Mensagem

"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."

Militão Pacheco

quinta-feira, 31 de março de 2011

Em Torno da Profissão





A sua profissão é privilégio e aprendizado.

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Se você puser amor naquilo que faz, para fazer os outros felizes, a sua profissão, em qualquer parte, será sempre um rio de bênçãos.

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O seu cliente, em qualquer situação, é semelhante a árvore que produz, em seu favor, respondendo sempre na pauta do tratamento que recebe.

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Toda tarefa corretamente exercida é degrau de promoção.

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Em tudo aquilo que você faça, na atividade que o Senhor lhe haja concedido, você está colocando o seu retrato espiritual.

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Se você busca melhorar-se, melhorando o seu trabalho, guarde a certeza de que o trabalho lhe dará vida melhor.

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O essencial em seu êxito não é tanto aquilo que você distribui e sim a maneira pela qual você se decide servir.

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Ninguém procura ninguém para adquirir condenação ou azedume.

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Sempre que alguém se queixe de alguém, está criando empeços na própria estrada para o sucesso.

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Toda pessoa que serve além do dever, encontrou o caminho para a verdadeira felicidade.

* * *

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Sinal Verde.
Ditado pelo Espírito André Luiz.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Massificação




Ao tempo em que as informações se multiplicam, oferecendo o conhecimento de muitas ocorrências si­multaneamente, aquelas que têm primazia nos veícu­los de comunicação - tragédias, excentricidades, vio­lências e crimes, sexo em desvario, ameaças de morte e de guerra - deixam o indivíduo inseguro. Porque não dispõe de tempo para digerir e bem absorver as notíci­as, selecionando-as, abate-se com facilidade ou excita-se, armando-se emocionalmente para os enfrentamen­tos.

Ocorre-lhe o fenômeno de ruptura da omeostase, que o perturba, física e psiquicamente.
Deixando-se arrastar pelo volume, massifica-se e perde o contato com a própria identidade, passando a ser apenas mais u m no grupo, no qual se movimenta -trabalho, recreios, estudos, em quaisquer atividades -submetendo-se ao estabelecido, ao gosto geral, à von
tade alheia, às necessidades que os organizadores defi­nem, sem o consultarem anteriormente. Os seus pas­sam a ser os prazeres que outrem lhe concede, exigin­do que se sinta bem e se divirta, porqüanto esse é o convencionado. Membro que é do conjunto, as suas são as opções gerais.

A massificação deságua na desumanização, recon­duzindo o ser ao anterior estágio dos impulsos e ins­tintos básicos, que eram próprios para a selva antiga, e agora se apresentam como necessários na moderna, que é construída de pedras, cimento e ferro. Nela, não há liberdade plena, nem harmonia gratificante, porqüanto é artificial, ruidosa, agressiva, propondo contínuo, exaustivo estado de alerta contra os seus métodos e membros igualmente violentos.

A massa humana, como ser grupal, é destituída de alma, de sensibilidade. Em sua marcha voluptuosa avass ala, deixando escombros físicos e psicológicos por onde passa. Porque os seus membros perderam a capa­cidade de ser indivíduos, estouram a qualquer voz de comando, arrastados pelos que os sediciam, e assim agem, para não ficarem esmagados. Os seus tornam-se os interesses coletivos, e tudo é programado, extinguin­do no homem a espontaneidade, que lhe expressa a in­dividualidade, o nível psicológico e de consciência, no qual se encontra.

O ser animal necessita do grupo, conduzido pelo instinto gregário, que o protege dos inimigos naturais e dá-lhe vida, estímulos, facultando-lhe intercâmbios.

O homem, porém, não prescinde da própria intimida­de, dos espaços que ocupa e lhe são fundamentais.

Experimentar mergulhos no Self, fruir momentos de solidão, sem buscar isolar-se, são-lhe atitudes saudáveis, renovadoras, que lhe concedem beleza interior para contrabalançar os choques desgastantes da luta pela vida.

A busca de realização é sempre pessoal e a me ta éigualmente particular, correspondente ao estágio de evolução de cada qual. Não obstante haja similitudes entre as aspirações de criaturas diferentes, os valores anelados possuem características e significados muito especiais, nunca se misturando em uma generalidade comum.

O ser humano é um universo com as suas próprias leis e constituição, embora em harmonia com todos os demais, formando imensa famiia. Massificado, perde a capacidade, ou lhe é impedida, de expressar-se, de anelar e viver, conforme o seu paradigma de aspiração e progresso, pois que, do contrário, é expulso do gru­po, onde não mais tem acesso. Marginalizado, depri­me-se, aflige-se.

Cabe-lhe, porém, amadurecer reflexões para viver no grupo sem pertencer-lhe, para estar em sociedade sem perder a sua identidade, para encontrar-se neste momento com os demais, porém, não se permitir os arrastamentos insensatos e compulsivos da massifica­ção.

Como lhe é necessário viver em grupo, é-lhe im­prescindível s er ele próprio. Sua individualidade deve ser respeitada e mantida, a fim de que experiencie os acontecimentos conforme o seu estado emocional, or­gânico e intelectual.

O ser humano detém possibilidades inesgotáveis, que se multiplicam por si mesmas. Quanto mais as de­senvolve, tanto mais se apresentam aguardando oca­sião de expandir-se.

A aquisição da consciência de si, porém, é resulta­do de um esforço individual concentrado, que a massi­ficação dificulta, porqüanto, no conjunto, basta seguir-se o volume no qual se está mergulhado.

Quando defrontado com o Si profundo, o indiví­duo opta por controlar e bem direcionar a máquina or­gânica ao invés de ser conduzido pelos instintos pre­valecentes. Esse empenho racional converte-se de ime­diato em desafio que o engrandece, oferecendo-lhe sig­nificado existencial, por cujo termo lutará com deno­do.

A massificação permite a liberação negativa e per­turbadora dos conflitos do homem que, somados aos dos demais, torna-se u m transtorno desenfreado, que mais inquieta, na razão direta em que se exterioriza. Tornando-se difícil a identificação da pessoa conflitiva, em razão do grupo que a absorve, o paciente sente-se à vontade para expandir a sua mazela, mascarando-se e parecendo estar em outra realidade. Ao escamoteá-lo, porém, mais lhe aprofunda as tenazes nos alicerces do inconsciente, aturdindo-se e infelicitando-se.

A massa absorve, devora as expressões individu­ais e consolida as paixões perversas. A diluição tera­pêutica do conflito certamente obedece à sua exteriori­zação conscientizada, anulando-lhe a causalidade e preenchendo o seu espaço com formulações amadure­cidas e realizações compensadoras.

Tal a resolução, e a ação dinâmica exige humildade, reconhecendo-se o ser frágil e necessitado, por fim, encorajando-se para o co­metimento libertador.

Vivendo-se uma atualidade globalizadora, inevi­tável, pode-se no entanto, evitar a massificação, pre­servando-se a individualidade, sendo -se autêntico consigo mesmo, enfrentando as imposições do ego e har­monizando-as com o Self.


Joana de Ângelis - Psicografado por Divaldo Franco, da Obra Amor, Imbatível Amor

Lamentações





Aglutinam-se na massa humana as pessoas desesperadas.

Uma vaga de aflição paira ameaçadora no mundo, carregando os inquietos que perderam a direção de si mesmos, vitimados pelas circunstâncias dolorosas do momento.

A insânia conduz expressivo número de criaturas que estertoram ao sabor do sofrimento, buscando fugir da realidade dos problemas, com a aparência voluptuosa de triunfadores nos patamares dos prazeres alucinantes.

A desordem campeia, e ameaças desumanas transformam-se em torpe conduta nos países do mundo, destroçados por guerras impiedosas em nome de religiões fanatizadoras, de raças asselvajadas, de interesses mesquinhos...

Os governantes da Terra perdem as rédeas da administração e negociam com organizações criminosas, estabelecendo colegiados políticos abomináveis.

A corrupção adquire cidadania, e a imoralidade desfruta de status, perturbando os valores éticos e morais.

Nuvens borrascosas avolumam-se nos céus já escurecidos da humanidade. Tudo anuncia a chegada dos dias apocalípticos, convocando à razão, à renovação dos códigos, à interiorização espiritual.

*

Como conseqüência do período grave de transição, surgem o pessimismo, a desconfiança, as lamentações. De tal forma se vão arraigando no organismo individual e social, que os temas de conversação perdem os conteúdos ou se apresentam desconcertantes, caracterizados pelas sombras do desconforto, da mágoa, dos irrefreáveis desejos de vingança.

A lamentação grassa e perturba as mentes, impedindo a ação corretora do bem, como se não adiantasse produzir com elevação, laborar com honradez.

Lamentar não é atitude saudável. Pelo contrário, produz deterioração dos conteúdos bons que ainda remanescem em muitas vidas e movimentam-nas, sustentando os ideais de engrandecimento humano.

A lamentação, qual ocorre com a queixa sistemática, é morbo portador de destruição, de desalento e morte.

Antídoto aos males que infestam os dias atuais é ainda o amor, força única portadora de recursos salvadores.

Este é um ciclo que se encerra, dando início a outro, que se irradiará plentificador.

Os períodos de renovação fazem-se preceder por inumeráveis acontecimentos devastadores, nos mais diversos aspectos da natureza. O mesmo ocorre na área moral da humanidade.

Assim, não te desalentes, nem duvides do triunfo do bem. Não fiques, porém, inativo, aguardando que forças atavicas operem miraculosamente sem a tua contribuição.

És importante no contato atual face ao que pense e como ajas.

Produze, portanto, com esforço bem direcionado, oferecendo o teu contributo valioso, por menos expressivo te pareça.

Não cedas o passo aos aventureiros da desordem.

Permanece no teu lugar realizando o que podes, deves e te cabe fazer.

*

Muita falta fazem Jesus e Sua doutrina no mundo.

Fala-se sobre Ele, discute-se-Lhe a mensagem, mas não se vive o ensinamento que dela deflui.

Sê tu quem confia e faz o melhor.

Se cada cristão decidido resolvesse por viver Jesus, a paisagem atual se modificaria, e refloresceria a primavera no planeta em convulsão.

Assim sendo, ama e contribui em favor do progresso, sem lamentação de qualquer natureza, em paz e confiança.

* * *

Divaldo Pereira Franco. Da obra: Momentos Enriquecedores.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.

terça-feira, 29 de março de 2011

Em Casa




Ninguém foge à Lei da Reencarnação.

ONTEM, atraiçoamos a confiança de um companheiro, induzindo-o à derrocada moral. HOJE, guardamo-lo na condição do parente difícil, que nos pede sacrifício incessante.

ONTEM, abandonamos a jovem que nos amava, inclinando-a ao mergulho na lagoa do vício. HOJE, temo-la de volta por filha incompreensiva, necessitada do nosso amor.

ONTEM, colocamos o orgulho e a vaidade no peito de um irmão que nos seguia os exemplos menos felizes.

HOJE, partilhamos com ele, à feição de esposo despótico ou de filho-problema, o cálice amargo da redenção.

ONTEM, esquecemos compromissos veneráveis, arrastando alguém ao suicídio.

