Mensagem

"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."

Militão Pacheco

domingo, 29 de julho de 2012

Humildade




A humildade é uma qualidade dos que são modestos, consistindo em silenciar os méritos possuídos. Em razão deste entendimento, assim conceituado, certa vez, procurado por um amigo, disse-nos ele: - Quando Jesus afirmou ser humilde de coração, não teria faltado Ele a este princípio, mostrando-se, assim, sem humildade? Naquela oportunidade, tecemos algumas considerações contrárias ao pensamento do consulente. Depois, resolvemos escrever as razões ora apresentadas.

Há instantes em nossas vidas em que a virtude maior consiste em dizermos de alguma boa qualidade que tivermos, constituindo o silêncio a seu respeito grande mal. Isto acontece, por vezes, na experiência de cada dia, geralmente entre os grandes homens, responsáveis pela direção de setores importantes para o público. Em tais casos, silenciar seria levar prejuízos à existência de muitos, principalmente quando estes ainda se alimentam na confiança, na segurança, fortaleza e fé que possuem nas palavras daqueles que lhes incutem tais sentimentos.

Os próprios pais, quando, isentos de orgulho e vaidade, no desejo de corrigirem seus filhos, desviando-os de erros ou invirtudes, falam de alguma boa qualidade possuída, não pecam eles contra a humildade. Esta deve ser compreendida como ausência de arrogância e vaidade. É irmã gêmea da simplicidade. Os soberbos não sabem ser simples. Sempre ostentam orgulhosamente o quanto sejam ou possuem.

Se vencermos, em nós, a arrogância, obteremos vitória sobre nosso egoísmo, causa maior dos grandes males da Humanidade. Estaríamos a vitoriar sobre nós mesmos e sobre o próprio mundo. Passaríamos a ser criaturas sinceras, fraternas, caridosas, vendo no outro o nosso próximo.

Se fôssemos realmente fraternos, encontraríamos a todos como irmãos, e não mais nos sentiríamos inimigos de quem quer que seja. Se nos conduzíssemos numa linha de inteira fraternidade, com certeza, fugiriam de nossos corações empáfia e vaidades. Então, a própria humildade seria o veículo por onde trafegariam todas as nossas boas qualidades.

Quando Jesus assentou ter vencido o mundo (João, 16:33), quis-nos dar exemplo de desprendimento e advertir-nos sobre o quanto ainda nos arrasta a sentimentos inferiores, negativos. Sendo Ele Embaixador do Pai, entre todos nós proclamou grande verdade, ao dizer: "(...)aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração (...)." (Mateus, 11:29.)

Por existirmos em nossos desníveis, vivenciando quedas morais, temos, em geral, dificuldades no entendimento de certas passagens da vida de Jesus. Em tudo, porém, foi Ele humilde de coração, visto jamais podermos imaginá-lo orgulhoso, carregando vaidade, como se ainda possuído das mesquinharias humanas. De igual modo, se alijarmos de nós a montanha de nossas deficiências, também seremos naturalmente humildes, porque a simplicidade passará a cimentar nosso modo espontâneo de ser. Sem essa compreensão, jamais iríamos alcançar muitas outras palavras, tais como. "Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim" (João, 14:6); dado que, em verdade, Ele é a luz do mundo e quem o seguir "não andará em trevas, pelo contrário, terá a luz da vida" (João, 8:12), conforme nos assegurou.

"Quem vem das alturas certamente está acima de todos; quem vem da terra é terreno e fala da terra; quem veio do céu está acima de todos." (João, 3:31.) Mister se faz buscarmos nos afastar de sentimentos rigorosamente terrenos, a fim de penetrarmos no espírito da linguagem daqueles que têm autoridade para falar. E Jesus, "(...) o Filho do homem tem sobre a terra autoridade (...)" (Mateus, 9:6), continuando a afirmar: "Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra." (Mateus, 28:18.)

Se já nos sentíssemos sinceros, verdadeiros nos pronunciamentos emitidos, não mais iríamos duvidar das palavras de nosso Mestre e Senhor. Teria Paulo de Tarso, por exemplo, faltado à verdade, ao se expressar, dizendo: "(...) já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim (...)" (Gálatas, 2:20)? O grande apóstolo, sem faltar à verdade, nem falsear a humildade, sentia-se humilde de coração, para assim se exprimir, repetindo desta forma: "Nós, porém, temos a mente de Cristo." (I Coríntios, 2:16.)

Na medida em que formos nos desprendendo das negatividades de todos os séculos, iremos aceitando que muitos vieram como extraordinários mensageiros do Alto. Uns, preparando caminhos, roçando estradas, abrindo clareiras. Outros, executando, comandando, ditando planos. Vejam-se as personalidades de João Batista e de Jesus. Ambos, portageiros de verdades, todavia, bem diferentes um do outro. Aquele, veículo da verdade. Este, a Verdade. Não fosse assim, deixaríamos de assimilar do salmista: "As tuas palavras são em tudo verdade desde o princípio, e cada um dos teus justos juízos dura para sempre." (Salmos, 119 e 160.) Nestas razões, acolhemos Jesus como médium de Deus, pois Ele assim também falou: "(...) a palavra que estais ouvindo não é minha, mas do Pai que me enviou." (João, 14:24.) Fez-se a maior expressão da verdade que descera à Terra. Suas mensagens organizaram para a Humanidade o maior código de ética para o verdadeiro procedimento dos homens. Afirmou Ele: "Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão." (Lucas, 21:33.) E, na passagem de tantos séculos, suas palavras sempre são atuais.

Necessitamos, então, de expulsar a humildade envernizada, que ainda em nós reside, para, na simplicidade de nossos corações, recebermos a verdadeira luz e penetrarmos no entendimento de tudo quanto o Mestre nos quer ensinar. "Sabemos que Jesus foi o grande reformador do mundo, entretanto, corrigindo e amando, asseverava que viera ao caminho dos homens para cumprir a lei."¹

Sejamos leais em nossos pedidos a Deus, para melhor adentrarmos na compreensão de sua Lei e dos seus mensageiros, aceitando, humildemente, em nossos corações, que a verdade não foi posta sempre ao alcance de todos, visto ser necessário "que cada coisa venha a seu tempo. A verdade é como a luz: o homem precisa habituar-se a ela, pouco a pouco; do contrário, fica deslumbrado", segundo nos advertem os Espíritos reveladores, sob a égide do Espírito de Verdade². Esses mesmos Espíritos Superiores alimentam-nos a esperança de dias melhores, quando, alentando o Codificador Allan Kardec, dizem: "Vem próximo o tempo em que a Verdade brilhará de todos os lados"³. Decerto, na ocorrência de tais fatos, talvez já adultos e menos crianças, capacitados à alimentação mais sólida, segundo Paulo, teríamos melhor compreensão espiritual do que significa ser manso e humilde de coração.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Mediunato




Quando o Espírito reencarna traz do mundo espiritual compromissos estabelecidos para o seu progresso, entre eles, quando o caso, o de exercer a mediunidade, aprendendo nesse exercício a humildade e a disciplina, e sendo instrumento dos Espíritos que por ele trarão suas comunicações.

O mandato mediúnico não acontece por acaso. Obedece planejamento prévio e, além do próprio médium, envolve os instrutores espirituais, todos eles coordenados pelo anjo da guarda do mesmo, seu Espírito protetor, que é sempre de elevada categoria moral. Assim, a função de escrever livros, de proporcionar materializações, de fazer ditados espontâneos, de pintar quadros e assim por diante, está limitada, circunscrita à missão, ao mandato mediúnico de que foi investido o médium.

Citemos um exemplo dos mais conhecidos mas ainda não compreendido: o médium Chico Xavier e seu benfeitor espiritual, Emmanuel.

Quando Emmanuel, Espírito guia do médium apresentou-se, informou existir um compromisso de realização psicográfica de 150 livros, escritos por ele e por outros Espíritos, o que posteriormente foi aumentado.

A missão do médium e de seu guia espiritual encerra-se com a conclusão do planejado no mundo espiritual. Assim, não há necessidade de algum outro médium substituir Chico Xavier, que pela idade avançada já quase não mais exerce a psicografia. Ele e Emmanuel já concluíram sua missão e que missão!

De 1938, data da publicação de seu primeiro livro ( Emmanuel, Editora FEB) até 1995, ano em que foi publicado seu último livro ( Antologia da Amizade, Editora CEU), o Espírito Emmanuel escreveu através do médium Chico Xavier a fantástica soma de 105 livros espíritas, sem considerarmos os livros escritos em parceria com outros espíritos. O conteúdo dessas obras ainda não foi devidamente analisado e absorvido pelos que estudam e vivenciam o Espiritismo. Então, perguntamos, depois do cumprimento de tão vasta missão, por que Emmanuel haveria de necessitar socorrer-se de outro médium para continuar a escrever? Informemos, também, que Chico Xavier, até dezembro de 1996, psicografou o total de 402 livros, e, se fosse considerado o autor dos mesmos, teria de receber as honras de todas as academias literárias, pois estaríamos à frente do maior gênio literário de todos os tempos.

Estamos tratando deste assunto por vermos surgir, vez por outra, médiuns anunciando serem continuadores de Chico Xavier, recebendo mensagens psicografadas de pretensos Emmanuel, André Luiz, Bezerra de Menezes e outros, como se esses Espíritos nada mais tivessem de fazer a não ser procurar médiuns e escrever, escrever, escrever… E como escrevem aberrações! E como cometem erros doutrinários! E como descaracterizam seu estilo literário!

Uma análise isenta logo os desmascara e o médium desaparece para ser substituído, algum tempo depois, por outro, que também tropeçará na ilusão da fascinação e será esquecido. Mas os argutos observadores do potencial que representa o mercado editorial espírita e espiritualista não perdem tempo, e publicam esses livros com o intuito do lucro, sem nenhum interesse doutrinário, fazendo mal à causa do Espiritismo, desviando consciências e envaidecendo o médium e os que se acercam dele. E muito triste é ver esses livros circulando nas livrarias dos Centros Espíritas!

Para cada médium um mandato mediúnico, sempre para auxiliar o próximo, fazer progredir a humanidade, onde mais importante é tornar-se o médium fiel cumpridor de sua missão, depositário digno da confiança divina, seja na obscuridade do anonimato, seja na luz do reconhecimento público.

O médium que vara os anos trabalhando anonimamente numa reunião mediúnica do Centro Espírita é tão útil e importante quanto Chico Xavier e outros médiuns famosos, pois está diligentemente, sem nenhuma vaidade, servindo de instrumento aos Espíritos que necessitam receber orientação e àqueles Espíritos que mantém a chama acesa da fé e do amor dos companheiros voltados ao bem do próximo.

Mandato mediúnico cumprido é missão que não se transfere. Terminada a tarefa, ao médium reservam-se os méritos e outras atividades e aos Espíritos que o auxiliaram, novas tarefas.

A nós, os homens encarnados, cumpre estudar e aplicar - para nós próprios, primeiro - o rico conteúdo de escritos fornecidos pelos Espíritos e também os bons exemplos do médium.

