Mensagem

"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."

Militão Pacheco

sábado, 31 de julho de 2010

Animais tem alma?

O que o Espiritismo fala sobre os animais; eles tem alma? Progridem? ou serão sempre animais? Porque eles sofrem? Eles tem Carma? Porque existem animais mais inteligentes?

Esta é uma pergunta difícil de ser detalhada, mas sem dúvida o espiritismo tem uma resposta. Os animais não tem alma como nós os humanos, mas tem um princípio espiritual que sobrevive à morte do corpo. Segundo os espíritos disseram a Kardec, quando o animal morre, espíritos especializados recolhem esse princípio espiritual, que entra em letargia e é encaminhado para uma nova encarnação quase imediatamente.

Este princípio inteligente, que ainda não é um espírito, passará milênios incontáveis nesta condição, até chegar ao reino hominal, mas em mundos primitivos, onde o homem pouco se diferencia de um animal. Continua progredindo lentamente até adquirir consciência de si mesmo e desenvolver o livre arbítrio. Os homens progridem por sua vontade, mas os animais pela força das coisas ou do ambiente. Se eles permanecessem sempre animais seria uma injustiça, pois eles sofrem, são abatidos para a alimentação do homem, usados como cobaias e desenvolvem doenças como o câncer, por exemplo.

Mas eles não tem "carma", pois não tem livre arbítrio. Mas compreenda, caro amigo, que "carma" é uma palavra das doutrinas indianas e não existe no espiritismo (preferimos ação e reação ou causa e efeito). Os animais não são responsáveis pelos seus atos. Alguns são mais inteligentes pelos cuidados recebidos, ou talvez, porque progrediram um pouco mais do que os seus irmãos da mesma espécie. Respeitar e proteger os animais é um dever cristão.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Respostas à Pressa

Evite a impaciência. Você já viveu séculos incontáveis e está diante de milênios sem-fim.

*

Guarde a calma. Fuja, porém, à ociosidade, como quem reconhece o decisivo valor do minuto.

*

Semeie o amor. Pense no devotamento dAquele que nos ama desde o princípio.

*

Guarde o equilíbrio. Paixões e desejos desenfreados são forças de arrasamento na Criação Divina.

*

Cultive a confiança. O Sol reaparecerá amanhã, no horizonte, e a paisagem será diferente.

*

Intensifique o próprio esforço. Sua vida será o que você fizer dela.

*

Estime a solidariedade. Você não poderá viver sem os outros, embora na maioria dos casos possam os outros viver sem você,

*

Experimente a solidão, de quando em quando; Jesus esteve sozinho, nos momentos cruciais de sua passagem pela Terra.

*

Dê movimento construtivo, às suas horas. Não converta, no entanto, a existência numa torre de Babel.

*

Renda culto fiel à paz. Não se esqueça, todavia, de que você jamais viverá tranqüilo sem dar paz aos que pisam seu caminho.

* * *

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Agenda Cristã.
Ditado pelo Espírito André Luiz.
Edição de Bolso. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1999.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

A ESMOLA DE CADA DIA

No Evangelho de Lucas no Cap XI, versículo 41, Jesus nos recomenda que demos de nós a esmola que tenhamos.

Essa passagem de Jesus é profundamente sábia e nos traz a pensar do que é que nós realmente podemos dar, se não somos proprietários de nada, mas apenas depositários durante a encarnação.

É muito curioso, porque afinal de contas, nós temos o hábito de dar o agasalho, o sapato, o alimento e acreditamos que estamos dando uma grande ajuda.

E de fato estamos, mas não damos nada que seja nosso.
Damos apenas alguma coisa que está conosco.

Então, o que é nosso?

O que podemos dar de nós efetivamente?

Ora meus irmãos, o que nós temos de nós são os nossos sentimentos, o nosso conhecimento.

E nos desdobramentos dos sentimentos podemos dar a esmola da audição.

E no campo do conhecimento, podemos doar a palavra amorosa.

O que nos cabe, o que nos pertence, ainda que por misericórdia divina, é só aquilo que temos enquanto espíritos. É só isso.

As bênçãos materiais não nos pertencem.

Precisamos refletir que muitas vezes temos faltado com a caridade, já que não temos tido paciência de ouvir e tão pouco temos lido o bastante para passarmos a palavra de consolo e de esperança.

Vamos fazer então, a nossa parte, nesta lembrança curta das nossas responsabilidades.

Que Jesus nos abençoe.

Psicofonia recebida no NEPT em 21/07/2010

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Velhos e moços

Por vezes ocorria, entre os Apóstolos do Senhor Jesus, algumas pequenas discussões a respeito do trabalho que teriam a realizar.
Numa dessas oportunidades, os mais jovens do grupo passaram a tecer considerações sobre como poderiam levar o Evangelho às nações, renovando o mundo.
Eram jovens, afirmavam, e, tão logo o Mestre lhes permitisse, deixariam a Galileia a fim de pregar as verdades do Reino de Deus por toda a Terra.
Sentiam-se fortes e dispostos. Respiravam com entusiasmo os ares da boa nova e se supunham habilitados a traduzir com fidelidade os novos ensinamentos.
Simão, o antigo pescador do lago, tudo ouvia e seu coração foi ficando turvo de tristeza. Ele não era tão jovem. Suas energias pareciam descer de uma grande montanha. O que poderia o seu esforço singelo perante a grande obra que se descortinava?
Jesus, percebendo-lhe os pensamentos, mergulhou Seu doce olhar nos olhos vivos do Apóstolo e servidor e lhe disse: Simão, por que te preocupas com a idade? Se fôssemos contar o tempo, no relógio das preocupações terrenas, quem de nós seria o mais velho?
A vida pode ser comparada a uma grande árvore. A infância é a sua ramagem verdejante. A mocidade se constitui de suas flores perfumadas e formosas.
A velhice é o fruto da experiência e da sabedoria. Há ramagens que morrem aos primeiros beijos do sol, e flores que despetalam aos primeiros sopros da primavera.
O fruto, no entanto, é sempre uma bênção do Todo-Poderoso. A ramagem é uma esperança. A flor, uma promessa. O fruto é a realização. Só ele contém o mistério da vida, cuja fonte se perde no infinito da Divindade.
Não te magoe a conversa dos jovens. Quando te cerque o burburinho da juventude, ama os jovens que revelem trabalho e reflexão.
Entretanto, não deixes de sorrir também para os levianos. São crianças que pedem cuidado, como abelhas que ainda não sabem fazer o mel.
Perdoa os entusiasmos sem rumo como se esquecem as pequenas tolices dos meninos que brincam na infância. Esclarece-os, Simão, e nunca penses que outro homem possa realizar a tarefa que te compete no concerto da vida. Tarefa que te foi dada pelo nosso Divino Pai.
Um velho sem esperança em Deus é um irmão triste envolto em sombras. Mas eu venho trazer ao mundo as claridades de um dia perene.
Em verdade, Simão, ser moço ou velho, no mundo, não interessa!... Antes de tudo, é preciso ser de Deus!...
* * *
Se a juventude já não te felicita o corpo e as energias parecem estar a pouco e pouco diminuindo, recobra o bom ânimo e pensa:
Ninguém, no mundo, possui o que tens: a sabedoria, que é consequência de todos os reveses e problemas que enfrentaste e venceste. Ninguém tem a tua experiência.
Cada qual é único no Universo. As conquistas pessoais são intransferíveis.
Ninguém poderá fazer aquilo que te está destinado a produzir. Assim, não percas o ânimo e prossegue, sempre, atuando feliz, dando do que tens aos mais moços, esses rebentos novos que se ensaiam para a vida e necessitam do teu amparo e orientação.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 9,
do livro Boa nova, pelo Espírito Humberto de Campos,
psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.
Em 27.07.2010.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Amigo Ingrato

Causa-te surpresa o fato de ser o teu acusador de agora, o amigo aturdido de ontem, que um dia pediu-te abrigo ao coração gentil e ora não te concede ensejo, sequer, para esclarecimentos.

