimigo, desde que a presença deste último lhe inflame a paixão, a cólera, o ódio. Porém, as mais das vezes assume aparências hipócritas, ocultando nas profundezas do coração os maus sentimentos que o animam. Toma caminhos escusos, segue na sombra o inimigo, que de nada desconfia, e espera o momento azado para sem perigo feri-lo. Esconde-se do outro, espreitando-o de contínuo, prepara-lhe odiosas armadilhas e, em sendo propícia a ocasião, derrama-lhe no copo o veneno, Quando seu ódio não chega a tais extremos, ataca-o então na honra e nas afeições, não recua diante da calúnia, e suas pérfidas insinuações, habilmente espalhadas a todos os ventos, se vão avolumando pelo caminho. Em conseqüência, quando o perseguido se apresenta nos lugares por onde passou o sopro do perseguidor, espanta-se de dar com semblantes frios, em vez de fisionomias amigas e benevolentes que outrora o acolhiam. Fica estupefato quando mãos que se lhe estendiam, agora se recusam a apertar as suas. Enfim, sente-se aniquilado, ao verificar que os seus mais caros amigos e parentes se afastam e o evitam, Ah! o covarde que se vinga assim é cem vezes mais culpado do que o que enfrenta o seu inimigo e o insulta em plena face.

Para traz, pois, com esses costumes selvagens! Fora com esses processos de outros tempos! Todo espírita que ainda hoje pretendesse ter o direito de vingar-se seria indigno de figurar por mais tempo na falange que tem como divisa: Sem caridade não há salvação! Mas, não, não posso deter-me a pensar que um membro da grande família espírita ouse jamais, de futuro, ceder ao impulso da vingança, senão para perdoar. Júlio Olivier. (Paris, 1862.)

d'O Evangelho Segundo o Espiritismo.

Confia

Deus criou a noite
para que todas as criaturas
tomem conhecimento
do futuro brilhante que
as espera, nas alegrias do
Infinito Amor, em Seu Imenso
Império de Estrelas.

* * *

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caminhos.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.
2a edição. Jabaquara, SP: CEU, 1981.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Conselhos Simples

A revolução que se apresta é antes moral,
do que material."
(Alan Kardec, E.S.E., Cap.1 - Item 10.)

Utilize as horas com moderação, realizando cada tarefa por sua vez, sem interrupção.
Trabalho continuado - rendimento vultuoso.

*

Modifique, sem mais tardança, o conceito negativo a respeito de quem você conheceu num momento infeliz.

A opinião má que se renova contribui para a sementeira da fraternidade.

*

Antes que os labores diurnos o surpreendam, realize no leito a comunhão com o Senhor, através da meditação.

O homem mantém a comunicação com o Pai Celeste pelos invisíveis fios do pensamento.

*

Resguarde-se da enfermidade, cultivando a higiene mental.

Mente asseada - corpo equilibrado.

*

Recolha, em cada dificuldade, a mensagem oculta de advertência para a vida.

Obstáculo vencido - aprendizagem inesquecível.

*

Acomode-se ao temperamento alheio, vencendo as imposições do instinto, quando a serviço do auxílio.

Quem relaciona dificuldades não dispõe de tempo para ajudar.

*

Receba o intrujão com delicadeza, expondo-lhe a verdade sem arrogância deliberada.

Todo usurpador se transforma em algoz de si mesmo.

*

Precavenha-se da agressão do ódio, pelo exercício do amor.

A constância no bem imuniza o homem contra o contágio das misérias morais.

*

Aceite o sofrimento como fenômeno natural da experiência evolutiva.

A enfibratura moral consolida-se no fragor das batalhas diárias.

*

Repare a terra submissa e boa, sulcada pelo arado para a dádiva do pão.

Aprenda com ela a lição da humildade e deixe que o Agricultor Compassivo transforme sua vida num seminário de amor para o bem de todos.

* * *

Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Glossário Espírita-Cristão.
Ditado pelo Espírito Marco Prisco.
4a edição. Salvador, BA: LEAL, 1993.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Francisco Peixoto Lins (Peixotinho)

Nasceu na cidade de Pacatuba, Estado do Ceará, no dia 1º de fevereiro de 1905, desencarnando na cidade de Campos, Estado do Rio de Janeiro, 16 de junho de 1966.

