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"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."

Militão Pacheco

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Sobre as Vidas sucessivas - Leon Denis


A doutrina das vidas sucessivas, que foi também doutrina de Platão e da Escola de Alexandria, impregnava inteiramente o Cristianismo primitivo. Todas as correntes do pensamento oriental se reuniam para inocular em a religião que surgia uma vida nova e ardente.

Nessas fontes bebiam os cristãos mais ilustres os elementos da sua ciência e do seu gênio. Orígenes, Clemente, a maior parte dos padres gregos ensinavam a pluralidade das existências da alma.

Ainda no século IV São Jerônimo, na sua controvérsia com Vigilantius, reconhecia que a crença nas vidas sucessivas era a da maioria dos cristãos do seu tempo.

Orígenes, sobre esse ponto de doutrina, não foi condenado pela Igreja, como o supõe o padre Coubé. O Concilio de Calcedônia e o quinto de Constantinopla rejeitaram, não a crença na pluralidade das vidas da Alma, mas simplesmente a opinião de Orígenes de que...

- a união do Espírito com o corpo é sempre uma prova (Ver: Expiação)

- e a de que a Alma viveu primeiro no estado espiritual.

Este ilustre pensador, que São Jerônimo considerava como «o maior dos cristãos depois dos Apóstolos», não levava muito em conta a lei de educação e de evolução dos seres.

Na realidade, a Igreja nunca se pronunciou sobre a questão das existências sucessivas, que continua aberta às possibilidades do futuro. Em todas as épocas, membros eminentes do clero católico adotaram essa crença e a afirmaram publicamente.

No século décimo quinto, o cardeal Nicolau de Ousa sustentou, em pleno Vaticano, a teoria da pluralidade das existências da alma e a dos mundos habitados, não só com o assentimento, mas com os aplausos sucessivos de dois papas: Eugénio IV e Nicolau V.

Eis aqui outros testemunhos mais recentes:

Em 1843, no seu mandamento, monsenhor de Montal, bispo de Chartres, falava nestes termos da preexistência e das reencarnações: «Pois que não é defeso crer na preexistência das almas, quem pode saber o que se terá passado, nas idades longínquas, entre Inteligências?»
G. Calderone, diretor da «Filosofia della Scienza», de Palermo, que abriu um largo inquérito sobre as ideias dos nossos contemporâneos acerca da reencarnação, publicou algumas cartas trocadas entre monsenhor L. Passavalli, arcebispo vigário da basílica de S. Pedro, em Roma, e o Sr. Tancredi Canonico, senador do Reino, Guarda dos Selos, presidente da Suprema Corte de Cassação da Itália e católico convencido.

Citemos duas passagens de uma carta de monsenhor Passavalli:

«De meu espírito desapareceram para sempre as dificuldades que me perturbavam quando Estanislau, «de santa memória» (monsenhor Estanislau Fialokwsky, morto em Cracóvia a 18 de janeiro de 1885), a cujo espirito atribuo em grande parte esta nova luz que me ilumina, me anunciava pela primeira vez — a doutrina da pluralidade das vidas do homem. Sinto-me feliz por haver podido verificar o efeito salutar dessa verdade sobre a alma de meu irmão.»

«Parece-me que se fosse possível propagar a ideia da pluralidade das existências da Alma, quer neste mundo, quer no outro, como meio de realizar a expiação e a purificação do homem, com o objetivo de torná-lo finalmente digno de si e da vida imortal dos céus, já se teria dado um grande passo, pois isso bastaria para resolver os problemas mais intrincados e mais árduos que atualmente agitam as inteligências humanas. Quanto mais penso nessa verdade, mais ela se me mostra grande e fecunda de conseqüências práticas para a religião e para a sociedade.» (a) Luís, arcebispo.

Da correspondência inédita de T. Canônico, publicada ultimamente em Turim, resulta que ele próprio fora iniciado na crença da reencarnação por Towiansky, escritor católico muito conhecido.

Numa extensa carta, que traz a data de 30 de dezembro de 1884, ele expõe as razões pelas quais acha que essa crença nada tem de contrária à Religião Católica, apoiando-se em muitas citações das Santas Escrituras.(*)
(*) Ver Annales des Sciences Psychiques, setembro de 1912.

[109 - páginas 104 / 105] - Léon Denis

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