Mensagem

"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."

Militão Pacheco

segunda-feira, 30 de abril de 2018

Velórios


Nossos amigos da esfera carnal são ainda muito ignorantes para o trato com a morte.

Ao invés de trazerem pensamentos amigos e reconfortadores, preces de auxílio e vibrações fraternais, atiram aos recém-desencarnados as pedras e os espinhos que deixaram nas estradas percorridas.

É por isso que, por enquanto, os mortos que entregam despojos aos solitários necrotérios da indigência são muito mais felizes.

Aprendera que as câmaras mortuárias não devem ser pontos de referência à vida social, mas recintos consagrados à oração e ao silêncio.



André Luiz / Obreiros da Vida Eterna

sexta-feira, 27 de abril de 2018

Tipos de Espíritas


Segundo Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, temos os seguintes tipos de Espíritas:

1º Os que crêem pura e simplesmente nas manifestações. Para eles, o Espiritismo é apenas uma ciência de observação, uma série de fatos mais ou menos curiosos. Chamar-lhes-emos espíritas experimentadores.

2º Os que no Espiritismo vêem mais do que fatos; compreendem-lhe a parte filosófica; admiram a moral daí decorrente, mas não a praticam. Insignificante ou nula é a influência que lhes exerce nos caracteres. Em nada alteram seus hábitos e não se privariam de um só gozo que fosse. O avarento continua a sê-lo, o orgulhoso se conserva cheio de si, o invejoso e o cioso sempre hostis. Consideram a caridade cristã apenas uma bela máxima. São os espíritas imperfeitos.

3º Os que não se contentam com admirar a moral espírita, que a praticam e lhe aceitam todas as conseqüências. Convencidos de que a existência terrena é uma prova passageira, tratam de aproveitar os seus breves instantes para avançar pela senda do progresso, única que os pode elevar na hierarquia do mundo dos Espíritos, esforçando-se por fazer o bem e coibir seus maus pendores. As relações com eles sempre oferecem segurança, porque a convicção que nutrem os preserva de pensarem em praticar o mal. A caridade é, em tudo, a regra de proceder a que obedecem. São os verdadeiros espíritas, ou melhor, os espíritas cristãos.

4º Há, finalmente, os espíritas exaltados. A espécie humana seria perfeita, se sempre tomasse o lado bom das coisas. Em tudo, o exagero é prejudicial. Em Espiritismo, infunde confiança demasiado cega e freqüentemente pueril, no tocante ao mundo invisível, e leva a aceitar-se, com extrema facilidade e sem verificação, aquilo cujo absurdo, ou impossibilidade a reflexão e o exame demonstrariam. O entusiasmo, porém, não reflete, deslumbra. Esta espécie de adeptos é mais nociva do que útil à causa do Espiritismo. São os menos aptos para convencer a quem quer que seja, porque todos, com razão, desconfiam dos julgamentos deles. Graças à sua boa-fé, são iludidos, assim, por Espíritos mistificadores, como por homens que procuram explorar-lhes a credulidade. Meio-mal apenas haveria, se só eles tivessem que sofrer as conseqüências. O pior é que, sem o quererem, dão armas aos incrédulos, que antes buscam ocasião de zombar, do que se convencerem e que não deixam de imputar a todos o ridículo de alguns. Sem dúvida que isto não é justo, nem racional; mas, como se sabe, os adversários do Espiritismo só consideram de bom quilate a razão de que desfrutam, e conhecer a fundo aquilo sobre que discorrem é o que menos cuidado lhes dá.

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Reencarnações dolorosas


Autoridades mais graduadas de nossa esfera, atendendo a imperativos superiores, improvisam tribunais com funções educativas, cujas sentenças, ressumando amor e sabedoria, culminam sempre em determinações de trabalho regenerador, através da reencarnação na Crosta Terrestre, ou de tarefas laboriosas no seio da Natureza, quando há suficiente compreensão e arrependimento nos interessados que feriram a Lei, ofendendo a si mesmos.

Deste vastíssimo arsenal de alienação da mente, no limiar das cavernas do umbral, ensombrada de culpas, sai o maior coeficiente das reencarnações dolorosas que povoam os círculos carnais.

Daqui, como de outras zonas análogas, seguem para o campo físico, mais denso, milhões de irmãos em provas ríspidas, para que se alijem dos débitos e reequilibrem o íntimo perturbado.

Poucos conseguem valer-se da oportunidade terrena, no sentido de restaurar as próprias energias.

É sempre fácil fugir ao caminho reto; muito difícil, porém, o retorno ...

Vale recordar que ninguém renasce na Terra para errar. O equívoco, portanto, é facultativo.

quarta-feira, 25 de abril de 2018

Kirliangrafia


Precisamos avaliar sobre a relevância empírica das chamadas "fotos Kirlian" no campo da pesquisa psíquica. Descobre-se facilmente que são inúmeras as referências e citações espíritas a esse tipo de fotografia elétrica que fez muito sucesso na década de 80. Diz-se, por exemplo, que esse tipo de fotografia revela a contraparte não física dos seres vivos e, até mesmo, que seria uma maneira de se observar o 'perispírito' (vejam, por exemplo, J. Herculano Pires ou Hernani G. Andrade [1]).

Essas fotos são popularmente conhecidas como sendo da 'aura' (do latim "brisa, sopro, hálito, brilho") do objeto fotografado. É comum associar esse nome à 'manifestação energética' [2] de algo relacionado aos seres vivos. Já discutimos antes o conceito de energia e seu significado no contexto da Física. Isso demonstra a existência de uma ampla variedade de significados associados à palavra 'energia' na literatura espiritualista recente que não corresponde ao seu significado original.