Seus pais foram Miguel Peixoto Lins e Joana Alves Peixoto. Bem cedo ficou órfão de pai e mãe e passou a conviver com seus tios maternos, em Fortaleza, Estado do Ceará, onde fez o curso primário. Em seguida matriculou-se no Seminário Católico, de acordo com o desejo de seus tios, que desejavam vê-lo seguir a carreira eclesiástica. No Seminário sofreu várias penas disciplinares por manifestar a seus educadores dúvidas sobre os dogmas da Igreja. Observando as desigualdades humanas, tanto no campo físico como no social, ficou em dúvida no tocante à paternidade e bondade de Deus. Se todos eram seus filhos, por que tantas diversidades? Indagava. Por que razões insondáveis uns nascem fisicamente perfeitos e outros deformados? Uns portadores de virtudes angelicais e outros acometidos de mau caráter? Dizia então: “Se Deus existe, não é esse ser unilateral de que fala a religião católica.” Desejava saber e inquiria os seus confessores, os quais, diante das indagações arrojadas do menino, usavam o castigo e a penitência como corretivo.

Aos 14 anos de idade desistiu do Seminário e, com a permissão dos tios, transferiu-se para o Estado do Amazonas, em busca de melhores dias, enfrentando os trabalhos árduos dos seringais. Ali trabalhou cerca de dois anos, resolvendo voltar para Fortaleza. Nessa fase de sua vida, nele se manifestaram os primeiros indícios de sua extraordinária mediunidade, sob a forma de terrível obsessão. Envolvido por espíritos menos esclarecidos, era tomado de estranha força física, tornando-se capaz de lutar e vencer vários homens, apesar de Ter menos de 18 anos e ser fisicamente franzino. Esse estado anômalo acontecia a toda hora e Peixotinho, temendo conseqüências mais graves, deliberou não mais sair de casa. Ali ficou acometido de nova influenciação dos espíritos trevosos, ficando desprendido do corpo cerca de 20 horas, num estado cataléptico, quase chegando a ser sepultado vivo, pois seus familiares o tinham dado como desencarnado.

Depois desse episódio, sofreu uma paralisia que o prostrou num leito de dor durante seis meses. Nessa fase, um dos seus vizinhos, membro de uma sociedade espírita de Fortaleza, movido de íntima compaixão pelos seus sofrimentos, solicitou permissão à sua família, para prestar-lhe socorro espiritual, com passes e preces. Ninguém em sua casa tinha conhecimento do Espiritismo e seus familiares também não atinavam com o verdadeiro estado do paciente, uma vez que o tratamento médico a que se submetia não lhe dava qualquer esperança de restabelecimento. O seu vizinho iniciou o tratamento com o Evangelho no Lar, aplicando-lhe passes e dando-lhe a beber água fluida. A fim distrair-se, Peixotinho começou a ler alguns romances espíritas e posteriormente as obras da Codificação Kardequiana. Em menos de um mês apresentava sensível melhora em seu estado físico e progressivamente foi libertando-se da falsa enfermidade.

Logo que conseguiu andar, passou a freqüentar o Centro Espírita onde militava o grande tribuno Vianna de Carvalho, que na época estava prestando serviço ao Exército Nacional em Fortaleza. A terrível obsessão foi a sua Estrada de Damasco. O conhecimento da lei da reencarnação veio equacionar os velhos problemas que atormentavam a sua mente, dirimindo todas as dúvidas que o Seminário não conseguira desfazer. Passou assim a compreender a incomensurável bondade de Deus, dando a mesma oportunidade a todos os seus filhos na caminhada rumo à redenção espiritual.

Orientado pelo major Vianna de Carvalho, Peixotinho iniciou o seu desenvolvimento mediúnico. Tornou-se um dos mais famosos médiuns de materializações e efeitos físicos. Por seu intermédio produziram-se as famosas materializações luminosas e uma série dos mais peculiares fenômenos, tudo dentro da maior seriedade e nos moldes preceituados pela Doutrina Espírita.

Em 1926, foi convocado para o serviço militar e transferido para o Rio de Janeiro, sendo incluído em um batalhão do exército, na cidade fluminense de Macaé. Ali se dedicou com amor à prática do Espiritismo e, com um grupo de abnegados companheiros, fundou o Centro Espírita Pedro, instituição que por muito tempo se tornou a sua oficina de trabalho.

Em 1933, consorciou-se com Benedita Vieira Fernandes, de cujo matrimônio tiveram vários filhos. Por força da sua carreira militar, foi transferido várias vezes, servindo em Imbituba, Santa Catarina; Santos, São Paulo; no antigo Distrito Federal e em Campos, Rio de Janeiro. Onde chegava, procurava logo servir à causa espírita.