Despertas, espantado, ante a relação de impiedosas queixas que guardava de ti, ele que recebeu, dos teus lábios e da tua paciência, as excelentes lições de bondade e de sabedoria, com as quais cresceu emocional e culturalmente.

Percebes, acabrunhado, que as tuas palavras foram, pelo teu amigo, transformadas em relhos com os quais, neste momento, te rasga as carnes da alma, ele, que sempre se refugiou no teu conforto moral.

Reprocha-te a conduta, o companheiro que recebeste com carinho, sustentando-lhe a fragilidade e contornando as suas reações de temperamento agressivo.

Tornou-se, de um para outro momento, dono da verdade e chama-te mentiroso.

Ofereceste-lhe licor estimulante e recebes vinagre de volta.

Doaste-lhe coragem para a luta, e retribui-te com o desânimo para que fracasses.

Ele pretende as estrelas e empurra-te para o pântano.

Repleta-se de amor e descarrega bílis na tua memória, ameaçando-te sem palavras.

*

Não te desalentes!

O mundo é impermanente.

O afeto de hoje torna-se o adversário de amanhã.

As mãos que perfumas e beijas, serão, talvez, as que te esbofetearão, carregadas de urze.

*

Há mais crucificadores do que solidários na via de redenção.

Esquecem-se, os homens, do bem recebido, transformando-se em cobradores cruéis, sem possuírem qualquer crédito.

Talvez o teu amigo te inveje a paz, a irrestrita confiança em Deus, e, por isto, quer perturbar-te.

Persevera, tranqüilo!

Ele e isto, esta provação, passarão logo, menos o que és, o que faças.

Se erraste, e ele te azorraga, alegra-te, e resgata o teu equívoco.

Se estás inocente, credita-lhe as tuas dores atuais, que te aprimoram e te aproximam de Deus.

*

Não lhe guardes rancor.

Recorda que foi um amigo, quem traiu e acusou Jesus; outro amigo negou-O, três vezes consecutivas, e os demais amigos fugiram dEle.

Quase todos O abandonaram e O censuraram, tributando-Lhe a responsabilidade pelo medo e pelas dores que passaram a experimentar. Todavia, Ele não os censurou, não os abandonou e voltou a buscá-los, inspirá-los e conduzi-los de volta ao reino de Deus, por amá-los em demasia.

Assim, não te permitas afligir, nem perturbar pelas acusações do teu amigo, que está enfermo e não sabe, porque a ingratidão, a impiedade e a indiferença são psicopatologias muito graves no organismo social e humano da Terra dos nossos dias.

* * *

Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Momentos de Felicidade.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Salvador, BA: LEAL, 1990.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Aproveite o Ensejo

Não é o companheiro dócil que exige a sua compreensão fraternal mais imediata, E aquele que ainda luta por domar a ferocidade da ira, dentro do próprio peito.

Não é o irmão cheio de entendimento evangélico que reclama suas atenções inadiáveis. É aquele que ainda não conseguiu eliminar a víbora da malícia do campo do coração.

Não é o amigo que marcha em paz, na senda do bem, quem solicita seu cuidado insistente. É aquele que se perdeu no cipoal da discórdia e da incompreensão, sem forças para tornar ao caminho reto.

Não é a criatura que respire no trabalho normal que requisita socorro urgente. É aquela que não teve suficiente recurso para vencer as circunstâncias constrangedoras da experiência humana e se precipitou na zona escura do desequilíbrio.

É muito provável que, por enquanto, seja plenamente dispensável a sua cooperação no paraíso. É indiscutível , porém, a realidade de que, no momento, o seu lugar de servir e aprender, ajudar e amar, é na Terra mesmo.

* * *

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Agenda Cristã.
Ditado pelo Espírito André Luiz.
Edição de Bolso. Rio de Janeiro, RJ: FEB.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Amigo Ingrato

Causa-te surpresa o fato de ser o teu acusador de agora, o amigo aturdido de ontem, que um dia pediu-te abrigo ao coração gentil e ora não te concede ensejo, sequer, para esclarecimentos.

Despertas, espantado, ante a relação de impiedosas queixas que guardava de ti, ele que recebeu, dos teus lábios e da tua paciência, as excelentes lições de bondade e de sabedoria, com as quais cresceu emocional e culturalmente.

Percebes, acabrunhado, que as tuas palavras foram, pelo teu amigo, transformadas em relhos com os quais, neste momento, te rasga as carnes da alma, ele, que sempre se refugiou no teu conforto moral.

Reprocha-te a conduta, o companheiro que recebeste com carinho, sustentando-lhe a fragilidade e contornando as suas reações de temperamento agressivo.

Tornou-se, de um para outro momento, dono da verdade e chama-te mentiroso.

Ofereceste-lhe licor estimulante e recebes vinagre de volta.

Doaste-lhe coragem para a luta, e retribui-te com o desânimo para que fracasses.

Ele pretende as estrelas e empurra-te para o pântano.

Repleta-se de amor e descarrega bílis na tua memória, ameaçando-te sem palavras.

*

Não te desalentes!

O mundo é impermanente.

O afeto de hoje torna-se o adversário de amanhã.

As mãos que perfumas e beijas, serão, talvez, as que te esbofetearão, carregadas de urze.

*

Há mais crucificadores do que solidários na via de redenção.

Esquecem-se, os homens, do bem recebido, transformando-se em cobradores cruéis, sem possuírem qualquer crédito.

Talvez o teu amigo te inveje a paz, a irrestrita confiança em Deus, e, por isto, quer perturbar-te.

Persevera, tranqüilo!

Ele e isto, esta provação, passarão logo, menos o que és, o que faças.

Se erraste, e ele te azorraga, alegra-te, e resgata o teu equívoco.

Se estás inocente, credita-lhe as tuas dores atuais, que te aprimoram e te aproximam de Deus.

*

Não lhe guardes rancor.

Recorda que foi um amigo, quem traiu e acusou Jesus; outro amigo negou-O, três vezes consecutivas, e os demais amigos fugiram dEle.

Quase todos O abandonaram e O censuraram, tributando-Lhe a responsabilidade pelo medo e pelas dores que passaram a experimentar. Todavia, Ele não os censurou, não os abandonou e voltou a buscá-los, inspirá-los e conduzi-los de volta ao reino de Deus, por amá-los em demasia.

Assim, não te permitas afligir, nem perturbar pelas acusações do teu amigo, que está enfermo e não sabe, porque a ingratidão, a impiedade e a indiferença são psicopatologias muito graves no organismo social e humano da Terra dos nossos dias.

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Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Momentos de Felicidade.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Salvador, BA: LEAL, 1990.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Unicidade Doutrinária

O Espiritismo veio à luz no século XIX, graças à excelente intervenção da mente genial de Allan Kardec (Hippolyte Léon Denizard Rivail), emérito educador e respeitado intelectual de França deste século.