HOJE, reencontramos esse mesmo alguém na pessoa de um filhinho, portador de moléstia irreversível, tutelando-lhe, à custa de lágrimas, o trabalho de reajuste.

ONTEM, abandonamos a companheira inexperiente, à míngua de todo auxílio, situando-a nas garras da delinqüência.

HOJE, achamo-la ao nosso lado, na presença da esposa conturbada e doente, a exigir-nos a permanência no curso infatigável da tolerância.

ONTEM, dilaceramos a alma sensível de pais afetuosos e devotados, sangrando-lhes o espírito, a punhaladas de ingratidão.

HOJE, moramos no espinheiro, em forma de lar, carregando fardos de angústia, a fim de aprender a plantar carinho e fidelidade.

À frente de toda dificuldade e de toda prova, abençoa sempre e faze o melhor que possas.

Ajuda aos que te partilham a experiência, ora pelos que te perseguem, sorri para os que te ferem e desculpa todos aqueles que te injuriam...

A humildade é a chave de nossa libertação.

E, sejam quais sejam os teus obstáculos na família, é preciso reconhecer que toda construção moral do Reino de Deus, perante o mundo, começa nos alicerces invisíveis da luta em casa.

* * *

Francisco Cândido Xavier. Da obra: Amor e Vida em Família.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Futuro ou Passado





No Evangelho de João, no capitulo XII, versículo XXXV, uma pequena expressão nos chama muito a atenção.
“Segue pela luz”.
Muitos filósofos, muitas pessoas adeptas à meditação fazem análise da própria existência e conseguem vislumbrar o passado e o futuro.
Aqueles que são sérios em suas propostas meditativas, conseguem temperar o raciocínio, compreendendo que o futuro foi escrito no passado e que o presente é bem isto: um presente.
Presente no qual estamos construindo ainda o porvir.
Muitas vezes desanimados, desestimulados, irritados, insatisfeitos, fazemos o papel de algozes de nós mesmos no presente.
Esquecemos que estamos escrevendo o futuro e cometemos o erro de manter o pensamento equivocado por conta, pura e simplesmente, de aspirações elevadas no campo da satisfação pessoal, no campo do prazer individual, do orgulho, da vaidade, dos deslizes terrenos aos quais nós ainda nos prendemos.
Todas essas características entretanto, que nos martelam a mente há milênios, vêm deteriorando não só o nosso presente como também o nosso futuro.
Todas essas características são trevas da personalidade humana, por isso, o Cristo recomenda que caminhemos na luz.
Caminhar na luz é caminhar no amor.
O amor fraterno.
O amor caritativo.
O amor de doação.
O amor de concessão.
O amor de entrega plena e total.
Mas, ainda somos crianças espirituais e quando nós falamos de doação, de entrega, nós nos perguntamos, mas, e eu?
Eu sou a persona que tenho construído o meu futuro às custas do meu egoísmo, do meu orgulho e da minha vaidade, e agora eu, percebo que o caminho correto, é o caminho do amor, porque o amor constrói a vida futura plena.
Plena de alegria.
Plena de felicidade.
Plena de evolução.
E plena de prosperidade.
Por isso, eu preciso modificar a minha postura diante da vida.
Crescer, e me esforçar muito para aprender a amar.

Abençoa-nos Senhor Jesus, agora e sempre.
Psicofonia recebida no Nept em 23 03 2011

domingo, 27 de março de 2011

Felicidade Possível




Acreditavas que a felicidade seria semelhante a uma ilha fantástica de prazer constante e paz permanente. Um lugar onde não houvesse preocupação, nem se apresentasse a dor; no qual os sorrisos brilhassem nos lábios, e a beleza engrinaldasse de festa as criaturas.
Uma felicidade feita de fantasias parecia ser a tua busca.

Planejastes a vida, objetivando encontrar esse reino encantado, onde, por fim, descansasses da fadiga, da aflição e fruísses a harmonia.

Passam-se anos, e somas frustrações, anotando desencantos e amarguras, sem anelada conquista.

Lentamente, entregas-te ao desânimo, e sentes que estás discriminado no mundo, quando vês as propagandas apresentadas pela mídia, nas quais desfilam os jovens, belos e jubilosos, desperdiçando saúde, robustez, corpos venusinos e apolíneos, usando cigarros e bebidas famosas, brincando em iates de luxo, ou exibindo-se em desportos da moda, invejáveis, triunfantes...

Crês que eles são felizes...

*

Não sabes quanto custa, em sacrifício e dor, alcançar o topo da fama e permanecer lá.

Sob quase todos aqueles sorrisos, que são estudados, estão a face da amargura e as marcas do ressaibo, do arrependimento.

Alguns envenenaram a alma dos charcos por onde andaram, antes de serem conhecidos e disputados.

Muitos se entregaram a drogas perturbadoras, que lhes consomem a juventude, qual ocorreu com as multidões de outros, que os anteciparam e desapareceram.

Esquecidos e enfermos, aqueles que foram pessoas-objeto, amargam hoje a miséria a que se acolheram ou foram atirados.

*

Felicidade, porém, é conquista íntima.

Todos os que se encontram na Terra, nascidos em berços de ouro ou de palha, homenageados ou desprezados, belos ou feios, são feitos do mesmo barro frágil de carne, e experimentam, de uma ou de outra forma, vicissitudes, decepções, doenças e desconforto.

Ninguém, no mundo terreno, vive em regime especial. O que parece, não excede a imagem, a ilusão.

*

Se desejas ser feliz, vive, cada momento, de forma integral, reunindo as cotas de alegria, de esperança, de sonho, de bênção, num painel plenificador.

As ocorrências de dor são experiências para as de saúde e de paz.

A felicidade não são coisas: é um estado interno, uma emoção.

Abençoa os acidentes de percurso, que denominas como desdita, segue na direção das metas, e verás quantas concessões de felicidade pela frente, aguardando por ti.

Quem avança monte acima, pisa pedregulhos que ferem os pés, mas também flores miúdas e verdejante relva, que teimam em nascer ali colocando beleza no chão.

Reúne essas florezinhas em um ramalhete, toma das pedras pequeninas fazendo colares, e descobrirás que, para a criatura ser feliz, basta amar e saber discernir, nas coisas e nos sucessos da marcha, a vontade de Deus e as necessidades para a evolução.

* * *

Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Momentos Enriquecedores.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.

sábado, 26 de março de 2011

Efetivamente





Vigiar não é desconfiar. É acender a própria luz, ajudando os que se encontram nas sombras.

Defender não é gritar. É prestar mais intenso serviço às causas e às pessoas.

Ajudar não é impor. É amparar, substancialmente, sem pruridos de personalismo, para que o beneficiado cresça, se ilumine e seja feliz por si mesmo.

Ensinar não é ferir. É orientar o próximo, amorosamente, para o reino da compreensão e da paz.

Renovar não é destruir. É respeitar os fundamentos, restaurando as obras para o bem geral.

Esclarecer não é discutir. É auxiliar, através do espírito de serviço e da boa-vontade, o entendimento daquele que ignora.

Amar não é desejar. É compreender sempre, dar de si mesmo, renunciar ao próprios caprichos e sacrificar-se para que a luz divina do verdadeiro amor resplandeça.

* * *

André Luiz

(Mensagem retirada do livro "Agenda Cristã" psicografia de Francisco Cândido Xavier)

sexta-feira, 25 de março de 2011

Dogmas





Pode parecer estranho escrever sobre isso nesse espaço, mas como todos nós, aqui no Brasil, temos "algo de católico" e precisamos aprender um pouco sobre essa importante religião que, afinal de contas, está presente na vida do País desde sua fundação.

Do ponto de vista Espírita, sabendo que, inclusive, dentro da própria Codificação, temos a presença de vários Espíritos que foram católicos, essas informações são esclarecedoras e educativas, importando que nos mostrem fundamentos dessa religião amiga.

Vamos lá, portanto:


Dogma é o termo da religião cristã – especialmente do catolicismo – que designa a afirmação de caráter doutrinário definida e transmitida pela igreja como revelação de Deus. O dogma, portanto, representa uma verdade fundamental e imutável, dada aos cristãos para crerem, como norma imposta por decreto. É vedado crer de outro modo. Num sentido mais genérico, dogma é um ponto fundamental e indiscutível de qualquer doutrina ou sistema.

As Igrejas chamadas protestantes e a Anglicana negam igualmente a infalibilidade tanto do Papa como de todos os concílios, de modo que a formulação dogmática é, teoricamente, um fenômeno vivo, porque está sempre submetida ao juízo de Cristo.

1 – A divindade de Jesus e a Santíssima Trindade

A divindade de Jesus foi proclamada pelo concílio de Nicéia , em 325, nestes termos:

“A Igreja de Deus, católica e apostólica, anatematiza os que dizem que houve um

tempo em que o Filho não existia, ou que não existia antes de haver sido gerado.”

A conceituação mais recente da Trindade estabelece não que Deus seja uma pessoa, mas uma natureza em três pessoas, das quais uma delas (Jesus) é uma pessoa divina em duas naturezas - humana e divina. Dessa forma Deus seria “algo” que se manifesta à humanidade sob três “formas” diferentes.

2 - O Pecado Original

Apresentado em seu aspecto dogmático, o pecado original, que aplica-se à toda a posteridade de Adão, isto é, a Humanidade inteira, pela desobediência do primeiro par, para depois salvá-la por meio de um a imolação de Jesus, apresentado como cordeiro de Deus.

O pecado original é o dogma fundamental em que repousa todo o edifício dos dogmas cristãos - idéia verdadeira, no fundo, mas falsa em sua forma e desnaturada pela Igreja -, verdadeira, no sentido de que o homem sofre com a intuição que conserva das faltas cometidas em suas vidas anteriores, e pelas conseqüências que acarretam para ele.

3 – As Penas Eternas

A Igreja estabeleceu então que somente aqueles que seguissem a sua orientação ( “Fora da Igreja não há salvação”) podiam alcançar a vida futura no paraíso. Os demais, em função do pecado original estariam condenados as penalidades eternas em um terrível inferno. Em plena contradição com a infinita bondade de Deus, que manda perdoar até mesmos os inimigos.

4 – A Ressurreição da Carne

Dogma segundo o qual os átomos do nosso corpo carnal, disseminados, dispersos por mil novos corpos, devem reunir-se um dia, reconstituir nosso invólucro e figurar no juízo final. Em desacordo com a ciência e o bom senso.

5 – A Infalibilidade Papal

Em 1870, através do Concílio Vaticano I, foi proclamada a infalibilidade do papa, ou seja, qualquer semente de dúvida a respeito de doutrina cristã o papa daria a última palavra, como se o papa fosse infalível, o detentor de toda a verdade, o Senhor da Verdade absoluta.