No ano de 1945, na cidade do Rio de Janeiro, encontrou-se com vários confrades, dentre eles Antônio Alves Ferreira, velho companheiro no Grupo Espírita Pedro, de Macaé. Nessa época passou a freqüentar o Culto Cristão no Lar, realizado sistematicamente na residência daquele confrade. Posteriormente, unindo-se a Jacques Aboab e Amadeu Santos, resolveram fundar o Grupo Espírita André Luiz, que inicialmente funcionou na Rua Moncorvo Filho, 27, onde se produziram, pela sua mediunidade, as mais belas sessões de materializações luminosas, as quais ensejaram ao Dr. Rafael Ranieri a oportunidade de lançar um livro com esse mesmo título. Peixotinho prestava também o seu valioso concurso como médium receitista e curador.

No ano de 1948, encontrando-se pela primeira vez com o médium Francisco Cândido Xavier, na cidade de Pedro Leopoldo, teve a oportunidade de propiciar aos confrades daquela cidade, belíssimas sessões de materializações e assistência aos enfermos.

Em 1949 foi transferido definitivamente para a cidade de Campos, onde participou dos trabalhos do Grupo Joana D’Arc. Fundou também o Grupo Espírita Araci, em homenagem ao seu guia espiritual.

Peixotinho sofria de broncopneumonia, enfermidade que lhe causava muitos dissabores, porém ele suportava tudo com estoicismo, o mesmo podendo-se dizer das calúnias de que foi vítima, como são vítimas todos os médiuns sérios que se colocam a serviço do Evangelho de Jesus, dando de graça o que de graça recebem.

Conquistando a Paz

Existem tribulações e tribulações.

Para extinguir aquelas que conturbam a vida, comecemos a cooperar na construção da paz onde estivermos.

Necessitamos, porém, conhecer as farpas que entretecem as inquietações que nos predispõem ao desequilíbrio e ao sofrimento.

Vejamos algumas:

a queixa contra alguém;

a reclamação agressiva;

o palavrão desatado pela cólera

a resposta infeliz;

a frase de sarcasmo;

o conceito depreciativo;

o apontamento malicioso;

o gesto de azedume;

a crítica destrutiva;

o grito de desespero;

o pensamento de ódio;

a lamentação do ressentimento;

a atitude violenta;

o riso escarninho;

a fala da irritação;

o cochicho do boato;

o minuto de impaciência;

o parecer injusto;

a pancada verbal da condenação.

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Cada espinho invisível a que nos reportamos é comparável à chispa capaz de atear o incêndio da discórdia.

E ganhar a discórdia não aproveita a pessoa alguma.

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Tanto quanto possível, aceitemos as tribulações que a vida nos reserve e saibamos usar o amor e a tolerância, a paciência e o espírito de serviço para que estejamos realmente conquistando os valores e bênçãos da paz.

*

Não esperes que o próximo te solicite cooperação. Colabora voluntariamente, na certeza de que estarás realizando valiosas sementeiras de trabalho e de amor, na construção do futuro melhor.

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Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Paciência.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.
CEU, 1983.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

MECANISMOS CONFLITIVOS

Nos mecanismos do comportamento humano há um destaque especial para o prazer, que faz parte do processo da evolução. A busca do prazer, nunca é de­mais insistir no assunto, constitui estímulo vigoroso para a luta. Face a isso, quando algo inesperado e desa­gradável acontece, logo as pessoas afirmam que não têm nenhuma razão para viver, somente porque um insucesso, que talvez as amadureça mais, despertan­do-as para outras realidades, lhes aconteceu, tisnando-­lhes a capacidade de discernimento para a eleição en­tre o verdadeiro e o falso.

Normalmente se estabelece que vida feliz é aquela que apresenta as criaturas sorridentes, bem dispostas, com expressão donairosa, destacadas no grupo social, mas que, além da máscara afivelada na face, conduzem sofrimentos, inseguranças, incertezas sobre si mesmas e aqueles que as cercam.

A busca do prazer, em razão das necessidades mais imediatas e dos gozos mais fortes, tem sido dirigida para os divertimentos: os alcoólicos, o sexo, o tabaco, quando não as drogas aditivas e perturbadoras. Esses ingredientes levam a diversões variadas, extravagan­tes, fortes, mas não ao verdadeiro prazer, que pode ser encontrado em uma boa leitura, em uma paisagem re­pousante, em uma convivência relaxadora, em uma caminhada tranqüila ou em um jogging, em um mo­mento de reflexão, de prece, numa ação de socorro fraternal, em uma recepção no lar proporcionada a alguém querido ou simplesmente a um convidado a quem se deseja distinguir... Há incontáveis formas de prazeres não necessariamente fortes, que se transformam em sensações que exaurem e exigem repouso para o refa­zimento.