Entretanto, o conceito de 'aura' não existe nos princípios espíritas. Também podemos nos perguntar se a ligação de princípios tais como 'perispírito' a algo como 'aura' pode ser sustentado. Talvez seja possível, por algum processo de associação, vinculá-la a ideia de 'fluido' ou emanações de natureza mais sutil, inobserváveis ordinariamente. Tais emanações podem operar nos processos mediúnicos na forma de subprodutos de processos de metabolismo alterado. Mas, certamente, isso é uma associação indevida, já que o Espiritismo não trata diretamente de questões relacionadas a processo metabólicos, doenças ou bem estar físico que são popularmente creditados aos chamados 'padrões de aura', supostamente observados por meio das fotos Kirlian. A base empírica do Espiritismo concentra-se na questão da mediunidade e reencarnação é ao redor desses conceitos que a maior parte das explicações e previsões são formuladas.

Por isso, fazemos aqui alguns comentários sobre esses conceitos e noções frequentemente mal compreendidas por conta, principalmente, de falhas na definição dos conceitos, falta de clareza na linguagem e dificuldades de compreensão dos diversos objetos de estudo envolvidos.

O que é uma foto Kirlian

O casal Valentina e Semyon Kirlian (acima, na foto).

Foi Semyon D. Kirlian (1898-1978), um técnico de eletrônica na extinta União Soviética, quem teve, pela primeira vez em 1939, a ideia de fotografar o efeito corona presente em corpos condutores sujeitos a elevadas tensões elétricas. Para entender o efeito corona, é preciso entender primeiro o que é uma 'descarga elétrica' [3].

Uma descarga elétrica é um caminho luminoso formado pela abertura, no meio transparente (no caso, o ar) de uma via de condução para íons (partículas carregadas). Tais íons são formados e conduzidos pelo campo elétrico presente no ar e imposto por algum gerador (pode ser por separação de cargas na atmosfera durante as tempestades). Esse campo elétrico provoca dissociação de átomos (ou seja, átomos do ar perdem elétrons) e formam, além dos elétrons arrancados, os íons responsáveis pelo transporte da corrente elétrica. O fenômeno é luminoso, pois ocorre recombinação dos íons, o que gera luz. Tanto que, da análise espectral da luz, é possível conhecer a constituição química do ar onde a descarga ocorre. O fenômeno é complexo, pois depende das propriedades do ar ou gás onde ocorre a descarga: assim, há forte dependência com a pressão do ar, por exemplo, além de outros fatores.

Campos elétricos podem existir não somente como tensões estáticas, mas também na forma alternada (chamado campos de corrente alternada), com uma frequência característica (período de oscilação). Portanto, é possível obter o efeito corona tanto com campos estáticos como alternados que se comportam de forma diferente (por conta da oscilação da corrente elétrica) dos campos estáticos.

Kirlian trabalhava com geradores de alta tensão com frequências entre 75Khz e 200KHz (tais geradores podem, por exemplo, serem usados na transmissão de rádio). Ao se interpor um objeto 'vivo' entre uma placa condutora energizada e um filme fotográfico, os campos elétricos produzidos pelas descargas na 'interface' entre o objeto e a placa irão produzir o efeito corona que poderá ser registrado em filme. Acontece que os mesmos efeitos (principalmente de cores) também podem ser obtidos com objetos inanimados, contanto que eles sejam condutores. Também aqui há dependência com vários fatores: com a pressão exercida pelo objeto, com a constituição do gás (de que espécie química ele é feita), se for ar, se há presença de oxigênio ou não, se há presença de umidade etc.


A utilização de um vidro transparente condutor (em substituição à placa na Fig. 1) permite a filmagem do efeito corona produzido pela descarga (uma técnica já usada por Kirlian), dispensando o uso de filmes químicos. Esse arranjo é suficiente para demonstrar o desaparecimento das cores, indicando que a obtenção dessas, além da dependência com os gases e pressão exercida pelos dedos, está ligada à presença do filme.

O 'corpo bioplasmático'

Foi Kirlian quem afirmou, pela primeira vez, que os padrões de forma e cor obtidos estavam relacionados com o estado do indivíduo que se submeteu à fotografia. Ele chamou esse de 'efeito psicogalvânico' [4]. Entretanto, ele também forneceu uma explicação bem física para o fenômeno: trata-se de uma manifestação da mudança de condutividade da pele com o estado psicológico. Como dissemos, o resultado dos padrões depende de um conjunto grande de fatores (além do próprio ar e da presença do filme), em especial a condutividade elétrica da pele e, talvez, a emissão de gases na cercanias do corpo - fenômenos relacionados com o estados fisiológicos e psicológicos (todos conhecemos o umedecimento das mãos com o nervosismo).

Entretanto, as imagens foram frequentemente exploradas para revelar aspectos muito sutis da personalidade em um processo suspeito de extrapolação da ideia original de Kirlian. Aspectos comerciais motivaram também a exploração. Assim, estamos diante de um fenômeno que apresenta duas faces: o de realidade e o de extrapolação. É realidade que os padrões de efeito corona, em tese, podem estar fortemente correlacionados com o estado fisiológico dos indivíduos submetidos ao processo da fotografia Kirlian. Entretanto, o 'quão forte' essa correlação pode ser afirmada, ainda está sujeita a exploração teórica e experimental, constituindo um genuíno campo de pesquisa.


