Mensagem

"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."

Militão Pacheco

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

A Casa Espirita e suas ações


A Casa Espírita representa a base sobre a qual o Movimento Espírita se ergue como resultado do esforço humano no estudo, prática e divulgação da Doutrina dos Espíritos.

Representando o braço operacional do Movimento organizado, a Instituição Espírita devidamente inspirada nos postulados doutrinários da Codificação Kardequiana organizará suas atividades tendo em vista o objetivo primordial da formação do Homem de Bem. Nessa organização, ressalvadas as atividades-meios exigidas pelas leis humanas, destacam-se as atividades-fins que podem ser sintetizadas nas seguintes direções:

Estudo ou formação doutrinária
Prática ou vivência da Doutrina e seus postulados
Divulgação, englobando todas as ações específicas levadas a efeito pelas instituições no cumprimento às orientações contidas na Doutrina Espírita.
A primeira instituição espírita, a SOCIEDADE PARISIENSE DE ESTUDOS ESPÍRITAS fundada por Allan Kardec, define o seu caráter educativo quando estabelece no Art. 1º do seu Regulamento:

“A Sociedade tem por objeto o estudo de todos os fenômenos relativos às manifestações espíritas e suas aplicações às ciências morais, físicas, históricas e psicológicas.”1

Preocupados com o cunho educativo que deve caracterizar a instituição espírita, Espíritos Amigos nos têm alertado sempre sobre o compromisso pedagógico que os núcleos possuem e precisam operacionalizar através da sistematização e planejamento de suas ações.

O instrutor espiritual EMMANUEL, pela mediunidade de F. C. Xavier esclarece:

“... o Centro espírita é um templo de trabalho educativo..”2

“Escola benemérita, o templo espírita é um lar de luz aberto à instrução geral para o entendimento das leis que regem os fenômenos da evolução e do destino”.3

“Um Centro Espírita é uma escola onde podemos aprender e ensinar, plantar o bem e recolher-lhe as graças, aprimorar-nos e aperfeiçoar os outros, na senda eterna.”4

O antigo dirigente do Movimento Espírita Pernambucano, Djalma Montenegro de Farias, pela mediunidade de Divaldo P. Franco5 indica em duas ricas mensagens específicas sobre o assunto, o caráter da Casa Espírita:

Escola de almas na Terra
Oficina de socorro a aflições
Oásis no deserto das idéias materialistas
Hospital – atende a todos os doentes
Templo – atende ao pranto
Escola – ensina as diretrizes da vida feliz
Núcleo de assistência
Escola de Espiritismo
Escola de Aprendizagem e Renovação
Refletindo de modo mais profundo sobre as afirmativas acima, identificamos na Casa Espírita a função eminentemente pedagógica que atende encarnados e desencarnados através de suas ações educativas, a saber:

Evangelização de crianças e jovens - sistematizada graças ao esforço da Federação Espírita Brasileira, objetivando(...):

“A integração do evangelizando consigo próprio, com o próximo e com Deus
O estudo das leis naturais que regem o Universo e da natureza, origem e destino dos Espíritos bem como de suas relações com o mundo corporal.
A oportunidade do evangelizando perceber-se como homem integral, crítico, participativo, herdeiro de si mesmo, cidadão do universo, agente de transformação de seu meio, rumo a toda perfeição de que é suscetível.”
A evangelização das novas gerações é a ação educativa por excelência por representar o investimento máximo para a criação de uma nova ordem social baseada na fraternidade e na solidariedade humanas.
Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita - que pode ser visto tanto como evangelização de adultos como educação “continuada” para aqueles que já vieram da evangelização infanto-juvenil. A atividade do ESDE é uma das maiores responsáveis pela formação de trabalhadores de sólida base doutrinária e sua criação deve ser estimulada em todas as Instituições Espíritas.

Seus objetivos se voltam para a apropriação, por parte do integrante, do conhecimento doutrinário no seu tríplice aspecto como referência ou base para sua reforma íntima. Aí está seu caráter educativo e regenerador.

Estudo e Educação da Mediunidade - Essa atividade pode ser considerada mais específica tendo em vista suas características peculiares, voltadas para um aprofundamento em torno dos pressupostos da faculdade mediúnica bem como seu exercício, à luz dos esclarecimentos evangélico-doutrinários. Possui caráter educativo na medida em que busca a formação do médium em bases que favoreçam a auto- disciplina e o processo de auto-conhecimento e de transformação moral no exercício da mediunidade com Jesus.

Palestras Públicas - São práticas baseadas na oralidade mas que objetivam esclarecer e consolar, sensibilizar e estimular os ouvintes ao estudo, ao engajamento em programas de assistência fraternal ao próximo, à reflexão sobre suas vidas, a vida em sociedade e as leis divinas que regem a existência humana na sua trajetória em busca da perfectibilidade. É tarefa educativa pelos elevados objetivos de suscitar no ouvinte o desejo de mudança consoante os paradigmas evangélico- doutrinários, corporificados no ideal do HOMEM DE BEM.

Podemos indicar, ainda, inúmeras outras atividades desenvolvidas pelas Casas Espíritas que se revestem de caráter educativo pelos efeitos que buscam provocar nos seus participantes; estudo, reflexão, auto-conhecimento, vivência. Seriam elas, para citar algumas:

Encontros, Semanas, Jornadas, Fóruns, Simpósios ou outra forma similar preocupada com o estudo e a divulgação da Doutrina Espírita;
Serviço Assistencial em suas múltiplas ações(visitas assistenciais, programas de apoio ao idoso, lares de crianças, hospitais psiquiátricos, dentre outras, na vasta e rica experiência do Movimento Espírita Brasileiro).(...)
Além das atividades acima (cuja lista pode ser ampliada em muito pelas peculiaridades de cada região) nos deparamos com todo um “clima pedagógico” no Movimento Espírita favorecedor do estudo e do estímulo à vivência evangélica:

Livros, feira de livros, clube de livros
Vídeos e videotecas
CDs, discos em vinil
Revistas, jornais
Programas de rádio e TV
Sites especializados para os internautas
Cursos, treinamentos para formação de recursos humanos, oficinas, ciclos de estudo, etc.
Como podemos observar, é tarefa da Casa e do Movimento Espírita “mergulhar” seus integrantes numa “atmosfera” de auto-educação permanente através da conquista de um novo olhar sobre a Vida e seu sentido que deve auxiliar a cada um de nós na construção de um Novo Homem cujo modelo nos foi oferecido pelo Mestre dos Mestres quando afirmou: “Sede perfeitos...” (Mt. 5:48)

Conscientes da grave responsabilidade que assumimos ao fundarmos ou participarmos como dirigentes ou trabalhadores de núcleos espíritas, meditemos quanto à própria disposição íntima que apresentamos face o programa de luz e libertação que a Doutrina Espírita nos descerra. Encerrando essa rápida incursão na dimensão educativa do Centro Espírita, recordemos esse trecho de rica mensagem do Espírito Emmanuel ditada por ocasião da posse da diretoria do Centro Espírita Luz, Amor e Caridade em Pedro Leopoldo, numa noite de agosto de 1939, ou seja, há sessenta anos, pelo então jovem médium Chico Xavier.

“Os núcleos doutrinários devem florescer por toda parte, de modo a efetivarmos os mais belos movimentos de assistência ao espírito coletivo, contudo, temos de imprimir ao nosso labor o mais alto sentido educativo, na realização da verdadeira fraternidade e da solidariedade real, à luz sacrossanta do Evangelho”.6

É, pois, tarefa inadiável disseminar entre nós, espíritas, o sentido educativo e regenerador que deve caracterizar as nossas intenções e ações na busca do homem novo proposto pelo Evangelho do Cristo.

Sem essa diretriz a nossa Casa Espírita pode resvalar para o desvio e a distorção por “... converter-se num instituto de nossa preocupação academicista...”7 descaracterizando-se da condição de “...educandário da alma, em função do nosso próprio burilamento para a imortalidade vitoriosa”,8 como nos alerta ainda o querido Emmanuel.

Sandra Maria

sábado, 29 de outubro de 2016

A maldade (humana)


Diante da banalização do mal que se espalha pelo mundo dos homens, resta-nos individual e coletivamente nos lançarmos ao bom combate, que é constante, exigindo-nos disciplina e perseverança. A guerra do bem contra o mal, tema de incontáveis livros e filmes, deve ser travada nos domínios dos nossos próprios corações, acima de tudo.

Lembrando-nos da alegoria dos ovos da serpente, devemos quebrá-los todos ainda no ninho, antes que libertemos o mal que ainda teima em fazer morada em nós. Se já desencadeamos o mal, somente nos resta sofrer-lhe as conseqüências, com serenidade e resistência.

Se nos embaraçamos nas tramas do mal, não basta arrependermo-nos de nossos atos e nos comprometermos à mudança por desencargo de consciência (ou por quaisquer formas de promessas); é necessário meditarmos profundamente no móvel de nossas ações; é preciso, enfim, mergulharmos a sonda da investigação em nosso espírito para o exame de nossos mais profundos sentimentos e pensamentos.

Se a nossa má ação decorreu, por exemplo, do exercício da violência, devemos buscar em nosso coração as raízes desta violência, esteja ela onde esteja; e somente há um meio de extirparmos definitivamente as raízes de todos os males: estarmos de permanente prontidão para domar, controlar-lhes as expressões... Aprende-se nas reuniões dos Anônimos (alcoólicos, em particular) que nossos vícios (as más paixões) não tem propriamente cura, mas tão somente controle. As lutas sem fim e sem quartel contra o mal exige-nos, desta forma, uma plena disponibilidade de vigilância e oração.

Caso nossa "meditação" acerca das raízes e frutos do mal seja superficial; caso não examinemos com rigor as causas de nossas ações, fatalmente incorreremos nos mesmos erros, quando as circunstâncias mudarem, quando forem outros os cenários. O motivo da reincidência está em que nós não exercitamos nosso "raciocínio moral", que também se desenvolve como o raciocínio lógico, matemático, etc.

Por outro lado, mesmo que não estejamos às voltas com as expressões mais visíveis do mal, como as paixões humanas tornaram-se mais “violentas e devastadoras, no homem que prossegue inquieto”, segundo Joanna de Ângelis, é possível que as conseqüências destas paixões nos atinjam, diretamente ou indiretamente. A tendência de nos refugiarmos no nosso mundo ainda preservado do contágio de tantos males pode nos tornar alheios a este mundo de provas e expiações. Mantermo-nos sensíveis à dor do próximo, por mais que isto nos possa incomodar ou constranger é atitude genuinamente cristã... Refugiar-se na indiferença, como fuga aos incômodos que as dores, as paixões e erros alheios nos causam, não é medida salutar.