Pesquisador de personalidade intensa, profunda sensibilidade e de extremada capacidade intelectiva, Kardec sentiu-se atraído, por alguma razão, a fenômenos bastante comuns na época, chamados de “mesas girantes”, nos quais haveriam manifestações inteligentes de entidades extra-corpóreas, que estariam se comunicando através das tais pequenas mesas que se moviam de um lado para outro, em acordo com um código pré-combinado.

Em seu entendimento muitas coisas careciam de compreensão, pois havia uma verdadeira “febre” por conta destes fenômenos diferentes e isso merecia uma pesquisa mais séria. Arregaçou as mangas da camisa e começou seu périplo de investigação e pesquisa, mergulhando profundamente, para trazer à tona o Espiritismo Cristão em sua acepção mais bela e frondosa, com auxílio e amparo do Cristo-Jesus.

O Espiritismo, que resgata a simplicidade dos pensamentos, a humildade das palavras e a grandeza dos gestos, totalmente radicado em a palavra do Mestre de Nazaré.

Sem símbolos, sem rituais, com leveza, sem culpas, sem necessidade de vestimentas especiais, desprovido das necessidades das aparências exteriores, mas semeando no coração do Espírito a semente da Caridade, em separando o joio do trigo, ceifando o egoísmo, o orgulho e a vaidade da vida humana.

A psicografia, mediunidade mais profícua à época de Kardec, foi o grande veio de informações para montar a base de tudo. Através dela, Kardec pode obter informações de vários lugares e, por conta de sua lucidez, catalogou e codificou a Doutrina dos Espíritos. Assim como prega Jesus, uma Doutrina consoladora, esclarecedora e particularmente objetiva. Simples, em uma palavra. Simples.

Aprendemos com ela que podemos receber energias curadoras através do passe, que podemos ser beneficiados pela água que é “fluída” por Entidades Espirituais que auxiliam nos trabalhos, que os Espíritos Errantes (desencarnados, no dizer de André Luis) podem ser auxiliados em sessões mediúnicas, para ouvirem a palavra de consolo e esperança que os libertarão o mais breve possível de suas dificuldades adquirida em função dos erros anteriores e assim por diante.

Entenda-se por “assim por diante” todo o aprendizado que se pode adquirir ao se assistir estudos, palestras, ao se proceder a leituras, no convívio doutrinário nas casas espíritas, enfim, todo o potencial que o Espiritismo oferece para o conhecimento, aprendizado e prática da mediunidade e da caridade propriamente dita.

Entretanto, nota-se a infiltração de propostas avessas a esta fundamental da simplicidade, que permeiam o equívoco, declarando que Kardec está ultrapassado, ou de modo menos ostensivo, que Kardec não ensinou tudo, que há novos aprendizados a serem conquistados e desta forma engole-se coisas que em sã consciência um Espírita não admitiria.

Não se trata de propor sectarismo, segregando e se vangloriando de estar com a verdade. Nada disso: trata-se de procurar manter uma linha de disciplina básica e fundamental para as diretrizes doutrinárias.

Não se trata de “lutar” pela “pureza doutrinária”, que em verdade ainda não se conhece intimamente. Mas sim de manter a linha básica que Kardec trouxe à luz e que tem sido mantida por alguns exemplos luminares do Espiritismo, como Francisco Cândido Xavier, Eurípedes Barsanulfo, Jésus Gonçalves, Bezerra de Menezes, Cairbar Schutel, Pedro de Camargo Vinícius, Herculano Pires e tantos outros.

Por qual razão sair desta linha? Inovar? Gerar novas “tecnologias” doutrinárias? Novos “sistemas de trabalho”? Tudo bem, mas que estas novidades respeitem as bases e não a contradigam, para que possamos manter o passo correto. Nada de divulgar coisas que comprometam a Doutrina. Nada de promover trabalhos recheados de rituais, beirando o transtorno obsessivo compulsivo. Nada de desrespeitar o próximo com crendices ingênuas que prometam cura automática ou imediata da obsessão. Aí sim, dá para começar a pensar em Unicidade Doutrinária.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Caridade

Nos caminhos claros da inteligência, muitas vezes as rosas da alegria incompleta produzem os espinhos da dor, mas, nas sendas luminosas da caridade, os espinhos da dor oferecem rosas de perfeita alegria.
Onde a mão da caridade não passou, no campo da vida, as pedras e a erva daninha alimentam o deserto; e, enquanto não atinge o cérebro, elevando-se do sentimento ao raciocínio, a ciência é simples cálculo que a maldade inclina à destruição.

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indubitavelmente, a fé improvisa revolucionários, a instrução erige doutores, a técnica forma especialistas e a própria educação, venerável em seus fundamentos, burila gentilhomens para as manifestações do respeito recíproco e da solidariedade comum. Só a caridade, porém, edifica os apóstolos do bem que regeneram o mundo e lhe santificam os destinos.

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A investigação e a cultura erguerão universidades e academias, onde o pensamento se entronize vitorioso; entretanto, somente a caridade possui as chaves do coração humano para fazer a vida melhor.

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Cristãos abnegados da era nova, uni-vos sob o estandarte da divina virtude! Não convertais o tesouro do Céu em motivo para indagações ociosas quando, ao redor de vossos passos, se agita a multidão atormentada. Multiplicai o pão da crença e do reconforto, à frente da turba aflita e esfaimada, porque o Senhor vos renovará os dons de auxiliar, toda vez que o cântaro de vosso esforço trouxer aos mananciais de cima o sublime sinal da caridade benfeitora. Estudai e meditai, monumentalizando as obras de benemerência pública e ensinando a verdade imperecível com que a Nova Revelação vos enriquece, mas não vos esqueçais de instalar no peito um coração fraterno e compadecido.

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Instituições materiais primorosas, sem o selo íntimo da caridade, são frutos admiráveis sem sementes. Sem a compreensão, filha da piedade generosa e construtiva, nossa organização doutrinal seria um palácio em trevas.

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Iluminemos a luta em torno, clareando a vida por dentro.

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Aspiremos ao paraíso, cooperando para que o bem alcance toda a Terra.

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Fora de Deus não há vida e fora da caridade, que é o Divino Amor, não há redenção.

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Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caridade.
Ditado pelo Espírito Thereza.
Araras, SP: IDE, 1978.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Jesus em Casa

O lar é o santuário em que a Bondade de Deus te situa. Não olvides a necessidade de Cristo no cenário de amor em que te refugias.

Escolhe alguns minutos por semana e reúne-te com os laços domésticos que te possam acompanhar no cultivo da lição de Jesus.

Quanto seja possível, na mesma noite e no mesmo horário, faze teu circulo íntimo de meditação e de estudo.

Depois da prece com que nos cabe agradecer ao Senhor o pão da alma, abre as páginas do Evangelho e lê, em voz alta, alguns dos seus trechos de verdade e consolo, para o que receberas a inspiração dos Amigos Espirituais que te assistem. Não é necessário a leitura por mais de dez minutos.

Em seguida, na intimidade da palavra livre e sincera, todos os companheiros devem expor suas dúvidas, seus temores e dificuldades sentimentais.

Através da conversação edificante, emissários da Esfera Superior distribuirão idéias e forças, em nome do Cristo, para que horizontes novos iluminem o espírito de cada um.

* * *

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Família.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.
2a edição. CEU.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Aparências

Não acuse o irmão que parece mais abastado. Talvez seja simples escravo de compromissos.
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Não condene o companheiro guindado à autoridade. É provável seja ele mero devedor da multidão.