Mas é uma extrapolação incorreta assumir qualquer ligação do efeito Kirlian como uma evidência fotográfica de conceitos espíritas tais como o perispírito, mesmo na sua interpretação de 'corpo bioplasmático' [1]. O que seria esse corpo? O 'corpo bioplasmático' pode ser entendido no sentido original dado pelos então soviéticos: como conjunto de propriedades elétricas associadas ao organismo humano e que é alterado por estados psicológicos. Quanto ao perispírito, ele é o corpo que reveste o Espírito e é composto de um tipo de substância muito mais sutil, não evidenciada de forma simples por nenhum tipo de equipamento, por enquanto. São conceitos expressos em doutrinas e linguagens totalmente diferentes, o que torna difícil a absorção apropriada de um no outro.

A que se deve este estado de coisas?

Em um posto anterior, discutimos brevemente doze obstáculos ao estudo científico da sobrevivência e a existência do espírito. Esses obstáculos devem ser entendidos como problemas na compreensão do objeto de estudo dessa nova ciência, que já se batizou de 'ciência espírita'. O obstáculo que numeramos 5 e 6:

(5) Tentar "detectar" o espírito por meios diretos: há uma quantidade enorme de pessoas que acreditam que manifestações físicas (efeitos físicos) são 'manifestações espirituais'. Outros dizem que, se o Espírito existe, ele necessariamente deve deixar rastros mensuráveis. Aqui, a falha é na compreensão do objeto de estudo: a matéria se deixa apreender por determinados tipos de sinais (cores, sons, formas, gostos etc). O Espírito tem pensamento, vontade e sentimentos, todos atributos inacessíveis do ponto de vista sensorial (ver novamente a referência [5]). Não é difícil perceber que a questão não pode também ser decidida apelando-se para uma amplificação no nível de acuidade ou 'precisão' do equipamento.

(6) Tentar "mensurar" o espírito: uma variante do erro anterior;
A tentativa de se usar a fotografia Kirlian insere-se nesse problema. Torna-se um obstáculo, pois gera mais uma falsa impressão de que, caso não puder ser resolvido por esses meios de observação 'direta', então as propostas espíritas necessariamente encontrarão dificuldades em se afirmar como verdades. A insistência em querer manter o 'corpo bioplasmático' como um interpretação do perispírito, longe de ajudar, torna menos clara a proposta espírita, inserindo variáveis e dependências que o problema real (do espírito) não tem. Além disso, gera outra falsa impressão em céticos que compreendem bem o significado puramente físico desse 'corpo' proposto pelos então soviéticos.

Assim, os espíritas devem avaliar de forma cuidadosa - o que envolve o contexto dos princípios espíritas - propostas experimentais de se 'medir' coisas que, em tese, não estão sujeitas à apreensão direta, mesmo usando-se aparelhos.

Referências e notas

[1] Para tanto, basta consultar: "Parapsicologia Hoje e Amanhã", Capítulo 9, de J. Herculano Pires (8a Edição, Edicel), onde encontramos a seguinte frase:

"É evidente que a designação de corpo bioplasmático, geralmente simplificada para corpo bioplástico, resultou precisamente das séries de experiências realizadas pelos cientistas para verificar as funções específicas do corpo energético. Essas funções fundamentais correspondem exatamente às do perispírito na teoria espírita."

terça-feira, 24 de abril de 2018

Fotografias "diferentes"...


Dr. Baraduc , foi hum dos grandes especialistas de doenças nervosas .

Seus estudos sobre a histeria e seus métodos terapêuticos grande autoridade tiveram até o dia que conheceu em uma fotografia, como quando oscilaram coisas, quando os seus fantasmas vieram ao encontro nas suas fotografias.

Um dia, fotografou junto a uma janela seu próprio filho que segurava um faisão morto há pouco.

A fotografia revelada mostrou-se velada uma espécie de nuvem vaporosa, curva, desdobrava-se em leque ao redor da criança e com o faisão parecia fugir pela janela.

Dr. Baraduc viu sensível ali pela primeira vez uma aura de uma alma (como uma placa ) - um impressionável da criança (como os histéricos ), cujos estados de alma podem se inscrever na placa fotográfica.

Esse véu, essa velação, esse espectro, Baraduc decidiu lê-lo como uma imagem da marca de uma "Graça", como o traço de uma luz "invisível", como um fantasma de pensamento e de hum sentimento experimentado por individuo em um momento.

Eis a experiência inaugural.

Por este meio podem ser fotografados, inclusive, formas-pensamentos. Embora a possibilidade de impressionarem, via ectoplasma, a placa ou o filme sensível, são invisíveis ao olho humano. Pode ser obtida, sem o uso de qualquer máquina, na mais completa escuridão.

A fotografia espírita – A fotografia espírita traz a prova da realidade objetiva da aparição: Os aparelhos fotográficos não estão sujeitos a alucinações!

Amanhá falaremos sobre a Kirliangrafia propriamente dita.

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Materialismo


"Que procuremos primeiro o reino do Pai e tudo o mais se nos acrescentará".

Mas onde na materialidade em que estamos imersos procurar o reino do Pai?

Este é o desafio.

Se devemos procurá-lo primeiro, isto é priorizá-lo, esta deveria ser a principal tarefa de nossas existências.

O Reino, nos ensina Jesus, não está no "onde" e no "quando".

Ele é agora para todo aquele que crê e procura viver de acordo com as leis de Deus.

É certo que o Cristo falou às multidões mas falou e fala principalmente a cada um em particular, na intimidade de cada coração, pois é aí que o reino é e está em estado latente.

Que possamos todos encontrá-lo e cultivá-la no íntimo de nosso ser.