Necessário se torna que aprendamos com nossas vivências práticas e com os exercícios do “raciocínio moral” e com um farto material de aprendizagem: os erros próprios e os alheios. O aprimoramento ético-moral exige, enfim, reflexão e mergulho em si mesmo. E se necessário for, que revisemos periodicamente nossas quedas e deslizes no campo moral, ativando a memória para nos lembrarmos dos tantos espinhos que já trazemos cravados na "carne do espírito", tal como ensina Paulo de Tarso. Estes espinhos nos lembrarão a nossa condição de enfermos em estágio de longa recuperação, necessitados de cautela...

E no mais, que acreditemos, como em Juízo Final, canção de Nelson Cavaquinho, que “do mal será queimada a semente / o amor será eterno novamente”, tendo a certeza de que todo o império do mal ruirá quando rompermos os elos que mantemos com as porções inferiores de nossa própria individualidade!

Abel Sydnei

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

No Centro Espírita


Nós pedimos muito por todos os Centros Espíritas.

Como também por todos os médiuns e frequentadores.

A nossa Casa é uma casa de oração, aonde temos o pretenso desejo de reunir irmãos afins para a prática da caridade plena.

Nós queremos muito que tudo saia conforme o planejado para ajuda de todos. Porém, algumas vezes, nós temos que pedir muito para que não se distraiam do foco.

Irmãos que se dispersam, que não tem disciplina no horário, que faltam nas tarefas, enfim, todos os ocorridos que se dão.

Pedimos que colaborem para o andamento dos trabalhos em prol de todos e de vocês mesmos.

Aos que saem desejamos bons dias em seu caminho. Caminho de escolha individual.

Aos que permanecem desejamos bons fluidos de Amor e paz. E que sigam com disciplina.

Agradecemos à todos.

Do irmão Humberto Rigón
Psicografia recebida no NEPT em 26 de outubro de 2016

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

A Paz


Refere-se Paulo de Tarso em uma de suas epístolas à "Paz que excede a todo entendimento".

Esta é uma condição ainda tão distante de nós que palmilhamos territórios de tantas dificuldades.

Mas podemos fazer um pequeno exercício de imaginar como seria este de "Paz" só possível em completa união com o Criador.

Lembra-nos Paulo que o caminho para tal estado de espírito é o Cristo, através da clareza e alcance de sua mensagem de Amor.

Exemplo vivo de superação, Paulo de Tarso nos restitui a lição de que a superação, o aprimoramento, a transformação nos são possíveis e estão acessíveis a todos que se dispuserem a abandonar o "homem velho" e retomar o caminho às leis universais de amor, de caridade, de verdade e justiça que nos foram transmitidas há mais de 2000 anos pelo Nazareno.

Alinhada com estas leis, um dia estaremos juntos a caminho da Casa Paterna.

Esta é a Esperança que nos anima o coração.

Abraços fraternos
Roberto Brólio
psicografia recebida no NEPT em 26 de outubro de 2016

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Mediunidade: uma benção



Os Espíritos superiores nos ensinam que a mediunidade está na Terra desde os primeiros processos da manifestação do homem no Planeta, e que nem mesmo nos momentos mais difíceis dos acontecimentos históricos, políticos, sociais etc..., por que passou a humanidade, em que muitos serviram de mártires, a mediunidade não recuou diante da tirania e da ignorância dos poderosos da época, que perseguiram homens e mulheres que foram barbaramente supliciados até a morte por serem provas vivas da verdade espiritual.

Muitos dos primeiros cristãos, médiuns de valiosos recursos mediúnicos, foram mortos da maneira mais bárbara possível, alguns traspassados por flechas incandescentes, outros foram cozidos vivos em azeite fervendo, outros jogados às feras nos espetáculos circenses para serem devorados vivos sob o aplauso da turba romana, patrocinados pelos imperadores sanguinolentos.

Mas, apesar de tudo, o Cristianismo seguiu conduzidos pelos benevolentes trabalhadores do Cristo, e grandes vultos da história do cristianismo surgiam, os profetas se multiplicavam, os fenômenos mediúnicos invadiram até mesmo a história da Igreja, pois muitos dos seus Santos foram médiuns na Terra. Podemos citar Santo Agostinho, São Luiz, etc.., e outras tantas personalidades da humanidade conhecidas em toda a Terra entre elas Joanna D’arc.

No livro dos médiuns, Capítulo XXXI - item XI, o espírito Pedro Jouty nos esclarece a esse respeito dizendo: ““O dom da mediunidade é tão antigo quanto o mundo. Os profetas eram médiuns. Os mistérios de Elêusis se fundavam na mediunidade. Os Caldeus, os Assírios tinham médiuns.

Sócrates era dirigido por um Espírito que lhe inspirava os admiráveis princípios da sua filosofia; ele lhe ouvia a voz. Todos os povos tiveram seus médiuns e as inspirações de Joana d'Arc não eram mais do que vozes de Espíritos benfazejos que a dirigiam. Esse dom, que agora se espalha, raro se tornara nos séculos medievos; porém, nunca desapareceu. Swedenborg e seus adeptos constituíram numerosa escola”.

Foi então que na primeira metade do século XIX os fenômenos mediúnicos abalaram a comunidade científica na América e na Europa, pois as mesas dançavam, e a presença dos fenômenos que se alastravam falavam à razão humana da existência de mais um enigma a ser decifrado pelos sábios e estudiosos.

Deus, então, por sua infinita misericórdia e bondade, fez surgir o sol fulgurante da verdade e, era necessário uma alma de escol, para recebê-lo e interpretá-lo sob uma nova ótica, diferente daquela até então utilizada pelos cientistas da época, inteiramente voltada para o materialismo.

Surge nesse grave momento, o extraordinário Espírito incumbido de tão grande e sublime missão, o codificador Allan Kardec que empregou toda sua genialidade e cultura científica milenares, na organização dos ensinos ministrados pelos Imortais do Mundo Maior, lançando os livros contendo a filosofia, a ciência e a religião espírita.

Daquele momento em diante, a mediunidade deixava de ser mística e sobrenatural, para ser entendida como mais uma ferramenta de que o ser humano pode se utilizar, de maneira positiva, em benefício próprio e do seu semelhante.

Hoje, esclarecidos pela terceira revelação, podemos entender que a mediunidade é coisa sagrada, que deve ser praticada de maneira digna e responsável, exercida com devotamento, discrição e humildade, no anonimato em benefício da humanidade.

Os médiuns não são seres privilegiados em missão na mediunidade, são sim na maioria das vezes, seres endividados e em necessárias provas e rígidas expiações a caminho da sua própria regeneração diante das Leis eternas e imutáveis que regem o destino dos seres humanos.

Para finalizar, recorreremos mais uma vez ao Livro dos Médiuns, ainda no Capítulo XXXI, onde encontramos a comunicação que abaixo transcrevo, como seguro ensinamento para todos que laboramos nos trabalhos que a mediunidade nos premia e que precisamos saber dar o devido valor.

“Todos os homens são médiuns, todos têm um Espírito que os dirige para o bem, quando sabem escutá-lo. Agora, que uns se Comuniquem diretamente com ele, valendo-se de uma mediunidade especial, que outros não o escutem senão com o coração e com a inteligência, pouco importa: não deixa de ser um Espírito familiar quem os aconselha. Chamai-lhe espírito, razão, inteligência, é sempre uma voz que responde à vossa alma, pronunciando boas palavras. Apenas, nem sempre as compreendeis.

Nem todos sabem agir de acordo com os conselhos da razão, não dessa razão que antes se arrasta e rasteja do que caminha, dessa razão que se perde no emaranhado dos interesses materiais e grosseiros, mas dessa razão que eleva o homem acima de si mesmo, que o transporta a regiões desconhecidas, chama sagrada que inspira o artista e o poeta, pensamento divino que exalça o filósofo, arroubo que arrebata os indivíduos e povos, razão que o vulgo não pode compreender, porém que ergue o homem e o aproxima de Deus, mais que nenhuma outra criatura, entendimento que o conduz do conhecido ao desconhecido e lhe faz executar as coisas mais sublimes.

Escutai essa voz interior, esse bom gênio, que incessantemente vos fala, e chegareis progressivamente a ouvir o vosso anjo guardião, que do alto dos céus vos estende as mãos. Repito: a voz íntima que fala ao coração é a dos bons Espíritos e é deste ponto de vista que todos os homens são médiuns”.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Fazer o Bem


A grande síntese evolutiva e de religação da criatura humana com as leis do Criador, conforme ensinamento dos espíritos superiores, consiste no seguinte:

1 - Aquisição de conhecimento, através de nossa predisposição à busca pessoal de conhecimento;

2 - Trabalho no bem, como esforço persistente pela reforma íntima e conseqüente disseminação de valores e atitudes de conduta espiritualizadora.

Ao centro espírita cabe desenvolver e aplicar a didática estratégica e eficientemente afinada com essas duas alavancas de elevação.

É interessante o quanto a espiritualidade superior, através de mensagens enviadas à Terra, bate insistentemente nessas duas teclas: educação espiritual e autoconhecimento.

O estudo e a prática assimilativa dessas mensagens possui a peculiaridade de alterar nossas cogitações mentais, freqüentemente infelizes e limitadas. Quando adquirimos novos referenciais, pelo estudo e vivência, é como se espraiássemos o olhar interior pelas vastidões das próprias potencialidades. Não basta ser, é necessário ser mais e melhor, afirma Léon Denis, ao desdobrar a lógica existencial cartesiana.

Desde as "mesas girantes" à transcomunicação, a mensagem é automelhorar-se e praticar o Bem

Desde o surgimento das "mesas girantes" aos mais modernos contatos realizados pela transcomunicação, os espíritos não sugerem outra coisa aos homens senão a necessidade de aprimoramento de seu senso espiritual e a prática do bem, como resultante. Ou seja, cabe ao homem redirecionar sua vontade, auto-edificando-se, permitindo o despertamento da sensibilidade em agir amenizando o sofrimento alheio, o quanto possível, quer seja de natureza material, moral ou espiritual.

Embora ainda haja muita incompreensão e dores, afirma o espírito de Franz Liszt à célebre médium inglesa Rosemary Brown, estamos próximos do que ele chama o "raiar da compaixão", em que aqueles que não se preocupam com os outros perceberão que é apenas mais prático cuidar dos menos afortunados. E enfoca o problema que parece insistirmos não ver: "Qualquer parte de uma comunidade que sofre, ocasiona uma série de reações sobre a restante". O que equivale dizer: não há como viver, muito menos auto-realizar-se sozinho, isolado.

Para elevar-se, há que se aprender também a elevar o semelhante. Não é possível entender nada sobre realização espiritual sem que provoquemos, em nosso íntimo, uma motivação para o despertar da compaixão, para o sentido da caridade dinâmica, eficazmente consoladora, educativa e dignificante.