Quanto a alguém substituir o médium para continuar uma missão que era só dele e dela ele se incumbiu exemplarmente, isso já é por conta da obsessão.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Clichês




Esta é uma época muito boa para se falar em clichês, porque tudo fica obsoleto rapidamente. A velocidade de tudo nos faz impacientes com as repetições dos acontecimentos. Existe uma ansiedade por novidades, e isso traz também impaciência. Um detalhe de um produto, ou um recorte diferente na roupa já é suficiente para se falar em tendência.

No entanto, somos todos vítimas dos clichês e das idéias repetitivas. A propósito, o que é um clichê? Segundo o dicionário Aurélio, clichê é "uma placa fotomecanicamente gravada em relevo sobre metal, usualmente zinco, para impressão de imagens e textos por meio de prensa tipográfica".

Não sei o quanto esta definição esclarece para o leitor leigo, que nunca tenha entrado na redação de um jornal. Mas tem que ser um jornal à moda antiga, daqueles em que o tipógrafo ia formando as palavras e os textos pegando de uma enorme caixa de madeira, onde as letras estavam separadas em escaninhos, em ordem alfabética, e em cada um deles, havia um punhado de tipos de cada letra. Ele era um compositor, isto é, um homem que compunha todo o jornal juntando cada um dos tipos formando as palavras. Fazia assim o papel da antiga máquina de escrever.

Nesse tempo, as fotos eram feitas com clichês. Primeiro se tirava a fotografia, depois ela era enviada para onde se fabricava o clichê. A foto voltava numa placa de zinco sobre uma madeira para que ficasse da mesma altura dos tipos. Para simplificar, podemos dizer que as fotos eram transformadas em uma espécie de carimbos.

Assim sendo, para publicar novamente a foto de alguém era preciso ir a um depósito onde havia pilhas de clichês e, dentre eles, encontrar o clichê da foto desejada. Hoje é bem mais simples.

As fotos de um jornal estão nos arquivos dos computadores e bastam cliques do “mause” para se ter as fotos novamente. Isso permite que os jornais sejam lidos na Internet, em tempo real com os acontecimentos.

O objetivo de usarmos a palavra clichê é o significado que ela contém quando falamos em clichês referindo-se a idéias. Usar um clichê é buscar idéias fixas sobre determinado ponto de vista, ou então usar frases padrão ou de efeito, como costumamos dizer. De modo que, uma pessoa ao fazer uso de clichês, acaba sendo um indivíduo de idéias repetitivas e que o tornam totalmente previsível. Basta que ele abra a boca e já sabemos o que vai dizer. Aí está a doença que o clichê provoca: idéias “clichezadas” são idéias cristalizadas ou congeladas.

Nos tempos atuais, vemos e ouvimos clichês de todos os tipos, tamanhos e conteúdos. Basta a gente ver ou ouvir entrevistas, e será difícil alguém não deixar escapar algum clichê. São frases feitas e chavões que andam de boca em boca, como se fossem formas de pensamentos “xerocadas” de idéias semelhantes. Os políticos são especialistas no seu uso.

É uma época em que vemos poucas idéias ou maneiras de expressão inovadoras, criativas ou que nos tragam uma compreensão inédita, capaz de proporcionar um estalo, como se costuma dizer, significando descoberta de um novo ponto de vista, ou que tenhamos uma “sacada” genial, e com isso, sejamos capazes de ver outro ângulo de situações antigas e conhecidas.

Os clichês de idéias, por serem muito duráveis, como os próprios chichês dos velhos jornais e da velha forma de imprimir palavras e imagens, são usados largamente sem o risco de serem desgastados pelo tempo. Talvez o leitor não concorde comigo, por pensar que as frases feitas estão em descrédito e já não possuem mais força de convencimento.

No entanto, é impossível não perceber como novas pessoas usam velhas idéias. Faz-se uso de velhas formas de pensamento, quer seja por falta de criatividade ou para garantir um mínimo de conteúdo, num discurso qualquer.

Na verdade, os clichês precisam ser jogados fora para surgirem idéias que permitam pensar e levar os outros a refletirem de formas novas, trazendo uma compreensão diferenciada dos problemas antigos que teimam em permanecer.

Este tema torna-se mais complexo, quando colocamos a dimensão da continuidade da vida na suas sucessivas encarnações. Na medida em que os clichês de pensamentos acabam encerrando uma simplificação da maneira de pensar, escondem o medo de debater idéias e opiniões, propostas e maneiras de pensar, dos fatos atualizados forçosamente pelo tempo, portanto, sucumbe ao medo de progredir.

É, muitas vezes, a lei do mínimo esforço, do comodismo das nossas mentes. Além disso fazem a gente viver cada novo dia da mesma maneira que antes. Vamos buscar em Emmanuel os riscos dos clichês mentais quando nos ensina, nas reflexões do livro “Pensamento e Vida”, no capítulo 12 sobre a Família, a compreender que “o homem primitivo não se afasta, de improviso, da própria taba, mas aí renasce múltiplas vezes, e o homem relativamente civilizado demora-se. . .até que a soma de suas aquisições o recomende a diferentes realizações.

É assim que, na esfera do grupo consangüíneo o Espírito reencarnado segue ao encontro dos laços que entreteceu para si próprio, na linha mental em que se lhe caracterizam as tendências.

Temos assim, no grupo doméstico, os laços de elevação e alegria que já conseguimos tecer, por intermédio do amor louvavelmente vivido, mas também as algemas de constrangimento e aversão, nas quais recolhemos, de volta, os clichês inquietantes que nós mesmos plasmamos na memória do destino e que necessitamos desfazer, à custa de trabalho e sacrifício, paciência e humildade.”

Quem não sabe história, repete a história, pois não consegue perceber novas correlações entre fatos e acontecimentos numa linha seqüencial de tempo. Assim tornam-se espectadores de fatos e não estudiosos do que acontece. Não conseguem tirar dos registros, significados mais profundos. Não conseguem ver na história a construção intrincada de tendências. Não conseguem garimpar detalhes preciosos, que são os sinais do novo, que está sempre enraizado no acontecido e no vivido.

Viver em comunidade e buscar o bem comum, onde os homens produzissem e mantivessem as amizades e o progresso para todos, como queria Aristóteles, os clichês seriam abandonados e as idéias fixas seriam rejeitadas, para dar lugar a padrões novos e a mudanças constantes dos paradigmas. A máxima de que somos pessoas diferentes a cada minuto e a cada dia, também é um clichê.

Entretanto, estranhamos as propostas de mudanças quando, idéias que não soam familiares aos nossos ouvidos, permitem que se apoderem de nós, os medos, e tentando ficar livre deles, buscamos a segurança das velhas idéias ou das formas congeladas de pensar.

Abandonar clichês é viver certos fatos, como se fosse pela primeira vez. Certa vez perguntaram a um gênio da fotografia, o que ele teria a dizer para um fotógrafo que estava se iniciando nessa arte.

Ele respondeu “evite o centro da foto”, querendo dizer, que não devemos olhar pelos ângulos convencionais, do contrário não conseguiremos enquadrar as nossas fotos de maneira criativa, inusitada, dando-nos uma visão nova de realidades conhecidas.

Como ter um filho que, ao crescer, faz você enfrentar, todos os dias, problemas novos a partir de situações conhecidas. É como ser criança e perguntar coisas óbvias. Tais perguntas, irão nos conduzir ao surgimento do novo, porque as saídas inéditas sempre estarão escondidas nos becos-sem-saída da vida.

Um antigo animador de programas de calouros na televisão, dizia que o amanhã ninguém usou ainda. Não é demais repetir o conselho de Emmanuel: evitar os clichês inquietantes que nós mesmos plasmamos na memória do destino e que necessitamos desfazer.

Enéas

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Espaço e tempo




Define-se espaço como: extensão superficial limitada, extensão indefinida, distancia entre dois pontos etc... Mas se o espaço for a distancia entre dois pontos, o que será que transcende esse limite? Logo a distancia entre dois pontos ou dois corpos é nada mais que uma região do espaço, isto é, uma parte infinitesimal do espaço.

Extensão superficial limitada também não, já que toda distancia, extensões possíveis e imagináveis formam regiões no espaço, dado o caráter de possibilidades infinitas de criações. Como definir espaço então?

Sabemos que todas as coisas estão inseridas no espaço, isso nos induz a sofismar que espaço seria o universo; mas se assim procedermos, poderemos cair nos mesmos erros dos cientistas que definiram o átomo (o elemento indivisível) como as “moléculas” em que trabalhavam, já que o átomo nada mais é que uma molécula formada de outras partículas menores, definido por Kardec em a gênese, que também são formadas de partículas menores, verificando mais tarde essas sendo divisíveis, pois podem existir outros universos como nos diz Allan Kardec na revista espírita de 1869. Logo, o somatório desses universos é que seria o verdadeiro UNIVERSO. Como definir então? Arriscamos a designar por definição sendo espaço: onde existe tudo o que foi criado. Notem que não usei a expressão “lugar onde”, já que lugar também remete à noção de região. Como assim? É porque todas as coisas têm que estar no espaço, senão é o nada ou Deus, que transcende o espaço, visto que o espaço é uma criação de Deus. Ora, o nada não existe! O espaço, nós designamos por espaço universal e as outras definições por regiões do espaço ou “locais”.

O espaço por definição é infinito, pois que a criação de Deus é infinita, e também para abranger todas as coisas e criações espirituais, isto é, de todos os espíritos, independente do grau evolutivo. Deus também está no espaço pois que preenche todas as coisas, logo Deus é imóvel, isto é, não há um local em que Deus não esteja; o UNIVERSO é pleno Dele! Daí tiramos outra conclusão : não existe no universo a treva absoluta, já que Ele está em todo lugar e Ele é luz; ninguém está sozinho por mais baixo que o ser humano possa descer às trevas interiores, existe sempre Deus com ele.

Espaço II

Uma definição também que se faz de espaço é a dimensional, exemplo: O ponto tem dimensão zero , isto é, não tem comprimento, altura nem largura; por dois pontos é possível traçar uma reta. Uma reta é composta de infinitos pontos, não tem inicio nem fim, varia para o infinito nas duas direções. A reta tem dimensão um R1, e a sua projeção em uma dimensão inferior é o ponto; um exemplo grosseiro seria se imaginássemos a reta como uma mangueira infinitamente pequena , mas que pudéssemos olhar por dentro, somente enxergaríamos um ponto a nossa frente, com duas retas não colineares concorrentes temos um plano, que tem dimensão dois R2, o plano é formado de infinitas retas, logo a projeção do plano é uma reta, isto é uma dimensão abaixo. Se imaginássemos o plano como uma placa de compensado infinitamente fina, e olhássemos por dentro enxergaríamos as coisas como se fossem tiras muito finas ou retas. Agora se tivermos três retas não colineares e uma delas fora do plano das outras duas teremos uma região do espaço na terceira dimensão R3. O plano, a reta e o ponto podem ser imagens deste, na reta temos infinitos pontos, no plano temos infinitas retas, e no espaço temos infinitos planos retas e pontos.

Se estivéssemos dentro de uma reta, por suposição é claro, só enxergaríamos pontos, pois tudo que está fora da reta não veríamos por estar em outra dimensão que por sinal é maior que nossa; ao passo que essa pessoa nos veria, ele poderia interferir em nossa dimensão por exemplo se colocasse a mão a nossa frente veríamos um ponto diferente da cor da mão deste individuo, e fatalmente nos assustaria pois que para nós ela apareceria do “nada” e sumiria da mesma forma. Poderiam até retirar um objeto e ficaríamos perplexos , se não fossemos espírita .