Os Sacramentos

a) Batismo, o rito de iniciação do cristianismo, pelo qual a parte que o indivíduo tinha no pecado original de Adão era lavada, tornando-o passível de salvação. Esse rito era normalmente administrado à criança recém-nascida, enquanto seus fiadores, chamados padrinhos, prometiam em seu nome que ela seria criada na religião cristã.

b) A Confirmação era administrada à entrada na adolescência. Não era encarada como essencial à salvação, mas considerada como dando ao indivíduo maior força moral para encarar as vicissitudes morais da vida adulta.

c) A Penitência era o rito (habitualmente abrangendo confissão a um padre) pelo qual o crente obtinha perdão dos sérios pecados que ele próprio cometera desde que o batismo removera o pecado que herdara pelo nascimento.

d) A Eucaristia, ou Sagrada Comunhão, formava a parte central do maior ritual público da Igreja, que era a celebração da Missa. Nesse sacramento, o pão e o vinho consagrados transformavam-se miraculosamente no corpo e no sangue de Jesus Cristo. Esse milagre chamava-se transubstanciação e a ação do padre ao realizá-lo era encarada como uma reprodução da Última Ceia de Jesus e seus discípulos. Após a transubstanciação, o padre consumia uma parte de seus elementos e distribuía parte aos adoradores que quisessem participar da ceia. Não se exigia que o crente cristão participasse dessa comunhão como pré-requisito necessário à sua salvação, mas esse sacramento era considerado como dando-lhe forças à alma para salvar-se. Ele devia assistir à Missa freqüentemente.

e) A Extrema Unção era o rito realizado para os que se achavam à beira da morte, a fim de preparar sua alma para o outro mundo. No curso normal dos acontecimentos, todos os cristãos passariam por esses cinco ritos, pelo menos uma vez na vida.

quinta-feira, 24 de março de 2011

O ESPÍRITA NA MULTIDÃO





O espírita cristão, porque busca realmente compreender Jesus e raciocinar no Evangelho, é alguém sob regime de fiscalização permanente. Daí procedem as múltiplas contradições nas criticas que recebe.

Habitualmente, se é generoso, a multidão em torno dirá dele: é perdulário.
Se economiza: é avarento.
Se mantém a disciplina: é ditador.
Se não observa condições e horários: é irresponsável.
Se diligencia renovar as normas conhecidas: é revolucionário.
Se conserva os padrões de hábito: é inerte.
Se usa franqueza: é descaridoso.
Se contemporiza: é hipócrita.
Se brinca: é irreverente.
Se chora: é obsesso.
Se comunicativo: é estouvado.
Se discreto: é orgulhoso.
Se estuda intensivamente:é afetado.
Se estuda menos: é ignorante.
Se colabora com afinco na assistência social: é santarrão.
Se coopera menos na beneficência de ordem material: é preguiçoso.
Se revela ardente fervor nas convicções: é fanático.
Se analisa, como é necessário, as instruções em andamento: é um céptico.
Se trabalha com grande número de pessoas: é demagogo.
Se trabalha em ambiente restrito: é insociável.

Efetivamente, a multidão é nossa família e nada justificaria qualquer propósito de nos distanciarmos dela, a pretexto de superioridade individual.

Somos claramente chamados a servi-la. Com ela e por ela, é que também nos despojaremos
das imperfeições que nos marcam a vida. Ainda assim, conquanto amando-a e abençoando-a, não nos seria lícito esquecer que ela própria, um dia preferiu Barrabás a Jesus, em lamentável engano. Atentos a isso, onde estiveres e como estiveres, coloca-te acima das opiniões humanas, e serve a Jesus servindo à multidão, ofertando à seara do bem o que fores e o que tiveres de melhor.

Espírito: EMMANUEL
Médium: Francisco Cândido Xavier
Livro: “Renovação e Paz”

Tormentos Modernos





Os avanços da ciência aliados à tecnologia favore­ceram a vida com incomparáveis contribuições: higie­ne e saúde, comodidade e prazer, facilidade de loco­moção e de cultura, programas de solidariedade e apoio, mais amplos recursos de fraternidade e inter-relacio­namentos pessoais...

A globalização tornou-se inevitável, ganhando-se distâncias com velocidades expressivas e participando-se das ocorrências que têm lugar nos mais diferentes pontos do globo.

Baniram da Terra várias endemias, erradicaram doenças cruéis, alteraram a face do planeta, melhoran­do-lhe inumeráveis condições...

Não obstante, os nobres e úteis avanços não conse­guiram impedir a violência urb ana, as guerras, cada vez mais destruidoras, a miséria econômica e social, os fenômenos sísmicos, o surgimento de novas e calami­tosas enfermidades, a corrupção de vários matizes, que campeia desenfreada, os crimes hediondos assim como a pena de morte, a eutanásia, o aborto, o suicídio, a trai­ção...

Aprofundaram a sonda na psique do ser humano e desvelaram muitos enigmas que antes desvairavam, oferecendo recursos terapêuticos para minimizar e mesmo sanar muitos transtornos. Todavia, não pude­ram evitar distúrbios neuróticos e de pânico, as depres­sões profundas e outras tantas patologias tormentosas da mente...

A admirável conquista da ecologia ressalta este período, preservando a vida vegetal, animal, o meio ambiente com valiosas contribuições em favor do pla­neta em pré-agonia.

Apesar disso, a vida humana perece pela fome, pelo abandono, por diversas doenças que ainda não foram vencidas, pelo desrespeito de que é vítima...

Ocorre que o homem interior ainda não se fez con­quistar. As valiosas realizações de fora aprisionaram-no, por outro lado, no limite das horas, no volume es­magador dos compromissos, na multiplicidade das re­alizações para a sobrevivência, estressando-o ou fazen­do-o indiferente ao seu próximo, tornando-o arrogante ou aturdido, falto de ideais superiores e abarrotado de coisas sem significado real.

As exigências sociais tiraram-lhe a naturalidade, e os anseios de triunfos externos desestruturam-no, tor­nando-se-lhe importantes os valores que se fazem co­nhecidos, embora escravizem, em detrimento daque­loutros que permanecem não vistos e que são liberta­dores.

O temor detém-no no lar, cercado de tecnologia, mas, isolado da convivência com outras pessoas, longe do calor humano que produz relacionamentos motiva­dores.

A exigüidade de tempo não lhe propicia mais a re­flexão, levando-o a agir e a reagir por impulsos. Escas­seiam-lhe os momentos para si mesmo, interiormente, em espaços mentais e emocionais d e oração, de medi­tação, de refazimento de forças exauridas nos embates contínuos.

Os medos assaltam-no, e a solidão na multidão asfixia-o.


Joana de Ângelis - Psicografado por Divaldo franco - do Livro Amor, Imbatível Amor.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Prece de Cáritas

DEUS nosso Pai, vós que sois todo poder e bondade,

Dai a força àquele que passa pela provação,

Dai a luz àquele que procura a verdade,

Ponde no coração do homem a compaixão e a caridade.



DEUS, dai ao viajor a estrela guia, ao aflito a consolação,

ao doente o repouso.

PAI, dai ao culpado o arrependimento,ao Espírito a verdade,

à criança o guia, ao orfão o pai.

SENHOR, que a Vossa bondade se estenda sobre tudo que criaste.

Piedade, Senhor, para aqueles que não vos conhecem,

Esperança para aqueles que sofrem.

Que a Vossa bondade permita aos Espíritos consoladores

Derramem por toda parte a paz, a esperança e a fé.


DEUS, um raio, uma faísca do vosso amor pode abrasar a Terra.

Deixa-nos beber nas fontes desta bondade fecunda e infinita

e todas as lágrimas secarão, todas as dores acalmar-se-ão.

Um só coração,um só pensamento subirá até Vós,

Como um grito de reconhecimento e de amor.


Como Moisés sobre a montanha,nós lhe esperamos com os braços abertos

Oh, bondade! Oh beleza! Oh perfeição!

E queremos de alguma sorte alcançar Vossa misericódia.


DEUS,

Dái-nos a força de ajudar o progresso a fim de subirmos até Vós.

Dái-nos a caridade pura.

Dái-nos a fé e a razão.

Dái-nos a simplicidade,que fará de nossas almas...

Um espelho onde se reflitirá a Vossa santa e

misericordiosa imagem.

terça-feira, 22 de março de 2011

Necessidade de estudo de Kardec para discernimento doutrinário.




Há muitas confusões, feitas intencionalmente ou não, entre o Espiritismo e numerosas formas de crendice popular, inclusive as formas de sincretismo religioso afro-brasileiro, hoje largamente difundidas. adversários da doutrina espírita costumam fazer intencionalmente essas confusões, com o fim de afastar do Espiritismo as pessoas cultas. Por outro lado, alguns espíritas mal-orientados, que não conhecem a própria doutrina, colaboram nesse trabalho de confusão, admitindo como doutrinárias as mais estranhas manifestações mediúnicas e as mais evidentes mistificações.

Alguns leitores se mostram justamente alarmados com a larga aceitação que vem tendo, em certos meios doutrinários, práticas de Umbanda e comunicações de Ramatis. E nos escrevem a respeito, pedindo uma palavra nossa sobre esses assuntos. Na verdade, já escreve­mos numerosas crônicas tratando da necessidade de vigilância nos meios espíritas, de maior e mais seguro conhecimento dos nossos princípios, e apontando os perigos decorrentes do entusiasmo fácil, da aceitação apressada de certas inovações. Mas, para atender às solicitações, voltaremos hoje ao assunto.

Kardec dizia, com muita razão, que os adeptos demasiado entusiastas são mais perigosos para a doutrina do que os próprios adversários. Porque estes, com­batendo o que não conhecem, evidenciam a própria fraqueza e contribuem para o esclarecimento do povo, enquanto os adeptos de entusiasmo fácil comprometem a causa. O que estamos vendo hoje, no meio espírita brasileiro, não é mais do que a confirmação dessa assertiva do codificador. Espíritas demasiado entusiastas estão sempre prontos a receber qualquer “nova revelação” que lhes seja oferecida, e a divulgá-la sofregadamente, como verdades incontestáveis. Que diferença entre o equilíbrio e a ponderação de Kardec e essa afoiteza inútil e prejudicial!

No tocante à Umbanda, já dissemos aqui, numerosas vezes, que se trata de uma forma de sincretismo religioso, ou seja, de mistura de religiões e cultos, com a qual o Espiritismo nada tem a ver. As formas de sincretismo religioso são, praticamente, as nebulosas sociais de que nascem as novas religiões. A Umbanda já superou a fase inicial de nebulosa, estando agora em plena fase de condensação. E por isso que ela se difunde com mais intensidade. Já se pode dizer que é uma nova religião, formada com elementos das crenças africanas e indígenas, misturados a crenças e formas de culto do catolicismo e do islamismo em franco desenvolvimento entre nós. O Espiritismo não participou da sua formação, embora os nossos sociólogos, em geral, exatamente por desconhecerem o Espiritismo, digam o contrário, pois confundem o mediunismo primitivo, de origem africana e indígena, com os princípios de uma doutrina moderna. Nós, espíritas, devemos respeitar na Umbanda uma religião nascente, mas não pode­mos admitir confusões entre as suas práticas sincréticas e as práticas espíritas.