O prazer deve dilatar-se no sistema emocional, con­tinuando a proporcionar bem-estar, mesmo depois do acontecimento que o desencadeia.

O divertimento tem duração efêmera: vale enquan­to é fruído, logo desaparecendo, para dar lugar a no­vas buscas.

Algo que parece uma conquista ideal tem o valor essencial do esforço pelo conseguir, deixando certo tra­vo de insatisfação após logrado.

Como conseqüência, há uma grande necessidade de parecer-se divertido, o que sinaliza como ser ditoso, triunfante no grupo social.

Os divertimentos, nem sempre prazeres legítimos, multiplicam-se até às extravagâncias e aberrações, vio­lências e agressividades, para substituirem o fastio que os sucede, em razão de não poderem preencher as ne­cessidades de bem-estar, que são as realmente buscadas.
Roma imperial, que também se notabilizou pela busca de divertimentos contínuos, passou dos jogos gregos, que foram importados para as lutas de gla­diadores, nas quais o vencido era apenas humilhado na sua força, até às exigências de suas vidas, quando sucumbiam despedaçados, enquanto os diletantes sorriam, aplaudindo freneticamente os vitoriosos de um dia... Na sucessão das exorbitâncias, o diverti­mento mais apetitoso passou a ser aquele que obri­gava as vidas a serem estioladas das formas mais originais, para não dizer cruéis, que se possa imagi­nar. A variedade dos jogos e dos divertimentos ul­trapassava a imaginação sempre fértil na criação de novos atrativos.

Foi uma das características da decadência do Im­pério, porque as pessoas perderam o senso do prazer, passando para o divertimento da crueldade.

Através dos tempos foram modificados esses pro­cessos, não erradicados os divertimentos alucinados.

Mesmo hoje, na época das conquistas valiosas do pensamento e do sentimento, dos direitos huma­nos, da preservação ecológica, os divertimentos pros­seguem tão bárbaros, senão mais apetecíveis na mídia, por exemplo, que se utiliza das paixões pri­mevas do ser, para estimulá-lo mais aos divertimen­tos do sexo explícito, da brutalidade sem limites, da vulgaridade insensata, da nudez agressiva e vil, do mercado das sensações, enquanto o público, sempre ávido quão insatisfeito, exige espetáculos mais bur­lescos e brutais, na vida real, através das lutas de boxe, entre animais, da tauromaquia, e, quando cansado desse pequeno circo de loucura, das guer­ras hediondas que arrasam cidades, países e destroem vidas incontáveis, mutilando outras tantas que ficam física, psicológica e mentalmente esfaceladas.

Quanto mais divertimentos, mais fugas psicológi­cas, menos prazeres reais. Onde proliferam, também surgem a crueldade, a indiferença pelo sofrimento alheio, a ausência da solidariedade, porque o egoísmo deseja retirar o máximo proveito da situação, do lugar, da oportunidade de fruir e iludir-se, como se fosse pos­sível ignorar os desafios e os conflitos, somente porque se busca anestesiá-los.

As pessoas divertidas parecem felizes, mas não o são. Provocam risos, porque conseguem mascarar os próprios sentimentos, em um faz-de-conta sem limite. Demonstram seriedade, mesmo nos seus divertimen­tos, o que provoca alegria, bulha e encantamento de outros aflitos-sorridentes, mas, passado o momento, volvem à melancolia, ao vazio em que se atormentam. A descontração muscular e emocional é forjada, não espontânea, nem rítmica, proporcionadora do prazer que harmoniza interiormente.

É natural que surjam, agora ou depois, vários, ter­ríveis processos conflitivos na área da personalidade e no âmago da individualidade. Tais conflitos não serão resolvidos com gargalhadas ou com dissimulações, mas somente através de terapia conveniente e grande es­forço do paciente, que se deve autodescobrir e encon­trar as razões perturbadoras do estado emocional em que se encontra. O jogo escapista de um para outro di­vertimento somente complica o quadro, por adiar a sua solução.

Joana de Ângelis - Psicografado por Divaldo franco / Amor, Imbatível Amor