Se estivéssemos em um plano enxergaríamos tudo como retas, agora todas as coisas tem duas dimensões por isso nos parecem retas, se observássemos um objeto tridimensional, só enxergaríamos como tiras; mesmo que fosse tridimensional já que na segunda dimensão as coisas não tem profundidade, mas na terceira dimensão é mais fácil, pois é a que encontramos nosso psiquismo consciente. Todas as que temos em nossa dimensão e vistas por nós tem três dimensões, isto é, comprimento altura e largura, por mais que achemos que não, o problema aí é de ordem de grandeza. Um exemplo é a folha de papel, é muito fina mas tem espessura.

Se movimentássemos o ponto, só poderíamos fazê-lo em uma dimensão fora dele, e ao fazermos isso esse movimento criaria um seguimento de reta, dimensão 1, ao movimentarmos o seguimento reta, só pode ser em outra dimensão, que usaremos a dimensão 2, e criaríamos um quadrado, e ao movimentarmos o quadrado na terceira dimensão3, criaríamos um cubo, mas na quarta dimensão não conseguimos imaginar o que se formaria, já que nossa mente está projetando imagens 3D; seria como se só tivéssemos um olho e nunca tivéssemos visto o morro pão de açúcar, e com o olho colado na sua encosta tentássemos imaginar que figura seria essa, isso é o que ocorre se nós tentarmos imaginar um movimento em 4D, nos falta parâmetro , no ponto, na reta, e no cubo foi fácil por estarem em dimensões comportadas pelo nosso psiquismo consciente.

Os espíritos estão em uma dimensão acima da nossa, não os vemos com olhos 3D só os sentimos, mas a alma vê, pois nosso psiquismo pleno abarca todas as dimensões (a centelha divina), já que vibra no padrão divino e quanto mais evoluímos mais capacidade temos de varar as dimensões, por isso no mundo da verdade, o plano espiritual, existem varias regiões para diferentes categorias de espíritos. Quando eles intervêm em nossa dimensão ocorre como no fato que citei acima, podem eles até retirar ou arrebatar objetos para si e colocar em outro lugar, conhecido como fenômeno de transporte (livro dos médiuns cap. V itens 96 ao 99), mas também todas as dimensões estão contidas no espaço, quanto mais se livra dos pesares da matéria mais capacidade tem o ser de superar esses limites dimensionais, se bem que a diferença entre alguns espíritos é uma questão de densidade e peso específico.

O tempo: a melhor definição de tempo é a do espírito Galileu em A Gênese, os milagres e as predições segundo o espiritismo da Allan Kardec, que diz ser o tempo a sucessão das coisas. Mas quando nasceu o tempo? Quando começou a existir?

O espaço e o tempo estão ligados entre si, daí Einstein se ver obrigado a colocar em suas equações o tempo como uma variável a mais, mas não no sentido absoluto como na transformação de Galileu, mas no sentido mais espírita o relativo. Não se pode desvincular o tempo do espaço, pois que nós estamos ligados sobremaneira à matéria.

O tempo existe desde que exista espaço, pois que tempo é a sucessão de coisas criadas, que só podem existir no espaço universal. Então nos perguntamos: E Deus ? Deus é atemporal, isto é, não está sujeito ao tempo e nem ao espaço, existe antes desses dois, Deus existe por ele mesmo, antes do espaço e do tempo existe O Criador, Deus soberano, mas Deus também está na sua criação em todo lugar, por isso, um dos atributos de Deus é ser imóvel! Definição de Parmênides filósofo 540 ac, e depois confirmado pelo espírito Erasto na revista espírita de março de 1864. Em nosso estágio o tempo é uma conseqüência meramente material, dada a nossa materialidade, nossa mente está “presa nas sucessões de coisas materiais” donde vem a noção imperfeita de ser o tempo uma coisa material apesar de não ser matéria, e não conseguirmos entender o SER incriado .

A mente perfeita transcende as sucessões materiais, logo transcende nossa noção de tempo, os superiores mais acima da matéria superam as dificuldades da matéria e logo unem o passado, o presente e em muitos casos o futuro, que consiste nas conseqüências naturais, mas nunca chegam a transcender todo espaço e o tempo, já que só é possível a Deus, o incriado, sempiterno, imóvel, imanente e transcendente. Vide Jesus: “quanto aquele dia e aquela hora, ninguém o sabe, nem os anjos do céu, nem o filho, só o Pai” Matheus 24vv36. Logo o tempo existe desde sempre! É redundante? Desde quando isto existe? Por definição, desde sempre já que só podemos conceber Deus trabalhando! Nunca inativo. Estas definições se perdem num axioma que se eleva acima das alturas do filho de Deus. As almas presas na matéria sofrem com a dificuldade de se apossar do seu passado como nos romances espíritas.

Para nós começarmos a tentar entender essas coisas podemos começar a fazer um exercício com a imaginação, podemos fazer: uma curva 2D e o espaço em 3D quem está preso em uma espécie de labirinto 2D, não pode sair dele só ir para frente ou para trás, mas quem está em uma dimensão acima vê esse individuo consegue prever seus movimentos e suas conseqüências e até estando no espaço superar num instante as distâncias ver atuar a frente desse outro, assim; quem está numa dimensão acima prevê o futuro, em alguns casos inspirados pelo absoluto supremo.

Quando se estuda a matéria pela matéria podemos encontrar algumas anomalias como os efeitos relativísticos da dilatação e contração do espaço e do tempo, já que esses são reflexo de quem observa apenas do ponto de vista material. Um trem que passa com uma velocidade perto ou igual a da luz , nós percebemos como se ele fosse menor do que é, mas isso é um efeito, o trem não mudou sua estrutura, mas nós é que interpretamos assim, dados nossos sentidos acanhados e todos os efeitos materiais. Como o paradoxo dos gêmeos que diz que se um dos gêmeos viajasse na velocidade da luz a uma região remota e voltasse, ao final da viagem um deles estaria mais velho que o outro, que por si só é um absurdo, uma anomalia da interpretação puramente material, principalmente sabendo que é essa hipótese por si já nega o primeiro postulado relativístico , já que é uma situação em que o referencial é não inercial. No mais, só os purificados no amor tem a capacidade de transpor as dimensões e por antecipação nos revelar o futuro distante e fatal, nossa felicidade!

Jorge Medeiros

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Animais e Mediunidade





Há quem diga e quem escreva que os animais têm mediunidade, por conta de que eles percebem presenças espirituais à sua volta.

Mas nós precisamos fazer uma pequena reflexão a respeito disso.

Animais são irmãos nossos em fase anterior à nossa, em termos de evolução espiritual.

Constituem a vida como nós constituímos, fazendo parte do todo da criação, assim como todos os seres, animados e inanimados (veja Livro dos Espíritos).

Têm pensamentos em fase embrionária, têm possibilidades de escolher até certo ponto seu caminho, mas ainda não são atribuídos totalmente do livre arbítrio que o ser humano já tem.

A distância entre os seres do reino animal e os seres do reino hominal pode ser tão grande quanto é a distância entre o reino hominal e o reino angelical, isto é, aqueles dos quais fazem parte os Espíritos puros.

Mas, enquanto na carne, passando pelas provações e privações que o mundo oferece a todos, os animais vivenciam a experiência do aprendizado pela evolução, como é também para os seres humanos.

Cada degrau, cada espécie que constitui o reino animal, guarda consigo características e peculiaridades que favorecem o indivíduo para sua jornada e para a execução das tarefas determinadas no planejamento projetado pelas Entidades Espirituais responsáveis por aquela espécie em particular.

Nota-se, em cada espécie, características que chamam atenção, em função de suas necessidades e seus limites.

Por essa razão, os animais vivem na Terra com potenciais diferenciados dos potenciais humanos, justamente para a tentativa de preservar a espécie.

Os cães, a título de exemplo, têm um potencial auditivo muito mais amplo do que os seres humanos.

Têm um universo individual bem diferente do homem, assim como os felinos.

O olfato é muito mais apurado, assim como a audição.

A visão não respeita o nosso modo de ver o mundo.

Aliás, cada ser humano vê a vida ao seu modo e limite, também.

Podemos notar no comportamento de um animal que ele vive em uma “esfera” mental bem diferente da nossa, por se tratar de um Princípio Espiritual em evolução.

Não pensa como pensa o ser humano. Não tem o mesmo grau de escolha.

Mas vê, ouve e sente o que o ser humano pode não ver, ouvir e sentir, graças às características orgânicas das quais são atribuídas.

Têm alguma inteligência, muitas vezes surpreendente, mas não alcançam a humanidade, ainda.

Não agem por mal, não agem por bem, embora tenham em seu comportamento esboços do bem e do mal.

Podem, sim, ver, ouvir e sentir Espíritos, mas não são médiuns. É apenas característica da organização física da qual são constituídos que permite tal sensibilidade.

Este é o fato: mediunidade depende da inteligência existente a partir do reino hominal. Claro que a organização física do ser humano também pode ter características marcantes que facilitam a mediunidade. Mas essa já é outra história.



Militão Pacheco

sábado, 21 de julho de 2012

A pessoa com necessidades especiais após o desencarne




Antes deste breve estudo, importa saber que "o espírito" é revestido de um envoltório fluídico, semi-material, ou perispírito, cuja matéria se eteriza a medida em que ele se purifica. Possui Forma flexível e expansível, amoldando-se à vontade (ou necessidade) do espírito.

No livro "Perante a Eternidade", um espírito que na vida carnal fôra deficiente, conta-nos alguns aspectos do que ocorre com eles após a morte do corpo físico. Os que sofrem com resignação têm no corpo doente a cura do espírito; os que se revoltam, foram maus, desencarnam e continuam deficientes, às vezes em estado pior.

Conversei com urna senhora que, encarnada, foi cega. Por sua extrema revolta, cometeu muitos erros, desencarnou e ficou quinze anos cega, vagando pelo Umbral. Outros, socorridos, são internados em hospitais daqui e são curados com passes e tratamento.

Para as pessoas boas tudo é mais fácil. Como o caso de um senhor que conheci encarnado, cego de nascença. Pessoa boníssima, trabalhava para seu sustento. Contou me que sua desencarnação foi como "dormir"; ao acordar, abriu os olhos e enxergou, embora visse tudo embaralhado. Gritou de felicidade. Um médico do hospital para onde fora levado lhe explicou sua situação de desencarnado, aplicou-lhe passes e ele passou a enxergar nitidamente.

Conversei com um rapaz que foi, encarnado, paralítico. Com dificuldade movia somente a cabeça e as mãos. Encarnou assim e desencarnou na adolescência. Falando de sua vida, contou-me que destruiu, na outra existência, seu corpo perfeito num suicídio, pulando de um penhasco, e o remorso impediu-o de reconstruir o perispírito. Logo que tornou conhecimento de sua morte, pôde se mexer e com algumas horas de tratamento, quando lhe foram anuladas as impressões do corpo físico, pôde andar. Terminou, contente, sua narração, falando que aprendera a dar valor ao corpo Físico e que é muito feliz por Deus ser Pai amoroso e não punir, pela eternidade (inferno eterno), erros de momento.