Abraços fraternos

sexta-feira, 20 de abril de 2018

O médium e o tabagismo


De maneira geral, pode-se afirmar que os Espíritos similares se atraem, e que raramente os Espíritos das plêiades elevadas se comunicam por maus condutores, quando podem dispor de bons aparelhos mediúnicos, de bons médiuns, numa palavra.

Fumar ou beber não constituem necessidades básicas para o homem. Antes, são fatores de decadência orgânica e moral, quando o excesso passa a dominar o que era moderação. O homem que sente a necessidade de um vício, quando este lhe subtrai cotas de fluidos vitais a troco de uma calma ilusória ou euforia efêmera, ainda precisa educar-se emocionalmente para superar as frustraçôes ou enfrentar situaçôes rotineiras, sem imaginar a fuga como solução. Diz-se que o mal está no excesso.

Mas o excesso é relativo a cada indivíduo. Para alguns, uma simples dose é excessiva. Para outros, uma garrafa é suportável. O que toma uma dose para almoçar, repete o gesto sete vezes por semana, trezentos e sessenta e cinco dias por ano. Estará tal quantidade alcoólica compatível com os padrôes orgânicos. E quando a droga causa dependência?

E quando deixa no indivíduo fluidos que podem ser transferidos a outrem? E quando submete certos órgãos a uma sobrecarga de trabalho? E quando alimenta a morbidez, a violência?

Atrás da afirmativa de que o mal está no excesso, falso atenuante para amenizar a acusação da consciência, esconde-se o extenso rol de argumentos que a desmentem na maioria das ocasiões. Explico pelo enfoque mediúnico, cuja abordagem nos lembra, de imediato, as companhias espirituais que atraímos e cultivamos pelos pensamentos e açôes. Falo do passista, que poderá inverter o processo curativo, quando, pelo uso do livre-arbítrio, houver tomado uma única dose no dia do seu trabalho espírita.

Comento pelo trabalhador da mediunidade, a exigir dos técnicos espirituais extensos labores para higienizá-lo, e pelo tratamento inadequado ao enfermo carente de fluidos vitais assepsiados, quando os recebe mesclados de substâncias tóxicas. Interpreto pelo doutrinador, desarmado ante a ofensiva do obsessor ao lembrá-lo da sua impotência diante do vício. Critico pela falta de bom senso, quando, conhecendo o suicídio involuntário, tais usuários de venenos a conta-gotas nada fazem para afastá-las dos roteiros cármicos a que se vinculam.

Se alguns consideram "chique" tomar uma bebida ou fazer-se de chaminés ambulantes, é um direito a que podem recorrer. Todavia, como atrelado a cada direito existe um dever, é útil lembrar o dever da conservação do corpo, que se desgasta a cada gole ou baforada. O problema é pois, de conscientização.

Sendo a sala mediúnica local de terapia intensiva, aquele que não se encontra em condiçôes de nela operar que se abstenha de contaminá-la. Nesse caso, não atrapalhar já é ajudar. E, se alguém entrar no recinto eivado de fluidos densos provindos do vício social do tabagismo, do alcoolismo e do pensar desregrado, que se prepare para enfrentar pesados débitos contabilizados em seu nome, nublando-lhe o futuro, a prenunciar temporais com acidentes.

Cuide-se o desatento! O tempo, que tece a vida, não costuma esquecer os infiéis, nem ser ingrato aos que lhe honraram com a fidelidade.


Luiz G. Pinheiro

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Criminalidade


Os manicômios e as penitenciárias estão repletos de irmãos nossos obsidiados que, alcançando o ponto específico de suas recapitulações do pretérito culposo, à falta de providências reeducativas, nada mais puderam fazer que recair na loucura ou no crime, porque, em verdade, a alienação e a delinquência, na maioria das vezes, expressam a queda mental do Espírito em reminiscências de lutas pregressas, à semelhança do aluno que, voltando à lição, com recursos deficitários, incorre lamentavelmente nos mesmos erros.

Não é criminoso apenas aquele que é reconhecido assim pela justiça e/ou pela sociedade. É também criminoso aquele que atenta contra irmãos através das palavras, colocando fel e azedume de dentro das sombras para deteriorar a vida alheia.

O ressurgimento de certas situações e a volta de marcadas criaturas ao nosso campo de atividade, do ponto de vista da reencarnação, funcionam em nossa vida íntima como reflexos condicionado, comprovando-nos a capacidade de superação de nossa inferioridade, antigamente positivada.

Se estivermos desarmados de elementos morais suscetíveis de alterar-nos a onda mental para a assimilação de recursos superiores, quase sempre tornamos à mesma perturbação e à mesma crueldade que nos assinalaram as experiências passadas.

Nesse fenômeno reside a maior percentagem das causas de insânia e criminalidade em todos os setores da civilização terrestre, porquanto é ai, nas chamadas predisposições mórbidas, que se rearticulam velhos conflitos, arrasando os melhores propósitos da alma que descure de si mesma.

Convenhamos, pois, que a tarefa espírita é chamada de maneira particular, a contribuir no aperfeiçoamento dos impulsos mentais, favorecendo a solução de todos os problemas suscitados pelo animismo.