Certa vez, uma afortunada senhora, muito culta e "espiritualizada", criticava um entusiasmado praticante espírita ao saber de suas incursões semanais a uma determinada favela, na periferia de São José do Rio Preto, dando ensejo às suas pequeninas iniciativas de auxílio espiritual e material. Junto a um grupo de confrades de um centro espírita atento aos benefícios do estudo e do trabalho no bem, reunia-se para um sistematizado contato fraterno, de esclarecimento e afeto, com a criançada sofrida daquele local.

Advertiu a senhora: "(...) além de não resolver nunca o infortúnio deles, você não precisa ir fisicamente até lá. Basta fazer vibrações, evocar os grandes mestres espirituais, as poderosas falanges cósmicas e para lá projetar visualizações de luz, paz e amor".

Ao que o modesto praticante espírita explicou: "É bem verdade que nossas preces e intenções são aproveitadas pelos bons espíritos, mas o grande Mestre Jesus, quando nas esferas resplandecentes, não se limitou a visualizar e a desejar o bem aos terrícolas, mas veio e exemplificou, ensinando que não há outro meio de amar e consolar, em plenitude, senão amando e consolando, doando da própria presença física, compartilhando a dor alheia...

Lembrando das bênçãos da oportunidade presente, pensamos em nosso centro espírita. É essencial que ele esteja ajustado à essência doutrinária de Allan Kardec, sabendo promover benefícios consistentes, dentro e fora de suas dependências, com eficiência capaz de revitalizar a mente e o coração de seus trabalhadores e assistidos, encarnados e desencarnados, sempre atento a essas duas alavancas da reforma íntima: estudo superior e trabalho no bem.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Memória extra-cerebral


É este o termo técnico usado por cientistas e parapsicólogos para as lembranças espontâneas de crianças que, geralmente a partir do começo da fala ao redor dos dois anos, parecem demonstrar recordações referentes a pessoas e fatos existentes ou ocorridas antes de seu nascimento (STEVENSON, 1995; ANDRADE, 1993; SHRONDER, 2001). As crianças não dizem lembrar-se que vêem tais pessoas ou fatos, mas que são estas pessoas e que vivenciaram pessoalmente estes fatos.

A memória extra-cerebral traz o incômodo paradoxo de que as lembranças narradas (e, em vários casos, posteriormente confirmadas através de documentos, etc.) não foram registradas através da aparelhagem neuropsicomotora do sujeito que as detêm, mas, a principio, pelo "cérebro" e demais órgãos sensoriais de uma outra pessoa, impreterivelmente morta à época em que a criança espontaneamente narra suas lembranças, muitas vezes referentes a outras famílias e em outros locais que não estão em relação com a família da criança hoje (STEVENSON, 1995; ANDRADE, 1993; SHRODER, 2001). Este fenômeno faz questionar se o modelo mecanicista da mente dominante na ciência não será limitado demais... Pois o fenômeno parece ter um substrato psíquico não necessariamente associado ao sistema nervoso da criança que recorda.

Hoje, a pesquisa da Memória Extra-Cerebral adentra os corredores das universidades. Entre estas, temos de destacar as pesquisas iniciadas pelo Dr. Ian Stevenson na Universidade de Virgínia, Estados Unidos, onde foi professor de Psiquiatria e Psicologia e, mas recentemente, chefe da Divisão de Estudos da Personalidade. A Psychical Research Foundation, da mesma universidade, possui uma revista própria, científica, dedicada a todos os aspectos metodológicos da pesquisa que sugiram a sobrevivência após a morte do corpo físico, incluindo todos os fenômenos parapsicológicos, além dos estudos de casos de Memória Extra-Cerebral. A revista chama-se THETA, não sem razão o nome dado aos prováveis agentes não-físicos causadores de vários dos fenômenos paranormais ligados à teoria da sobrevivência (Poltergeists, Memória Extra-Cerebral, Aparições, etc.). As pesquisas neste sentido realizadas por pesquisadores da Universidade de Virgínia ganhou o nome de "Projeto THETA".

Diversos fatores diferenciais são utilizados como métodos e técnicas de indícios de Reencarnação. Citemos:

1) Experiências de Regressão de Memória Artificialmente Provocadas quer seja através de hipnose ou de relaxamento profundo. Tem o incoveniente de que a sugestão da regressão possa provocar lembranças fictícias para atender a expectativa do hipnólogo, mas, ao mesmo tempo, pode atingir realmente instâncias profundas do inconsciente (PINCHERLE, 1990);

2) Regressão de Memória Espontânea. Caso raro em que certas pessoas entram em transe espontâneo e recordam de eventos prováveis de vidas passadas;

3) Memórias Espontâneas. Geralmente ocorrem em crianças e adolescentes que, em dado momento, começam a recordar nitidamente reminiscências ligadas a uma personalidade que elas dizem ser em outro tempo e lugar. Em algumas destas lembranças existem marcas de nascença que, de alguma forma, estão ligados a traumas físicos que elas dizem ter causado a morte na sua vida anterior.

Entre os primeiros investigadores europeus a realizar estudos sobre memórias espontâneas ligadas a marcas de nascença, está o Dr. Resart Bayer, psiquiatra e presidente da Sociedade Turca de Parapsicologia. Fala o Dr. Bayer que "Certos sinais ou marcas congênitas, muito evidentes, como cicatrizes, etc., que não têm explicações dentro das leis biológicas mas que obrigatoriamente têm de ter uma causa" geralmente associadas às lembranças espontâneas em sua quase totalidade ligadas a ferimentos e traumas que causaram a morte em outra vida, e obrigam a ciência a ocupar-se com seriedade destes fenômenos. O Dr. Stevenson publicou um livro, em dois volumes, com mais de mil páginas, com casos documentados de memórias espontâneas ligadas a marcas de nascença (STEVENSON, 1997). Estes casos são muito raros, mas o conjunto de casos levantados por Stevenson e colaboradores não podem ser negligenciados como as melhores evidências a favor da hipótese da Reencarnação.

Carlos Antonio Fragoso Guimarães

sábado, 22 de outubro de 2016

Entender a si mesmo: fundamental


Por que razão nós traímos a confiança de outrem?

Por que razão nós enganamos, enciumamos, ofendemos e até mesmo matamos?

Não fiquem sem a resposta.

Ouçam a voz de Deus.

Leiam a palavra de Jesus.

Continuem seus estudos, sempre com o evangelho do Cristo nas mãos.

Ele é o caminho, a verdade e a vida.

Aprendam com ele.

Nós esperamos muito da Vida, mas não contribuímos com ela.

Entendam a si e assim vivam com maior paz.


Psicografia recebida no NEPT em 21 de outubro de 2016
Roberto Brólio

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

O perdão é indispensável


Se o Cristo-Jesus, afirma que o perdão é indispensável, quem poderá dizer o contrário?

Em cada jornada individual do sentido espiritual da vida é mister iniciar, ou estar disposto ao processo de perdão e auto-perdão.

Muito difícil, mas essencial.

Somos os piores carrascos de nós mesmos, quando não perdoamos.

O Pai ama todos os seus filhos.

O exemplo é amar.

Afinal, somos a obra de Deus.


Carlinhos
Psicografia recebida no NEPT em 27 de julho de 2016

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

As muitas moradas


Queridos irmãos, "Há muitas moradas na casa de Meu Pai".

Assim nos lembrou Jesus de que através da transitoriedade de nossas experiências no tempo e no espaço, somos chamados a participar de inúmeras "moradas".

Estadias que são, posto que jornadeamos pelas identidades e pelos sítios do Universo com o intuito sagrado de crescer, de aprender a amar.

Recebe-nos um planeta maravilhoso, especialmente preparado para nosso acolhimento.

O Reino Mineral, o Vegetal e o Animal podem configurar nossas paisagens como um verdadeiro Paraíso.

Cuidemos pois com muito amor, muito respeito deste patrimônio bendito que deverá se perpetuar ainda para as futuras gerações.

Habitamos uma Pátria territorial para com a qual temos compromissos de trabalho, de desenvolvimento comunitário, de exemplificação de valores, de retidão e progresso.

Somos hóspedes de um lar onde nos foi dada uma família para que na intimidade fraterna, cresçamos e juntos possamos constituir também a "escola" de continuidade de amor, do berço de nossos descendentes.

Habitamos um corpo físico, uma casa mental que nos foi ofertada pelo Pai para que através de determinado intervalo de tempo possamos alcançar progresso moral e sabedoria.

Cabe-nos, enfim, a gratidão permanente ao Pai.

Poderemos expressá-la dignificando, honrando e cuidando de nossas casas.

Que Deus em sua infinita misericórdia permita que assim possamos nos conduzir.

Abraços fraternos
Roberto Brólio
psicografia recebida no NEPT em 19 de outubro de 2016

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Tornar-se útil é o dever do Espírita


“A estes doze enviou Jesus, dando-lhes as seguintes ordens: Não vos desvieis para a estrada das nações, e não entreis em cidade samaritana; mas ide antes continuamente às ovelhas perdidas da casa de Israel” - Mateus, cap. 10, vs. 5 e 6

Chama a atenção o fato de Jesus recomendar aos discípulos “não pegarem a estrada das nações”, em outras versões consta a instrução “para não irem aos gentios”. Acrescenta - “não entreis em cidade samaritana”. Por que a preferência para “as ovelhas perdidas da casa de Israel?”

Há quem entenda que Israel era o povo escolhido e por isso tinha a preferência. Mas se Jesus, em outra parte do Evangelho afirma que “das ovelhas que o Pai Lhe confiou nenhuma se perderá”, e sabemos que essas “ovelhas” são a humanidade inteira; e ainda Ele prevê que haverá “um só rebanho e um só pastor”, como entender o texto citado de início?

Certamente, no início da tarefa dos apóstolos eles ainda não estavam preparados para divulgar os ensinos em outras nações, onde, por certo, as dificuldades seriam maiores.

Era necessário um preparo, um treinamento, e para isso era preciso começar “pelas ovelhas perdidas da casa de Israel”, ou seja, em suas próprias cidades, onde havia melhores possibilidades de êxito. Mais tarde, Jesus chama Paulo de Tarso, na estrada de Damasco. Paulo recebe a tarefa de ir aos gentios, tarefa difícil, mas ele estava preparado. Conhecia bem a Lei, sabia falar vários idiomas, estava preparado para a missão.

Isto nos leva a refletir que, para realizar tarefas importantes, precisamos nos preparar devidamente.

Se não estamos em condições de realizar trabalhos de maior vulto, devemos realizar os encargos menores, mais compatíveis com nossas possibilidades, enquanto vamos nos exercitando para, um dia, desenvolver trabalhos de mais significado.

Se estou com minha caneca vazia, não consigo dar de beber ao meu próximo.

Se ainda não consegui certo equilíbrio, harmonia interior, convicção no que creio e falo, como passar uma mensagem de esperança, de confiança e de bom ânimo ao meu semelhante?

As pessoas demonstram dificuldades para os trabalhos pequenos, os chamados “servicinhos”, e que são muito importantes.