Quanto às mensagens de Ramatis, também já tive­mos ocasião de declarar que se trata de mensagens mediúnicas a serem examinadas. De nossa parte, consideramo-las como mensagens confusas, dogmáticas, vaza­das na linguagem típica dos espíritos pseudo-sábios, a que Kardec se refere na escala espírita de O Livro dos Espíritos. Cheias de afirmações absurdas, e até mesmo contraditórias, essas mensagens revelam uma fonte que devia ser encarada com menos entusiasmo e com mais cautela pelos espíritas. Em geral, nossos confrades se entusiasmam com “as novas revelações” aparentemente contidas nas mesmas, esquecendo-se de passá-las, como aconselhava Kardec, pelo crivo da razão.

O que temos de aconselhar a todos, pelo menos a todos os que nos consultam a respeito, é mais leitura e mais estudo de Kardec, e menos atenção a espíritos que tudo sabem e a tudo respondem com tanta facilidade, usando sempre uma linguagem envolvente, em que nem todos sabem dividir a verdade do erro. “O Espiritismo”, dizia Cairbar Schutel, “é uma questão de bom-senso”. Procuremos andar de maneira sensata, na aceitação de mensagens mediúnicas.

José Herculano Pires
O mistério do bem e do mal.
Artigo 1. S. Bernardo do Campo:
Correio Fraterno do ABC, 1992. p. 9-11.

Auta de Souza





Desde o século II depois da crucifixão de Jesus, a humanidade do Planeta Terra estava estacionária, prevalecendo toda a sorte de interesses da minoria religiosa dominante, mantendo-se a ferro e fogo a ignorância: verdadeiro período de trevas.

A partir do final do séc. XVIII (mais ou menos depois de 1790), os prepostos do Alto decidiram que reencarnariam no Planeta emissários de todos os ramos do conhecimento humano, a fim de imprimir um surto de desenvolvimento mais rápido e eficaz. Foi assim que reencarnaram grandes vultos das ciências e das artes: na Biologia, na Química, na Física, na Matemática, na Medicina, na Farmacopéia, na Arquitetura, na Engenharia, na Pintura, na Escultura, na Literatura...

Grandes movimentos de liberação dos povos ocorreram pela intervenção do Alto: em 1787, a Independência americana; em 1789, a Revolução Francesa; no Brasil: em 1789, a Inconfidência Mineira; em 1822, a Independência do Brasil, mais tarde em 1889, a proclamação da República.

Em termos de Filosofia e de Religião, surgiu na Europa (França) um movimento novo - baseado em informações dos movimentos de Seres extra-corpóreos, denominados Espíritos - liderado pelo Prof. Hyppolite Léon Denizard Rivail, depois cognominado ALLAN KARDEC, constituindo verdadeira revolução do conhecimento humano; desse trabalho derivou a edição de várias obras: Livro dos Espíritos (LE, abril 1857), Livro dos Médiuns (LM, janeiro 1861), Evangelho Segundo o Espiritismo (ES, abril 1864), Céu e Inferno (CI, agosto 1865), A Gênese (GEN, janeiro 1868) e Obras Póstumas (OP, 1890), representando as obras básicas da Codificação Espírita.

Esse movimento, no final do séc. XIX, atingiu em cheio o Brasil, onde também haviam reencarnado vários luminares, em especial na literatura: tais como Castro Alves, Olavo Bilac, Machado de Assis, Artur Azevedo, Bernardo da Costa Lopes, Guimarães Passos ,Vicente de Carvalho. Raimundo Correia, Alberto de Oliveira, Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela, Junqueira Freire, José de Alencar, Joaquim Manuel de Macedo e tantos outros.

Nesse contexto de desenvolvimento das letras nacionais, é que nasce em Macaíba, RN, AUTA DE SOUZA, em 12 de setembro de 1876.

Breve trajetória:

Essa criatura, autora de uma única obra, desde pequena (única menina dentre 5 filhos) passou por uma vida de provações: com 3 anos, desencarna sua mãe; com 5 anos, desencarna seu pai; passa para a guarda dos avós maternos, que se transferem para o Recife.

Tinha uma precocidade extraordinária: aos 7 (1883) anos já lia estórias para crianças pobres e para escravos;

Em 1887, seu irmão Irineu morre queimado (daí parece que derivou seu pensamento constante sobre a morte e sobre a infância em sua poesia);

Em 1888, é matriculada no Colégio S.V. de Paulo (Estância, Recife), onde recebe educação primorosa, especialmente a religiosa, estudando até 1890 o Evangelho profundamente; falava o francês fluentemente, daí pôde ter contato com a literatura da época (os grandes mestres retro citados);

Sempre foi frágil fisicamente, até que em 1890 contrai a doença que a consumirá até o final da vida; a partir daí, retorna para Macaíba, em razão do clima.

Com 17 anos de idade, em 1893, são publicadas suas primeiras poesias em jornais locais e revistas.

No final de 1900 (portanto, com 23 anos), vê publicado seu primeiro e único livro, denominado HORTO (nome da primeira das poesias que o enfeixa), prefaciado - nada mais, nada menos! - por OLAVO BILAC.

Vale a pena ler esse prefácio.

Como vale a pena ir na abertura do livro do mesmo nome e sentir a ressonância e leveza do poema HORTO.

Sua fixação pelos assuntos religiosos e pela morte valeram-lhe o designativo de Maior Poetisa Mística do Brasil. É bom exemplo dessa sua faceta o poema Página Triste.

Em verdadeira premonição dos seus últimos dias de vida, produz o poema que fecha o livro: FIO PARTIDO. Sobressai desses versos a exata idéia de que deixaria logo o corpo físico.

Efetivamente, em 07 de fevereiro de 1901, desencarna (em Natal-RN), aos verdes 24 anos de idade.

Em 1930, Francisco Cândido Xavier recebera uma poesia de uma jovem desencarnada: N. SRA. DA AMARGURA (que consta na íntegra na pg. 29 do livro Auta de Souza, de Clóvis Tavares e Stig Roland Ibsen).

Uma curiosidade a propósito do episódio da recepção da poetisa desencarnada pelo Chico, que o Dr. Elias Barbosa relata na obra No Mundo de Chico Xavier, ao perguntar ao médium se ele se recordava "de modo particular, alguma produção que ficasse inesquecível em sua memória", que respondeu: "Sim, recordo-me de um soneto intitulado "N. Sra. Da Amargura", que, se não me engano quanto à data, foi publicado pelo Almanaque de Lembranças, de Lisboa, na sua edição de 1932. Eu estava em oração, certa noite, quando se aproximou de mim o espírito de uma jovem, irradiando intensa luz. Pediu papel e lápis e escreveu o soneto a que me referi. Chorou tanto ao escrevê-lo que eu também comecei a chorar de emoção, sem saber, naquele momento, se meus olhos eram os dela ou se os olhos dela eram os meus. Mais tarde, soube, por nosso caro Emmanuel, que se tratava de Auta de Souza, a admirável poetisa do Rio Grande do Norte."

Vale a pena também ler esse poema de indescritível beleza da poetisa já desencarnada.

A partir daí, com a edição do Livro PARNASO DE ALÉM TÚMULO, em 1931, há uma vasta produção mediúnica passada por AUTA DE SOUZA para o médium: 89 poesias e 27 trovas.

No plano dos homens tarefeiros da Seara Espírita, ela também aparece: Em 1950, NIMPHO DE PAULA CORRÊA (do C. E. Discípulos de Jesus, de Campo Grande-MS) participava da Campanha do Quilo; em 1952, transfere-se para São Paulo e freqüenta a FEESP, ombreando com o Sr. José Gonçalves Pereira na assistência social, sendo criada a CAMPANHA DA FRATERNIDADE; de Pedro Leopoldo vieram comunicações de apoio da espiritualidade, em especial de AUTA DE SOUZA - Nesse sentido o poema MIGALHA. E outras poesias de incentivo: ESCUTA, BENDITA SEJAS, DIVIDE, ORAÇÃO DE HOJE, PENSA, SUBLIME ENCONTRO, AOS CARAVANEIROS DO BEM.

Decidiu-se, assim, que a campanha passaria a chamar-se CAMPANHA DE FRATERNIDADE AUTA DE SOUZA, com os seguintes objetivos: Divulgar a Doutrina Espírita, Arrecadar Donativos e Praticar e oportunizar a Caridade. Eis aí, amigos e estudiosos espíritas, um ligeiro escorço sobre essa personalidade tão marcante.

Ciência e Religião





Parte I

Durante o século passado e em parte do que o precedeu, a existência de um conflito insolúvel entre conhecimento e crença foi amplamente sustentada. Prevalecia entre mentes avançadas a opinião de que chegara a hora de substituir, cada vez mais, a crença pelo conhecimento; toda crença que não se fundasse ela própria em conhecimento era superstição e, como tal, devia ser combatida. Segundo essa concepção, a função exclusiva da educação seria abrir caminho para o pensamento e o conhecimento, devendo a escola, como o órgão por excelência para a educação do povo, servir exclusivamente a esse fim.

É provável que raramente, ou mesmo nunca, possamos encontrar o ponto de vista racionalista expresso com tanta crueza; pois todo homem sensível veria de imediato o quanto essa formulação é tendenciosa. Mas é conveniente formular uma tese de maneira nua e crua quando se quer aclarar a própria mente com relação a sua natureza.

É verdade que a experiência e o pensamento claro são a melhor maneira de fundamentar as convicções. Quanto a isto, podemos concordar irrestritamente com o racionalista extremado. O ponto fraco dessa concepção, contudo, e que as convicções necessárias e determinantes para nossa conduta e nossos juízos não podem ser encontradas unicamente nessa sólida via cientifica.

Pois o método cientifico não nos pode ensinar outra coisa além do modo como os fatos se relacionam e são condicionados uns pelos outros. A aspiração a esse conhecimento objetivo está entre as mais elevadas de que o homem e capaz, e certamente ninguém pode suspeitar que eu deseje subestimar as realizações e os heróicos esforços do homem nessa esfera.

É igualmente claro, no entanto, que o conhecimento do que é, não abre diretamente a porta para o que deve ser. Podemos ter o mais claro e completo conhecimento do que é, sem contudo sermos capazes de deduzir disso qual deveria ser a meta de nossas aspirações humanas. O conhecimento objetivo nos fornece poderosos instrumentos para atingir certos fins, mas a meta final em si é a mesma, e o desejo de atingi-la devem emanar de outra fonte. E é praticamente desnecessário defender a idéia de que nossa existência e nossa atividade só adquirem 'sentido' mediante o estabelecimento de uma meta como essa e dos valores correspondentes. O conhecimento da verdade como tal é maravilhoso, mas é tão pouco capaz de servir de guia que não consegue provar sequer a justificação e o valor da aspiração a esse mesmo conhecimento da verdade.

Aqui defrontamos, portanto, com os limites da concepção puramente racional de nossa existência.

