Mensagem

"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."

Militão Pacheco

terça-feira, 22 de março de 2011

Necessidade de estudo de Kardec para discernimento doutrinário.




Há muitas confusões, feitas intencionalmente ou não, entre o Espiritismo e numerosas formas de crendice popular, inclusive as formas de sincretismo religioso afro-brasileiro, hoje largamente difundidas. adversários da doutrina espírita costumam fazer intencionalmente essas confusões, com o fim de afastar do Espiritismo as pessoas cultas. Por outro lado, alguns espíritas mal-orientados, que não conhecem a própria doutrina, colaboram nesse trabalho de confusão, admitindo como doutrinárias as mais estranhas manifestações mediúnicas e as mais evidentes mistificações.

Alguns leitores se mostram justamente alarmados com a larga aceitação que vem tendo, em certos meios doutrinários, práticas de Umbanda e comunicações de Ramatis. E nos escrevem a respeito, pedindo uma palavra nossa sobre esses assuntos. Na verdade, já escreve­mos numerosas crônicas tratando da necessidade de vigilância nos meios espíritas, de maior e mais seguro conhecimento dos nossos princípios, e apontando os perigos decorrentes do entusiasmo fácil, da aceitação apressada de certas inovações. Mas, para atender às solicitações, voltaremos hoje ao assunto.

Kardec dizia, com muita razão, que os adeptos demasiado entusiastas são mais perigosos para a doutrina do que os próprios adversários. Porque estes, com­batendo o que não conhecem, evidenciam a própria fraqueza e contribuem para o esclarecimento do povo, enquanto os adeptos de entusiasmo fácil comprometem a causa. O que estamos vendo hoje, no meio espírita brasileiro, não é mais do que a confirmação dessa assertiva do codificador. Espíritas demasiado entusiastas estão sempre prontos a receber qualquer “nova revelação” que lhes seja oferecida, e a divulgá-la sofregadamente, como verdades incontestáveis. Que diferença entre o equilíbrio e a ponderação de Kardec e essa afoiteza inútil e prejudicial!

No tocante à Umbanda, já dissemos aqui, numerosas vezes, que se trata de uma forma de sincretismo religioso, ou seja, de mistura de religiões e cultos, com a qual o Espiritismo nada tem a ver. As formas de sincretismo religioso são, praticamente, as nebulosas sociais de que nascem as novas religiões. A Umbanda já superou a fase inicial de nebulosa, estando agora em plena fase de condensação. E por isso que ela se difunde com mais intensidade. Já se pode dizer que é uma nova religião, formada com elementos das crenças africanas e indígenas, misturados a crenças e formas de culto do catolicismo e do islamismo em franco desenvolvimento entre nós. O Espiritismo não participou da sua formação, embora os nossos sociólogos, em geral, exatamente por desconhecerem o Espiritismo, digam o contrário, pois confundem o mediunismo primitivo, de origem africana e indígena, com os princípios de uma doutrina moderna. Nós, espíritas, devemos respeitar na Umbanda uma religião nascente, mas não pode­mos admitir confusões entre as suas práticas sincréticas e as práticas espíritas.

Quanto às mensagens de Ramatis, também já tive­mos ocasião de declarar que se trata de mensagens mediúnicas a serem examinadas. De nossa parte, consideramo-las como mensagens confusas, dogmáticas, vaza­das na linguagem típica dos espíritos pseudo-sábios, a que Kardec se refere na escala espírita de O Livro dos Espíritos. Cheias de afirmações absurdas, e até mesmo contraditórias, essas mensagens revelam uma fonte que devia ser encarada com menos entusiasmo e com mais cautela pelos espíritas. Em geral, nossos confrades se entusiasmam com “as novas revelações” aparentemente contidas nas mesmas, esquecendo-se de passá-las, como aconselhava Kardec, pelo crivo da razão.

O que temos de aconselhar a todos, pelo menos a todos os que nos consultam a respeito, é mais leitura e mais estudo de Kardec, e menos atenção a espíritos que tudo sabem e a tudo respondem com tanta facilidade, usando sempre uma linguagem envolvente, em que nem todos sabem dividir a verdade do erro. “O Espiritismo”, dizia Cairbar Schutel, “é uma questão de bom-senso”. Procuremos andar de maneira sensata, na aceitação de mensagens mediúnicas.

José Herculano Pires
O mistério do bem e do mal.
Artigo 1. S. Bernardo do Campo:
Correio Fraterno do ABC, 1992. p. 9-11.

3 comentários:

Anônimo disse...

É...Que diferença entre o equilibrio e a ponderação de Kardec e essa afoiteza inútil e prejudicial! gostei!

M. Angela disse...

É... que diferença entre o equilibrio e a ponderação de Kardec e essa afoiteza inútil e prejudicial!
Gostei!

RACHID MANJUD MALUF disse...

Conheci Ramatis recentemente, tendo lido 2 de suas obras, psicografada por Maes: A Vida Além da Sepultura e O Sublime Peregrino. Tenho conhecimento básico do Espiritismo, tendo como balizador para minhas leituras o LE e o LM. O Centro que frequento adota a metodologia chamada de Evangelização de Espírito, com grande foco na questão da programação reencarnatória. Confesso que me impressionaram essa obras de Ramatis, a ponto de questtionar o porque suas obras não constam do acervo da Casa, pois não identifiquei nada que contrariasse os princípios doutrinários. Pelo contrário, são de um clareza e didatismo impressionantes. As críticas do seu blog dizem respeito mais ao médium que ao Espírito e caberia a pergunata Kardekiana se não seria o caso de um espirito qualquer estar se utilizando do nome de Ramatis, visto a sintonia do medium citado.
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