E todos temos uma tarefa importante, difícil, que é vencer a nós mesmos.

Nossas paixões inferiores, o melindre, a dificuldade de relacionamento, o orgulho, o egoísmo. Na verdade, nossa tarefa mais importante, e mais difícil, é nossa própria transformação para melhor.

Mudar a nós mesmos, afeiçoando-nos aos ensinos que já aceitamos teoricamente, esse o trabalho difícil.

Primeiro requer algum grau de humildade para reconhecer que precisamos mudar.

Se o doente não se reconhece como tal, não procura o médico.

Conseqüente, não se trata, e a enfermidade não é debelada.

Ensinamento muito claro do Espiritismo é este: todos necessitamos de evolução espiritual, subir os degraus da escada do progresso.

Estamos num mundo pouco evoluído, e somos Espíritos que estamos muito longe dos patamares mais elevados da escala espiritual.

Entretanto, mesmo com a clareza dos ensinamentos, muitos, ao que parece, se julgam sábios e bons, senão perfeitos, pelo menos quase.

Há quem não participe de nenhum grupo de trabalho, não frequente Centro Espírita, porque os dirigentes, os expositores, os que militam na Doutrina, no entender dessas pessoas, não estão em condições de divulgar os ensinamentos.

A pessoa exige perfeição dos outros, mas não reflete que ela também carrega imperfeições.

Se quero chegar a um determinado ponto de uma cidade que não conheço, e se peço informação a alguém, por telefone, para que ela possa me orientar, necessito dizer a ela onde me encontro.

Se eu não sei onde estou, fica difícil o outro me ensinar o caminho.

Se não reconheço minhas necessidades evolutivas, fica difícil realizar mudanças no meu íntimo.

A subida da escada evolutiva é difícil porque além de nossas limitações, da bagagem que trazemos do passado (o inconsciente?), recebemos as influências do meio em que atuamos, influências negativas porque a maioria também é pouco espiritualizada.

Essa influência, como sabemos, vem não só dos companheiros de jornada terrena, mas também do plano espiritual.

Para vencermos os leões do orgulho e do egoísmo temos que travar verdadeira batalha íntima.

Certa feita alguém perguntou ao Francisco C. Xavier se ele temia alguma coisa e ele respondeu que sim. Temia os monstros que temos de vencer e que estão em nós mesmos: são as paixões inferiores.

As tentações do mundo existem porque encontram ressonância em nós.

Na pergunta 913 de O Livro dos Espíritos, Kardec indaga qual o vício mais radical, isto é, que tem mais raízes, e conseqüentemente mais difícil de ser erradicado. Resposta: o egoísmo.

E como combater o egoísmo? Atacando os filhos dele, ou seja, a impaciência, o desejo de privilégios, o melindre, a intolerância, a dificuldade de aceitar as outras pessoas como são.

Devemos entrar na fila como todos, sem disputar tratamentos especiais, não nos consideramos melhores, nem mais sábios do que os outros. “Saber que não sabemos”, conforme falou o sábio da antigüidade.

Se sabemos um pouquinho, isto é quase nada face ao muito que ainda precisamos saber. Os instrutores espirituais ensinam que, para combater o egoísmo, devemos cultivar as virtudes opostas a ele, ou seja, o altruísmo, o desapego, a humildade, a tolerância. Aprendendo a amar estaremos combatendo o egoísmo.

Necessário perseverança, continuidade do esforço, paulatinamente, como uma escada que se sobre degrau a degrau. Façamos como ensina Santo Agostinho: levantamentos diários, para verificar se estamos melhorando.

Lembra André Luiz: “O dever do Espírita é tornar-se progressivamente melhor, útil, assim, verificar, de quando em quando, com rigoroso exame pessoal, a nossa verdadeira situação íntima. Espírita que não progride durante três anos sucessivos permanece estacionário”

José Argemiro

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Cremação: e aí, pode ou não pode?


O Espírito desencarnado sofre quando seu corpo é queimado? Quais são os motivos que estão levando um número cada vez maior de pessoas a optar pela cremação? O que o Espiritismo aconselha?

Quando se estuda o comportamento da Humanidade ao longo dos milênios, observa-se a nítida preocupação do homem com seu futuro após a morte. Um indivíduo é declarado oficialmente morto no momento que cessam suas funções vitais. Como cada grupo recebe a herança social e religiosa das tradições cultivadas pelas gerações anteriores, cabe aos membros do grupo que o indivíduo pertence cumprir os ritos tradicionais até a instalação definitiva do corpo em sua morada.

A Inumação é o ritual mais praticado. Consiste no sepultamento do cadáver em campas, geralmente no cemitério da comunidade. Cremação, ato de queimar o cadáver reduzindo-o à cinzas colocadas em urnas e em seguidas sepultadas ou esparzidas em local previamente determinada. Embora conhecida e praticada desde a mais remota antiguidade pelos povos primitivos da Terra não é muito utilizada.

O fogo passou a ser utilizado pelo homem na Idade da Pedra Lascada e, pela sua pureza e atividade, era considerado pelos Antigos como o mais nobre dos elementos, aquele que mais se aproximava da Divindade. Com a eclosão da religiosidade, o ser humano foi descobrindo que havia algo entre o Céu e a Terra e o fogo passou a ser utilizado em rituais religiosos.

Predominava a crença que ao queimar o cadáver, com ele seriam queimados todos os seus defeitos e ao mesmo tempo a alma se libertaria definitivamente do corpo, chegando ao céu purificada e não retornaria à Terra em forma de "aparições" assustando os vivos.

A cremação teve como base a força purificadora do fogo. Nos últimos tempos, em todo o continente europeu tem sido encontradas vasilhas do Período Neolítico (Idade da Pedra Polida) cheias de cinzas do indivíduos. Esses indícios revelam que a cremação já era praticada nos primórdios da Civilização Terrena.

Com o decorrer dos séculos a cremação foi se tornando prática consagrada no oriente (Índia, Japão, etc), regiões da Grécia e Antiga Rosa onde viviam civilizações adiantadas que utilizavam o processo graças ao "status". Entre os povos ibéricos tornou-se um rito generalizado, precedido de músicas, bailes e até banquetes. Com estas cerimônias esperava-se obter atitudes benévolas dos deuses, visando conduzir as almas ao Reino dos Mortos e lá chegando seria recebida e cuidada com carinho.

A evolução natural da Humanidade e o ciclo iniciado com Jesus há 2000 anos modelando uma nova mentalidade, influenciavam sensivelmente nos costumes culturais e religiosos dos povos. Com a expansão do cristianismo, na tentativa de se solidificar a fé, foram se estabelecendo dogmas, entre eles, o da Ressurreição. Jesus, como descendente de uma das doze tribos de Judá, foi sepultado conforme as tradições da Lei Mosaica. A Igreja proclamou como Dogma de fé que o Messias ressuscitou de corpo e alma.

Com exceção dos países orientais onde a prática é normal, o rito da cremação ficou esquecido até o ano de 1876, quando em Washington, nos Estados Unidos, na tentativa de revificar o processo, foi estabelecido o primeiro forno crematório dos dias atuais, provocando polêmicas e controvérsias, sobretudo da Igreja que se posicionou contra a destruição voluntária do cadáver.

Só a partir de 1963, mediante a propagação do processo em diversos Países do Planeta, o Vaticano através do Papa Paulo VI apresentou uma abertura, mas não se posicionando claramente quando se expressou que não proibia a cremação, mas recomendava aos cristãos o piedoso e tradicional costume do sepultamento. A Igreja teve suas razões para defender a Inumação. Aprovar plenamente a cremação seria negar o dogma por ela estabelecido.

Nessa seqüência histórica observa-se que na cultura religiosa de todos os povos sempre pairou uma nebulosa noção de espiritualidade e nela a preocupação do homem com seu destino após a morte. Até que nos meados do século XIX, o francês Allan Kardec, codificador da doutrina espírita, lançou uma nova luz nos horizontes mentais do homem quando entreviu um mundo de inteligências incorpóreas.

Os espíritos são os seres inteligentes da Criação que habitam esse mundo. Simples e ignorantes no seu ponto de partida, caminham para o progresso indefinido reencarnando sucessivamente. Na encarnação, a ligação entre o perispírito e o corpo é feita através de um cordão fluídico. Sendo a existência terrena uma fase temporária, após o cumprimento da missão moral, com a morte do corpo físico o espírito retorna ao seu lado de origem conservando a individualidade.

Os laços que unem o espírito ao corpo se desfazem lentamente. De uma forma geral todos sentem essa transição que se converte num período de perturbações variando de acordo com o estágio evolutivo de cada um. Para alguns se apresenta como um bálsamo de libertação, enquanto que para outros são momentos de terríveis convulsões. O desligamento só ocorre quando o laço fluídico se rompe definitivamente.

Diante da Nova Revelação apresentada pela doutrina dos espíritos e levando-se em consideração a perturbação que envolve o período de transição, questionou-se: cremando o corpo como fica a situação do espírito? Consultado, o mundo espiritual assim se expressou: "É um processo legítimo. Como espírito e corpo físico estiveram ligados muito tempo, permanecem elos de sensibilidade que precisam ser respeitados".

Essas palavras revelam que embora o corpo morto não transmita nenhuma sensação física ao Espírito, porém, a impressão do acontecido pode ser por este, havendo possibilidades de surgir traumas psíquicos. Recomenda-se aos adeptos da Doutrina Espírita que desejam optar pelo processo crematório prolongar a operação por um prazo de 72 horas após o desenlace.

Embora a Inumação continue sendo o processo mais utilizado, a milenar cremação, por muito tempo esquecida, voltou a ser praticada nos tempos modernos. Este procedimento vem se difundindo amplamente até em função da falta de espaço nas grandes cidades. Com o crescimento da população as áreas que outrora seriam destinadas a cemitérios tornaram escassas.

Adeptos de todas as seitas e religiões estão optando pela operação crematória. Seus partidários fundam-se em diversas considerações. Para alguns está ligada a fatores sanitários, sendo que alguns cemitérios podem estar causando sérios danos ao meio ambiente e à qualidade de vida da população, enquanto que para muitos usuários do crematório o processo diminui os encargos básicos econômicos, entre eles, a manutenção da tumba.

Atualmente, o Brasil conta com quatro áreas crematórias e está em fase de expansão. A área da Vila Alpina, na cidade de São Paulo, foi fundada em 1974. É a primeira área crematória do país e conta com quatro fornos importados da Inglaterra. Pertence à Prefeitura Municipal e leva o nome do seu idealizador, dr. Jayme Augusto Lopes. As outras três áreas são particulares e estão localizadas na cidade de Santos, no Estado do Rio de Janeiro e no Estado do Rio Grande do Sul.