Conversei com muitos que foram deficientes, surdos mudos, aleijados, débeis mentais. Os bons foram socorridos de imediato e, após tratamento, tornaram-se sadios. No meu caso, a primeira impressão que tive ao desencarnar é que continuava sem o membro extraído. Muitos necessitam tratamento psicológico para que seja reconstituído o membro que lhe faltava. Em casos de crianças e adolescentes, a reconstituição é mais fácil, por não estar enraizada a falta do membro. Crianças aceitam sugestões mais facilmente, tornando-se perfeitas em curtos períodos.

Conheci um homem no tratamento psicológico que, encarnado, teve o corpo perfeito. Desencarnou e o remorso fez com que seu braço direito desaparecesse. Quando encarnado, num impulso de raiva ,surrara sua mãe. Ela caiu, bateu a cabeça e desencarnou. Quando ele desencarnou, sofreu muito no Umbral. Quando o remorso o visitou não quis o braço e este desapareceu. (Sendo o perispírito suscetível à ação da mente, o remorso externo convergiu seus fluídos destruidores para o braço que agrediu a mãe). Faz tratamento na colônia. Se encarnar assim, o feto, o corpo de carne, não terá o braço direito.

Enfim, sabemos que os deficientes resignados, boas surpresas terão ao desencarnar. Não é o pai amoroso que nos faz doentes. Nós, pelos nossos erros, causamos deficiências. Pelo sofrimento, pela aceitação é que nos curaremos e nos tornaremos sadios. Bendito seja o Pai pelas grandes lições que temos. Podemos, com um corpo deficiente, reparar erros que, em muitas crenças, nos trariam o castigo eterno.

Sydnei Batista

sexta-feira, 20 de julho de 2012

O alimento





“Vinde a mim os pequeninos”.
Marcos, capitulo X, versículos de 13 a 16.

Estas palavras do Cristo aparentemente simples abrigam conteúdos profundos e que devem ser analisados calmamente à luz da razão.

Quem são os pequeninos?

São as crianças ou os sofredores que desconhecem a esperança?

Se nos colocarmos na infância intelectual, nós somos os pequeninos e o Cristo, o Cristo tem o alimento que fortalece os fracos.

O alimento que ilumina os ignorantes.

O alimento que consola e ampara os tímidos e os débeis.

O alimento para todos os males da vida, para a multidão dos aflitos, sofredores e infelizes.

Que alimento é esse, meus irmãos, capaz de curar todas as mazelas e todos os vícios?

É o amor.

É a caridade.

Que Jesus nos abençoe.

Psicofonia recebida no Nept em 18/07/2012

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Passe diferente




Indispensável estudar o Espiritismo. A Doutrina Espírita, síntese da Religião, é sagrado binômio de evolução psíquica, cuja dinâmica poderemos conceituar como: Jesus iluminando o coração e Kardec ilustrando o raciocínio.

Vez por outra, porém, repontam teorias de arribação.

No campo do passe, a exemplo, muitos corações já foram assaltados por inusitadas e alienígenas informações, estranhas à simplicidade profunda da Doutrina Espírita.

Produzem estas inquietudes:

- Na doação de energias aos que sofrem, na operação de substituir a molécula malsã por uma sã, estaríamos operando com o passe magnético ou espiritual? Que categoria de passes serviria a este ou àquele enfermo? Quem transmite passe ao adulto, poderá fazê-lo à criança?

O impasse poderá levar-nos a titubear.

Em verdade, contudo, no Espiritismo sempre foi muito claro que a transfusão ocorrida num passe é sempre de natureza fluídica. E o fluido e o elemento primitivo do corpo carnal e do perispírito, os quais são simples transformações dele" (1).

A ação magnética ou espiritual provém de uma só fonte.

Há, no mundo, reprisamos, um único elemento primitivo, o fluido universal, sendo todos os corpos, todas as formas vivas ou inanimadas, todas as manifestações de vida, mera variedade de condensação ou coesão da mesma energia.

A própria Ciência, hoje energética, consagra a unidade.

No considerar o tema, em "A Gênese", Kardec desce a detalhes, esclarecendo que a ação do passe pode produzir-se de muitas maneiras. Alinha as três fundamentais:

Pelo próprio fluido do passista;
Pela atuação direta de um Espírito, sem o concurso do passista (beneficiando todos os necessitados, independentemente de sua crença religiosa, de seu grau evolutivo, inclusive sem o conhecimento e o reconhecimento dos beneficiários);
Pelos fluidos que os Espíritos derramam sobre o passista, imprimindo ao fluido natural do passista qualidades de que ele carece.
Na falta do termo passista, tão comum na atualidade espírita brasileira, Kardec os denominava magnetizadores, a fim de diferenciá-los dos médiuns de cura. A mediunidade de cura é "o dom que possuem certas pessoas de curar pelo simples toque, pelo olhar, mesmo por um gesto, sem o concurso de qualquer medicação" (2).

Hoje, os magnetizadores são chamados passistas.

Observemos, ainda, que a participação de um Espírito, na doação do passe, não se reconhece pela sua manifestação ostensiva, isto é, pela precipitação do fenômeno de incorporação ou de psicofonia ou de efeito físico. A participação é esse "derramar de fluidos, imprimindo ao fluido natural do passista as qualidades de que ele carece".

Ainda em "O Livro dos Médiuns" (3), Kardec formula nove questões, cujas respostas aclaram definitivamente o tema. Dentre elas, destacamos apenas uma:

Entretanto, o médium é um intermediário entre os Espíritos e o homem; ora, o magnetizador, haurindo em si mesmo a força de que se utiliza, não parece que seja intermediário de nenhuma potência estranha.

R. É um erro; a força magnética reside, sem dúvida, no homem, mas é aumentada pela ação dos Espíritos que ele chama em seu auxílio. Se magnetizas com o propósito de curar, por exemplo, e invocas um bom Espírito que se interessa por ti e pelo teu doente, ele aumenta a tua força e a tua vontade, dirige o teu fluido e lhe dá as qualidades necessárias.

A clareza, aí, é gritante!

* *

O passe é sempre o passe.

Gestos, postura física, ginásticas rítmicas, rituais na operação do passe, são meros hábitos alimentados pelos passistas ou pelos que os instruíram. Originam-se da superstição que "pode emprestar virtudes quaisquer a certas palavras (ou atos) e somente Espíritos ignorantes ou mentirosos podem alimentar semelhantes idéias, prescrevendo fórmulas" (4). O parêntese é nosso.

Uma classificação de passes, para atender este ou aquele enfermo, físico ou espiritual, só seria possível se conhecêssemos e pudéssemos manipular a "química dos fluidos". Quem, porém, entre nós, se aventuraria a afirmar conhecer a natureza intrínseca dos fluidos, a ponto de combiná-los, alterá-los, transubstanciá-los, se deles só sabemos que existem por seus efeitos?

Serão bons ou maus, de acordo com nossos pensamentos.

Nenhum de nós, todavia, vai além dessa noção rudimentar, embora preciosa. Não que estejamos proibidos de pesquisar. Ocorre que estamos impedidos, nesse campo, pelas atuais limitações de nossos sentidos e por falta de aparelhagem apropriada para suprir-nos as deficiências da espécie.

Salvo fantasias primárias, de extremo mau gosto, nunca deveremos repletar esse belo departamento do Espiritismo com afirmações apressadas, levianas até, querendo criar escolas à parte, tão-somente pelo prazer de passear nossa vaidade entre os homens.

* *

Sendo a essência da constituição infantil exatamente a mesma da do homem adulto, todo argumento que se articule para justificar a existência de 'F passistas infantis" e um artificialismo próprio de quem ignora ou faz ignorar as leis espirituais que Kardec examinou e reexaminou, no contexto da Codificação.

A mãe, acariciando o filho, transmite-lhe fluidos, da mesma forma que ao acariciar o companheiro de sua caminhada terrena.

Poderemos ter preferência pelas crianças, num atendimento de tendências pessoais; nunca, porém, porque os fluidos que se destinam à infância sejam, fundamentalmente, diversos dos que se canalizam para o adulto.

* *

O passista não possui poderes mágicos.

Se algumas vezes, por intuição do Espírito que nos orienta no passe, somos informados do órgão enfermo, não se faz necessário que saiamos da simples imposição da mão. No centro do cérebro localiza-se a glândula chamada epífise, o leme da alma, que reabastece e mantém o equilíbrio fluídico de todos os departamentos do organismo. Envolvê-la nas radiações fluídicas equivale a aplicar uma injeção, cujo líquido circulará por todo o corpo, através das correntes sangüínea, até atuar sobre a parte' desequilibrada.

* *

O efeito salutar do passe - é desnecessário encarecer, por muito conhecido de todos fica sempre na dependência do quadro espiritual do assistido. Ele, o assistido, é quem determina, não raro contra a boa vontade do agente transmissor, a renovação ou a repulsão dos fluidos.

É uma questão de afinidade.

Jesus, definindo tal dependência e alertando-nos de que a regeneração física ou psíquica da criatura é obra dela mesma, embora com o amparo de outros', diante de cada cura operada enunciava com clareza e convicção:

- A tua fé te salvou.

Não era uma afirmação convencional de humildade.

Sabia o Mestre, esclarece-nos o Espiritismo, que sem um campo propício para restabelecer-se, criado pela mente do enfermo, nenhuma regeneração se opera.

Vale, sempre, reler Kardec.

Não deveremos tornar obscuros princípios claros

A beleza da Doutrina reside no seu retorno à verdade do Evangelho, desvestindo-se das alfaias humanas e rompendo com os elos que nos escravizavam ao primarismo espiritual milenar.

Toleremos as teorias diferentes, mas não vivamos com elas.


Roque Jacinto

Lindos casos de Chico Xavier




"O Centro Espírita Luiz Gonzaga" ia seguindo para a frente... Certa feita, alguns populares chegaram à reunião pedindo socorro para um cego acidentado. O pobre mendigo, mal guiado por um companheiro ébrio, caíra sob o viaduto da Central do Brasil, na saída de Pedro Leopoldo para Matozinhos, precipitando-se ao solo, de uma altura de quatro metros. O guia desaparecera e o cego vertia sangue pela boca.

Sozinho, sem ninguém... Chico alugou pequeno pardieiro, onde o enfermo foi asilado para tratamento médico. Caridoso facultativo receitou, graciosamente. Mas o velhinho precisava de enfermagem. O médium velava junto dele à noite, mas durante o dia precisava atender às próprias obrigações na condição de caixeiro do Sr. José Felizardo. Havia, por essa época, 1928, uma pequena folha semanal, em Pedro Leopoldo.

E Chico providenciou para que fosse publicada uma solicitação, rogando o concurso de alguém que pudesse prestar serviços ao cego Cecílio, durante o dia, porque à noite, ele próprio se responsabilizaria pelo doente. Alguém que pudesse ajudar. Não importava que o auxílio viesse de espíritas, católicos ou ateus.