Mas não se deve presumir que o pensamento inteligente não possa desempenhar nenhum papel na formação da meta e de juízos éticos. Quando alguém se dá conta de que certo meio seria útil para a consecução de um fim, isto faz com que o próprio meio se torne um fim. A inteligência elucida para nós a inter-relação entre meios e fins. O mero pensamento não pode, contudo, nos dar uma consciência dos fins últimos e fundamentais. Elucidar esses fins e valores fundamentais é engastá-los firmemente na vida emocional do indivíduo; parece-me, precisamente, a mais importante função que a religião tem a desempenhar na vida social do homem. E se alguém pergunta de onde provém a autoridade desses fins fundamentais, já que eles não podem ser formulados e justificados puramente pela razão, só há uma resposta: eles existem numa sociedade saudável na forma de tradições vigorosas, que agem sobre a conduta, as aspirações e os juízos dos indivíduos; eles existem, isto é, vivem dentro dela, sem que seja preciso encontrar justificação para sua existência. Nascem, não através da demonstração, mas da revelação, por meio de personalidades excepcionais. Não se deve tentar justificá-los, mas antes, sentir, simples e claramente, sua natureza. Os mais elevados princípios para nossas aspirações e juízos nos são dados pela tradição religiosa judáico-cristã. Trata-se de uma meta muito elevada, que, com nossos parcos poderes, só podemos atingir de maneira muito insatisfatória, mas que da um sólido fundamento a nossas aspirações e avaliações. Se quiséssemos tirar essa meta de sua forma religiosa e considerar apenas seu aspecto puramente humano, talvez pudéssemos formulá-la assim: desenvolvimento livre e responsável do indivíduo, de modo que ele possa por suas capacidades, com liberdade e alegria a serviço de toda a humanidade.

Não há lugar nisso para a divinização de uma nação, de uma classe, nem muito menos de um indivíduo. Não somos todos filhos de um só pai, como se diz na linguagem religiosa? Na verdade, mesmo a divinização da humanidade, como totalidade abstrata, não estaria no espírito desse ideal. E somente ao indivíduo que é dada uma alma. E o 'sublime' destino do indivíduo é antes servir que comandar, ou impor-se de qualquer outra maneira.

Se considerarmos mais a substância que a forma, poderemos ver também nestas palavras a expressão da postura democrática fundamental. Ao verdadeiro democrata e tão inviável idolatrar sua nação quanto ao homem religioso, no sentido que damos ao termo.

Qual será então, em tudo isto, a função da educação e da escola? Elas devem ajudar o jovem a crescer num espírito tal que esses princípios fundamentais sejam para ele como o ar que respira. O mero ensino não pode fazer isso.

Se mantemos esses princípios elevados claramente diante de nossos olhos, e os comparamos com a vida e o espírito de nosso tempo, revela-se flagrantemente que a própria humanidade civilizada encontra-se, neste momento, em grave perigo. Nos Estados totalitários, são os próprios governantes que se empenham hoje em destruir esse espírito de humanidade. Em lugares menos ameaçados, são o nacionalismo e a intolerância, bem com a opressão dos indivíduos por meios econômicos, que ameaçam sufocar essas tão preciosas tradições.

A clareza da enormidade do perigo está se difundindo, no entanto, entre as pessoas que pensam, e há uma grande procura de meios que permitam enfrentar o perigo - meios no campo da política nacional e internacional, da legislação, da organização em geral. Esses esforços são, sem dúvida, extremamente necessários. Contudo, os antigos sabiam algo que parecemos ter esquecido. "Todos os meios mostram-se um instrumento grosseiro quando não tem atrás de si um espírito vivo". Se o desejo de alcançar a meta estiver vigorosamente vivo dentro de nós, porém, não nos faltarão forças para encontrar os meios de alcançar a meta e traduzi-la em atos.

Parte II

Não seria difícil chegar a um acordo quanto ao que entendemos por ciência. Ciência é o esforço secular de reunir, através do pensamento sistemático, os fenômenos perceptíveis deste mundo, numa associação tão completa quanto possível. Falando claramente, é a tentativa de reconstrução posterior da existência pelo processo da conceituação. Mas, quando pergunto a mim mesmo o que é a religião, a resposta não me ocorre tão facilmente. E, mesmo depois de encontrar uma resposta que possa me satisfazer num momento particular, continuo convencido de que nunca consigo, em nenhuma circunstância, criar um acordo, mesmo que muito limitado, entre todos os que refletem seriamente sobre essa questão.

De início, portanto, em vez de perguntar o que é religião, eu preferiria indagar o que caracteriza as aspirações de uma pessoa que me dá a impressão de ser religiosa: uma pessoa religiosamente esclarecida parece-me ser aquela que, tanto quanto lhe foi possível, libertou-se dos grilhões, de seus desejos egoístas e está preocupada com pensamentos, sentimentos e aspirações a que se apega em razão de seu valor suprapessoal. Parece-me que o que importa é a força desse conteúdo suprapessoal, e a profundidade da convicção na superioridade de seu significado, quer se faça ou não alguma tentativa de unir esse conteúdo com um Ser divino, pois, de outro modo, não poderíamos considerar Buda e Spinoza como personalidades religiosas. Assim, uma pessoa religiosa é devota no sentido de não ter nenhuma dúvida quanto ao valor e eminência dos objetivos e metas suprapessoais que não exigem nem admitem fundamentação racional. Eles existem, tão necessária e corriqueiramente quanto ela própria. Nesse sentido, a religião é o antiqüíssimo esforço da humanidade para atingir uma clara e completa consciência desses valores e metas e reforçar e ampliar incessantemente seu efeito. Quando concebemos a religião e a ciência segundo estas definições, um conflito entre elas parece impossível. Pois a ciência pode apenas determinar o que é, não o que deve ser, está fora de seu domínio, todos os tipos de juízos de valor continuam sendo necessários. A religião, por outro lado, lida somente com avaliações do pensamento e da ação humanos: não lhe é lícito falar de fatos e das relações entre os fatos. Segundo esta interpretação, os famosos conflitos ocorridos entre religião e ciência no passado devem ser todos atribuídos a uma apreensão equivocada da situação descrita.

Um conflito surge, por exemplo, quando uma comunidade religiosa insiste na absoluta veracidade de todos os relatos registrados na Bíblia. Isso significa uma intervenção da religião na esfera da ciência; é aí que se insere a luta da Igreja contra as doutrinas de Galileu e Darwin. Por outro lado, representantes da ciência tem constantemente tentado chegar a juízos fundamentais com respeito a valores e fins com base no método científico, pondo-se assim em oposição a religião. Todos esses conflitos nasceram de erros fatais.

Ora, ainda que os âmbitos da religião e da ciência sejam em si claramente separados um do outro, existem entre os dois fortes relações recíprocas e dependências. Embora possa ser ela o que determina a meta, a religião aprendeu com a ciência, no sentido mais amplo, que meios poderão contribuir para que se alcancem as metas que ela estabeleceu. A ciência, porém, só pode ser criada por quem esteja plenamente imbuído da aspiração e verdade, e ao entendimento. A fonte desse sentimento, no entanto, brota na esfera da religião. A esta se liga também a fé na possibilidade de que as regulações válidas para o mundo da existência sejam racionais, isto é, compreensíveis à razão.

Não posso conceber um autêntico cientista sem essa fé profunda. A situação pode ser expressa por uma imagem: a ciência sem religião e aleijada, a religião sem ciência e cega.

Embora eu tenha afirmado acima que um conflito legítimo entre religião e ciência não pode existir verdadeiramente, devo fazer uma ressalva a esta afirmação, mais uma vez, num ponto essencial, com referencia ao conteúdo efetivo das religiões históricas. Esta ressalva tem a ver com o conceito de Deus. Durante o período juvenil da evolução espiritual da humanidade, a fantasia humana criou a sua própria imagem 'deuses' que, por seus atos de vontade, supostamente determinariam ou, pelo menos, influenciariam o mundo fenomênico. O homem procurava alterar a disposição desses deuses a seu próprio favor, por meio da magia e da prece. A idéia de Deus, nas religiões ensinadas atualmente, é uma sublimação dessa antiga concepção dos deuses. Seu caráter antropomórfico se revela, por exemplo, no fato de os homens recorrerem ao Ser Divino em preces, a suplicarem a realização de seus desejos.

Certamente, ninguém negará que a idéia da existência de um Deus pessoal, onipotente, justo e todo-misericordioso é capaz de dar ao homem consolo, ajuda e orientação; e também, em virtude de sua simplicidade, acessível as mentes menos desenvolvidas. Por outro lado, porem, esta idéia traz em si aspectos vulneráveis e decisivos, que se fizeram sentir penosamente desde o início da história. Ou seja, se esse ser é onipotente, então tudo o que acontece, aí incluídos cada ação, cada pensamento, cada sentimento e aspiração do homem, é também obra Sua; nesse caso, como é possível pensar em responsabilizar o homem por seus atos e pensamentos perante esse Ser 'todo-poderoso'? Ao distribuir punições e recompensas, Ele estaria, até certo ponto, julgando a Si mesmo. Como conciliar isso com a bondade e a justiça a Ele atribuídas?

A principal fonte dos conflitos atuais entre as esferas da religião e da ciência reside nesse conceito de um Deus pessoal. A ciência tem por objetivo estabelecer regras gerais que determinem a conexão recíproca de objetos e eventos no tempo e no espaço. A validade absolutamente geral dessas regras, ou leis da natureza, e algo que se pretende - mas não se prova. Trata-se sobretudo de um projeto, e a confiança na possibilidade de sua realização, por princípio, funda-se apenas em sucessos parciais. Seria difícil, porém, encontrar alguém que negasse esses sucessos parciais e os atribuísse a ilusão humana. O fato de sermos capazes, com base nessas leis, de predizer o comportamento temporal dos fenômenos de certos domínios, com grande precisão e certeza, está profundamente enraizado na consciência do homem moderno, ainda que possamos ter apreendido muito pouco do conteúdo dessas leis. Basta considerarmos que as trajetórias planetárias do sistema solar podem ser antecipadamente calculadas, com grande exatidão, com base num número limitado de leis simples. De maneira similar, embora não com a mesma precisão, é possível calcular antecipadamente o modo de funcionamento de um motor elétrico, de um sistema de transmissão ou de um aparelho de rádio, mesmo quando estamos lidando com uma invenção inédita.

É bem verdade que, quando o número de fatores em jogo num complexo fenomenólogico é grande demais, o método científico nos decepciona na maioria dos casos. Basta pensarmos nas condições do tempo, cuja previsão, mesmo para alguns dias à frente, é impossível. Ninguém duvida, contudo, de que estamos diante de uma conexão causal cujos componentes causais nos são essencialmente conhecidos. As ocorrências nessa esfera estão fora do alcance da predição exata por causa da multiplicidade de fatores em ação, e não por alguma falta de ordem na natureza.

Penetramos muito menos profundamente nas regularidades que prevalecem no âmbito das coisas vivas, mas o suficiente, de todo modo, para pelo menos perceber a existência de uma regra necessária. Basta pensarmos na ordem sistemática presente na hereditariedade e no efeito que provocam os venenos - como o álcool, por exemplo - no comportamento dos seres orgânicos. O que ainda falta aqui é uma compreensão de caráter profundamente geral das conexões, não um conhecimento da ordem enquanto tal.