Segundo a Lei, a cremação só será efetuada após o decurso de 24 horas, contadas a partir do falecimento e, desde que sejam atendidas as exigências prescritas. A prova relativa à manifestação do falecido em ser cremado deve estar consistente de Declaração de documento público ou particular.

As cinzas resultantes da cremação do corpo serão recolhidas em urna individual e a família dará o destino que o falecido determinou. Muitos países já contam com Jardins Memoriais e edifícios chamados "Columbários", com gavetas para serem depositadas as urnas com as cinzas dos falecidos podendo ser visitadas por parentes.

Kardec, o codificador disse: "O homem não tem medo da morte mas da transição".

À medida que houver amadurecimento e compreensão para a extensão da vida, o ser humano saberá valorizar cada momento da vida terrena e devotará ao corpo o devido valor que ele merece. Através do corpo, o espírito se ilumina. Resgata-se o passado, vive-se o presente e prepara-se o futuro. No desencarne é restituída a liberdade relativa ao espírito enquanto o corpo permanece na Terra com outros bens materiais.

O espírito preexiste e sobrevive ao corpo. Tanto inumação como cremação são formas de acomodar o cadáver. Expressam o livre arbítrio de cada um. Os dois processos destroem o corpo. Para se optar pela cremação é necessário haver um certo desapego aos laços materiais e mesmo com a inumação, caso o espírito não estiver devidamente preparado, poderá sofrer os horrores da decomposição. Quanto mais o espírito estiver preparado moralmente, menos dolorosa será a separação.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Jesus, o Redentor


No décimo quinto ano do império de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judéia, veio João Batista, filho de Zacarias, pregando pelo deserto. Interpelado pelos sacerdotes e levitas, respondeu-lhes que ele não era o Cristo, não era Elias e nem profeta; que batizava com água, até que eles conhecessem aquele que lhe foi preferido, aquele de cujas sandálias, ele, João, não era digno sequer de desatar as correias, aquele que batizava com o Espírito-Santo. E, então, lhes repetiu o que pregava às multidões: — “Convertei-vos, pois que o reino dos céus está próximo”, porquanto a ele se refere o profeta Isaías, dizendo: — Voz que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor; aplainai as suas veredas; todo vale será aterrado, abater-se-ão todos os montes e colinas; tornar-se-ão retos os caminhos tortuosos; planos, os acidentados; e todo homem verá a salvação de Deus.”

João trazia uma veste de pêlos de camelo e um cinto de couro em volta da cintura; alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. Os habitantes de Jerusalém, de toda a Judéia e de toda a região circunvizinha do Jordão vinham ter com ele; e, confessando os seus pecados, eram por ele batizados no Jordão.

Vendo muitos fariseus e saduceus que vinham para o batismo, disse-lhes João: — Raça de víboras, quem vos preveniu que fugísseis da cólera vindoura? — Tratai de produzir frutos de sincero arrependimento, e não procureis dizer intimamente: “Te­mos Abraão por pai”; porque eu vos declaro que destas pedras pode Deus fazer que nasçam filhos a Abraão. O machado está posto à raiz das árvores: toda árvore, pois, que não dá bom fruto é cortada e lançada ao fogo. Eu, na verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que há-de vir, depois de mim, é mais poderoso do que eu, e não sou digno de levar-lhe as sandálias; ele vos batizará com o Espírito e com fogo. Traz na mão a pá e limpará completamente a sua eira; recolherá o seu trigo no celeiro e queimará a palha em fogo inextinguível” (Lucas, III:1-17.)

O Evangelho reporta-se a três categorias de batismo: o da água, o do fogo e o do Espírito-Santo, O primeiro, isto é, o da água foi aplicado por João Batista; os dois últimos, segundo o testemunho do mesmo Profeta, são de Jesus.

João Batista fora, consoante a inconteste e positiva afirmativa de Jesus, Elias reencarnado, embora ele, tal como comumente acontece a todos nós, que não temos recordação de nossas existências anteriores, ignorasse, necessariamente, aquela sua encarnação pretérita.

O papel de João Batista, como ele próprio afirmara, consistia em preparar a ambiência para receber Jesus.

O ponto principal das suas dissertações era o de aconselhar a confissão íntima da culpa, seguindo-se-lhe o arrependimento e a regeneração a fim de receberem o Enviado Celeste. Nesse propósito, João ia batizando, no rio Jordão, aqueles que lhe acudiam ao apelo, os quais, através daquele símbolo, assumiam publicamente o compromisso de mudar de vida, de se transformarem, deixando hábitos pecaminosos e costumes corrompidos. Como tal, e Batista só aplicava o seu batismo em adultos. Notemos bem esta particularidade: em pessoas no uso completo da razão, que podiam prometer, por isso que sabiam perfeitamente do que se tratava e da responsabilidade que contraíam. E’ claro que ele fez sentir aos fariseus que o batismo da água não isentava ninguém das culpas cometidas, nem constituía, por si só, elemento de redenção; mas, apenas, importava na promessa solene, feita em público, de corrigir-se, dando novo rumo e nova orientação ao modus vivendi até ali adotado.

Os símbolos — estes ou aqueles — nada podem e nada valem por si próprios, isto é, em sua forma ou apresentação material. O seu valor está na idéia que encerram e no sentimento que despertam. Por isso mesmo, é necessário, antes de tudo, saber interpretar o símbolo, o que equivale a dizer, conhecer a idéia que ele encobre. As letras do alfabeto são símbolos, os quais têm grande significação e importância para os que sabem ler; para o analfabeto, porém, nada representam, nenhuma importância podem ter. O mesmo se dá, evidentemente, com o simbolismo em geral, sob todos os aspectos. Esta circunstância é que o Batista fez sentir aos fariseus, homens hipócritas e desleais que procuravam batizar-se formalisticamente, apenas para aparentar bons propósitos.

Como vãs serão as diligências e inúteis os ensaios procurando solucionar os graves problemas da vida, através de sofisticarias, ritualismos, artimanhas e sortilégios!

Em tal importam, em espírito e verdade, as advertências do Batista, dirigidas aos homens desleais e dolosos de todos os tempos, representados, naquela época, pelos fariseus e saduceus.

Ocupemo-nos, agora, das duas modalidades de batismo: a do fogo e a do Espírito-Santo. Vejamos em que consistem.

O que é da Terra é da Terra; tem o seu cunho próprio e inconfundível. Por sua vez, o que é do Céu é do Céu; traz o característico, a identidade que o torna distinto, inimitável.

O batismo da água é da Terra. João empregou-o alegoricamente, com o fim que já expusemos. Como criação humana, pode ser mistificado, adulterado em sua finalidade, pois tudo que é do homem está sujeito a essa contingência. Mas o que vem de Deus escapa às influências mundanas, impõe-se por si mesmo, é inalterável; não se confunde nem se expõe ao perigo dos desvirtuamentos e das deturpações.

Com as outras duas espécies de batismo — o do fogo e o do Espírito-Santo, tal coisa não se verifica, justamente porque são de origem divina. Aquele, o da Terra, pode ser manobrado pelos homens, a seu talante. O seu emprego pode ser usado e abusivo, por isso que é da Terra. Outro tanto, porém, não sucede com o batismo do fogo e do Espírito. Na sua aplicação, os homens não podem intervir. Trata-se de fenômenos regulados pelas leis divinas, leis naturais que tudo regem no Universo. Nesse setor, é defeso ao homem penetrar e intervir. Nem mesmo como intermediário lhe é permitido funcionar na aplicação daqueles batismos, cuja ação e cujo poder realmente purificam e redimem as criaturas.

Entremos, agora, na apreciação do batismo do fogo.

Chama-se de fogo ao batismo decorrente de uma situação séria e decisiva de que participemos, pela primeira vez, na vida prática. Dir-se-ia uma prova eliminatória em que tivéssemos de fazer valer toda a. nossa capacidade, todo o nosso valor, todos os nossos recursos de habilitação. O soldado, por exemplo, que estrela na. peleja, combatendo e sendo combatido, recebe o batismo de fogo. Assim, pois, este se configura nas lutas incruentas, nas provas e nas expiações que resultam da encarnação. A alma. que enverga a libré da carne é lançada na liça. Ela tem que porfiar para se afazer ao meio; tem que prever todas as necessidades reclamadas pela matéria e a elas prover; tem que suportar a bagagem que traz do passado, a qual forma o seu ambiente interior; tem que se pôr em choque com as suas companheiras de exílio cujas imperfeições e defeitos entram em conflito com as suas próprias imperfeições e defeitos tem que arcar com as contingências e vicissitudes próprias deste mundo, tais como a ilusão dos sentidos, a enfermidade, as ingratidões, a injustiça, a inveja, o ciúme, as perseguições, as rivalidades, os padecimentos físicos e morais, a separação dos entes queridos; e, finalmente, tem que enfrentar a própria morte.

A Sra. Anne Dooley também adianta que 90% dos pacientes tratados no Hospital de Porto Alegre são católicos romanos.

Explica, em linhas gerais, como funciona o hospital e, em seguida, sai com esta: “Ferrari faz a surpreendente (“astoníshing») declaração de que, em muitos casos, essas entidades (obsessoras) se revelam “inimigos em vidas anteriores que se vingam dos adversários que os prejudicaram em passadas existências”.

Cautelosamente, a articulista passa rapidamente sobre o assunto, dizendo que “Tenha ou não substância a sua teoria (a de Ferrari), sem dúvida que muito trabalho de alta categoria está sendo realizado no Brasil”. Acha que deveria ser designado um comitê de alto gabarito para estudar o assunto aqui, em nosso país. Termina o seu artigo de maneira muito curiosa, dizendo que o Dr. Wickland abriu a picada, na primeira metade deste século. “Quem, na segunda metade do chamado século científico, dará provas de igual coragem e lucidez?

Podemos responder com outra pergunta: Onde estão os que não acham surpreendente a afirmativa de Conrado Ferrari? Esses, dizemos nós, estão perfeitamente em condições de demonstrar coragem e lucidez. Há outra pergunta complementar a fazer: Como é que poderemos começar a entender o mecanismo do Espírito e da lei cármica sem a ajuda racional, evidente, lógica, da reencarnação?

Nem que fosse a propósito, para dar continuidade à questão palingenésica, aqui está neste mesmo número de “Two Worlds” a primeira parte (de duas) de um artigo de Alan Howgrave-Graham. Chama-se “Reencarnation: a rational view” (Reencarnação - uma opinião racional). O autor costuma colaborar com certa regularidade nessa revista. Tem 88 anos de idade. A redação já procura cercar o trabalho de certas cautelas, classificando a reencarnação de “vexed questíon”, a “vexatória questão”, ou ainda: “the highly controversial problem”, isto é, “problema altamente controvertido”.