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Não inveje aquele que administra, enquanto você obedece. Muitas vezes, é um torturado.

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Não menospreze o colega conduzido a maior destaque. A responsabilidade que lhe pesa nos ombros pode ser um tormento incessante.

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Não censure a mulher que se apresenta suntuosamente. O luxo, provavelmente, lhe constitui amarga provação.

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Não critique as pessoas gentis que parecem insinceras, à primeira vista. Possivelmente, estarão evitando enormes crimes ou grandes desânimos.

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Não se agaste com o amigo mal-humorado. Você não lhe conhece todas as dificuldades íntimas.

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Não se aborreça com a pessoa de conversação ainda fútil. Você também era assim quando lhe faltava experiência.

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Não murmure contra os jovens menos responsáveis. Ajude-os, quanto estiver ao seu alcance, recordando que você já foi leviano para muita gente.

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Não seja intolerante em situação alguma. O relógio bate, incessante, e você será surpreendido por inúmeros problemas difíceis em seu caminho e no caminho daqueles que você ama.

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Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Agenda Cristã.
Ditado pelo Espírito André Luiz.
Edição de Bolso. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1999.

sábado, 17 de julho de 2010

Livra-nos do Mal Porque o Teu é o Reino, o Poder e a Glória para Sempre.

O Senhor livrar-nos-á do mal; entretanto, é preciso que desejemos não errar.

Que dizer de um homem que pedisse socorro contra o incêndio, lançando gasolina à fogueira?

O reino da vida, com todas as suas notas de grandeza, pertence a Deus.

Todo o poder e toda a glória do Universo, todos os recursos e todas as possibilidades da existência são da Providência Divina, mas, em nosso círculo de ação, a vontade é nossa.

Se não ligamos nossos desejos à Lei do Bem, que procede do Céu, representando para nós a Vontade Paterna de Nosso Pai Celeste, não podemos aguardar harmonia e contentamento para o nosso coração.

Nas sombras do egoísmo, estaremos sozinhos, aflitos, perturbados e desalentados, porque egoísmo quer dizer felicidade somente para nós, contra a felicidade dos outros.

Deus permitiu que a vontade seja um patrimônio propriamente nosso, a fim de que possamos adquirir a liberdade e a grandeza, o amor e a sabedoria, por nós mesmos, como filhos de sua infinita bondade.

Por isso, se somos escravos das nossas criações que, por vezes, gastamos muito tempo a retificar, continuamos sempre livres para desejar e imaginar.

E sabemos que qualquer serviço ou realização começa em nossos sentimentos e pensamentos.

Saibamos, desse modo, conservar a nossa vontade à luz da consciência reta, porque, rogando a Deus nos liberte do mal, é preciso, por nossa vez, procurar o caminho do bem.

* * *

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Pai Nosso.
Ditado pelo Espírito Meimei.
19a edição. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1999.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

O Talento Esquecido

No mercado da vida, observamos os talentos da Providência Dïvina fulgurando na experiência humana, dentro das mais variadas expressões. Talentos da riqueza material, da intelectualidade brilhante, da beleza física, dos sonhos juvenis, dos louros mundanos, do brilho social e doméstico, do poder e da popularidade.
Alinham-se, à maneira de jóias grandes e pequenas, agradáveis e preciosas, estabelecendo concorrência avançada entre aqueles que as procuram.

*

Há, porém, um talento de luz acessível a todos. Brilha entre ricos e pobres, cultos e incultos. Aparece em toda parte. Salienta-se em todos os ângulos da luta. Destaca-se em todos os climas e sugere engrandecimento em todos os lugares.

E o talento da oportunidade, sempre valioso e sempre o mesmo, na corrente viva e incessante das horas.

É o desejo de doar um pensamento mais nobre ao círculo da maledicência, de fortalecer com um sorriso o ânimo abatido do companheiro desesperado, de alinhavar uma frase amiga que enterneça os maus a se sentirem menos duros e que auxilie aos bons a se revelarem sempre melhores, de prestar um serviço insignificante ao vizinho, plantando o pomar da gratidão e da amizade, de cultivar algum trato anônimo de solo, onde o arvoredo de amanhã fale sem palavras de nossas elevadas intenções.

*

Acima de todos os dons, permanece o tesouro do tempo.

Com as horas os santos construíram a santidade e os sábios amealharam a sabedoria.

É com o talento esquecido das horas que edificaremos o nosso caminho, no rumo da Espiritualidade Superior, na aplicação silenciosa com o mestre que, atendendo compassivamente às necessidades de todos os aprendizes, prometeu, com amor, não somente demorar-se conosco até ao fim dos séculos terrestres, mas também asseverou, com justiça, que receberemos individualmente na vida, de acordo com as nossas próprias obras.

* * *

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caridade.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.
Araras, SP: IDE, 1978.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Perda de seres amados.

Nas caminhadas do Espiritismo cristão temos encontrado muitas pessoas que buscam-no (ao Espiritismo) para obter notícias de pessoas queridas que já partiram para a Pátria Espiritual, deixando um rastro de saudade e a sensação de certo vazio que domina o coração no lugar da alegria do convívio.

Esta busca é, certamente, a procura por algo que possa preencher novamente este espaço que ficou e que era ocupado por aquele ser amado. Mas com certeza mesmo que se tenha alguma notícia, alguma informação por mais singela que seja o espaço não será preenchido, pois a pessoa se foi não terá seu lugar ocupado e ficará na imagem mental que é produzida pelas lembranças decorrentes das experiências advindas do convívio, por menor que tenha sido ele.

Evidente que se sinta falta de alguém que parta para a Vida Espiritual, mais particularmente quando esse alguém tem um acentuado grau de importância para a subsistência, na manutenção das condições de vida, no contexto emocional, sentimental, afetivo ou, ainda, alegrar mais ou menos intensamente a existência, como costuma ser o caso de um filho ou de um neto, por exemplo.

Sentir a falta é um fato: qualquer pessoa sente, mas transformar esse sentido em algo sem sentido, que desestruture, desarmonize, gere ausência, desânimo, incontinência, bloqueio, desespero ou depressão é um equívoco pronunciado.

Nada justifica que uma pessoa incomodada pela ausência de um ser amado, graças ao seu passamento, possa manifestar tamanha repreensão com a vida que gere em seu íntimo depressão ou, ainda mais gravemente, idéias suicidas. O simples afastamento das pessoas com quem habitualmente convive, do trabalho, da vida de relação já é uma atitude reacional que demonstra claramente que se está reagindo contra a própria vida, contra o Criador.

Ao depositar no comportamento tamanha indisposição contra as experiências da Vida, gera-se uma carga de pensamentos e vibrações que se irradiam até alcançar a causa de tamanhas decepções: o próprio ser amado que partiu, causando-lhe desconforto e mal-estar, sempre em acordo com sua própria condição de esclarecimento e de atributos ético-morais, o que significa dizer que quanto menos esclarecido com relação à Vida Espiritual e quanto menos adequado ao preparo no relacionamento interpessoal, mais suscetível de se sensibilizar com as vibrações de insatisfação ele ou ela estará.

Evidente que se o irmão desencarnado estiver bem amparado nos propósitos de respeito e de esclarecimentos da Vida, irá enfrentar a recepção de tais pensamentos com maior serenidade, mas ainda assim, há o custo dos sentimentos que o perturbarão de alguma sorte, já que quem ficou na Terra não consegue aceitar o seu passamento com maior serenidade.