Seis dias se passaram sem que ninguém se oferecesse. Ao fim da semana, porém, duas meretrizes muito conhecidas na cidade se apresentaram e disseram-lhe: - Chico, lemos o pedido e aqui estamos. Se pudermos servir... - Ah! Como não? - replicou o médium - Entrem, irmãs! Jesus há de abençoar-lhes a caridade. Todas as noites, antes de sair, as mulheres oravam com o Chico, ao pé do enfermo. Decorrido um mês, quando o cego se restabeleceu, reuniram-se pela derradeira vez, em prece, com o velhinho feliz.

Quando o Chico terminou a oração de agradecimento a Jesus, os quatro choravam. Então, uma delas disse ao médium: - Chico, a prece modificou a nossa vida. Estamos a despedir-nos. Mudamo-nos para Belo Horizonte, a fim de trabalhar. E uma passou a servir numa tinturaria, desencarnando anos depois e a outra conquistou o título de enfermeira, vivendo, ainda hoje, respeitada e feliz.

terça-feira, 17 de julho de 2012

O Cisco





No Evangelho de Mateus, no capitulo VII, versículo III, temos uma profunda observação do Cristo.

“Por que percebes o argueiro no olho do teu próximo?”

È uma observação que necessita reflexão, mas uma reflexão diferenciada.

À primeira vista nos parece que Jesus se refere a não nos preocuparmos com a vida alheia, o que de fato procede, mas se observarmos que apesar das traves que ficam em nossos olhos, ainda olhamos para o cisco ou argueiro no olho do próximo.

Devemos analisar um pouquinho, quem é esse próximo?

Esse próximo é aquele irmão que vem com um cisco no olho, muitas vezes com o coração sangrando, ferido pelas mazelas da vida, pelos obstáculos que tem que superar, pelas ingratidões, pelas calunias, pelos fracassos dos mais próximos, pela perda de um ente querido, enfim, aquele que tem um cisco no olho, carrega consigo muitas vezes, provas dificílimas que nós não avaliamos, mas nós costumamos avaliar muito bem o pequeno cisco.

È hora de mudar, ter outra postura.

Olhar para o nosso próximo procurando nele o que há de bom, porque sempre há.

Nós é que não conseguimos ver.

Que Jesus nos abençoe

Psicofonia recebida no Nept em 11/07/2012

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Ferramenta de grande valor...




A mediunidade é ferramenta valiosíssima sim, senhor!, e acima de tudo, muito importante como instrumento de educação e progresso. Alguns dirigentes deveriam considerar os portadores de certas aptidões mediúnicas ostensivas, pessoas que, geralmente, apresentam fortes sintomas obsessivos, aqueles desequilíbrios naturais do início.

Não podemos ver a mediunidade como algo desnecessário e prováveis médiuns como meros obsedados. Não se pode subestimar quem mostre algum desequilíbrio em vista da mediunidade aflorada e, nem sempre, estes necessitam apenas fazer imediato tratamento antiobsessão e curso de Espiritismo.

Assisti ao depoimento de um rapaz que se dizia feliz por não mais experimentar a “pavorosa” levitação do colchão de sua cama com ele deitado sobre este. Há algum tempo, em um programa de TV espírita, um moço mostrou-se eternamente grato ao apresentador e entrevistador desse programa, também dirigente de conhecida federação, por tê-lo encaminhado ao tratamento espiritual. Segundo ele, depois dos passes, o fenômeno, “graças a Deus, cessou!”, e isto me fez recordar aqueles testemunhos televisivos em que se atribui responsabilidade de tudo ao Diabo...

Por que esse tal dirigente não acompanhou o desenrolar dos fatos, além de somente conduzir o moço à terapia de passes? Quantas outras ocorrências interessantes, passíveis de observação não devem ter sido levadas em conta, sem lhes darem a menor importância! Gente! Deus jamais criou algo supérfluo! Qualquer tipo de fenômeno acontece consoante Seu consentimento e há de possuir algum proveito.

Onde estarão os pesquisadores espíritas de agora? Será que Almas da qualidade de um William Crookes, Alfred Erny, Epes Sargent, Gabriel Delanne, A. Aksakof, Charles Richet e outros se extinguiram para sempre? Por que em tempo algum se soube de nenhuma comunicação destes Espíritos? Ah! Mas alguém há de me contestar: “Há assuntos mais importantes”...

Houve um tempo em que aqueles homens encaravam médiuns e fenômenos como algo digno de se levar em consideração, com seriedade, daí, esses sábios consagrados em seus respectivos misteres produzir obras do valor de Fatos Espíritas (Crookes), O Psiquismo Experimental (Erny), O Fenômeno Espírita (Delanne), Animismo ou Espiritismo? (Bozzano), Animismo e Espiritismo (Aksakof), Física Transcendental (Zölner), etc.

Desdenhar da manutenção do intercâmbio espiritual é desdenhar da sabedoria e misericórdia de Deus. Há quem pregue a abstração de médiuns com respeito a aparelhos eletrônicos: tais aparelhos "substituiriam" tranqüilamente os médiuns. Ouvi de alguém este asserto: “só existirá no futuro um tipo de mediunidade: a intuitiva”. Desde já, menosprezam, por exemplo, a psicofonia.

Aparelhos eletrônicos não podem substituir as propriedades psíquicas de um médium. Nenhum circuito contendo válvulas, semicondutores, transdutores, etc. ou circuitos constituídos de componentes miniaturizados, montados em uma pequena pastilha de silício, ou de outro material semicondutor poderá fazer as vezes do sistema nervoso e estímulos, da corrente elétrica originária do cérebro e do campo magnético que possibilita a geração do fluxo da carga energética de essência eminentemente divina. Vai demorar muito certas faculdades tornarem-se coisas imprescindíveis (haja milênio, creio eu!).

Se certos dirigentes não dão a mínima atenção a certos fenômenos, que dirá a certos médiuns! Alguns até acham que médium não é nada, e se perde grande oportunidade de, quem sabe, obterem-se resultados morais e intelectuais de proveito geral. Ora, antes de tudo, qualquer médium é um filho de Deus como qualquer outra pessoa, merecedora de todo o apoio e respeito. Alguns pensadores espíritas julgam perda de tempo desenvolver-se, por exemplo, médiuns de efeitos físicos; para eles, já disseram, já provaram tudo, principalmente no que consta de obras conforme psicografias de Chico e de Divaldo.

Quanto à psicografia, em particular, a que tanto Allan Kardec deu maior importância, por razões óbvias, por que os dirigentes não pesquisam seus médiuns psicógrafos? Será que todo mundo sentado à mesa recebe mesmo mensagens escritas do Além, é realmente médium psicográfico? Por que já ouvi isto em certas casas espíritas de certos médiuns: “Será que foi mesmo um Espírito ou eu que escrevi?”

Por que não inquirir de alguns Espíritos cujas assinaturas constam dos “romances mediúnicos”? Donos de editora que se intitula espírita não deveriam só dar maior importância à parte comercial que certos trechos enigmáticos, confusos e, às vezes, anti-doutrinários; deveriam, sim, adotar, quando necessário, chamar o médium e o autor desencarnado, indagá-lo a respeito de certas idéias que não ficaram claras (tal como faria Kardec), obter, inclusive, a biografia desse autor em nome da credibilidade.

Outras perguntas: por que o Espírito André Luiz nunca foi questionado através de médiuns de diferentes núcleos espíritas? Por que aqueles que contestam o Espírito Emmanuel, por causa da obra A Caminho da Luz, não o convocou até hoje para que se justificasse? Será que além de Chico Xavier, Yvonne Pereira e Divaldo Pereira Franco não existe nem ao menos um médium competente em nossa terra?

Não. Ninguém pode garantir que não há nenhum médium idôneo. Sei de um caso de um médium, por sinal sonambúlico, que materializa Espíritos (mediunidades raríssimas!), o qual, antes, detestava religiões e em tempo nenhum admitia a existência de Deus. Certo dia, depois de muito sofrer por opor-se a aceitar a sua condição de médium, procurou desesperadamente ajuda. Ele deixou o orgulho de lado e foi em busca de algum esclarecimento para o seu caso em conceituada casa espírita que se localiza no centro da capital paulista; disse ele em tom de frustração: “Quando cheguei lá, não tive quem me atendesse como deveria”...

Davilson

sábado, 14 de julho de 2012

Quanto mais se ama...




O ser humano levado pela imaturidade que lhe faz companhia desde tempos imemoriais, acostumou-se a tudo querer sob a ótica do imediatismo, ao sabor da sua vontade, sem paciência para esperar que as coisas aconteçam no momento adequado, sem observar que a natureza não dá saltos, e que tudo está preestabelecido pelas sábias Leis que regulam o universo.

De certa forma essa atitude do homem, pode ser explicada não só pela sua imaturidade, como também pela ausência de amor em seu estado presente, o que não lhe faculta uma melhor visão da vida em seus múltiplos aspectos, pois é o amor que ilumina e harmoniza a criatura, é a alma da felicidade que preenche todos os vazios e aspirações do ser humano.

As pessoas carentes e perturbadas pela febre das posses externas acreditam que a felicidade reside na sucessão das glórias que o poder faculta e nos recursos que amealha. Ledo equívoco, por que o tormento da posse aflige e impulsiona a sua vítima a metas cada vez mais desmedidas, tornando sua existência numa busca desenfreada para possuir cada vez mais, não refletindo que a felicidade independe do que se tem momentaneamente, mas sim daquilo que se é, estruturalmente constituído pelo amor, sem necessidades de gestos grandiosos, manifestando-se nos pequeninos acontecimentos e situações naquele que o abriga.

Esta compreensão que o amor propicia conduz à solidariedade nos momentos difíceis, nas grandes dores, na solidão, na amargura que periodicamente aflige todas as criaturas, e que enquanto a pessoa não experimenta o suave envolvimento do amor, vive movimentando-se nas heranças dos desejos, nas teias dos instintos, sofrendo sempre quando os seus interesses não se encontram atendidos e suas aspirações não são correspondidas.

Preciso se faz ao homem entender que nos localizamos no contexto universal, e nossa tarefa essencial é a de auto-iluminação, que logo se desdobra em serviço a favor do progresso próprio e do seu semelhante, mediante a consideração pela ordem, não a violando, nem a submetendo aos caprichos e desejos que lhe predominam no mundo íntimo.

Alimentada pela seiva nutriente do amor, desenvolve-se no indivíduo os demais sentimentos da compaixão e da ternura, da caridade e do perdão, que são as partituras que mantêm as belas, suaves e harmoniosas melodias da vida.

Quanto mais se ama, mais nos inundamos de bênçãos alcançando as demais criaturas e envolvendo tudo a nossa volta, tornando-nos mais sadios, alegres, otimistas, sem preocupação doentia de possuir nada além do necessário para o nosso conforto e manutenção, entendendo definitivamente que os bens materiais não são capazes de nos fornecerem felicidade por mais que os tenhamos em abundância.

José Francisco

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Batizar?




Se vocês, espíritas, não são batizados, como é que poderão salvar-se?

Esta pergunta me foi feita por um amigo em carta. Já houve quem me dissesse que o espírita deve batizar-se, sim, porque até Jesus o foi. A esta pessoa, baseando-me numa argumentação do médium e orador espírita José Raul Teixeira, respondi que, de fato, João Batista batizou Jesus nas águas do Jordão; no entanto, Jesus a ninguém batizou. Demais, os espíritos devemos procurar fazer tudo quanto Jesus fez, e não praticar tudo o que com Ele fizeram os homens porque, senão, neste descompassado, dentro em breve estaremos pregando um nosso semelhante qualquer numa cruz com uma coroa de espinhos.!