Embora o trabalho conste de duas partes, a primeira dá para a gente ajuizar das idéias do Sr. Howgrave-Graham. Por exemplo: está convencido de que a reencarnação ocorre mesmo e que aconteceu pelo menos no seu caso particular. Adiante informa que, “apesar de numericamente bem frequente, é provavelmente, em base percentual, não a regra, mas, antes, a exceção” (!)

Acha-a uma “idéia interessante” e pouco mais que isso. Os que morrem quando ainda crianças só necessitavam daquele curto lapso de tempo “para algumas lições ou experiências suplementares”. E’ a sua opinião.

Menciona um caso - que apenas informa não ser o de Bridey Murphy - em que se verificou “uma aparente ressuscitação de memórias de uma vida anterior pela hipnose”. Num ponto podemos concordar plenamente com o autor, quando ele diz que os que rejeitam a idéia da reencarnação o fazem porque têm dela uma concepção deformada. Acham estes, por exemplo, que a cada vida assumem uma personalidade inteiramente distinta, além das “mudanças de parentes, ambiente, criação, ocupação e até de língua e talvez de pais, e que cada vez é uma entidade inteiramente nova como se acabada de nascer pela primeira vez. (Os grifos são metia.) Que o “eu” de hoje, 1963, pode desaparecer completamente como os anteriores e poderá ser seguido por outro inteiramente diferente, daqui a cem anos. Qual seria, então, o “eu real”? - perguntaria o anti-reencarnacionista. O de 1963? Porquê? E porque não o de 1760? Poderia, então, ser um arcebispo e agora um empregado de banco...”

O autor recusa todas essas noções (e corretamente, a nosso ver), esclarecendo que o ser é uno: “sou o que sou e nada mais. Meu corpo é meu, minha mente é minha, minha alma é minha.”

Em seguida passa a analisar um poema de Wordsworth, intitulado “Intimations of Immortality”, e que representa, em linhas gerais, suas próprias idéias. “Our birth - diz o poeta - is but a sleep and a forgething ...” “Nosso nascimento não é senão um sono e um esquecimento...; a alma que se levanta conosco, estrela da nossa vida, já teve seu pouso alhures e veio da distância infinda; não em total esquecimento, nem em sua nudez total; trilhando nuvens de glória, viemos de Deus, que é nosso lar!”

Sublime intuição dos poetas, leitor. Na paz dos seus gabinetes de trabalho, mensageiros do Senhor lhes sopram versos como estes.

Aguardamos a segunda parte do artigo do Sr. Howgrave-Graham, a fim de podermos discutir-lhe melhor as idéias.

W. M. Blewett, um leitor que se revela multo erudito, contesta uma parte do trabalho da Sra. Emma H. Britten, que “Two Worlds” vem publicando regularmente. O leitor deve lembrar-se de que não me sinto atraído pelos escritos da Sra. Britten, mas, na minha ignorância, não sei julgá-la e atribuo o defeito de apreciação a mim e não a ela. Já este não, que conhece o assunto e diz que o trecho publicado em Setembro “contém muitas estranhas afirmações”. Mesmo o principiante no estudo de religiões comparadas, diz o missivista, sabe que o Budismo emergiu do Hinduísmo, muito mais antigo, ao passo que a Sra. Britten declara que o “Budismo é a mais antiga mitologia das nações no dizer de São Paulo, é o derradeiro inimigo a vencer. A dor, portanto, sob suas múltiplas modalidades, constitui o batismo de fogo, de cuja ação ninguém escapa e cuja aplicação independe do concurso humano.

Importa dizer que ele vem de cima, atua como lei ou, de má vontade, com submissão cai revolta. Do da água, que é terreno, podemos fugir, mas, do de fogo, que é divino, não nos é dado fugir ou recalcitrar.

Isto corresponde exatamente ao aforismo jurídico que diz: Dura Lex sed Lex. A Lei é dura, mas é Lei, e a ela temos que nos submeter.

A influência do batismo da água é precária duvidosa; pode ser ou não ser eficiente, dependendo da sinceridade, do estado moral de quem o recebe. O poder do batismo de fogo é positivo; mais dia menos dia, nesta ou em subseqüentes reencarnações, a alma acaba sendo lapidada pela dor. A sua eficiência é infalível. Não há mal que não vença, não há vício que não debele, não há paixão que não dome, por mais furiosa que seja, por mais inveterada e radicada que se encontre. A dor vence e triunfa sempre, conseguindo o seu objetivo — que é o aperfeiçoamento e a espiritualização do Homem. Seu poder de transformação é incalculável. Sua força regeneradora é irresistível. A água lava, do fogo purifica. E purificar é mais do que lavar; evidentemente. Há sujidades e nódoas que a água é impotente para tirar. Ao poder do fogo, porém, não há imundície que resista. As escórias integradas no ouro puro da alma humana durante séculos e milênios, escórias que pareciam irredutíveis, por isso que inseparáveis da divina gema, acabam derretendo-se, revelando sua inferioridade e separando-se da centelha celeste, cuja natureza, então, se ostenta em todo o seu esplendor.

Eis ai, portanto, como se explicam as palavras de Jesus: “Eu vim a este mundo para atear fogo; e o que mais quero se esse fogo já está aceso.”

Dor, fogo bendito! batismo do Céu, potência purificadora das almas em expiação — bendita e bem-vinda sejas entre os homens!

Fogo original trouxe Jesus à Terra! Sim, fogo que se não apaga mais, uma vez aceso; fogo que abrasa os corações transformados em cadinhos ondeo egoísmo se transmuda em altruísmo, as rivalidades em cooperação, o ódio em amor; onde, um dia, se fundirão as raças e os credos, as escolas e os partidos, os pavilhões e os idiomas, formando uma só pátria uma só família: a Humanidade. Eis o milagre que o batismo de fogo produz!

Quem ousará negar semelhante prodígio, diante dos fatos consumados em todas as épocas da História, nos casos pessoais de conversão e santificação de pecadores?

Meditando acerca das considerações tecidas em torno do batismo de fogo, ficamos como que entre confusos e perplexos, quando ponderamos o fato de o Batista haver dito ser esse o batismo trazido por Jesus e levamos em conta que a dor sempre foi patrimônio da Humanidade em todos os tempos.

Tentaremos esclarecer esse ponto, procurando desvencilhar-nos desse cipoal dm que muitas vezes nos deixamos embaraçar devido à nossa teimosia em olhar para baixo, e não para Cima, isto é, para a Luz da Verdade. Apegamo-nos quase sempre à dureza das palavras, sem nelas procurarmos o espírito que as vivifica.

O sofrimento e o Homem são da mesma idade. Este jamais existiu sem aquele. Este mundo é a grande escola, onde as almas obstinadas aprendem e se educam através da dor. Jesus, notemos bem, é o Guia, é o Redentor, é o Mestre, é o Cristo escolhido e ungido por Deus para dirigir, ensinar e conduzir o Homem na conquista da, imortalidade, emancipando-se das encarnações e reencarnações. Por isso ele afirma com a autoridade que lhe é própria: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Demais, resta ainda considerar que Jesus veio dar à dor o seu devido sentido, mostrando-a como elemento de redenção. Emmanuel, em certo trecho do seu romance “Renúncia”, diz mesmo que a dor é o preço sagrado de nossa redenção. Sabemos muito bem que o amor equilibra, a dor restaura. E’ por isso que, seguidamente, ouvimos frases como esta: nunca teria acreditado em Deus, nem mudado de vida, se não houvesse ,sofrido”.

Por aí vemos de quanta valia é a dor no processo de nossa Evolução Espiritual.

No Sermão do Monte, o Mestre a incluiu entre as beatitudes, apresentando-a, portanto, como expressão da misericórdia divina e não como castigo. Bom é que esclareçamos o seguinte: — Deus não salva ninguém, como não condena a quem quer que seja, por preferências ou exclusões; antes, ensina a todos o caminho da salvação, e deixa a cada um a liberdade de segui-Lo ou não. A redenção não foi, em última análise, senão a transmissão da mais intensa luz, que torna bem visível aquele caminho.

O batismo é como o sinal de que nos foi mostrada a estrela que nos guiou os magos. E’ o mesmo que a circuncisão; o sinal de que nascemos no meio salvador, mas não de que nos venham dele forças ou virtudes que nos salvem, quer usamos bem, quer usemos mal do livre arbítrio que nos foi dado para aproveitarmos ou não aquele meio.

Jesus, pois, é verdadeiro Redentor, porque remiu o Homem da ignorância das verdades divinas, que são a condição essencial da salvação. Ele abriu as portas do Céu à Humanidade, e isto porque lhe ensinou o caminho seguro de subir ao Pai; não acabou com a culpa, seu papel foi o de ensinar, pelo exemplo, a amar a Deus e ao próximo, e a morrer pelo Bem, para ressuscitar na Felicidade. Assim, o batismo, repetimos, é um sinal de que o Espírito recebeu a Luz, por Ele trazida à Terra.

Constâncio

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Conhecereis a Verdade


A Casa Espírita necessita de trabalhadores. Não somente o trabalhador voluntário que mexe com a manutenção, com a tarefa de doação de bens e serviços aos necessitados, mas principalmente para o serviço mediúnico.

Uma Casa Espírita, por pequena que seja precisa funcionar como uma verdadeira empresa, seguindo uma sequência de ordens e disciplinas.

Seus trabalhadores, idealmente voluntários, devem ter em mente que o trabalho necessita de um teor disciplinar ainda mais rigoroso do que numa empresa, já que se trabalha, na Casa Espírita, com dois níveis de consciência: o material e o espiritual.

Ao lidar com as pessoas encarnadas - plano material - já se tem habitualmente uma série de entraves naturais, por conta das diferentes posturas de pensamentos e educacionais, o que faz, assim como em qualquer lugar onde se reúnam pessoas, com que a vivência seja absolutamente complexa. Porém, neste nível de consciência, aparentemente, temos um certo grau de noção do que fazemos na relação interpessoal.

Porém, ao se relacionar com a Vida Verdadeira, a Vida Espiritual, esta relação é muito mais complexa e profunda, já que lidamos com as "coisas invisíveis" da Vida! Não é simples para nenhum encarnado traçar uma rota segura no relacionamento com os desencarnados, que muitas vezes são verdadeiramente ignorados no Centro Espírita, ainda que exista a recordação perene de que estamos em um lugar onde o intercâmbio entre as duas esferas da Vida seja permanente.

É necessário que o trabalhador do Centro Espírita, da esfera material, da mediúnica ou aqueles que servem para ambas estejam conectados com a maior de todas as realidades: tudo é uma "coisa" só. O intercâmbio entre os "dois mundos" é perene. Sempre foi e sempre será.

Por isso e para isso o frequentador espírita precisa, necessita de adquirir entendimento e compreensão doutrinária. Tem que adquirir conhecimento sobre a Doutrina, sobre a mediunidade, sobre os fenômenos espíritas e tudo o que os circundam para conviver de forma mais natural com a existência de uma Vida além daquela na qual ele está mergulhado.