Quem permanece ainda por algum tempo na Vida Terrena, uma vez conhecendo a Doutrina Espírita, irá se consolar com as Verdades da Vida Eterna e da Reencarnação, que preenchem o coração com esperanças de reencontro durante o sono, nas psicografias, nas intuições, enfim, nos recursos tão habituais e comuns que a humanidade vem experimentando no correr dos milênios das civilizações. É o Espiritismo a Doutrina da consolação. É o Espírita aquele que é consolado, mas além disso, que leva a experiência e o exemplo para os demais, mostrando, com atitudes de compreensão e de respeito como encarar uma aparente perda, pois na verdade sabe que a perda efetivamente não ocorre. É apenas um afastamento transitório, uma mudança de continentes da Vida, mas ainda mantendo de algum modo, contato, pois o pensamento, capacidade inerente ao Espírito, permite a manutenção de intercâmbio de emoções e sentimentos.

A responsabilidade do Espírita neste capítulo de experiências é fundamental para enriquecer as vivências e o aprendizado na Terra e tanto maior quanto mais esclarecido for o Espírita, já que sabemos que a quem muito é dado, muito é cobrado.

Augusto Militão Pacheco
Psicografia recebida no NEPT em 02 de julho de 2010.

Vencerás

Não desanimes.

Persiste mais um tanto.

Não cultives pessimismo.

Centraliza-te no bem a fazer.

Esquece as sugestões do medo destrutivo.

Segue adiante, mesmo varando a sombra dos próprios erros.

Avança ainda que seja por entre lágrimas.

Trabalha constantemente.

Edifica sempre.

Não consintas que o gelo do desencanto te entorpeça o coração.

Não te impressiones nas dificuldades.

Convence-te de que a vitória espiritual é construção para o dia-a-dia.

Não desistas da paciência.

Não creias em realizações sem esforço.

Silêncio para a injúria

Olvido para o mal.

Perdão às ofensas.

Recorda que os agressores são doentes.

Não permitas que os irmãos desequilibrados te destruam o trabalho ou te apaguem a esperança.

Não menosprezes o dever que a consciência te impõe.

Se te enganaste em algum trecho do caminho, reajusta a própria visão e procura o rumo certo.

Não contes vantagens nem fracassos.

Não dramatizes provações ou problemas.

Conserva o hábito da oração para quem se te faz a luz na vida intima.

Resguarda-te em Deus e persevera no trabalho que Deus te confiou.

Ama sempre, fazendo pelos outros o melhor que possas realizar.

Age auxiliando.

Serve sem apego.

E assim vencerás.

* * *

Emmanuel

(mensagem psicografada pelo médium Francisco Candido Xavier - do livro "Astronautas do além" - edição GEEM)

terça-feira, 13 de julho de 2010

O ALIMENTO ESPIRITUAL

O professor lutava na escola com um grande problema. Os alunos começaram a ler muitas histórias de homens maus, de roubos e de crimes e passaram a viver em plena insubordinação.

Queriam imitar aventureiros e malfeitores e, em razão disso, na escola e em casa apresentavam péssimo comportamento.

Alguns pronunciavam palavrões, julgando-se bem-educados, e outros se entregavam a brinquedos de mau gosto, acreditando que assim mostravam superioridade e inteligência.

Esqueciam-se dos bons livros.

Zombavam dos bons conselhos.

O professor, em vista disso, certo dia reuniu todas as classes para a merenda costumeira, apresentando uma surpresa esquisita.

Os pratos estavam cheios de coisas impróprias, tais como pães envolvidos em lama, doces com batatas podres, pedaços de maçãs com tomates deteriorados e geléias misturadas com fel e pimenta.

Os meninos revoltados gritavam contra o que viam, mas o velho educador pediu silêncio e, tomando a palavra, disse-lhes:

— Meus filhos, se não podemos dispensar o alimento puro a beneficio do corpo, precisamos também de alimento sadio para a nossa alma. O pão garante a nossa energia física, mas a leitura é a fonte de nossa vida espiritual. Os maus livros, as reportagens infelizes, as difamações e as aventuras criminosas representam substâncias apodrecidas que nós absorvemos, envenenando a vida mental e prejudicando-nos a conduta. Se gostamos das refeições saborosas que auxiliam a conservação de nossa saúde, procuremos também as páginas que cooperam na defesa de nossa harmonia interior, a fim de nunca fugirmos ao correto procedimento.

Com essa preleção, a hora da merenda foi encerrada. Os alunos retiraram-se cabisbaixos. E, pouco a pouco, a vida dos meninos foi sendo retificada, modificando-se para melhor.

do Livro Pai Nosso, pelo Espírito Mei-Mei, psicografia de Francisco Cândido Xavier

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Perdoa as Nossas Dívidas

Quando pronunciamos as palavras “perdoa as nossas dividas, assim como perdoamos aos nossos devedores”, não apenas estamos à espera do benefício para o nosso coração e para a nossa consciência, mas estamos igualmente assumindo o compromisso de desculpar os que nos ofendem.

Todos possuímos a tendência de observar com evasivas os grandes defeitos que existem em nós, reprovando, entretanto, sem exame, pequeninas faltas alheias.

Por isso mesmo Jesus, em nos ensinando a orar, recomendou-nos esquecer qualquer mágoa que alguém nos tenha causado.

Se não oferecermos repouso à mente do próximo, como poderemos aguardar o descanso para os nossos, pensamentos?

Será justo conservar todo o pão, em nossa casa, deixando a fome aniquilar a residência do vizinho?

A paz é também alimento da alma, e, se desejamos tranqüilidade para nós, não nos esqueçamos do entendimento e da harmonia que devemos aos demais.

Quando pedirmos a tolerância do Pai Celeste em nosso favor, lembremo-nos também de ajudar aos outros com a nossa tolerância.

Auxiliemos sempre.

Se o Senhor pode suportar-nos e perdoar-nos, concedendo-nos constantemente novas e abençoadas oportunidades de retificação, aprendamos, igualmente, a espalhar a compreensão e o amor, em benefício dos que nos cercam.

* * *

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Pai Nosso.
Ditado pelo Espírito Meimei.
19a edição. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1999.

sábado, 10 de julho de 2010

O Evangelho e o Futuro

Raças e povos ainda existem, que o desconhecem, porém não ignoram a lei de amor da sua doutrina, porque todos os homens receberam, nas mais remotas plagas do orbe, as irradiações do seu espírito misericordioso, através das palavras inspiradas dos seus mensageiros.

O Evangelho do Divino Mestre ainda encontrará, por algum tempo, a resistência das trevas. A má fé, a ignorância, a simonia, o império da força conspirarão contra ele, mas tempo virá em que a sua ascendência será reconhecida. Nos dias de flagelo e de provações coletivas, é para a sua luz eterna que a Humanidade se voltará, tomada de esperança. Então, novamente se ouvirão as palavras benditas do Sermão da Montanha e, através das planícies, dos montes e dos vales, o homem conhecerá o caminho, a verdade e a vida.

Emmanuel

psicografado por Francisco C. Xavier - Grupo Espírita "Os Mensageiros"

Porque Queres

Que os Espíritos burlões e maus perturbam os homens, nisto comprazendo-se, não há dúvida.

Lúcidos e folgazões, frívolos quão perversos, prosseguem, além do corpo, consoante foram antes da desencarnação.