Quanto mais o homem esta imbuído da regularidade ordenada de todos os eventos, mais firme se torna sua convicção de que não sobra lugar, ao lado dessa regularidade ordenada, para causas de natureza diferente. Para ele, nem o domínio da vontade humana, nem o da vontade divina existirão como causa independente dos eventos naturais. Não há dúvida de que a doutrina de um Deus pessoal que interfere nos eventos naturais jamais poderia ser refratada, no sentido verdadeiro, pela ciência, pois essa doutrina pode sempre procurar refúgio nos campos em que o conhecimento científico ainda não foi capaz de se firmar. Estou convencido, porém, de que tal comportamento por parte dos representantes da religião seria não só indigno como desastroso. Pois uma doutrina que não é capaz de se sustentar à "plena luz", mas apenas na escuridão, está fadada a perder sua influência sobre a humanidade, com incalculável prejuízo para o progresso humano. Em sua luta pelo bem ético, os professores de religião precisam ter a envergadura para abrir mão da doutrina de um Deus pessoal, isto é, renunciar a fonte de medo e esperança que, no passado, concentrou um poder tão amplo nas mãos dos sacerdotes. Em seu ofício, terão de se valer daqueles forças que são capazes de cultivar o Bom, o Verdadeiro e o Belo na própria humanidade. Trata-se, sem dúvida, de uma tarefa mais difícil, mas incomparavelmente mais valiosa. Quando tiverem realizado esse processo de depuração, os professores da religião certamente hão de reconhecer com alegria que a verdadeira religião ficou enobrecida e mais profunda graças ao conhecimento científico.

Se um dos objetivos da religião é libertar a humanidade, tanto quanto possível, da servidão dos anseios, desejos e temores egocêntricos, o raciocínio científico pode ajudar a religião em mais um sentido. Embora seja verdade que a meta da ciência é descobrir regras que permitam associar e prever os fatos, essa não é sua única finalidade. Ela procura também reduzir as conexões descobertas ao menor número possível de elementos conceituais mutuamente independentes.

E nessa busca da unificação racional do múltiplo que a ciência logra seus maiores êxitos, embora seja precisamente essa tentativa que a faz correr os maiores riscos de se tornar uma presa das ilusões. Mas todo aquele que experimentou intensamente os avanços bem-sucedidos feitos nesse domínio é movido por uma profunda reverência pela racionalidade que se manifesta na existência. Através da compreensão, ele conquista uma emancipação de amplas conseqüências dos grilhões das esperanças e desejos pessoais, atingindo assim uma atitude mental de humildade perante a grandeza da razão que se encarna na existência e que, em seus recônditos mais profundos, é inacessível ao homem. Essa atitude, contudo, parece-me ser religiosa, no mais elevado sentido da palavra. A meu ver, portanto, a ciência não só purifica o impulso religioso do entulho de seu antropomorfismo, como contribui para uma 'espiritualização' religiosa de nossa compreensão da vida.

Quanto mais avança a evolução espiritual da humanidade, mais certo me parece que o caminho para a religiosidade genuína não passa pelo medo da vida, nem pelo medo da morte, ou pela fé cega, mas pelo esforço em busca do conhecimento racional.

Neste sentido, acredito que o sacerdote, se quiser fazer jus a sua 'sublime' missão educacional, deve tornar-se um professor.

"Ciência e Religião" (1939-1941) - Págs. 25 a 34. Einstein, Albert, 1870-1955 Título original: "Out of my later years."

segunda-feira, 21 de março de 2011

O Centro Espírita e sua integração na Sociedade Civil







Sendo o Centro Espírita uma estrutura social humana, embora com ascendente espiritual, insere-se que ele faça parte – e o faz – da sociedade dos homens. Está, portanto, na dinâmica de relacionamento dos seres que vivem em coletividade. Se assim não fosse, seu isolamento o "igrejificaria", tornando-o apenas um ponto de convergência religioso que, historicamente, já sacrificou diversas religiões que transcende o aspecto meramente religioso, e que ele deve ser entendido como um doutrina, um conjunto de princípios norteadores da vida. Sua base filosófica é mesmo sua força, mas que não se perde no labirinto confuso dos sofismas, porque tem por razão a pesquisa científica.

Acreditamos na reencarnação pela lógica, pelo bom-senso e pelos fatos comprovados. E a religião, que deve esclarecer o homem quanto à sua origem, destinação e ligação com Deus, no Espiritismo ganha vida prática, porque entranha-se no dia-a-dia do cotidiano humano. Só compreendemos a paternidade divina se a vivenciarmos em nós e para os outros.

O isolamento é sempre um mal que devemos combater. Ninguém se forma em medicina pelo simples fato de cursar teoria médica na universidade. E a prática? O mesmo raciocínio devemos aplicar no Espiritismo. Não basta freqüentar um Centro Espírita para tornar-se Espírita. É preciso aprender na teoria e vivenciar na prática. Essa conjugação deve ser propiciada pelo Centro Espírita dentro de sua organização e também para fora desta.

O Centro Espírita que se isola da sociedade não participando das problemáticas desta, tende a se distanciar dos interesses da mesma, pois não estará colocando o Espiritismo ao nível das aspirações humanas.

São de dois tipos a forma de participação na sociedade: interior e exterior.

Comecemos pela forma interior.

A programação de estudo doutrinário do Centro Espírita não pode obedecer a padrões rígidos ou inflexíveis de abordagem das obras da Codificação. "O Livro dos Espíritos" é dinâmico e contém temas que se prestam à análise das vicissitudes do homem na Terra. Sua leitura deve ser feita com duplo interesse: conhecer o Espiritismo e esclarecer o homem quanto ao uso que faz de sua potencialidade intelectual e moral.

Em outras palavras: o estudo das obras da Codificação deve estar associado à discussão dos temas cotidianos da vida, para que o freqüentador do Centro Espírita saiba colocar em prática a doutrina que aprende. É por isso que Kardec se preocupou em agrupar perguntas e respostas por temas, e nos coloca tanto diante do "aborto" quanto do "conhece-te a ti mesmo". Preparar o homem para bem viver na sociedade é tarefa do núcleo espírita.

Exteriormente temos a ação espírita nos setores da assistência social, do evangelho no lar, da aplicação domiciliar do passe, da utilização das artes e mesmo das realizações beneficentes para angariação de fundo financeiro para a manutenção das suas atividades.

Todas essas demonstrações da prática espírita envolvem o elemento social. São feitas com a participação do homem no seio da sociedade. Destinam-se a estar com ele no que ele é, onde está e com suas necessidades imediatas. As atividades externas do Centro Espírita devem se adequar ao público que irá atingir, o que requer planejamento, organização e trabalhadores conscientes, o que só poderá ocorrer se estes forem bem assistidos no interior do Centro Espírita.

Quando visitamos alguém para aplicação do passe ou pequena leitura evangélica, estamos colocando em prática, vivenciando, o aprendizado espírita que o Centro nos forneceu. Estamos agindo na sociedade e sendo porta-voz do Espiritismo através da ação mais contundente que existe: o próprio exemplo. Nossa conduta, muito além que nossas palavras, dirá da nossa convicção e retratará a doutrina e a instituição que representa.

O Centro Espírita não é uma igreja parada no tempo. É um lar/escola dinâmico que visa carinho e afeto, estudo e trabalho, sempre preocupado em colocar o Espiritismo ao alcance de seus freqüentadores e respondendo às dúvidas e observações as mais diversas, tendo por base a codificação kardeciana. Não lhe cabe agir como instrumento político, mas cabe-lhe fazer a política da educação espiritual das almas que lhe comungam os ideais.

As reuniões públicas de estudo, como o nome já indica, são feitas para a população, para todos os interessados, seja qual for o motivo que os levou ao Centro, pois procuram o Espiritismo e devem ser atendidos. Entretanto, como pode o público acorrer ao Centro Espírita se não é informado do que neste acontece?

Deve haver alguma forma de comunicação que venha com os dias e horários das atividades. Uma recepção com distribuição de mensagens avulsas, jornais e, se possível, revistas espíritas, além de prestar todas as informações aos visitantes.

Um boletim informativo que possa ser distribuído gratuitamente. Um cartaz nas associações de moradores da localidade pode até mesmo ser pensado. Pequenos exemplos de serviços que podem ser executados para a boa integração do Centro Espírita na sociedade, além de outro serviço muito importante: o exemplo, o ir em socorro ao próximo, não esperando apenas que este venha à procura.

A falta de renovação dos trabalhadores do Centro Espírita, quando não ocasionada por distorções administrativas, pode ter sua origem no isolacionismo em que se acomoda o núcleo representante da Doutrina, fazendo um Espiritismo fechado em quatro paredes.

Que um grupo familiar não se renove é compreensível, afinal trata-se de um grupo restrito e de caráter domiciliar, mas um Centro Espírita deve obedecer a uma organização ativa e participativa, integrada no conhecimento e solução dos problemas sociais, mesmo que para isso o trabalho tenha de ser de longo curso, até a conscientização dos que freqüentam as atividades realizadas em seu interior.

A todo freqüentador deve ser mostrada a diferença existente entre ele e um trabalhador, pois sentar e ouvir uma palestra e depois tomar o passe, sem nenhum vínculo de responsabilidade, não o pode categorizar como um trabalhador do Centro Espírita, que dedica seu tempo, voluntariamente, para a causa que abraça. Para isso, deve o Centro Espírita permitir a participação de todos os que o procuram, nos diversos serviços existentes, dando a cada um segundo o seu conhecimento e experiência.

Assim temos que a integração do Centro Espírita na sociedade é inevitável e inadiável.

Se o Espiritismo existisse apenas para os desencarnados, o Centro Espírita não teria razão de existir, pois é de todos os tempos sabido que o intercâmbio mediúnico não é privilégio de ninguém, podendo ser praticado em qualquer lugar, embora reconheçamos que o Centro Espírita é o local melhor indicado, pela seriedade, reconhecimento e estudo que o caracteriza.

O Espiritismo está no mundo para interagir como todo o conhecimento humano, e o Centro Espírita existe para conviver com toda a sociedade humana.

Reciprocidade

O discípulo
abeirou-se do orientador
e queixou-se magoado:
- Instrutor amigo,
o pior de tudo em meu
aprendizado é adquirir
a ciência do relacionamento.
Creio estar lutando
inutilmente
contra a animosidade alheia...
Auxilie-me, por favor.
De que modo agir
para viver
com a intolerância e com
o azedume dos outros?
O mentor refletiu,
por alguns momentos,
e esclareceu:
-Sim a indagação é justa.
Mas para que tenhamos
uma resposta clara,
é importante considerar
que os outros, igualmente,
precisam viver contigo.

* * *

Francisco Cândido Xavier, Da obra: Caminhos.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.
2a edição. Jabaquara, SP: CEU, 1981.

sábado, 19 de março de 2011

Os Infortúnios Ocultos

Nas grandes calamidades, a caridade se emociona e observam-se impulsos generosos, no sentido de reparar os desastres. Mas, a par desses desastres gerais, há milhares de desastres particulares, que passam despercebidos: os dos que jazem sobre um grabato sem se queixarem. Esses infortúnios discretos e ocultos são os que a verdadeira generosidade sabe descobrir, sem esperar que peçam assistência.