Assim estará mais adequadamente preparado para o serviço que se dispôs a executar, sem se assombrar com eventuais acontecimentos que são naturais e sem servir de "ponte indevida" para Entidades Espirituais perversas que nutrem o desejo de desestruturar o trabalho em prol do Amor do Cristo.

Recordando o Cristo: “Se permanecerdes na minha Palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos. E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João 8:32)

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Na estrada da Vida


Na estrada da Vida temos muitos encontros como também desencontros.

Aceitemos todas as colocações que nos são apresentadas para assim termos mais disposições mentais para o encontro com o irmão menos experiente e, talvez, menos afortunado, e assim levar a caridade para com o nosso próximo.

Liberte-se de todo o passado ilusório e veja como é grande este universo de Luz.

Viva um dia de cada vez.

Estude e ame.

Do amigo
Roberto Brólio
psicografia recebida no NEPT em 07 de outubro de 2016

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Porque olhas?


Citando passagem do Evangelho de Mateus no capitulo sete, versículo três a cinco, Jesus pergunta: “por que reparas no argueiro do olho de teu irmão?”

È uma pergunta bastante procedente do Mestre Nazareno que se reporta a nossa estremada preocupação em avaliar os pequenos como os grandes erros que os nossos irmãos da vida cometem ou carregam consigo.

A impressão que nos dá pela recomendação de Jesus é que nós precisaríamos nos preocupar menos com os detalhes, com o passado, com o lastro equivocado que as pessoas carregam consigo, porque afinal de contas todos nós espíritos imperfeitos que somos carregamos conosco cicatrizes variadas de muitas encarnações passadas.

Nenhum de nós está na situação de pureza, mas mesmos que estivéssemos certamente traríamos conosco o nosso curriculum das muitas vidas vividas em varias esferas e certamente lembraríamos das nossas mazelas no passado, das nossas escolhas equivocadas, dos nossos erros, dos nossos crimes, tantos cometidos por todos.

Assim é que o próprio espírito de Emmanuel nos chama a atenção e nos coloca que "criminoso é na verdade todo aquele que foi descoberto", porque todos nós temos um passado difícil.

E quando olhamos para um irmão e observamos o detalhe do argueiro no olho, do cisco no olho numa linguagem mais atual, olhamos tanto para o olho da pessoa e para o cisco que esquecemos de observar o restante e muitas vezes essa pessoa que tem um cisco no olho tem os pés sangrando da longa jornada que tem feito para chegar até ali aonde está.

E é uma grande conquista porque esses pés sangrando representam realmente uma caminhada difícil através de terrenos complicados, cheios de pedras, de imperfeições, mas a pessoa superou.

Algumas vezes também olhamos tanto para o cisco que nós esquecemos de olhar para o coração em chagas da pessoa que foi agredida, violentada, ofendida, acusada e que foi caluniada em sua enorme jornada.

A pessoa que ali está e que padece sim de imperfeições, mas que traz consigo já uma serie grande de depurações, de aperfeiçoamentos, de conquistas.

Nós olhamos para o "cisco", mas precisamos aprender a olhar para o que tem de bom, porque para encontrarem erros e defeitos nos outros é muito fácil.

E nós temos espelho, mas nós olhamos para o espelho?

Nós conseguimos verdadeiramente ver os nossos ciscos ou as nossas traves porque a frase se completa: “olhais para o cisco que tem no olho de vosso irmão e não vês a trave que tem no vosso olho”

Quantas vezes olhamos para o cisco e esquecemos das nossas própria imperfeições.

Devemos recordar que um terreno cheio de imperfeições, de pedras não impede a construção de uma edificação.

Devemos recordar que a irregularidade desse terreno não impede a construção de uma ponte.

Assim é o ser humano cheio de imperfeições e obstáculos, mas não há impedimento para que ele construa dentro de si a edificação da fé e do amor.

Então se olhamos para alguém e vemos apenas os defeitos, precisamos nos corrigir, seja quem for esse alguém, é importante olhar e procurar nesse alguém, algo de bom.

Que Deus nos abençoe.

Psicofonia recebida no NEPT em 23/03/2016

sábado, 8 de outubro de 2016

Ser alguém melhor


Interessante ver a quantidade de problemas que as pessoas atraem para si.

Contudo querem resolvê-los com urgência.

Meus irmãos a vida é muito simples; basta sentir bons pensamentos e sentimentos; basta ser "irmão" como Jesus ensinou.

Amem aos vossos irmãos; sejam gratos; sejam pessoas de bom coração, com bons pensamentos.

Destruam os maus pensamentos dentro de si e verão que a vida se torna mais fácil, mais ampla e com menos dores; sigam com o coração em paz; deixem de lado a discórdia.

Orem pelo próximo.

Vigiem os próprios pensamentos e amem!

Acima de tudo, amem!

Vamos começar?


Abraços fraternos
Augusto dos Anjos
psicografia recebida no NEPT em 07 de outubro de 2016

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

A Torre


Quem, quem entre nós, que se decide construir uma torre e não se senta para fazer as contas e observar se consegue erigir tal edificação?

Construir uma torre, no dizer do Cristo, é construir uma estrutura diferenciada da própria casa.

A casa é o abrigo, a torre é a estrutura que permite uma visão melhor e uma defesa.

A casa é o acolhimento, a torre é o ponto de guarda, a estrutura que pode dar melhores condições para se seguir adiante.

Todo ser humano precisa de um lar, de uma casa, para que possa estar acolhido e possa descansar o corpo durante a noite, onde possa se alimentar, onde possa se reunir com a família.

Mas, quando o Cristo se refere à torre, Ele coloca a nós todos sobre uma estrutura muito mais espiritual, porque a torre nada mais é do que a construção da própria personalidade e ela mostra pra nós que temos que erigir, construir, erguer a própria personalidade.

E para que façamos isso, precisamos ter uma estrutura, uma base.

Na linguagem do Cristo é necessário fazer as contas, isto é, é importante saber o que temos para transformarmos o nosso próprio ser em alguma coisa mais elevada, mais aprimorada.

A torre nos leva a pensar na estrutura do Espírito que vigia e ora.

Se nós todos nos dispusermos a construir as nossas torres, certamente poderemos observar a Vida de um outro ponto de vista.

Mas para isso é necessário que tenhamos uma base: o lar - o lar espiritual.

Aquele que tem dentro de si, nada mais nada menos do que o próprio Evangelho.

Façamos da vida o melhor que possamos fazer, mas tenhamos a intenção de nos erguermos ao alto em direção ao Pai Celestial.

Que Deus nos abençoe.

Psicofonia recebida no NEPT em 16/03/2016

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Quem tem razão?


Uma das coisas mais comuns que nós encontramos entre as pessoas é que elas têm consigo sempre a razão em tudo.

Sempre estão defendendo um ponto de vista, sempre se dispõe a discussões, veementes algumas vezes, outras vezes elas simplesmente debatem calorosamente, se desentendem, se
Afastam; oprimem ou são oprimidas, tudo em função disso: ter razão.

Eu recordo de um autor brasileiro chamado Paulo Coelho... Ele diz assim:

"Um relógio parado terá razão duas vezes por dia."

Olha, nenhum de nós está com a razão absoluta, nenhum de nós está com a verdade absoluta, nenhum de nós está com a mentira absoluta.

Quando nós conversarmos com alguém tenhamos a pré-disposição de entender que esse alguém poderá ter alguma razão em algum ponto de vista.

Procuremos ser mais flexíveis, mais compreensíveis, mais indulgentes, afinal de contas todos podem ter razão e todos podem não ter.

Que Deus nos abençoe desse seu amigo.


Psicofonia recebida no Nept em 09/03/2016

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Anjos do Céu


A límpida doutrina de Jesus teve que ser proclamada no seio da confusa comunidade religiosa de Jerusalém, onde havia o núcleo comum do culto a Javé e da observância da Lei de Moisés, mas havia vários grupos marcados por diversidade de doutrinas e de comportamento. Assim é que havia os fariseus, os escribas, a classe sacerdotal, os herodianos, os saduceus. Todos eles timbravam em apresentar objeções ao que Jesus ensinava. E no fim se ajuntaram todos contra Ele, para levá-lo aos tribunais que o condenaram.

Hoje encontramos Jesus às voltas com os saduceus. Nesta seita – cujo nome parece proceder de Sadoc, sumo sacerdote do tempo de Salomão – eram apegados exclusivamente à fidelidade ao Pentateuco. Não admitiam a ressurreição, nem acreditavam na existência dos anjos. Por isso mesmo, apresentaram a Jesus uma objeção grosseira contra a ressurreição.

Apoiados na lei do “levirato” – que mandava que, quando um homem morresse sem deixar filhos, a viúva devia casar-se com o cunhado, a fim de garantir a conservação do patrimônio e a descendência do falecido – propuseram-lhe a hipótese de uma mulher que tivesse sido casada sucessivamente com sete irmãos, que tivessem todos morrido sem deixar filhos.

No fim ela também morreria. De quem – perguntaram eles – seria ela mulher na outra vida? A pergunta parece até um gracejo de mau gosto. Mas Jesus responde nobremente, deixando para nós uma importante lição sobre o sentido da ressurreição: Aqui nesta vida há o casamento. Os homens se casam e as mulheres são dadas em casamento. Mas os que forem admitidos à outra vida e à ressurreição dos mortos não se casam, porque não podem mais morrer. São como os anjos de Deus. São filhos da ressurreição (semitismo, que significa “ressuscitados”) (cfr Lc 20, 34-36).

Vale a pena refletir detidamente sobre a resposta de Jesus. Os ressuscitados não vivem mais a existência própria aqui da terra. Não devemos pensar em sepulcros se abrindo, e ossos se juntando, e carne recobrindo os ossos, para refazer o mesmo corpo de antes. Talvez fosse essa a concepção menos esclarecida, de outros tempos.

A ressurreição não é uma continuação da vida terrena. Quem ressuscitou não vai repetir a vida aqui da terra, sujeita às condições biológicas, ao cansaço, ao desgaste e à necessidade de alimentos. Serão como os anjos de Deus. O corpo ressuscitado é um corpo espiritual, como ensina claramente São Paulo, na primeira carta aos coríntios (cfr 1 Cor 15, 35-53). Aí se diz explicitamente que “a carne e o sangue não podem herdar o Reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorruptibilidade” (v.50).

(...).

Mas Jesus acrescenta ainda um bonito argumento à sua resposta aos saduceus. Quando Deus se apresentou à Moisés no meio da sarça ardente, apresentou-se como “O Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacó”. Ora, Deus não é Deus dos mortos, mas Deus de vivos. Portanto os patriarcas estão vivos, vivem a vida da ressurreição (cfr Lc 20, 37-38). Como tudo isso é bonito e grandioso, para iluminar a nossa esperança! Deus é por excelência o Deus vivo, e nós viveremos para sempre com Ele, participando de sua vida, ressuscitados como Cristo ressuscitou. Nós cremos na vida eterna!