Invejando ou odiando aqueles que se esforçam e se esmeram para evoluir, intentam, por todos os meios possíveis, envolvê-los nas suas redes e tramas sórdidas.

Inspiram, aturdem, criam situações embaraçosas, insistindo na manipulação dos seus objetivos infelizes, entregando-se a tais misteres nos quais se crêem realizados.

Turbados e ignorantes em relação às Leis da Vida, supõem-se "braços da Justiça" ou livres para agir conforme as próprias aspirações.

Interferem, desse modo, na conduta humana, os Espíritos zombeteiros e impiedosos, gerando sofrimentos.

*

Há, naturalmente, em todo intercâmbio, uma reciprocidade de sintonia.

A lei de identidade moral e emocional responde pela comunhão de idéias entre aqueles que participam do mesmo conúbio.

Mantenha o indivíduo um salutar padrão mental e comportamental superior, e, de forma alguma, os Espíritos, doentes e ignorantes, encontrarão campo para os seus desideratos perniciosos.

Em toda área de comunicação a mensagem somente é recebida por quem lhe permanece na faixa de registro.

Ante, portanto, a intermitente perseguição espiritual, defrontamos um agente atuante e um paciente agradavelmente receptivo.

Isto, porém, ocorre contigo, porque o queres...

*

Ergue-te, mentalmente, acima das faixas vibratórias, nas quais se movimentam os Espíritos vulgares e impuros.

Resguarda-te do pessimismo e da suspeita, que são fatores propiciatórios para o desequilíbrio.

Consolida as disposições felizes, no íntimo, mentalizando o Bem e a ele entregando-te, a fim de pairares em clima superior de paz.

Medita e ora, agindo corretamente, e, se algo, ainda assim, te acontecer, compreende que é um episódio fortuito da vida, que não te merecerá maior consideração.

O processo, no qual te encontras engajado, é de evolução; resolve-te por avançar, sem as contramarchas tormentosas.

Ascendendo psiquicamente e harmonizando-te emocionalmente, far-te-ás respeitado pelos Espíritos perturbadores que, mesmo intentando molestar-te, não encontrarão receptividade da tua parte.

Recorda-te, por fim, de Jesus.

Quem O encontrou, descobriu um tesouro luminoso, e, enriquecendo-se com Ele, jamais tropeçará em sombra e aflição.

Impregna-te dEle, e sê feliz, sem mais controvérsia.

* * *

Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Vigilância.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
1a edição. Salvador, BA: LEAL, 1987.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Sinais

Sua conversação dirá das diretrizes que você escolheu na vida.

*

Suas decisões, nas horas graves, identificam a posição real de seu espírito.

*

Seus gestos, na luta comum, falam de seu clima interior.

*

Seus impulsos definem a zona mental em que você prefere movimentar-se.

*

Seus pensamentos revelam suas companhias espirituais.

*

Suas leituras definem os seus sentimentos.

*

Seu trato pessoal com os outros esclarece até que ponto você tem progredido.

*

Suas solicitações lançam luz sobre os seus objetivos.

*

Suas opiniões revelam o verdadeiro lugar que você ocupa no mundo.

*

Seus dias são marcas no caminho evolutivo. Não se esqueça de que compactas assembléias de companheiros encarnados e desencarnados conhecem-lhe a personalidade e seguem-lhe a trajetória pelos sinais que você está fazendo.

* * *

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Agenda Cristã.
Ditado pelo Espírito André Luiz.
Edição de Bolso. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1999.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

O LIVRO DOS ESPÍRITOS

(publicado em 18 de abril de 1857)

Este é o livro básico da Filosofia Espírita. Nele estão contidos os princípios fundamentais do Espiritismo, tal como foram transmitidos pelos Espíritos Superiores a Allan Kardec, através do concurso de diversos médiuns. Seu conteúdo é apresentado em 4 partes. Das causas primárias. Do mundo espírita ou dos espíritos. Das Leis Morais e das esperanças e consolações.

Eis alguns dos assuntos de que trata: prova da existência de Deus, Espírito e Matéria, formação dos mundos e dos seres vivos, povoamento da Terra, pluralidade dos mundos, origem e natureza dos Espíritos, perispírito, objetivos da encarnação, sexo dos Espíritos, percepções, sensações e sofrimentos dos Espíritos, aborto, sono e sonhos, influência do Espíritos nos acontecimentos da vida, pressentimento, Espíritos protetores e outros temas de real interesse ao homem atual.

Na parte relativa às Leis Morais, os temas versam sobre o bem e o mal, a prece, necessidade de trabalho, casamento, celibato, necessário e supérfluo, pena de morte, influência do Espiritismo no Progresso da Humanidade, desigualdades sociais, igualdade de direitos do homem e da mulher, livre-arbítrio e conhecimento de si mesmo.

E, finalmente, na última parte, refere-se aos temas: perdas de entes queridos, temor da morte, suicídio, natureza das penas e gozos futuros, Paraíso, Inferno e Purgatório.

É um livro que abre novas perspectivas ao homem, pela interpretação que dá aos diversos aspectos da vida, sob o prisma das Leis Divinas, da existência e sobrevivência do Espírito e sua evolução natural e permanente, através de reencarnações sucessivas.

Seus ensinamentos conduzem o homem atual à redescoberta de si mesmo, no campo do espírito, fornecendo-lhes recursos para que compreenda, sem mistério, que é, de onde veio e para onde vai.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Teu Corpo

Não menosprezes teu corpo, a pretexto de ascensão à virtude.

*

Recorda que a semente responsável pelo pão que te supre a mesa, em muitas ocasiões, se valeu do adubo repelente a fim de poder servir-te e que a água a derramar-se do vaso para acalmar-te a sede, quase sempre, foi filtrada no charco, para que a secura não te arruinasse a existência.

*

O corpo físico é o santuário em que te exprimes no mundo.

*

Não olvides semelhante verdade para que não respondas com o desleixo à Previdência Divina que, com ele, te investiu na posse de valiosos recursos para o teu aperfeiçoamento de espírito na vida imperecível.

*

Realmente, as almas vacilantes na fé e ainda aprisionadas às teias da ignorância arrojam-no aos desvãos da aventura e da inutilidade, mas os caracteres valorosos e acordados para o bem, dele fazem o precioso veículo para o acesso às alturas.

*

Com o corpo terrestre, Maria de Nazaré honorificou a missão da Mulher, recebendo Jesus nos braços maternais e Paulo de Tarso exalçou o Cristianismo nascente, atingindo o heroísmo e a sublimação... Com ele Francisco de Assis imortalizou a bondade humana; Iordano Bruno lobrigou a multiplicidade dos mundos habitados; Galileu observou o movimento da Terra em plena vida cósmica; Vicente de Paulo teceu o poema inesquecível da caridade e Beethoven trouxe ao ouvido humano as melodias celestiais...

Lembra-te de que teu corpo é harpa divina.

E ao invés de lhe condenares as cordas ao abandono e à destruição, tange nelas, com o próprio esforço, o hino do trabalho e da fraternidade, da compreensão e da luz, que te fará nota viva e harmoniosa na sintonia de amor universal com que a Beleza Eterna exalta incessantemente a Sabedoria Infinita de Deus.

* * *

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Viajor.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.
Araras, SP: IDE, 1985.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Na Equipe Cristã

...um grupo espírita é uma equipe de Jesus em ação.
Equipe em que somente o propósito do Mestre Divino prevalece, na produção de amor e luz a que todas as expressões do Evangelho são chamadas.