Outros alegam que o batismo evita que se morra pagão. Ouvi muito esta afirmativa quando eu era criança. Aproveito a oportunidade para explicar que a palavra pagão vem do Latim paganus e não designava, cm absoluto, o morador do Pagus, não. Quem informa é o ilustre catedrático paulista Silveira Bueno, católico convicto. Designava aquele que, para não servir na milícia romana, fugia das cidades, ia residir nos campos longe de Roma. Quando o Cristianismo triunfou com a aliança dos líderes políticos com os líderes religiosos, ao tempo de Constantino, século III depois de Cristo, deu-se à palavra paganus uma nova semântica, um novo significado. Desde então pagão seria todo aquele que não desejasse servir nas milícias celestiais, quer dizer, todo aquele que não quisesse pertencer ao Catolicismo.

O batismo é um ritual muito mais antigo do que comumente se pensa. Vem dos povos mais antigos, dos gregos, dos egípcios, dos hindus. As religiões tradicionalistas, ainda hoje, às panas do século XXI, insistem em conservá-lo, no que nada temos que ver. É um direito que elas têm e não seremos nós, os espíritas, que iremos cercear o livre-arbítrio de quem quer que seja, desde que não haja prejuízo alheio. Só que a Doutrina Espírita pura e simplesmente dispensa este ritual. Ou qualquer outro ritual também como preces especiais, casamentos religiosos, oferendas ou coisas do gênero. Perdão se me torno repetitivo, porém penso como Napoleão, segundo o qual a mais importante figura da retórica é a repetição.

O meu missivista, como ia dizendo, indagava como é que o espirita iria salvar-se pois que não fora batizado. A ele remeti longa carta. E porque talvez algum leitor amigo se defronte com esta mesma questão, atrevo-me sumariar a resposta enviada a ele. Devemos sempre fazer o devido esclarecimento espírita dos assuntos que nos são apresentados.

Bem, pessoalmente, para usar de sinceridade, eu não aprecio esta palavra salvação, não. Prefiro a expressão redenção ou libertação espiritual Salvação, a meu ver, no que posso até estar errado, porque sou míope para longe e para perto, seria o oposto de perdição. Como não aceito a idéia de que Deus, definido por Jesus como Amor, deixe perder-se para sempre um só de seus filhos, dou preferência à redenção ou libertação espiritual. Mesmo porque Jesus declarou: Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará (João, Cap. 8 vens. 32).

O que liberta a criatura do sofrimento, decorrente da violação às leis divinas, é a prática genuína e desinteressada do Bem. É a vivência espontânea da Fraternidade. É a vontade ardente de ver no semelhante um seu irmão voltando ao proscêncio terrestre para progredir, daí ser merecedor de melhores demonstrações de estima e consideração.

Nesse contexto, cabem duas palavras acerca do preconceito. Do preconceito racial, por exemplo. Determinado confrade fez um teste com um grupo de espíritas. Cada um dos componentes daquela brincadeira deveria fechar os olhos e imaginar-se sendo assaltado. Depois diria que emoção sentiu se fosse realidade o assalto. O leitor amigo poderá dizer qual foi a cor do assaltante imaginado pelos confrades espíritas envolvidos naquela experiência brejeira, porém muito significativa !

O que liberta a criatura é a Caridade, que, segundo uma definição do Irmão X, escrevendo pelo médium Chico Xavier, é servir sem descanso, é cooperar espontaneamente nas boas obras da comunidade, sem aguardar o convite ou o agradecimento dos outros, é não incomodar aquele que trabalha, é suportar sem revolta as (imitações alheias, auxiliando o próximo a supera-las.

O que liberta a criatura da ignorância é a paciente leitura de livros que nos dizem porque vivemos, para onde iremos depois da morte do corpo fisico (se é que ele morra, pois em verdade até ele simplesmente se transforma), de onde viemos ames do berço. Contudo, não basta a leitura. É necessária a sua reflexão. Impõe-se a vivência dos seus ensinos. Pois como já reconhecia Daudet, quanta gente há, em cuja biblioteca, poder-se-ia escrever "para uso externo", como nas garrafas das farmácias. Quer dizer, ler por ler simplesmente não vale a pena. Mister se faz modificar o comportamento, ampliar o horizonte cultural, aprofundar a análise do porquê da vida e sobretudo, repito, vivenciar o que os bons livros nos ensinam em termos de crescimento moral e espiritual.

O que liberta a criatura de suas imperfeições é o seu desejo de despojar-se de seus vícios morais como a inveja, a cobiça, o ciúme, a ira et caterva, forcejando por ser mais paciente, mais humilde, mais prudente, mais humano diante das dores alheias, mais tolerante diante das falhas da outra pessoa, sem cair na alienação dizendo amém a tudo e a todos, com esta atitude muito cômoda concordando com erronias que não podem de jeito nenhum contar com a nossa anuência.

O que liberta a criatura não é o batismo que recebeu em criança ou já adulto ao aceitar esta ou aquela solta religiosa. Não. O que liberta a criatura de seus erros do passado e de suas limitações anuais é este esforço diuturno de observar, na vida diária, tudo quanto o Cristo nos ensinou através da força do exemplo ! ...

Celso Martins

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Dor e Evolução




O sábio Epicteto já formulara, em poucas palavras, o sentido do sofrimento: “Não peças que as coisas se façam como tu as queres; limita-se a receber os acontecimentos, quais se te apresentam; é o segredo da felicidade". Mas, quem possui a força de resignação desse homem tão cheio de sabedoria diante da dor acabrunhante, quem tem a consciência. livre de penas e tribulações em face de um passado onde certamente vamos encontrar as origens dos sofrimentos e das infelicidades?

O Espiritismo, com a lei palingenésica, oferece acerca deste perturbador problema uma solução adequada e quiçá desejável. Assim, o que nos inquieta, perturba, contrista e, por vezes, anula de um só golpe todas as nossas esperanças materiais, ou os nossos corpos esplendentes de saúde, não é o efeito de um determinismo cego, mas, pelo contrário, corresponde a um princípio de causalidade lógica, que diz respeito com o livre arbítrio, responsável pelo nossos destinos.

Efetivamente, sofrimento e dor ocasionam uma mudança brusca no mundo da afectividade e, precisamente nesta desadaptação, inopinada, nossos seres se ajustarão a uma nova vida e a conseqüentes sensações de todo inesperadas.

Este fato é irrefutável, pois que ele deflui de outros fatos dos quais tira conseqüências para a nossa evolução.

O sentido do sofrimento, quando visto através da evolução contínua, revela uma origem racional, é indício positivo de resgate, ou, melhor dizendo, é o anunciador de um progresso certo da alma. Em realidade, a liberdade moral é um patrimônio da alma em suas mais elevadas formas; essa liberdade, porém, só é cabível dentro dos limites próprios às nossas aquisições em vidas anteriores, pela determinação consciente de cada individualidade, individualidade esta que oculta uma essência permanente, um princípio centralizador, uma função de síntese; estabelece, portanto, uma unidade e uma continuidade na multiplicidade dos fatos psíquicos. Assim concebido o problema do sofrimento humano, somos levados a volver sobre nós mesmos, a enchermo-nos de arrependimento que é o sentimento superior de reedificação, de liberação, assinalando os fins e entreabrindo as portas maravilhosas das esferas julgadas inacessíveis. Lá, vamos encontrar o principio da finalidade individual, da expiação e do arrependimento condizentes com a natureza sensível, isto é, com as disposições peculiares ao valor e ao esforço.

Max Scheler, psicólogo e filósofo alemão, perfeito conhecedor dessas questões, é bem explícito sobre o assunto; escutemo-lo: "a elevação da alma pelo arrependimento mostra o que em nós havia de inferior. O arrependimento é sofrimento e ao mesmo tempo higiene mental; a alma não procurará desembaraçar-se dele; por guardar em si todo o seu passado. Como seres encarnados não temos lembrança dos acontecimentos do passado, os quais, todavia, só em aparência estão infirmados em nossa vida psicológica. A idéia deles se conserva à disposição da consciência, fixando-se assim na parte ativa de nosso processo individual, pois que, de contrário, recairia, a todo o instante, na parte passiva do inconsciente".

Assim, pelo fato de o homem, em sua natureza virtual, estar propenso a um futuro cada vez mais elevado, torna-se compreensível a idéia de atos sucessivos, de solidariedade indestrutível no engrandecimento pela verdade e pelo bem, e que não podem recuar diante do desgosto estimulante e salvador das faltas do passado. Ora, a alma; posta em contacto com as zonas de pertubações e incertezas de sua existência, instrui-se por si mesma acerca dos fins que ela tem de atingir.

O sofrimento está repleto de ensinamentos, obriga a vida sensível a se subordinar à vida das atividades que repudiam o fatalismo de maneira que o sofrimento eleva os sentimentos pelas intenções de reparação, pela vocação eterna de absolvição.

A noção de livre arbítrio não modifica momentaneamente nossa vida de formas e de sensações, ela implica evidentemente uma estreita coesão do

passado reavivado, do presente fugitivo e do porvir certo. O conhecimento da solidariedade moral dos diversos processos de nossas individualidades, quando apreciados através de uma, série continua de vidas, faculta-nos a consciência das elevadas finalidades a que estão condicionados os nossos seres.

A Doutrina Espírita, tal como foi revelada pelo; ensinamentos de Kardec será estranha a estas soluções do problema do sofrimento em nosso planeta?

Não, é impossível separar o Espiritismo, em sua psicologia experimental, da compreensão racional da dor humana.

Se são numerosos os ignorantes e teimosos que não querem ver nada mais além da função orgânica do corpo, não menos certo é que grande parte da Humanidade, graças à renovação da psicologia pela investigação positiva dos fatos psíquicos, se mostra em condições de ter opinião e serenidade diante daquilo que turba a existência dos homens: as dores e os sofrimentos em seus infinitos graus.

Os materialistas e os cépticos têm o hábito de só ver a parte aparente da existência, excluindo a sua unidade e finalidade.

A prova que abala as nossas fibras mais ocultas, o mal que nos abate e rios desencoraja, apenas momentaneamente lhes ensombreiam a existência do espiritual.

Tudo isso, porém, se transforma em virtudes de força, paciência, devotamento quando penetramos em nós mesmos, quando, batendo no peito, reconhecemos o alcance de seu ensinamento.

Será possível suprimir-se o sofrimento em um mundo de controvérsias, de lutas, de pesquisas, que se movem entre o relativo e o contingente? Não :será absurdo acreditar-se possa haver igualdade em nossa maneira de viver, compreender e sentir?

Não erraremos dizendo que o mal, a dor, as desigualdades, no tocante à felicidade humana, fazem parte de maravilhoso plano de progresso As provas amargas da existência, as inferioridades miseráveis, as desgraças enganadoras são, no entanto. avisos de causalidades admiravelmente dispostas e que fazem funcionar o presente é o porvir, pelo chamamento do passado, colocando-nos em face de erros a reparar, concitando-nos a aceitar o efeito inexorável de nossos deméritos e méritos, supremas justificações de um Criador que a tudo proveu para o maior bem de todos na infinidade do tempo e do espaço. O ressentimento da prova física e moral comporta a virtude da paciência, tornando-nos resignados, mas, por um reflexo de auto defesa, nos premune, pelo arrependimento e pelo resgate, contra novos sofrimentos: compensações reais de nosso renovamento.