Quem é esta mulher de ar distinto, de traje tão simples, embora bem cuidado, e que traz em sua companhia uma mocinha tão modestamente vestida? Entra numa casa de sórdida aparência, onde sem dúvida é conhecida, pois que à entrada a saúdam respeitosamente. Aonde vai ela? Sobe até a mansarda, onde jaz uma mãe de família cercada de crianças. À sua chegada, refulge a alegria naqueles rostos emagrecidos. E que ela vai acalmar ali todas as dores. Traz o de que necessitam, condimentado de meigas e consoladoras palavras, que fazem que os seus protegidos, que não são profissionais da mendicância, aceitem o benefício, sem corar. O pai está no hospital e, enquanto lá permanece, a mãe não consegue com o seu trabalho prover às necessidades da família. Graças à boa senhora, aquelas pobres crianças não mais sentirão frio, nem fome; irão à escola agasalhadas e, para as menorzinhas, o leite não secará no seio que as amamenta. Se entre elas alguma adoece, não lhe repugnarão a ela, à boa dama, os cuidados materiais de que essa necessite. Dali vai ao hospital levar ao pai algum reconforto e tranqüilizá-lo sobre a sorte da família. No canto da rua, uma carruagem a espera, verdadeiro armazém de tudo o que destina aos seus protegidos, que todos lhe recebem sucessivamente a visita. Não lhes pergunta qual a crença que professam, nem quais suas opiniões, pois considera como seus irmãos e filhos de Deus todos os homens. Terminado o seu giro, diz de si para consigo: Comecei bem o meu dia. Qual o seu nome? Onde mora? Ninguém o sabe. Para os infelizes, é um nome que nada indica; mas é o anjo da consolação. A noite, um concerto de benções se eleva em seu favor ao Pai celestial: católicos, judeus, protestantes, todos a bendizem.

Por que tão singelo traje? Para não insultar a miséria com o seu luxo. Por que se faz acompanhar da filha? Para que aprenda como se deve praticar a beneficência. A mocinha também quer fazer a caridade. A mãe, porém, lhe diz: "Que podes dar, minha filha, quando nada tens de teu? Se eu te passar às mãos alguma coisa para que dês a outrem, qual será o teu mérito? Nesse caso, em realidade, serei eu quem faz a caridade; que merecimento terias nisso? Não é justo. Quando visitamos os doentes, tu me ajudas a tratá-los. Ora, dispensar cuidados é dar alguma coisa. Não te parece bastante isso? Nada mais simples. Aprende a fazer obras úteis e confeccionarás roupas para essas criancinhas. Desse modo, darás alguma coisa que vem de ti." É assim que aquela mãe verdadeiramente cristã prepara a filha para a prática das virtudes que o Cristo ensinou. E espírita ela? Que importa!

Em casa, é a mulher do mundo, porque a sua posição o exige. Ignoram, porém, o que faz, porque ela não deseja outra aprovação, além da de Deus e da sua consciência. Certo dia, no entanto, imprevista circunstância leva-lhe a casa uma de suas protegidas, que andava a vender trabalhos executados por suas mãos. Esta última, ao vê-la, reconheceu nela a sua benfeitora. "Silêncio! ordena-lhe a senhora. Não o digas a ninguém." Falava assim Jesus.

* * *

Allan Kardec. Da obra: O Evangelho Segundo o Espiritismo.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Teu Corpo

Não menosprezes teu corpo, a pretexto de ascensão à virtude.
*

Recorda que a semente responsável pelo pão que te supre a mesa, em muitas ocasiões, se valeu do adubo repelente a fim de poder servir-te e que a água a derramar-se do vaso para acalmar-te a sede, quase sempre, foi filtrada no charco, para que a secura não te arruinasse a existência.

*

O corpo físico é o santuário em que te exprimes no mundo.

*

Não olvides semelhante verdade para que não respondas com o desleixo à Previdência Divina que, com ele, te investiu na posse de valiosos recursos para o teu aperfeiçoamento de espírito na vida imperecível.

*

Realmente, as almas vacilantes na fé e ainda aprisionadas às teias da ignorância arrojam-no aos desvãos da aventura e da inutilidade, mas os caracteres valorosos e acordados para o bem, dele fazem o precioso veículo para o acesso às alturas.

*

Com o corpo terrestre, Maria de Nazaré honorificou a missão da Mulher, recebendo Jesus nos braços maternais e Paulo de Tarso exalçou o Cristianismo nascente, atingindo o heroísmo e a sublimação... Com ele Francisco de Assis imortalizou a bondade humana; Iordano Bruno lobrigou a multiplicidade dos mundos habitados; Galileu observou o movimento da Terra em plena vida cósmica; Vicente de Paulo teceu o poema inesquecível da caridade e Beethoven trouxe ao ouvido humano as melodias celestiais...

Lembra-te de que teu corpo é harpa divina.

E ao invés de lhe condenares as cordas ao abandono e à destruição, tange nelas, com o próprio esforço, o hino do trabalho e da fraternidade, da compreensão e da luz, que te fará nota viva e harmoniosa na sintonia de amor universal com que a Beleza Eterna exalta incessantemente a Sabedoria Infinita de Deus.

* * *

Francisco Cândido Xavier. Da obra: Viajor.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Individualismo

A imaturidade psicológica não oferece sinergia para as lutas com efetivo espírito de competitividade e de realização.

Porque num estado medíocre de evolução, o ho­mem busca sobressair-se, engendrando mecanismos de individualismo e utilizando-se de superados mé­todos de combate aos outros antes que de autoliber­tação.
Para destacar-se, em tal conjuntura, usa os ou­tros, através de artifícios do ego para conseguir
os seus objetivos que, não o plenificando, prosseguem conflitivos, ou recorre à velha conduta do dividir para imperar, acumulando insucessos reais que são tidos como realizações vantajosas.

A valorização de si mesmo conscientiza o ser quanto à necessidade d e bom trânsito no grupo so­cial e da sua importância no mesmo. Célula valiosa do conjunto deve encontrar-se harmônico, a fim de gerar um órgão sadio que se promoverá ampliando o círculo através de novos membros, dessa forma alcançando toda a sociedade.

A vida expressa-se em um todo, num coletivo equilibrado que, mesmo se apresentando numa es­trutura geral, não anula o indivíduo, nem o impede de desenvolver-se, agigantar-se. Isso porém, não o leva, necessariamente, ao individualismo, que é con­duta imposta pelo ego conflitivo.

Quando tal ocorre, as carências afetivas se apre­sentam transmudadas em ambições que atormentam enquanto parecem satisfazer, o indivíduo dá mos­tras de auto-realização que mal disfarça a solidão e a insatisfação íntima que se lhe encontram pulsantes no íntimo.

É provável que, nesse contexto, o hemisfério es­querdo do seu cérebro - racional, analítico, matemá­tico, lógico, casuístico - ignore o poder do direito - intuição, imaginação, transcendê ncia, pensamento holístico, artístico -, condenando-o a viver sob a in­junção de fórmulas, de teorias, de conceitos preesta­belecidos, de julgamentos feitos, de regulamentos rígidos, aparentando não sentir necessidade do emo­cional e artístico, do divino e metafísico.

Nesse afã de ser lógico e individualista, impõe-se, sem dar-se conta, os próprios limites, e, por te­mor de aventurar-se no grupo social, integrando-se e explorando possibilidades que poderão resultar no progresso geral, estiola-se emocionalmente, tornan­do-se rude, amargo, ingrato para com a vida, embo­ra projete imagem diferente de si.

Perdendo o contato com a intuição, a simplici­dade, o senso comum, isola-se, e passa a ver o mun­do e as demais pessoas por meio de uma óptica distorcida, que lhe tira a claridade do discernimento e lhe faculta a identificação de conteúdos e contor­nos, fronteiras e intimidades.

Estabelecendo objetivos que agradam ao ego, mais se lhe aumentam os conflitos internos, por fal­ta de valor para identificar as próprias falhas e os medos que não combate.

O individualismo é recurso de fuga das propos­tas da vida, desvio de rota psicológica, porque avan­ça holística e socialmente para o todo, para o con­junto que não se pode desagregar sob pena de não sobreviver.

Todo individualista impõe-se, usando os demais, e converte-se em títere de si mesmo e dos outros, ou sucumbe nas sombras espetaculares do transtorno íntimo que foge para a loucura ou o suicídio.

Os objetivos não conflitivos da vida, porém, são conseguidos pelo indivíduo que os reparte com o seu grupo social, no qual sustenta os ideais, haurin­do aí sinergias para prosseguir lutando e vencendo, de forma saudável e equilibrada, sem projeções nem imagens irreais.


Joana de Ângelis - Psicografado por Divaldo franco, do livro "Amor Imbatível Amor"

quarta-feira, 16 de março de 2011

O Credo da Ciência

Meu caro amigo. Recebi tuas felicitações - muito obrigado. Atingi o "vértice da pirâmide" - dizes... Enchi de mil conhecimentos o espírito - é verdade...

Cinge-me a fronte o laurel de doutor - sou acadêmico... Entretanto - não me iludo... Quase todo o humano saber - é crer... Nossa ciência - é fé...

Creio no testemunho dos historiadores - porque não presenciei o que referem...
Creio na palavra dos químicos e físicos – porque admito que não se tenham enganado nem me queiram enganar...
Creio na autoridade dos matemáticos e astrônomos - porque não sei medir uma só das distâncias e trajetórias siderais.

Tenho de crer em quase todas as teses e hipóteses da ciência – porque ultrapassam os horizontes da minha capacidade de compreensão.
Creio até nas coisas mais quotidianas - na matéria e na força que me circundam.
Creio em moléculas e átomos, em elétrons e prótons - que nunca vi...
Creio nas emanações do rádium e nas partículas do hélium - enigmas ultramicroscópicos.
Creio no magnetismo e na eletricidade – esses mistérios de cada dia.
Creio na gravitação dos corpos siderais – cuja natureza ignoro.
Creio no princípio vital da planta e do animal - que ninguém sabe definir.

Creio na própria alma - esse mistério dentro do Eu.

Não te admires, meu amigo, de que eu, formado em ciências naturais, creia piamente em tudo isto...
Admira-te, antes de que haja quem afirme só admitir o que compreende - depois de tantos atos de fé quotidiana.

O que me espanta é que homens que vivem de atos de crença descreiam de Deus - "por motivos científicos".

Homem! Tu, que não compreendes o artefato - pretendes compreender o Artífice?
Que Deus seria esse que em tua inteligência coubesse?
Um mar que coubesse numa concha de molusco ainda seria mar?
Um universo encerrado num dedal - que nome mereceria?
O Infinito circunscrito pelo finito - seria Infinito?

Convence-te, ó homem, desta verdade: só há duas categorias de seres que estão dispensados de crer: os da meia-noite - e os do meio-dia... As trevas noturnas do irracional - e a luz meridiana da Divindade... O insciente - e o onisciente...