...procuremos no trabalho, que o Senhor nos reserva, a posição de serviço que nos é própria, nela buscando a felicidade de obedecer ao Celeste Orientador.

Nem queixas, nem exigências.
Nem deserção, nem exclusivismo.
Nem lamentação que é indisciplina, em exame precipitado do concurso alheio que redunda em desordem.

...busquemos a tarefa que nos cabe realizar e a edificação coletiva com Jesus erguer-se-á sublime, lançando seguros alicerces no presente para que o futuro pertença ao reino de Deus.

...não nos esqueçamos de que somos os braços do Senhor em serviço dEle e, aceitando a nossa condição nesse clima de fraternidade e interdependência, ante a Supervisão Divina, estejamos convencidos de que como equipe do Benfeitor Eterno, estaremos concretizando o Seu Excelso programa de luz e amor.

Autor: Bezerra de Menezes
Psicografia de Chico Xavier

APRENDIZADO ESPIRITUAL

Eis aqui um ensino pacífico e notório de "O Livro dos Espíritos": “Os Espíritos pertencem a diferentes classes e são desiguais em poder, inteligência e moralidade”. É um ensino muito oportuno. Mas muitas pessoas ainda pensam, ingenuamente, que o fato de um Espírito passar para o lado de lá, já é suficiente para que se torne um sábio ou um santo. Nem todos quantos acreditam nas comunicações dos Espíritos têm o necessário conhecimento da Doutrina, daí por toda parte muitas suposições errôneas...

Ora, se o mundo espiritual é a continuação do nosso em relação ao curso das experiências individuais, é óbvio que por lá também se estuda e se aprende. Há espíritos que, por algum tempo, ainda se utilizam das noções adquiridas neste mundo e, aos poucos, vão enriquecendo sua bagagem ou modificando certos conceitos. Nada, porém, se realiza de um momento para outro ou de um salto. André Luiz, entre vários outros, é um exemplo muito elucidativo.

Como se sabe, ele foi médico na Terra e, por isso, ao defrontar-se com alguns problemas na Espiritualidade, teve as suas surpresas. Com o tempo, recebendo novas noções, André Luiz reformulou algumas de suas ideias, na medida em que ia recebendo enriquecimentos da experiência.

Quanto mais aprende e renova-se, o Espírito vai proporcionalmente alargando suas perspectivas e vendo as coisas por outro prisma. Isso significa que o aprendizado continua no plano espiritual, não para nunca! Como é, então que se pretende transformar qualquer Espírito em verdadeiro sábio, se o conhecimento é progressivo, tanto faz na Terra como no mundo espiritual?

Há Espíritos que levam para o Além muita ciência, muita cultura humana, mas tudo isso é apenas um meio, um instrumento, não é a sabedoria, que não pode ser confundida com o saber puramente teórico. Sabedoria é também vivência do Espírito e, por isso mesmo, não se adquire de um momento para outro; é iluminação gradativa, exigindo esforço, disposição e tempo...

É natural, pois, que os Espíritos ensinem apenas o que está dentro de sua faixa de experiência e conhecimento.

Muita gente, entretanto, quer que os guias espirituais digam tudo, logo de uma vez, como se já trouxessem a sabedoria pronta e acabada. É um engano!

Não podemos, finalmente, propor umas tantas questões transcendentes a qualquer Espírito, principalmente se é um Espírito que ainda está aprendendo, como se a desencarnação abrisse imediatamente as portas da sabedoria. Há ocasiões em que o próprio espírito reconhece que não está em condições de responder certas perguntas e, por isso, aconselha mais prudência até que venha uma Entidade espiritual mais esclarecida. Por conseguinte, nem todo guia pode, por exemplo, equiparar-se a Emmanuel.

E é preciso notar também que para adquirir a sabedoria que já adquiriu, o próprio Emmanuel teve muitas experiências e aprendeu muito. É a ordem natural do progresso.

Se, portanto, os Espíritos não são iguais em poder, inteligência e moralidade, como ensina a Doutrina, logicamente nenhum deles pode dar mais do que sabe. Seria até imprudência de nossa parte, em última análise, querer que um Espírito, simplesmente porque já não pertence ao plano terreno, seja capaz de prelecionar ou doutrinar sobre qualquer assunto.

Ninguém sensatamente iria exigir que um aluno do primeiro grau resolvesse equações da mais alta matemática. Assim também ocorre no mundo espiritual. Há uma escala de conhecimentos e moralidade, pois nenhum Espírito conquista a plenitude do saber sem esforço, sem a sua própria transformação, sem a escola da experiência até chegar ao vértice da ascensão: a aliança da ciência com a moral.

1 KARDEC,Allan. O Livro dos Espíritos. 88.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, Introdução.
2 KARDEC,Allan. O Livro dos Espíritos. 88.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, q. 192 e 791.

sábado, 3 de julho de 2010

À PRECE

A oração não será um processo de fuga do caminho escuro que nos cabe percorrer, mas constituirá uma abençoada luz em nosso coração, clareando-nos a marcha.

Não representará uma porta de escape ao sofrimento regenerativo de que ainda carecemos, mas expressará um bordão de arrimo, com o auxílio do qual superaremos a ventania da adversidade, no rumo da bonança.

Não será um privilégio que nos exonere da enfermidade retificadora, ambientada em nosso próprio templo orgânico pela nossa incúria e pela nossa irreflexão, no
abuso dos bens do mundo, entretanto, comparecerá por remédio balsamizante e salutar, que nos renove as energias, em favor de nossa própria cura.

Não será uma prerrogativa indébita que nos isente da luta humana, imprescindível ao nosso aperfeiçoamento individual, todavia, brilhará em nossa experiência por
sublime posto de reabastecimento espiritual, suscetível de garantir-nos a resistência e o valor na tarefa de renunciação e sacrifício em que nos cabe perseverar.

Não será uma outorga de recursos para que os nossos caprichos pessoas sejam atendidos, no jardim de nossas predileções afetivas, contudo, será uma dispensação de
forças para que possamos tolerar galhardamente as situações mais difíceis, diante daqueles que nos desagradam, em sociedade ou em família, ajudando-nos, pouco a pouco, a edificar o santuário da verdadeira fraternidade, no próprio coração, em cujo altar amealharemos o tesouro da paz e do discernimento.

Ainda mesmo que te encontres no labirinto quase inextricável das provações inflexíveis, ainda mesmo que a tua jornada se alongue sob o granizo da discórdia e da
incompreensão, em plena sombra cultiva a prece, com a mesma persistência em empregas na procura diária da água para a sede e do pão para a fome do corpo.

Na dor, ser-te-á divino consolo, na perturbação constituirá tua bússola.

Não olvides que a permanência na Terra é uma simples viagem educativa de nossa alma, no espaço e no tempo, e não te esqueças de que somente pela oração descobriremos, cada dia, o rumo que nos conduzirá de retorno aos braços amorosos de Deus.

Emmanuel - do livro "Luz da Oração", psicografia de Francisco Cândido Xavier

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Esmola e Caridade

Escusam-se muitos de não poderem ser caridosos, alegando precariedade de bens, como se a caridade se reduzisse a dar de comer aos famintos, dar de beber aos sedentos, vestir os nus e proporcionar um teto aos desabrigados.

Além dessa caridade, de ordem material, outra existe - a moral, que não implica o gasto de um centavo sequer e, não obstante, é a mais difícil de ser praticada.