Do texto acima podemos claramente deduzir que apesar de muitas pessoas ainda acreditarem na ressurreição no corpo com “sepulcros se abrindo, e ossos se juntando, e carne recobrindo os ossos, para refazer o mesmo corpo de antes” não corresponde ao pensamento de Jesus. Realmente não poderia ser, pois como Ele disse: “Não cuideis que vim destruir a lei” (Mateus 5, 17), e a decomposição é o processo pelo qual o corpo devolve à natureza os elementos de onde tomou emprestado. Isso está nas leis da natureza que por sua vez são as leis divinas. Assim a ressurreição com a volta do espírito ao mesmo corpo é impossível, por isso ser contrário às leis da natureza nos afirma agora a ciência.

A compreensão da ressurreição apresentada por Jesus é a vida do nosso espírito, após devolver a terra seu corpo físico, ou seja, a vida espiritual que iremos viver na outra vida, quando regressarmos à pátria espiritual pela porta da morte. Expressa de maneira clara no “tu és pó e em pó te tornarás” que é a lei natural que estamos falando.

Assim mesmo depois de mortos viveremos, pois iremos ressuscitar, ou seja, ressurgiremos em espírito para a nova vida.

Mas afinal que texto é este que foi colocado para estudo? Quem é o seu autor?

Não falamos nada ainda é para não tirar a graça. Primeiro, nós queríamos fazer este pequeno comentário para depois dizer de quem é a autoria. Isolado é quase certo que todos que tiverem a oportunidade de lê-lo ficará com a nítida impressão de se tratar de um texto totalmente espírita e cujo autor, por via de conseqüência, seria um Espírita. Mas não. Achamos superinteressante este texto justamente por isso porque, muito embora lembrando os conceitos da Doutrina Espírita, foi assinado pelo Arcebispo emérito de Belo Horizonte, Dom João de Resende Costa. Quem quiser comprovar é só ler o Jornal o Estado de Minas este artigo que foi publicado no dia 06.11.1998, página 9.

Talvez a única ressalva que poderíamos fazer é que voltaremos sim a habitar um novo corpo pela reencarnação, lei divina que nos dá a oportunidade de “sermos perfeitos como o Pai Celestial é perfeito”, conforme nos recomenda Jesus. Mas, quando tivermos atingindo a plenitude da evolução espiritual a que todos nós estamos sujeitos aí sim iremos viver somente na condição plena de espíritos.

Será que com isso poderemos vislumbrar para o futuro as religiões indo pouco a pouco compreendendo os princípios da Doutrina Espírita? Quem sobreviver verá. Mas como todos os princípios que adotamos tem como base sólida a lógica e a razão é bem provável que isso um dia acontecerá. O tempo é o nosso maior aliado.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Qual a função da religião para nós?


No ser humano cria-se um conflito entre o princípio do prazer e o princípio do dever.

O princípio do prazer é o desejo de satisfazer as necessidades humanas e o princípio do dever, ou princípio da realidade é o que impede ou proíbe ao homem satisfazer algumas de suas necessidades.

Há no homem uma carga energética que necessita de uma derivante, uma descarga. Quando essa descarga não se realiza, para que ele possa se satisfazer, porque a realidade o frustra, necessita de um meio para a sua realização que é a fantasia alucinatória.

O indivíduo se alucina e faz de conta que satisfaz essas necessidades ou que as pode satisfazê-las no além.

Será compensado no além pelos sofrimentos, pelas privações e injustiças que teve que padecer e suportar nesta vida. Sofrer na terra será acumular méritos para receber um prêmio maior no céu.

Quanto mais insatisfação tenha, quanto mais energia fique sem descarga, tanto maior a glória que ele receberá no céu. O indivíduo que não pode satisfazer suas necessidades na realidade, separa-se do mundo exterior e cria um mundo interior próprio para nele satisfazer, de forma ideal, todos os seus desejos.

O indivíduo fica num conflito dialético entre a necessidade de satisfazer os seus impulsos individuais e a inclinação para satisfazer o bem comum, na sociedade.

Essa situação lhe traz um grau de insatisfação muito grande, porque para satisfazer determinadas necessidades individuais na sociedade em que vive, ele tem que reconhecer as suas limitações e renunciar a algumas das suas necessidades.

Para Freud, a religião cumpre a função de ajudar o ser humano a satisfazer na imaginação o que na realidade ele não se atreve ou não pode realizar na vida real. A religião, em suas palavras, seria um erro grave e como erro, toda a ambigüidade entre signos, símbolos e realidade é grande demais para ser real. Trata-se de um delírio da verdade.

Para satisfazer essas necessidades, o indivíduo se identifica com um intermediário que lhe permite a satisfação das mesmas, e então, ele terá um sentido, um objetivo, uma meta para continuar com o seu sofrimento e viver na sociedade. Dessa maneira, o indivíduo assim se expressa: Eu sofro, mas através de Cristo os meus sofrimentos serão recompensados.

Para Wilber (1977), a diversidade das religiões exotéricas refletem a diversidade das ideologias, idiossincrasias e paradigmas culturais.

As religiões derivaram-se de interpretações personificadas, que fizeram com que surgissem em todas as partes do planeta, ramos religiosos que se diferenciam pelos nomes dados ao Inominado. Todas pretendem a mesma coisa: a evolução espiritual. Todas pregam a mesma coisa: a prática do bem. Todas condenam a mesma coisa: o exercício do mal. Todas afirmam que somos irmãos, somos iguais, que devemos nos amar e unir. Mas todas brigam entre si em nome do amor do seu Deus.

No filme americano Coração Satânico (Angel Heart) há um diálogo entre o detetive Harry Angel e o misterioso homem chamado Louis Cyphre, que profere a seguinte expressão: "Dizem que há religiões suficiente no mundo para os homens se odiarem uns aos outros, mas não para que se amem".

Moisés foi incumbido de libertar os judeus, "o povo de Deus", o que queria dizer que os egípcios eram o povo de um outro Deus, e mais tarde Deus afogou milhares de egípcios para salvar o seu povo. Como foi isso possível ? E isso, até hoje, ainda é ensinado nas escolas, nos cultos !

Jesus era judeu, foi morto pelos romanos e, em seguida, criou-se a Igreja Católica Apostólica Romana que apossou-se dele e passou a acusar os judeus de terem matado o filho do "seu" Deus. E, assim, o Deus dos judeus virou o Deus dos católicos. Muitos afirmam que Jesus vai voltar, mas se ele voltar como voltará: judeu, americano, mulçumano, árabe, branco, negro, ou índio?

Para aqueles que experimentaram a experiência da "presença de Deus em si mesmos" , cada um deles, utilizaram ao expressar essa experiência diferenças nas elaborações simbólicas aparecidas em suas mentes. Schoedinger, utilizou os termos da teoria física; Cristo, os da teologia hebraica; Shankara, os da antologia hindu. Contudo a realidade dessa experiência, em cada um deles, continuou sendo uma e a mesma. Por esse motivo dir-se-ia que o nível de consciência do Ego (personalidade) é o nível das várias religiões exotéricas, e que o nível de consciência da Alma, é o nível da unidade transcendente da religião esotérica.

Na essência, todas as religiões são esotéricas, significando com isso, que o Cristianismo não é o único caminho.

Cristo viu que o seu Ser não é o tempo, nem tampouco pode ser encontrado no espaço e, assim, de maneira alguma pode Ele ser feito propriedade de nenhuma religião determinada ( Ver Coríntios 12, 4-6 . . . os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo. E há dificuldade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos).

Diante desses fatos podemos dizer que o homem é o instrumento e o terreno adequado onde a relação dinâmica, Espírito-Matéria, pode se desenvolver, pois é nele, e somente nele, que a Vida Divina tem condições de se transformar em consciência e individualizar-se tornando-se consciente de si mesmo.

Dessa forma, o ciclo humano, representa um estágio de transição e transformação, um fase de preparação para um novo reino ( Ver Jo. 14, 1-3, . . . Na casa de meu PAI há muitas moradas) , o dos Homens Verdadeiros (Ver Lc. 13, 23-30, . . . muitos procurarão entrar, e não poderão) completamente despertos ( Ver Lc. 9, 50-60, . . . Deixai os mortos o cuidado de enterrar seus mortos . . . ) que poderão promover a manifestação da Vontade Divina.

O homem vive numa situação aparentemente paradoxal, pois participa de duas dimensões, a consciente e a inconsciente.

Ele serve de ponte entre o Céu e a Terra e vive em si mesmo, primeiramente, como conflito, e, a seguir, como oportunidade de transformação e evolução.

Esta posição do homem constitui seu maior problema, mas também seu privilégio, pois lhe confere o encargo de reunir em si mesmo Espírito e Matéria, Inconsciente e Consciente, Alpha e Omega, Infinito e Finito.

Ele é o microcosmo e o macrocosmo e pode fazer experiência direta, em sua consciência, da realidade transcendente, além de reviver em si mesmo a Unidade e a Harmonia.

O homem, tal como ele é agora, é um ser de transição que, por meio de suas lutas, sofrimentos, maturações e tomadas de consciência, fará brotar de si mesmo o ser novo ( Ver Jo. 3, 1-12, . . . aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus ) .

Entende-se dessa forma, porque a evolução da humanidade é muito lenta e gradual e se desenvolve ao longo de milênios e milênios, abarcando muitas vidas com vária fases e níveis.

Estudando a Psicanálise Transcendental o homem pode penetrar pouco a pouco as camadas mais sutis do inconsciente e encontrar o ser oculto que se revela ao Self, que está ali contido no Self e que é o próprio Self.

Segundo os estudos espiritualistas, o Self é o centro da consciência do homem, o núcleo mais profundo do ser, o Homem Cósmico, o Avatar, o Pai, é o homem que penetrou a consciência logóica ( a Consciência do Logos, a Consciência de Deus) e que está contido no Todo ( o Todo é Deus) onde "o Todo é Um e o Um é o Todo". Com isso, quero dizer que o Self é o Pai ( Eu e o Pai somos Um, disse Jesus) ; é a estrutura ainda inconsciente do Homem Verdadeiro. E que todo o trabalho espiritual ou psicanalítico tem o mesmo objetivo, despertar no homem comum a sua verdadeira essência, que é a expressão integral do Self. Entendemos, então, que o oculto (o que é espiritual) é o inconsciente revelado (Ver Lc. 8, 16-17 . . . não há coisa oculta que não haja de manifestar-se, nem escondida que não haja de saber-se e vir à luz) .

A psicanálise transcendental é a ciência do inconsciente, e portanto, do oculto, uma ciência dos estudos espirituais, onde se encontra a necessidade da revelação do oculto, que em certo sentido é o mesmo que a revelação do que está no inconsciente.


Renato Coutinho