Através dela, são eles endereçados à esfera iluminativa da educação e do amor, para que os sensitivos, estagnados nessa classe de acontecimento, sejam devidamente amparados nos desajustes de que se vejam portadores, impedindo-se-lhes o mergulho nas sombras da perturbação e recuperando-se-lhes a atividade para a sementeira da luz.

quarta-feira, 18 de abril de 2018

A origem de todas as crenças


A gênese de todas as religiões da Humanidade tem suas origens no seu coração augusto e misericordioso. Não queremos, com as nossas exposições, divinizar, dogmaticamente, a figura luminosa do Cristo, e sim esclarecer a sua gloriosa ascendência na direção do orbe terrestre, considerada a circunstância de que cada mundo, como cada família, tem seu chefe supremo, ante a justiça e a sabedoria do Criador.

Fora erro crasso julgar como bárbaros e pagãos os povos terrestres que ainda não conhecem diretamente as lições sublimes do seu Evangelho de redenção, porquanto a sua desvelada assistência acompanhou, como acompanha a todo tempo, a evolução das criaturas em todas as latitudes do orbe. A história da China, da Pérsia, do Egito, da Índia, dos árabes, dos israelitas, dos celtas, dos gregos e dos romanos está alumiada pela luz dos seus poderosos emissários.

E muitos deles tão bem se houveram, no cumprimento dos seus grandes e abençoados deveres, que foram havidos como sendo Ele próprio, em reencarnações sucessivas e periódicas do seu divinizado amor.

No Manava-Darma, encontramos a lição do Cristo; na China encontramos Fo-Hi, Lao-Tsé, Confúcio; nas crenças do Tibete, está a personalidade de Buda
e no Pentateuco encontramos Moisés; no Alcorão vemos Maomet.

Cada raça recebeu os seus instrutores, como se fosse Ele mesmo, chegando das resplandecências de sua glória divina.

Todas elas, conhecendo intuitivamente a palavra das profecias, arquivaram a história dos seus enviados, nos moldes de sua vinda futura, em virtude das lembranças latentes que guardavam no coração, acerca da sua palavra nos espaços, tocada de esclarecimento e de amor.


Emmanuel - A caminho da Luz

terça-feira, 17 de abril de 2018

Sensações estranhas: é mediunidade?


É comum ouvir pessoas dizerem que sentem calafrios, um mal estar generalizado, vontade de chorar sem motivo, perturbações inexplicáveis e mesmo que ouvem vozes, tem visões que não compreendem.

Procuram médicos e não encontram explicações, fazem exames que nada indicam e vivem em buscam de orientações com pessoas e lugares que mais confundem que esclarecem.

Aí surge a clássica pergunta: isso é mediunidade? Ou também aparece a afirmativa, trazida por informação precipitada, que a pessoa precisa desenvolver a mediunidade.

Ora, vamos por partes.

Mediunidade é uma disposição orgânica, sem exclusividade para religião, idade, sexo e mesmo postura moral ou intelectual.

Ela é uma faculdade neutra e permite o intercâmbio ou sintonia com os espíritos, ou seja, pessoas que já deixaram o planeta pelo fenômeno biológico da morte.

Tais sintomas podem sim significar o desabrochar da faculdade mediúnica.

Porém, não se pode nem se deve generalizar.

Muitas daquelas sensações podem ser provenientes do estado emocional da pessoa, de conflitos familiares, de distúrbios psicológicos e até mesmo, é claro, podem provir de enfermidades físicas mesmo não detectadas pelo profissional ou tratamento utilizado.

Como também pode ser uma sensação absolutamente transitória de diversas origens e que o tempo resolve.

Esgotadas as possibilidades e permanecendo os sintomas, aí sim é viável estudar a questão e verificar a hipótese de sensibilidade mediúnica. Isto se faz pela observação, pelo estudo, pelo conhecimento da questão.

Desenvolver a mediunidade nada mais é que educar o seu uso para que seja utilizada com equilíbrio e retidão moral.

Para esclarecer-se sobre o assunto busque pessoas de reconhecida idoneidade, grupos sérios e confiáveis.

Não tema.

Não há nada de errado.

Um estudo atento dos sintomas e sua freqüência, o exercício acompanhado por pessoas sérias e particularmente a perseverança, confiança em Deus e seriedade da pessoa envolvida levarão a determinar o que realmente ocorre.

Diante, porém, de enfermidades diagnosticadas, nunca dispense o tratamento médico.

Cada coisa em seu lugar.

Mediunidade não é enfermidade, é oportunidade de auxílio ao próximo.

Havendo enfermidade, porém, procure o médico.





Orson Peter Carrara

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Acomodar-se, não!


Cristo ensinou a paciência e a tolerância, mas nunca determinou que seus discípulos estabelecessem acordo com os erros que infelicitam o mundo.

Em face dessa decisão, foi à cruz e legou o último testemunho de não-violência, mas também de não-acomodação com as trevas em que se compraz a maioria das criaturas.

Quem encontra para si mesmo um acordo acomodatício com as experiências da Terra, dificilmente consegue ausentar-se do vale da estagnação para os luminosos cimos do conhecimento superior, às vezes tão somente acessíveis pelos trilhos pedregosos do sofrimento.


sexta-feira, 13 de abril de 2018

Para os médiuns


O médium somente deve dar aos serviços da Doutrina a cota de tempo de que possa dispor, entre os labores sagrados do pão de cada dia e o cumprimento dos seus elevados deveres familiares.

A execução dessas obrigações é sagrada e urge não cair no declive das situações parasitárias, ou do fanatismo religioso.

No trabalho da verdade, Jesus caminha antes de qualquer esforço humano e ninguém deve guardar a pretensão de converter alguém, quando nas tarefas do mundo há sempre oportunidade para o preciso conhecimento de si mesmo.

Que médium algum se engane em tais perspectivas.

Antes sofrer a incompreensão dos companheiros, que transigir com os princípios, caindo na irresponsabilidade ou nas penosas dívidas de consciência.

quinta-feira, 12 de abril de 2018

Prevenção dos males da Vida


Fonte inesgotável de sabedoria é o Evangelho do Cristo.

Sob a ótica da saúde podemos entende-lo como guia preciso de prevenção, de profilaxia de males das mais diversas naturezas.

O homem que procura agir e viver de acordo com os ensinamentos do Cristo aprende a trazer consigo a consciência em paz, a serenidade, a tranquilidade da paz de espírito.

Por mais difíceis que sejam suas provas e suas experiências traz consigo o bom ânimo, a esperança e a fé como antídotos as dores e ao sofrimento.

O Evangelho não dispõe somente dos parâmetros para a vida futura, mas os fundamentos do bem viver hoje.

Nos afasta dos perigosos caminhos do vício, do desânimo, das mazelas decorrentes das nossas próprias imperfeições.

Nos conduz ao caminho reto das virtudes que precisamos adquirir e cultivar para o alcance da real saúde, a saúde física, mental, emocional e espiritual.

Abraços fraternos
Brólio

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Autodesobsessão


Se você já pode dominar a intemperança mental...

Se esquece os próprios constrangimentos a fim de cultivar o prazer de servir...

Se sabe escutar o comentário infeliz sem passá-lo adiante...

Se vence a indisposição contra o estudo e continua, tanto quanto possível, em contato com a leitura construtiva...

Se esquece ofensas sinceramente, mantendo um espírito compreensivo e cordial à frente dos ofensores...

Se você se aceita como é, com as dificuldades e conflitos que tem, trabalhando com tudo aquilo que não pode modificar...

Se persevera na execução dos seus propósitos enobrecedores, apesar de tudo que se faça ou fale contra você...

Se compreende que os outros têm o direito de experimentar o tipo de felicidade a que se inclinem, como nos acontece...

Se crê e pratica o princípio de que somente auxiliando o próximo é que seremos auxiliados...

Se é capaz de sofrer e lutar na seara do bem sem trazer o coração amargoso e intolerante...

Então, você estará dando passos largos para libertar-se da sombra, entrando, em definitivo, no trabalho da autodesobsessão.

terça-feira, 10 de abril de 2018

O nome dos Anjos da Guarda


Dai-lhe o nome que quiserdes, o de um Espírito superior que vos inspire simpatia ou veneração.

O vosso protetor acudirá ao apelo que com esse nome lhe dirigirdes, visto que todos os bons Espíritos são irmãos e se assistem mutuamente.

Os protetores, que dão nomes conhecidos, não são, realmente, os Espíritos das personalidades que tiveram esses nomes.

Muitas vezes, os que os dão são Espíritos simpáticos aos que de tais nomes usaram na Terra e, a mando destes, respondem ao vosso chamamento.

Fazeis questão de nomes; eles tomam um que vos inspire confiança.

Quando não podeis desempenhar pessoalmente determinada missão, não costumais mandar que outro, por quem respondeis como por vós mesmos, obre em vosso nome?

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Apostolado mediúnico


A luz definitiva para a vitória do apostolado mediúnico, essa claridade divina, está no Evangelho de Jesus, com o qual o médium deve estar plenamente identificado para a realização sagrada da sua tarefa.

O médium sem Evangelho pode fornecer as mais elevadas informações ao quadro das filosofias e ciências fragmentárias da Terra; pode ser um profissional nomeado, um agente de experiências do invisível, mas não poderá ser um apóstolo pelo coração.

Só a aplicação com o Divino Mestre prepara no íntimo do trabalhador a fibra da iluminação para o amor, e da resistência contra as energias destruidoras, porque o médium evangelizado sabe cultivar a humildade no amor ao trabalho de cada dia, na tolerância esclarecida, no esforço educativo de si mesmo, na significação da vida, sabendo, igualmente, levantar-se para a defesa da sua tarefa de amor, defendendo a verdade sem transigir com os princípios no momento oportuno.

O apostolado mediúnico, portanto, não se constitui tão-somente da movimentação das energias psíquicas em suas expressões fenomênicas e mecânicas, porque exige o trabalho e o sacrifício do coração, onde a luz da comprovação e da referência é a que nasce do entendimento e da aplicação com Jesus-Cristo.

sexta-feira, 6 de abril de 2018

Misérias


A palavra miséria nos faz pensar em escassez, pobreza, grandes dificuldades morais ou físicas.

Quando designamos alguém por miserável, designamos essa pessoa de modo pejorativo, como alguém sem caráter.

São várias as palavras da língua portuguesa que tem significados diferentes de acordo com o contexto.

Sendo assim, é necessário ler e reler um texto de qualquer teor para se chegar a uma interpretação integral, pois frases tiradas de um texto pode transmitir uma ideia totalmente contrária ao que quis transmitir o autor ou autora.

Tenha os mais atenção ao ler e mais atenção ainda ao divulgar uma ideia se não temos conhecimento profundo do assunto.

Que Deus nos dê discernimento nas tarefas.

Irmã Marilene.

quinta-feira, 5 de abril de 2018

A dor e o sofrimento


Meus irmãos, a dor e o sofrimento são, digamos, "ítens" que fazem parte do nosso processo evolutivo.

Porém, muitos de nós, mesmo sabendo claramente desta informação, deixamos passar totalmente despercebidos e não as utilizamos como deveríamos.

Caros irmãos, gostaria de chamar a atenção de todos para valorizarmos todo o tipo de aprendizado.

A dor física ou emocional, psicológica ou da alma, deve ser considerada como um dever a ser cumprido.