Exemplos? Eis alguns:

Seríamos caridosos se, fazendo bom uso de nossas forças mentais, vibrássemos ou orássemos diariamente em favor de quantos saibamos acharem-se enfermos, tristes ou oprimidos, sem excluir aqueles que porventura se considerem nossos inimigos.

Seríamos caridosos se, em determinadas situações, nos fizéssemos intencionalmente cegos para não vermos o sorriso desdenhoso ou o gesto disprezivo de quem se julgue superior a nós.

Seríamos caridosos se, com sacrifício de nosso valioso tempo, fôssemos capazes de ouvir, sem enfado, o infeliz que nos deseja confiar seus problemas íntimos, embora sabendo de antemão nada podermos fazer por ele, senão dirigir-lhe algumas palavras de carinho e solidariedade.

Seríamos caridosos se, ao revés, soubéssemos fazer-nos momentâneamente surdos quando alguém, habituado a escarnecer de tudo e de todos, nos atingisse com expressões irônicas ou zombeteiras.

Seríamos caridosos se, disciplinando nossa língua, só nos referíssemos ao que existe de bom nos seres e nas coisas, jamais passando adiante notícias que, mesmo sendo verdadeiras, só sirvam para conspurcar a honra ou abalar a reputação alheia.

Seríamos caridosos se, embora as circunstâncias a tal nos induzissem, não suspeitássemos mal de nossos semelhantes, abstendo-nos de expender qualquer juízo apressado e temerário contra eles, mesmo entre os familiares.

Seríamos caridosos se, percebendo em nosso irmão um intento maligno, o aconselhassemos a tempo, mostrando-lhe o erro e despersuadindo o de o levar a efeito.

Seríamos caridosos se, privando-nos, de vez em quando, do prazer de um programa radiofônico ou de T.V. de nosso agrado, visitássemos pessoalmente aqueles que, em leitos hospitalares ou de sua residência, curtem prolongada doença e anseiam por um pouco de atenção e afeto.

Seríamos caridosos se, embora essa atitude pudesse prejudicar nosso interesse pessoal, tomássemos, sempre, a defesa do fraco e do pobre, contra a prepotência do forte e a usura do rico.

Seríamos caridosos se, mantendo permanentemente uma norma de proceder sereno e otimista, procurássemos criar em torno de nós uma atmosfera de paz, tranquilidade e bom humor.

Seríamos caridosos se, vez por outra, endereçássemos uma palavra de aplauso e de estimulo às boas causas e não procurássemos, ao contrário, matar a fé e o entusiasmo daqueles que nelas se acham empenhados.

Seríamos caridosos se deixássemos de postular qualquer benefício ou vantagem, desde que verificássemos haver outros direitos mais legítimos a serem atendidos em primeiro lugar.

Seríamos caridosos se, vendo triunfar aqueles cujos méritos sejam inferiores aos nossos, não os invejássemos e nem lhes desejássemos mal.

Seríamos caridosos se não desdenhássemos nem evitássemos os de má vida, se não temêssemos os salpicos de lama que os cobrem e lhes estendêssemos a nossa mão amiga, ajudando-os a levantar-se e limpar-se.

Seríamos caridosos se, possuindo alguma parcela de poder, não nos deixássemos tomar pela soberba, tratando, os pequeninos de condição, sempre com doçura e urbanidade, ou, em situação inversa, soubéssemos tolerar, sem ódio, as impertinências daqueles que ocupam melhores postos na paisagem social.

Seríamos caridosos se, por sermos mais inteligentes, não nos irritássemos com a inépcia daqueles que nos cercam ou nos servem.

Seríamos caridosos se não guardássemos ressentimento daqueles que nos ofenderam ou prejudicaram, que feriram o nosso orgulho ou roubaram a nossa felicidade, perdoando-lhes de coração.

Seríamos caridosos se reservássemos nosso rigor apenas para nós mesmos, sendo pacientes e tolerantes com as fraquezas e imperfeições daqueles com os quais convivemos, no lar, na oficina de trabalho ou na sociedade.

E assim, dezenas ou centenas de outras circunstâncias poderiam ainda ser lembradas, em que, uma amizade sincera, um gesto fraterno ou uma simples demonstração de simpatia, seriam expressões inequívocas da maior de todas as virtudes.

Nós, porém, quase não nos apercebemos dessas oportunidades que se nos apresentam, a todo instante, para fazermos a caridade.

Porquê?

É porque esse tipo de caridade não transpõe as fronteiras de nosso mundo interior, não transparece, não chama a atenção, nem provoca glorificações.

Nós traímos, empregamos a violência, tratamos ou outros com leviandade, desconfiamos, fazemos comentários de má fé, compartilhamos do erro e da fraude, mostramo-nos intolerantes, alimentamos ódios, praticamos vinganças, fomentamos intrigas, espalhamos inquietações, desencorajamos iniciativas nobres, regozijamo-nos com a impostura, prejudicamos interesses alheios, exploramos os nossos semelhantes, tiranizamos subalternos e familiares, desperdiçamos fortunas no vício e no luxo, transgredimos, enfim, todos os preceitos da Caridade, e, quando cedemos algumas migalhas do que nos sobra ou prestamos algum serviço, raras vezes agimos sob a inspiração do amor ao próximo, via de regra fazemo-lo por mera ostentação, ou por amor a nós mesmos, isto é, tendo em mira o recebimento de recompensas celestiais.

Quão longe estamos de possuir a verdadeira caridade!

Somos, ainda, demasiadamente egoístas e miseravelmente desprovidas de espírito de renúncia para praticá-la.

Mister se faz, porém, que a exercitemos, que aprendamos a dar ou sacrificar algo de nós mesmos em benefício de nossos semelhantes, porque "a caridade é o cumprimento da Lei."

* * *

Calligaris, Rodolfo. Da obra: As Leis morais.
8a edição. Rio de Janeiro, RJ:FEB, 1998.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

ESPÍRITOS DA TERRA

A Terra está povoada, em quase todas as latitudes, de seres que se desenvolveram com
ela própria e que se afinam perfeitamente às suas condições fluídicas.

Pequena percentagem de homens é constituída de elementos espirituais de outros orbes mais elevados que o vosso; dai, a enorme diferença de avanço moral entre os seres humanos e os abnegados apóstolos da luz que, em todos os tempos, tentam clarear-lhes as estradas do progresso.

É comum conhecerem-se pessoas que nutrem perfeita adoração a todos os prazeres que o mundo lhes oferece. Por minuto de voluptuosidade, pela contemplação dos seus haveres efêmeros, por uma hora de contacto com as suas ilusões, jamais procurariam o conhecimento das verdades da eterna vida do espírito; procuram toda casta de gozos, evitam qualquer estudo ou meditação e se entregam, freneticamente, ao bem-estar que a carne lhes oferta.

Essas criaturas, invariavelmente, são espíritos estritamente terrenos, que não saem dos âmbitos da existência mesquinha do planeta; esta afirmação, porém, não implica, de modo geral, a origem desses seres em vosso próprio orbe, mas, sim, a verdade de que muitos deles, pelas suas condições psíquicas, mereceram viver em sua superfície, como prova, expiação ou meio de progresso. Apegam-se com fervor a tudo quanto seja carnal e experimentam o pavor da morte, inseguros na sua fé e falhos de conhecimentos quanto à sua vida futura.

do livro Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel