Mensagem

"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."

Militão Pacheco

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Entrevista com Divaldo Franco

Evangelização Infantil

Qual a importância da evangelização da criança no Centro Espírita?

Divaldo: Da mais alta relevância, se dissermos que, quem instrui prepara para a vida, quem educa dá a vida, quem evangeliza fomenta a vida. Este "evangeliza", entendamo-lo à luz do Espiritismo, por ser a luz do Espiritismo que dá lógica e entendimento ao Evangelho. O Evangelho, puro e simples, é ministrado por outras doutrinas cristãs, mas a reencarnação e a comunicabilidade dos espíritos dão clareza e lógica, ao contrário de outras doutrinas evangélicas, preparando a criança para uma vida saudável no seu relacionamento futuro. Não se pode conceber uma Casa Espírita na qual as novas gerações não recebam a evangelização espírita, porque sem isto estaremos condenando o futuro a uma grave tarefa curativa das chagas adquiridas no trânsito da juventude para a razão.
Portanto, é imprescindível a presença da atividade do Evangelho à luz do Espiritismo, junto à criança e ao jovem.

O que dizer das aulas de evangelização em que predomina o conhecimento do Evangelho sem conteúdo espírita?

Divaldo: que é um trabalho muito respeitável, mas não é um trabalho espírita. Para que o seja, é indispensável que se encontram presentes os postulados essenciais conforme estão exarados em O Livro dos Espíritos de Allan Kardec. Não podemos entender por que a criança e o jovem são capazes de compreender o Evangelho e não o Espiritismo, quando têm idéia clara de eletrônica, de cibernética, e de outras ciências muito mais complexas do que a Ciência Espírita, que é de fácil assimilação.
Os irmãos das igrejas reformadas, do Catolicismo, nas suas várias denominações, lecionam também o Evangelho, que é muito bom na sua parte moral, mas que não equaciona a problemática da existência humana, que somente pode ser entendida à luz da reencarnação. Não equaciona a realidade da comunicabilidade dos Espíritos, que somente através da mediunidade encontra parâmetros de lógica e sustentação. Não elucida a problemática da pluralidade dos mundos habitados, hoje reconhecida por boa parte dos astrônomos e dos astrofísicos de toda a Terra. E não resolve o problema do comportamento humano, porque libera ou escraviza a consciência através dos dogmas, dos formalismos e das suas atitudes místicas.
É indispensável colocar a Doutrina Espírita no Evangelho, para que a razão substitua a aceitação, e a lógica preencha o vazio do mitológico.

- Nunca é conveniente levar a criança a assistir reunião espírita de natureza mediúnica,... –

Como fazer, sendo preparado para evangelizar e não se sentindo seguro para o trabalho, já que no Centro Espírita é responsabilizado?

Divaldo: Todos nós somos inseguros daquilo que fazemos, exceto as pessoas presunçosas. A insegurança é um fenômeno natural, porque estamos sempre aprendendo, defrontando experiências novas. É compreensível que aquele que se inicia numa atividade encontre muitos conflitos na área que o desafia. A segurança virá como resultado normal da experiência, que irá adquirir com o tempo.
O conhecimento teórico não equipa uma pessoa com a segurança que a faça enfrentar as dificuldades naturais que lhe são desafio, com a mesma experiência daquele que opera todos os dias. A melhor maneira de o fazer, é começar. Começa-se inseguro e, lentamente, vai-se adquirindo confiança, que é resultado das experiência que se tornaram exitosas. Sem a experiência pessoal ninguém tem segurança de como fazer, porque não se transmitem experiências. Transmitem-se informações, que aplicadas nos levam à vivência dessas mesmas informações.

As crianças que estão sendo evangelizadas, de que maneira podem os pais ajudá-las, a fim de que a evangelização continue no lar?

Divaldo: Aos pais compete a observação das tendências, da natureza dos seus filhos para bem orientá-los e despertarem nos mesmos as qualidade que se contrapõem aos defeitos. Entretanto, isso deve ser feito quando os filhos são muito pequenos, e é justamente quando os pais são mais inexperiente, menos maduros. Então, quando vemos os resultados, o tempo já passou. Como agir? Por mais imaturos que sejam os pais, há, entre eles e os filhos, o largo período que já viveram. Nesse período, adquiriram as experiências das suas próprias vivências.
Há, em todo indivíduo, a tendência para o bem, porque somos lucigênitos. Esse heliotropismo divino nos leva sempre a discernir entre o que é certo e o que é errado. Se, por acaso, por inexperiência, não orientamos bem o filho na primeira infância, é sempre tempo de começar, porque estamos sendo educados até a hora da própria desencarnação.
Os pais que não lograram encaminhar bem os seus filhos, porque lhes faltava o equilíbrio do discernimento, quando se estava no período da formação da personalidade, podem recomeçar em qualquer instante, de maneira suave, perseverante e otimista através do exemplo e da vivência do amor.
Os pais podem ajudar a evangelização no lar, sobretudo pela exemplificação. É a exemplificação a melhor metodologia para que se inculquem as idéias que desejamos penetram naqueles que vivem connosco.
Se examinarmos Jesus, Ele disse muito menos do que viveu e viveu muito mais do que nos falou. A mim me sensibiliza muito uma cena que parece culminante na vida do Cristo. Quando Ele estava com Anás, o Sumo Sacerdote, que Lhe perguntou sobre Sua doutrina, respondeu Jesus, que nada falara em oculto e que ele deveria perguntar aos que O ouviram. Um soldado que estava ao lado do representante de César, agrediu-O, esbofeteando-Lhe a face.
Para mim, este gesto é dos mais covardes: bater na face de um homem atado. Então Jesus não reagiu. Agiu com absoluta serenidade.
Pacifista por excelência, voltou-se para o agressor e lhe perguntou: Soldado, por que me bateste? Se errei, aponta-me o erro, mas, se eu disse a verdade, por que me bateste? É uma lição viva, porque Ele poderia apelar ali para a justiça do representante de César; poderia ter-se encolerizado; ter tido um gesto de reação, mas Ele preferiu agir.
O lar é a escola do exemplo, onde lamentavelmente se vive reagindo. Vive-se de reações em cadeia; raramente se pára para agir.

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