É como se fosse uma tarefa escolar. Precisamos passar por ela, para nos melhorarmos.

O sofrimento, quando encarado como algo que faz parte de nossa fase evolutiva terrena, é melhor aproveitado.

Em que pese ambos, dor e sofrimento, algo muito difícil de ser superado, é para isso que estamos aqui.

Como fora dito, para passarmos por eles afim de se alcançar algo maior, como por exemplo, o poder da superação.

Sempre que se sentirem abalados por eles, procurem o único remédio efetivamente eficaz contra todo e qualquer mal, seja uma enfermidade do corpo ou da alma, meus irmãos, o remédio é a busca de Jesus.

Jesus, o médico, também é o remédio.

Fiquem em paz e que Jesus esteja sempre com cada um de vocês.
Damião

quarta-feira, 4 de abril de 2018

Livre-arbítrio


Muitas vezes, solicitamos orientação para a vida espiritual.

Entretanto, vamos refletir...

Desejando, sentimos;
Sentindo, pensamos;
Pensando, comunicamos;
Comunicando-nos, realizamos;
Realizando, semeamos;
Semeando, colheremos...

Hoje, possuímos o que plantamos ontem.

Amanhã teremos o que estamos fazendo agora mesmo.

Assim criamos o próprio destino usando as bençãos de Deus, particularmente o livre-arbítrio, através do que receberemos da Sabedoria da Vida os resultados ou frutos de nossa próprias obras.

terça-feira, 3 de abril de 2018

Monoideísmo: mecanismo


Se a criatura encarnada pode cair em amnésia ou afasia pela oclusão dos núcleos da memória ou da fala, sem desequilíbrio integral da inteligência,
a criatura desencarnada pode arrojar-se a frustrações semelhantes, sem perturbação total do pensamento, enquanto se lhe mantenha a distonia.

Segundo critério idêntico, se a habilidade de um homem para aprender determinado idioma pode cessar numa das subdivisões do núcleo da fala, no córtex, persistindo a habilidade para lidar com idiomas outros, assim também o núcleo da visão profunda, no centro coronário, pode sofrer disfunção específica pela qual um Espírito desencarnado contemplará tão-somente, por tempo equivalente à conturbação em que se encontre,

Os quadros terríveis que lhe digam respeito às culpas contraídas, sem capacidade para observar paisagens de outra espécie; escutará exclusivamente vozes acusadoras que lhe testemunhem os compromissos inconfessáveis, sem possibilidade de ouvir quaisquer outros valores sônicos, tanto quanto poderá recordar apenas acontecimentos que se lhe refiram aos padecimentos morais, com absoluto esquecimento de fatos outros, até mesmo daqueles que se relacionem com a sua personalidade, motivo pelo qual se fazem tão raros os processos de perfeita identificação individual, na generalidade das comunicações mediúnicas, com entidades dementadas ou sofredoras, comumente estacionárias no monoideísmo que as isola em tipos exclusivos de recordação ou emoção, de vez que, nessas condições, o pensamento contínuo que lhes flui da mente, em circuito viciado sobre si mesmo, age coagulando ou materializando pesadelos fantásticos, em conexão com as lembranças que albergam.

E esses pesadelos não são realmente meras criações abstratas, porquanto, em fluxo constante, as imagens repetidas, formadas pelas partículas vivas de matéria mental, se articulam em quadros que obedecem também à vitalidade mais ou menos longa do pensamento, justapondo-se às criaturas desencarnadas que lhes dão a forma e que, congregando criações do mesmo teor, de outros Espíritos afins, estabelecem, por associações espontâneas, os painéis apavorantes em que a consciência culpada expia, por tempo justo, as conseqüências dos crimes a que se empenhou, prejudicando a harmonia das Leis Divinas e conturbando, concomitantemente, a si mesma.

André Luiz - Evolução em dois Mundos

segunda-feira, 2 de abril de 2018

As materializações de Katie King


Como se tratasse de uma personalidade medianímica, que afirmava ter vivido alguns séculos antes, não foi possível cuidar-se da identificação pessoal. O caso todavia se apresenta como um dos mais eloqüentes a favor da existência independente dessa personalidade, porque se trata de uma entidade na posse de todos os atributos intelectuais capazes de caracterizar uma individualidade psíquica independente.

Em primeiro lugar, achamo-nos diante de uma personalidade medianímica, cujo poder de manifestação atinge tal grau de perfeição, que se pode manter em estado de perfeita materialização durante horas a fio, passeando livremente no quarto das sessões, tomando parte na conversa, materializando-se espontaneamente, mesmo em plena claridade do dia, isto durante três anos consecutivos, em sessões que se sucediam inúmeras e em grande parte realizadas na própria casa do Sr. Crookes.

Além disso, não podemos deixar de ter em conta que essa admirável personalidade medianímica, dotada de todos os predicados de uma individualidade pensante, não cessava de afirmar, do modo mais peremptório, a sua existência espiritual independente; dá o nome por que foi conhecida em vida, conta tristemente as vicissitudes dolorosas da sua curta existência terrestre, enquanto se ocupa de provar ainda, por outra forma, a sua independência espiritual, mostrando-se aos experimentadores ao mesmo tempo que o médium, deixando-se fotografar com este último e com o Sr. Crookes, permitindo a este e à Sra. Marryat de apalparem-na, de abraçarem-na, de escutarem-lhe as pulsações do coração, de sentirem-lhe o bater do pulso e, enfim, acordando a médium e com ela conversando.