Em realidade, toda causa tem uma seqüência lógica, gérmen de uma causalidade nova. Ora, esta lei geral que implica na repetição de nossas existências se firma sobre qualidades já obtidas nos estados de vida onde o sofrimento foi o mestre iniciador. Quantos chamamentos às fontes nos fizeram tropeçar, quantos apelos à consciência moral, a fim de evitar as extravagâncias que nos fizeram sofrer. Sofremos porque faltamos à lei de Deus.

Quando estamos presos à dor, ocorre-nos ao pensamento que nossos infortúnios e males têm suas origens nas negligências do passado è, então, procuramos tirar deles o melhor proveito para que, com mais firmeza, marchemos em busca do futuro. Suportamos, com paciência, penas, torturas físicas e morais, desde que apelemos para a força soberana da renúncia, do esquecimento. Assim, ofereceremos nossas penas a Deus, pela necessidade imperiosa do resgate. Dizemos com convicção: a crença da alma é ativa, sejam quais forem as circunstâncias; o nosso comportamento interior suporta, sem revolta, sem queixa alguma, todas as tristezas e desapontamentos.

O ser que defende seus atos com toda a serenidade apesar dos assaltos infelizes a que está sujeito, demonstra ter fé na alma e em seu porvir, prova estar em condições de subir, com segurança e rapidamente, os degraus da evolução espiritual.

Tomemos o exemplo de Santa Teresa do Menino Jesus que se submeteu a Deus, com exaltação, em meio das múltiplas agonias da dor. Sua alma já alcandorada aos páramos da espiritualidade alma, de elite, trazia, com ela e nela, muitas qualidades de sofrimentos e de rara coragem, o que lhe permitia encontrar a felicidade real, a beatitude augusta em todos os seus penares.

Quase todos estamos longe de atingir este grau de elevação moral. E, no entanto, não temos em nós os rudimentos de renúncia, as mesmas possibilidades de essência providencial, os meios indispensáveis de reedificação?... E' precisamente nesta lei de redenção que vamos encontrar a fé que nos refaz e que, em nós, fará renascer a esperança. '

Ah! bem sabemos haver seres que ainda não sentiram as tribulações da existência. São os inclinados a viver como egoístas e a desconhecerem os sentimentos ele compaixão que elevam a alma. Nada, porém, para eles está perdido: terão, a seu tempo, de crescer nisto que eles ignoram e não quiseram aceitar.

Os que sofrem, que sofreram, que suportaram as dores provocadas pelos cravos pregados na cruz da prova, conheceram os profundos desesperos; estão, por isso mesmo, em condições de apreender o sentido do sacrifício liberador de suas almas. Encontrarão o caminho do serviço e do amor. Não sucumbirão no sofrimento, pois que este lhes dará acesso ao bem, ao incessante devotamento renovado.

Louis Fourcade

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Depressão: Doença da Alma




A ausência de objetivos existenciais conduz o indivíduo à conceituação do nada como um mecanismo de fuga da realidade.

Kierkegaard, o eminente teólogo e filósofo dinamarquês, estabeleceu que a ausência de sentido da vida conduz à angústia, procedendo do nada e vivenciando realidades para o futuro .

Essa ambigüidade entre o nada e o ser leva a uma irracionalidade da sua existência metafísica e a expressão absurda da vida.

Essa conceituação abriu espaço para formulações variadas na área da filosofia, facultando aos existencialistas, através do pensamento de Sartre, que a considerava como sendo uma expressão de liberdade, conseqüência da falta de objetivos essenciais. Igualmente os sensualistas têm-na como ausência de metas, o absurdo, produzindo resultados de aniquilamento da vida, como pensava Camus e todo um grupo de apologistas do prazer.

Sob o ponto de vista psicológico, a angústia resulta de vários fatores ancestrais, que podem possuir uma carga genética, que imprimiu no comportamento a patologia perturbadora.

Outros impositivos psicossociais como perinatais influenciam a conduta angustiante, levando à depressão profunda, que pode resultar em suicídio.

A fixação de pensamentos negativos em que o homem se compraz termina por gerar conflitos graves quando se negam auto-estima e o direito à felicidade, vivência a autoconsideração, tombando na revolta surda e silenciosa, que cultiva nos dédalos da personalidade conflitiva.

Entretanto, as raízes fortes da angústia encontram-se emaranhadas no passado de culpa do Espírito, que reconhece o erro e teme ser descoberto.

Envolve-se , sem dar-se conta, num manto sombrio de desconforto moral e sem ter consciência da sua realidade, compreende-a, mas não sabendo digeri-la, transforma-a em mortificação, em cilício, que o amargura.

Faltando valores morais para um enfrentamento lúcido com a realidade em que limita os movimentos, transfere o sentido de responsabilidade para o próximo, para a sociedade e descarrega a sua mágoa, rebelando-se, anulando-se.

A angústia é estado mórbido que deve ser combatido na sua causalidade.

A reflexão em torno dos valores que são desconsiderados, a introspeção sobre a oportunidade de despertamento para ser útil, o sentimento de fraternidade que deve ser despertado, contribuem positivamente para o tratamento libertador...

A ajuda especializada de terapeuta responsável enseja o desalgemar do Espírito desse amargo estado aflitivo, acenando possibilidades felizes que se transformam em bem –estar e saúde.

Não raro, o portador de angústia cultiva o masoquismo, que resulta de uma consulta egoísta, graças, ao que, mediante mecanismo psicológico especial, foge da realidade por necessidade de valorização pessoal.

Em face da ausência de recursos positivos e superiores, recorre ao atavismo dos instintos primários e descamba na torpe angústia.

Diante dela, somente uma resolução firme e legítima para facultar abertura terapêutica para o desafio.

Não havendo interesse do paciente, é certo que mais difícil se torna a liberação da psicopatologia tormentosa.

Considera a bênção da oportunidade que desfrutas e espanca as sombras da tristeza que, periodicamente, te assaltam.

Evita acumular amarguras defluentes da queixa, da sensação de infelicidade, e trabalha-te, a fim de que teu amanhã se apresente menos tenebroso.

Hoje colhes, enquanto fruis o ensejo de ensementar.

Busca ser útil a alguém, mesmo que, aparentemente, nenhum objeto se te delineie de imediato.

Sempre há oportunidade, quando se deseja crescer e desenvolver valores latentes.

Jesus informou que Ele é vida e vida em abundância.
Recorre-lhe à ajuda, e deixa-te curar pela sua assistência de Psicoterapeuta por excelência.

Joanna De Angelis

terça-feira, 10 de julho de 2012

A caridade escondida





A casa de Pedro era um recinto muito disputado e um local onde o Cristo se reunia com os apóstolos para se debater inúmeros assuntos.

As conversações naquela noite iam longe e a temática era a caridade.

Os discípulos envolvidos, todos estavam afirmando então, que para a prática da caridade era necessário que houvesse recurso material, dinheiro, e tão poucos poderiam efetivamente praticar a caridade.

E começavam então a lembrar dos nomes que poderiam auxiliar os outros por conta das posses que tinham, quando o Cristo muito gentilmente interveio:

- "Era um homem que havia sido convidado à pratica da beneficência na Terra. Mesmo sabendo disso, sabia das suas limitações que eram muitas, era paupérrimo, tinha que trabalhar de sol a sol para sustentar a casa composta da esposa e dos pequeninos filhos, pois era arrimo de família.

- Muitas vezes chorava ao ver pessoas famintas passando ao largo da sua pequena casa, não tinha condições de dar o agasalho ou o pão a quem quer que fosse sem tirar o mínimo de alimento da boca dos filhinhos.

- Ainda assim se esforçava muito para ser beneficente, ouvia muito, dava sugestões saudáveis às pessoas, ajudava a quem podia ajudar, fazia um esforço aqui, uma mudança, carregava um peso, uma roupa.

- Fazia o que podia fazer mas ainda lhe doía a impossibilidade de ajudar materialmente a muitos famintos ainda mais pobres do que ele, por isso resolveu mudar algumas coisas dentro de si mesmo, já que não podia doar coisas materiais, começou a se transformar intimamente, resolveu abrir uma espécie de luta contra o mal dentro de si.

- Quando alguém chegava perto com a palavra da calunia, com muita educação e gentileza, buscava trazer à lembrança da pessoa que era caluniada através, das recordações das boas qualidades.

- Quando alguém vinha com agressividade, desdobrava-se para não reagir e não reagia, ainda que o agressor lhe ofendesse, lhe batesse, não só não reagia como o tratava com muita generosidade.

- Em todas as situações desconfortáveis provocadas por outrem sua postura era correta, digna, e assim levou a vida toda, fazendo o bem que pudesse fazer, ainda que não tivesse condições de auxiliar a quem quer que fosse materialmente, por isso sentia-se culpado.

- Mas, como é da lei para todo mundo, a morte veio buscá-lo, sua jornada terrena acabara, imediatamente fora conduzido a uma região mais elevada onde sentia-se profundamente envergonhado por não ter podido cumprir com as tarefas de beneficência que lhe haviam sido atribuídas.

- Entretanto, quando se dá conta diante daquele tribunal maravilhoso, um diadema brilhante reluz sobre a sua cabeça.

- Ele se dá conta e indaga ao instrutor: 'Por que isso? Não sou digno disso.' 'Tu és meu filho, por tudo o que fizeste, por tudo o que fizeste para se transformar, tu és digno disso!'

- Toda a vida daquele homem, foi uma vida de trabalho e de amor.

- Não é importante que ninguém seja provido materialmente para poder praticar a caridade porque é esta caridade silenciosa e escondida que qualquer um de nós pode praticar a quem mais importa."



Que Jesus nos abençoe.

Psicofonia recebida no Nept em 30 05 2012

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Aquisições de vidas passadas




Gregory Robert Smith é um norte-americano de 13 anos de idade e poderia ser um pré-adolescente comum se já não estivesse prestes a cursar um doutorado em Matemática em Oxford. Sim, doutorado. Aliás, a precocidade dele surpreende. Aos 14 meses resolvia problemas simples da sua matéria preferida, quando aos 10 anos começava a graduação pela Randolph-Macon College, em Washington. Greg chega a cobrar 10 mil dólares por palestra e teve seu nome indicado pela segunda vez ao Prêmio Nobel da Paz pela sua defesa de crianças pobres no mundo. Um talento precoce conhecido, entre outros, foi o do compositor Mozart. Ele compôs minuetos aos 5 anos e escreveu sua primeira ópera aos 14 anos.

Os casos de crianças superdotadas sempre chamaram a atenção. A ciência não possui uma explicação convincente sobre o assunto, alega, apenas, se tratar de uma predisposição genética associada a rápida reação a estímulos externos.

Precocidade, porém, não seria mais sinônimo de genialidade. O gênio seria aquele que conseguiria agregar valor, trazer algo de novo a humanidade e não simplesmente ser alguém com uma capacidade acelerada de produção comparada à média geral. Os gênios "representariam" 0,1% da população mundial, segundo estatísticas.