Aquele por incapacidade absoluta - este por absoluta perfeição...
O que oscila entre a treva total do insciente e a luz integral do onisciente – deve crer...
Deve crer, porque a fé se move nesse mundo crepuscular, eqüidistante do vácuo e da plenitude, da meia-noite e do meio-dia...

“De Alma Para Alma” – Huberto Rohden

Vidas Sucessivas

"Não te maravilhes de te haver dito: Necessário vos é nascer de novo."
Jesus. (JOÃO, 3:7.)


A palavra de Jesus a Nicodemos foi suficientemente clara.

Desviá-la para interpretações descabidas pode ser compreensível no sacerdócio organizado, atento às injunções da luta humana, mas nunca nos espíritos amantes da verdade legítima.

A reencarnação é lei universal.

Sem ela, a existência terrena representaria turbilhão de desordem e injustiça; à luz de seus esclarecimentos, entendemos todos os fenômenos dolorosos do caminho.

O homem ainda não percebeu toda a extensão da misericórdia divina, nos processos de resgate e reajustamento.

Entre os homens, o criminoso é enviado a penas cruéis, seja pela condenação à morte ou aos sofrimentos prolongados.

A Providência, todavia, corrige, amando... Não encaminha os réus a prisões infectas e úmidas. Determina somente que os comparsas de dramas nefastos troquem a vestimenta carnal e voltem ao palco da atividade humana, de modo a se redimirem, uns à frente dos outros.

Para a Sabedoria Magnânima nem sempre o que errou é um celerado, como nem sempre a vítima é pura e sincera. Deus não vê apenas a maldade que surge à superfície do escândalo; conhece o mecanismo sombrio de todas as circunstâncias que provocaram um crime.

O algoz integral como a vítima integral são desconhecidos do homem; o Pai, contudo, identifica as necessidades de seus filhos e reúne-os, periodicamente, pelos laços de sangue ou na rede dos compromissos edificantes, a fim de que aprendam a lei do amor, entre as dificuldades e as dores do destino, com a bênção de temporário esquecimento.

* * *

Francisco Cândido Xavier. Da obra: Caminho, Verdade e Vida.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.

terça-feira, 15 de março de 2011

Edificação do Reino





"O Reino de Deus está no meio de vós." Jesus. (LUCAS, 17:21.)


Nem na alegria excessiva que ensurdece.

Nem na tristeza demasiada que deprime.

Nem na ternura incondicional que prejudica.

Nem na severidade indiscriminada que destrói.

Nem na cegueira afetiva que jamais corrige.

Nem no rigor que resseca.

Nem no absurdo afirmativo que é dogma.

Nem no absurdo negativo que é vaidade.

Nem nas obras sem fé que se reduzem a pedra e pó.

Nem na fé sem obras que é estagnação da alma.

Nem no movimento sem ideal de elevação que é cansaço vazio.

Nem no ideal de elevação sem movimento que é ociosidade brilhante.

Nem cabeça excessivamente voltada para o firmamento com inteira despreocupação do valioso trabalho na Terra.

Nem pés definitivamente chumbados ao chão do Planeta com integral esquecimento dos apelos do Céu.

Nem exigência a todo instante.

Nem desculpa sem-fim.

O Reino Divino não será concretizado na Terra, através de atitudes extremistas.

O próprio Mestre asseverou-nos que a sublime realização está no meio de nós.

A edificação do Reino Divino é obra de aprimoramento, de ordem, esforço e aplicação aos desígnios do Mestre, com bases no trabalho metódico e na harmonia necessária.

Não te prendas excessivamente às dificuldades do dia de ontem, nem te inquietes demasiado pelos prováveis obstáculos de amanhã.

Vive e age bem no dia de hoje, equilibra-te e vencerás.

* * *

Francisco Cândido Xavier. Da obra: Vinha de Luz.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Vacinação: uma proteção para o Espírito

Leiam essa interessante matéria:

Evangelização Espírita e a "Febre das Almas Gêmeas".



http://orebate-jorgehessen.blogspot.com/2011/03/evangelizacao-espirita-e-febre-das.html



Em 1981, procuramos correlacionar vacinação infantil com evangelização. Recebemos críticas. Alguns não concordavam com o termo "evangelização".

Pensando na criança, raciocinei que isso não lhe afetaria o estímulo imunogênico em se tratando de resposta de sistema específico. Não perdemos tempo discutindo a questão.

Naquela oportunidade afirmamos, sem medo de críticas, que "A criança evangelizada seria o homem vacinado do futuro e mesmo diante de um mundo imediatista e atribulado responderia favoravelmente à atmosfera estressante das grandes metrópoles." ( 1 )

Comentamos ainda que "a criança vacinada, mesmo que possa sofrer o processo de agressão microbiana e ficar doente, dispõe de resistência que acarreta quadro clínico mais brando e cura em tempo menor."

Vinte anos depois (2001), já aposentado, diante de um caso clínico no Hospital Universitário, pude observar que uma pessoa vacinada pode realmente adoecer, mas resistir e se curar(2). A paciente iniciou o episódio imediatamente após participação em uma reunião com profissionais europeus durante cinco dias consecutivos, no Rio de Janeiro. Ela declarou ter sido submetida ao esquema completo de imunização na infância e a doses de reforço dois anos antes da doença. Na era da vacinação, indivíduos adultos podem ainda apresentar-se potencialmente susceptíveis a doença.

Vou abusar da analogia lembrando um caso dito de "almas gêmeas".

Testemunhei “quadro clínico” onde o paciente reencontra amor de vida passada. Toda aquela paixão vivenciada anteriormente se lhe aflora. Um verdadeiro vazamento do passado no presente.

O paciente, dirigente de Casa Espírita, havia sido apresentado aos ensinamentos de Jesus (“evangelizado" - defesa de dentro para fora).

Diante da paixão revivida o sistema de defesa "espiritual" é acionado e se estabelece a "guerra psico-imunológica". Em alguns casos é necessário reforço de fora para dentro, como antibióticos e soroterapia (desobsessão).

Na era da evangelização, indivíduos espíritas adultos podem ainda apresentar-se potencialmente susceptíveis a epidemia de "febre das almas gêmeas".

Com a escala de valores modificada na infância, pelo processo de evangelização, o paciente resiste e, aos poucos, a idéia de abandonar a mulher e os filhos e se jogar na nova (velha) empreitada foi sendo debelada, até que finalmente, caindo em si, a febre desaparece.

No artigo de 1981, terminamos comentando que "estabelecer um serviço de imunização infantil eficaz e permanente é, para qualquer país, dar um passo adiante no sentido do desenvolvimento social e econômico; estabelecer-se uma campanha nacional permanente de evangelização infanto-juvenil é anunciar a era nova. É lançar as bases para que o país venha a assumir o seu destino de coração do mundo, verdadeiro celeiro de amor. "

Quando escrevi este artigo (1) meus filhos, quatro, passavam pelo processo de evangelização na Casa Espírita. Hoje estão casados e com filhos. Creio que a amostragem é pequena, o exemplo não é adequado, mas a observação foi feita "in loco" . Seus comportamentos apontam na direção do "homem de bem" e estão conseguindo vencer suas "febres". Não sei se assim seria se não fosse a ação evangelizadora que vivenciaram. Ela é responsabilidade dos pais. O Centro Espírita é adjuvante. "Quando a gente ama é claro que a gente cuida". Orai e vigiai, afinal, quem não tem a sua “alma gêmea”!

1. Vacinação desafio de urgência - Reformador, 99 (1823): 61-64, fevereiro, 1981. http://www.espirito.org.br/portal/artigos/diversos/assistencia/vacinacao.html

2. Braz. J. Microbiol. vol.32 no.3 São Paulo Aug./Oct. 2001. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-83822001000300015

sábado, 12 de março de 2011

Acredite

Você é mais do que pensa quando é realmente humilde e menos do que pensa quando seu orgulho se eleva.

Deus nos dá tudo o que temos e provê de amor nossa vida para que continuemos em nossa evolução.

Somente com amor poderemos alcançar todos os objetivos e todas as conquistas que nos levem ao aperfeiçoamento que tange a perfeição.

Sem o amor, nada é possível de seguir no sentido e na direção corretas.

O orgulho retarda o crescimento e é importante combatê-lo no íntimo de cada um.

Quanto mais mantivermos o orgulho vivo dentro de nós, maior será o retardamento de nosso progresso como espiritos.

Quanto mais tentarmos exercitar a humildade, mais brevemente conseguiremos alcançar êxito no sentido e na direção da evolução para a qual, afinal, somos destinados.

O orgulho gera dor e sofrimento por vários caminhos, sendo o mais importante aquele que sustenta o egoísmo.

Precisamos entender a importância de pensar em todos, formando ligações com o máximo possível de criaturas, humanas ou não.

Tentar seguir exemplos como o de Francisco de Assis, para alcançar os objetivos necessários é um ponto de partida muito bom.

Assim teremos mais felicidades em nossas vidas.

psicografia recebida no NEPT em 04 de março de 2011

sexta-feira, 11 de março de 2011

Gratidão

Gratos somos, Senhor, pela oportunidade do convívio fraterno, em que se consolida amor, amizade e serviço.

Podemos bendizer este momento o clima da Casa Espírita, as dificuldades de relacionamento, como nossas reais educadoras no processo de aprendizagem e progresso espiritual.

Através dessas dificuldades temos as chances de refletir e indagar para a própria consciência se temos tido atitudes cristãs diante de nossos irmãos de trabalho na Casa Espírita.

Quando erramos é também um ponto no qual precisamos parar atentos, analisar e prosseguir, tirando o máximo de proveito em aprender, para converter o erro em caminho para a Luz.

É das divergências que extraímos a prosperidade para o grupo como um todo. É com elas, dentro de um padrão de respeito e integração, que temos como debater em sentido de construir.

Entretanto, divergir precisa acompanhar o construir. Divergir não é obstruir e destruir, mas sim um processo de trocas no qual se pode enriquecer o ambiente para fortalecer a composição do trabalho e unir os seus participantes fraternalmente.

Todos temos direito de pensar ao nosso modo, respeitando o mesmo direito de nosso irmão e acompanhando as diretrizes fundamentais da Doutrina Espírita, que é do Cristo, acima de tudo.

Kardec, o insígne codificador da Doutrina, trouxe à luz os ensinamentos para que todos possamos guiar nossos passos, sempre amparado pela razão do Cristo e é a com esses ensinamentos que devemos manter nossos passos na união de ideais para a construção de um novo mundo interior e de um novo planeta para o futuro.

Seguindo Kardec, seguiremos Jesus. Seguindo Jesus, teremos a direção correta para a Luz do Amor e não nos perderemos em debates infrutíferos, mas arregaçaremos as mangas para as tarefas redentoras de amparo, sustentação, consolo e esperança dirigidas àqueles que necessitam ainda mais do que nós.

Seguindo Kardec, não debateremos, mas construiremos.
Seguindo Kardec, não perderemos tempo, mas aproveitaremos o tempo.
Seguindo Kardec, tiraremos o véu da ignorância que nos impede de viver em paz.

Seguindo Kardec, seguiremos Jesus.

Militão Pacheco

psicografia recebida no NEPT em 09 de março de 2011