Este último episódio se reveste de grande valor psicológico; sinto-me no dever mesmo de reproduzir aqui o trecho da famosa sessão em que Katie King dá o último adeus aos assistentes. o Sr. Crookes escreve:

No momento de levantar a cortina, Katie King parou um instante a conversa comigo, depois atravessou o quarto, dirigiu-se para a médium, Srta. Cook, que, desacordada, jazia sobre o tapete. Inclinando-se para ela, Katie tocou-a levemente, di­zendo: “Vamos, Florie, vamos; chegou a hora de nos sepa­rarmos. A Srta. Cook, abalada pelas palavras que acabava de ouvir, suplicou, chorando, que Katie King demorasse algum tempo ainda. “Não posso, minha querida, respondeu Katie King, minha missão está finda. Que Deus te abençoe.” Conversaram juntas ainda alguns instantes até que as lágrimas embargaram a voz da Srta. Cook, da qual me havia aproximado a conselho dè Katie, para segurá-la, pois havia caído sobre o assoalho, sacudida por soluços convulsívos.

No maravilhoso episódio acima, encontramos reunidas as melhores provas que a Ciência tem o direito de exigir para admitir a independência psíquica de uma personalidade medianímica. De um lado, a forma materializada visível com a médium; de outro lado, a circunstância psicologicamente decisiva de duas individualidades distintas. Ambas, na posse das suas faculdades conscientes, se entretêm, afetuosamente, trocando comovidas o último adeus.

Como, diante de semelhantes provas, falar seriamente de “prosopopese-metagnomia”?

Quem, sensatamente, poderia imaginar que as duas metades de uma mesma personalidade tenham o poder de desdobrar-se e transformar-se em duas individualidades completas, independentes, munidas de traços intelectuais característicos e cada uma a seu modo?

Quem ousaria sustentar que a personalidade subconsciente da médium, exteriorizando-se e materializando-se, possa transformar-se, como que por encanto, em uma personalidade que completamente ignora pertencer a essa outra metade da “vida dela mesma” que está diante dela, e que dentro dessa inconcebível ignorância, também partilhada fatalmente pela outra metade, possam as duas infelizes seções da mesma alma, ambas deploravelmente iludidas, ser levadas a se imaginarem, não se sabe bem por que recôndito mistério da prosopopese, na iminência de uma separação definitiva, ao ponto de trocarem frases afetuosas e palavras comoventes de despedida?!

Repitamo-lo com o Prof. Hyslop: “Não se pode marcar limites à credulidade de quem é capaz de sustentar seriamente semelhante interpretação dos fatos.”

Não será inútil examinar aqui o episódio, em discussão, sob o ponto de vista estritamente psicofisiológico. Nele nós nos achamos diante de duas personalidades reais, perfeitamente visíveis, tangíveis, fotografáveis:

a médium, Srta. Cook, de um lado,
do outro o fantasma materializado de Katie King, com quem muitas vezes se entretém afetuosamente.

Este fato, em termos psicofisiológicos, significa que as duas personalidades medianímicas teriam acionado simultaneamente os centros corticais da inervação da linguagem falada.

O fim do seu encontro e o assunto dos seus diálogos constituíam o pensamento angustioso da separação definitiva que se tornava iminente, ocasionando que as lágrimas da médium sucedessem ao testemunho comovedor de afeição, manifestado pela personalidade materializada.

Achamo-nos, portanto, diante de um fenômeno irrefutável de duplicação real, incontestável, de centros e de faculdades psíquicas, que a prosopopese nunca conseguirá explicar, pois, nos casos de “personalidades alternantes” de origem patológica, se verifica constantemente que as faculdades psíquicas ou peicofisiológicas de que se serve, em dado momento, uma dessas personalidades, faltam à outra, como é aliás fácil de prever.

Em reforço desta tese, parece-me oportuno acrescentar que a personalidade de Katie King, longe de se entregar passivamente aos desejos sempre formulados mentalmente ou de viva voz pelos assistentes, longe de refletir automaticamente a vontade da médium ou do Sr. Crookes, ela age como entende; aconselha, exorta, censura, recusa-se, não raro, a responder a perguntas indiscretas e, quando alguém a interroga sobre as causas da sua reaparição na Terra, responde que a sua volta atende aos deveres de uma missão, à necessidade de uma expiação, constituindo para ela um meio de progresso espiritual ulterior.

Um belo dia a personalidade medianímica de Katie King anuncia aos seus amigos da Terra que a sua missão está prestes a terminar e que, em determinado dia, deixará de manifestar-se sob a forma material.

Mas como, perguntarão, se a vontade de todos é que ela fique?
Como, se a ideia plastificante e organizadora da médium é onipotente?

Como não conseguir reter, ao menos por mais um dia, esse manequim criado pela prosopopese, esse manequim que, mostrando-se profundamente sensível a tantas demonstrações de afeição, teve ainda assim de deixar para sempre os seus amigos, em obediência a uma vontade suprema?!

Que títeres prosopopésicos são esses que, apenas nascidos, se tornam logo intelectualmente independentes, pensam como melhor lhes parece, agem de vontade própria, tomam a identidade de entes que viveram na Terra, demonstram o que dizem por meio de todas as provas pessoais que humana e logicamente se podem exigir, manifestam-se quando bem entendem, ausentam-se para sempre quando menos se espera, falam de um estágio espiritual em que vivem, de ninguém obedecendo à vontade, exceção feita de uma entidade espiritual a que se referem, incessantemente, com veneração profunda?

Quantos enigmas, e cada qual mais notável, a se resolverem pela hipótese da “prosopese- metagnomia”!

Ernesto Bozzano