O debate sobre o que é realmente a inteligência nunca foi tão promissor como atualmente. Muitas teorias têm ampliado o conceito de inteligência, fugindo ao esquema ultrapassado de medição dela pelo Quociente Intelectual, o Q.I. mediante aplicação do Teste de Binet. Gênios como Greg teriam Q.I. entre 160 a 180, mas o que esse número responderia sobre a origem desta “anormalidade”?

Para demonstrar a multivariedade de expressão intelectual, Howard Gardner, professor da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, desenvolveu a Teoria das Inteligências Múltiplas que permite compreender a manifestação da inteligência humana pelas capacidades verbal-lingüística; lógico-matemática; visual espacial; rítmica musical; corporal sinestésica; interpessoal; intrapessoal e naturalista dos indivíduos.

Outros teóricos, entre eles, Daniel Goleman, advertiram que a inteligência teria também um caráter emocional, demonstrado pelo desenvolvimento de competências como autoconhecimento, autogestão, conhecimento do outro e habilidades sociais. Outro professor da Universidade de Harvard, Robert Coles, salientou a existência do que chamou de Inteligência Moral, isto é, a capacidade de refletir sobre o certo e o errado.

O que todas estas teorias não levaram em consideração é a possibilidade da inteligência ser atributo ou conquista do próprio Ser como resultado acumulativo de seus conhecimentos e vivências de existências anteriores, admitindo-se a reencarnação como fato.

As idéias inatas que possui são lembranças espontâneas do seu patrimônio particular, em diferentes esferas de expressão, alguns em estado mais latente como nas chamadas crianças-prodígio.

Ficaria bem mais fácil compreender toda essa complexidade da mente humana.

Mais recentemente, o Doutor Richard Wolman, também de Harvard, incorporou às demais teorias em voga o conceito de Inteligência Espiritual, que seria a capacidade humana de fazer perguntas fundamentais sobre o significado da vida e de experimentar simultaneamente a conexão perfeita entre cada um de nós e o mundo em que vivemos.

Não é exatamente o que define a Doutrina Espírita, mas já é um avanço no entendimento integral do indivíduo.

O atual estágio evolutivo dos seres viventes na Terra ainda não permite uma definição mais próxima do que seria afinal o Espírito, tanto que a resposta dada ao questionamento do organizador do Espiritismo, Allan Kardec, que não fora superficial quando afirmou que “são os seres inteligentes da criação”, o que dá a entender que é a inteligência um fator inerente de caracterização do Ser no processo evolutivo, tanto que possui um corpo mental na sua constituição total.

À inteligência, a que se associar a capacidade de utilizá-la para o bem de si próprio, da comunidade que participa e da humanidade. Este é o sinal que ainda estamos em aprendizagem.

Haverá época em que os novos gênios que chegam a Terra, muitos deles advindos de outras esferas planetárias, venham-nos a ensinar a conjugação perfeita entre precocidade intelectual com desenvolvimento do senso moral.

Isso, certamente, será coisa de gênio.

sábado, 7 de julho de 2012

Saúde




No mal físico residem as impurezas que recebemos do mal que provém dos nossos pensamentos errôneos.

Diante disso vamos nos adoentando em pensamentos de ira, ódio, rancor, ressentimento.

A vida passa então a ser vista e vivida com dores de toda a espécie.

Queremos a saúde e ela não vem.

Queremos o bem estar e ele não aparece.

Modificando nossos pensamentos e hábitos, vamos conquistando a verdadeira saúde.

Queridos, que a vida lhes proporcione a saúde necessária concluindo em suas mentes o amor.



Roberto Brólio
psicografia recebida no NEPT em 06 de julho de 2012

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Clichês mentais




Esta é uma época muito boa para se falar em clichês, porque tudo fica obsoleto rapidamente. A velocidade de tudo nos faz impacientes com as repetições dos acontecimentos. Existe uma ansiedade por novidades, e isso traz também impaciência. Um detalhe de um produto, ou um recorte diferente na roupa já é suficiente para se falar em tendência.

No entanto, somos todos vítimas dos clichês e das idéias repetitivas. A propósito, o que é um clichê? Segundo o dicionário Aurélio, clichê é uma placa fotomecanicamente gravada em relevo sobre metal, usualmente zinco, para impressão de imagens e textos por meio de prensa tipográfica. Não sei o quanto esta definição esclarece para o leitor leigo, que nunca tenha entrado na redação de um jornal.

Mas tem que ser um jornal à moda antiga, daqueles em que o tipógrafo ia formando as palavras e os textos pegando de uma enorme caixa de madeira, onde as letras estavam separadas em escaninhos, em ordem alfabética, e em cada um deles, havia um punhado de tipos de cada letra.

Ele era um compositor, isto é, um homem que compunha todo o jornal juntando cada um dos tipos formando as palavras. Fazia assim o papel da antiga máquina de escrever.

Nesse tempo, as fotos eram feitas com clichês. Primeiro se tirava a fotografia, depois ela era enviada para onde se fabricava o clichê. A foto voltava numa placa de zinco sobre uma madeira para que ficasse da mesma altura dos tipos. Para simplificar, podemos dizer que as fotos eram transformadas em uma espécie de carimbos.

Assim sendo, para publicar novamente a foto de alguém era preciso ir a um depósito onde havia pilhas de clichês e, dentre eles, encontrar o clichê da foto desejada. Hoje é bem mais simples.

As fotos de um jornal estão nos arquivos dos computadores e bastam cliques do “mause” para se ter as fotos novamente. Isso permite que os jornais sejam lidos na Internet, em tempo real com os acontecimentos.

O objetivo de usarmos a palavra clichê é o significado que ela contém quando falamos em clichês referindo-se a idéias. Usar um clichê é buscar idéias fixas sobre determinado ponto de vista, ou então usar frases padrão ou de efeito, como costumamos dizer. De modo que, uma pessoa ao fazer uso de clichês, acaba sendo um indivíduo de idéias repetitivas e que o tornam totalmente previsível. Basta que ele abra a boca e já sabemos o que vai dizer. Aí está a doença que o clichê provoca: idéias “clichezadas” são idéias cristalizadas ou congeladas.

Nos tempos atuais, vemos e ouvimos clichês de todos os tipos, tamanhos e conteúdos. Basta a gente ver ou ouvir entrevistas, e será difícil alguém não deixar escapar algum clichê. São frases feitas e chavões que andam de boca em boca, como se fossem formas de pensamentos “xerocadas” de idéias semelhantes. Os políticos são especialistas no seu uso.

É uma época em que vemos poucas idéias ou maneiras de expressão inovadoras, criativas ou que nos tragam uma compreensão inédita, capaz de proporcionar um estalo, como se costuma dizer, significando descoberta de um novo ponto de vista, ou que tenhamos uma “sacada” genial, e com isso, sejamos capazes de ver outro ângulo de situações antigas e conhecidas.

Os clichês de idéias, por serem muito duráveis, como os próprios chichês dos velhos jornais e da velha forma de imprimir palavras e imagens, são usados largamente sem o risco de serem desgastados pelo tempo. Talvez o leitor não concorde comigo, por pensar que as frases feitas estão em descrédito e já não possuem mais força de convencimento. No entanto, é impossível não perceber como novas pessoas usam velhas idéias.

Faz-se uso de velhas formas de pensamento, quer seja por falta de criatividade ou para garantir um mínimo de conteúdo, num discurso qualquer. Na verdade, os clichês precisam ser jogados fora para surgirem idéias que permitam pensar e levar os outros a refletirem de formas novas, trazendo uma compreensão diferenciada dos problemas antigos que teimam em permanecer.

Este tema torna-se mais complexo, quando colocamos a dimensão da continuidade da vida na suas sucessivas encarnações. Na medida em que os clichês de pensamentos acabam encerrando uma simplificação da maneira de pensar, escondem o medo de debater idéias e opiniões, propostas e maneiras de pensar, dos fatos atualizados forçosamente pelo tempo, portanto, sucumbe ao medo de progredir.

É, muitas vezes, a lei do mínimo esforço, do comodismo das nossas mentes. Além disso fazem a gente viver cada novo dia da mesma maneira que antes.

Vamos buscar em Emmanuel os riscos dos clichês mentais quando nos ensina, nas reflexões do livro “Pensamento e Vida”, no capítulo 12 sobre a Família, a compreender que “o homem primitivo não se afasta, de improviso, da própria taba, mas aí renasce múltiplas vezes, e o homem relativamente civilizado demora-se. . .até que a soma de suas aquisições o recomende a diferentes realizações. É assim que, na esfera do grupo consangüíneo o Espírito reencarnado segue ao encontro dos laços que entreteceu para si próprio, na linha mental em que se lhe caracterizam as tendências.

Temos assim, no grupo doméstico, os laços de elevação e alegria que já conseguimos tecer, por intermédio do amor louvavelmente vivido, mas também as algemas de constrangimento e aversão, nas quais recolhemos, de volta, os clichês inquietantes que nós mesmos plasmamos na memória do destino e que necessitamos desfazer, à custa de trabalho e sacrifício, paciência e humildade.”

Quem não sabe história, repete a história, pois não consegue perceber novas correlações entre fatos e acontecimentos numa linha seqüencial de tempo. Assim tornam-se espectadores de fatos e não estudiosos do que acontece. Não conseguem tirar dos registros, significados mais profundos.

Não conseguem ver na história a construção intrincada de tendências. Não conseguem garimpar detalhes preciosos, que são os sinais do novo, que está sempre enraizado no acontecido e no vivido.

Viver em comunidade e buscar o bem comum, onde os homens produzissem e mantivessem as amizades e o progresso para todos, como queria Aristóteles, os clichês seriam abandonados e as idéias fixas seriam rejeitadas, para dar lugar a padrões novos e a mudanças constantes dos paradigmas.

A máxima de que somos pessoas diferentes a cada minuto e a cada dia, também é um clichê. Entretanto, estranhamos as propostas de mudanças quando, idéias que não soam familiares aos nossos ouvidos, permitem que se apoderem de nós, os medos, e tentando ficar livre deles, buscamos a segurança das velhas idéias ou das formas congeladas de pensar.

Abandonar clichês é viver certos fatos, como se fosse pela primeira vez. Certa vez perguntaram a um gênio da fotografia, o que ele teria a dizer para um fotógrafo que estava se iniciando nessa arte.

Ele respondeu “evite o centro da foto”, querendo dizer, que não devemos olhar pelos ângulos convencionais, do contrário não conseguiremos enquadrar as nossas fotos de maneira criativa, inusitada, dando-nos uma visão nova de realidades conhecidas. Como ter um filho que, ao crescer, faz você enfrentar, todos os dias, problemas novos a partir de situações conhecidas. É como ser criança e perguntar coisas óbvias.

Tais perguntas, irão nos conduzir ao surgimento do novo, porque as saídas inéditas sempre estarão escondidas nos becos-sem-saída da vida. Um antigo animador de programas de calouros na televisão, dizia que o amanhã ninguém usou ainda. Não é demais repetir o conselho de Emmanuel: evitar os clichês inquietantes que nós mesmos plasmamos na memória do destino e que necessitamos desfazer.

Enéas