Mensagem

"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."

Militão Pacheco

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O PÃO E A MESA

Nascemos, crescemos, tentamos aprender um ofício para que esse ofício nos possibilite os sustento de ter condições de construirmos a nossa própria existência, procurando constituir um núcleo familiar, quiçá um companheiro, uma companheira, filhos, em muitas ocasiões. É a luta diária para o pão, para o corpo, para o sustento para o corpo, que todos nós travamos na existência terrena desde todos os tempos.
Em todas as circunstâncias em que a humanidade habita a Terra, o pão espiritual entretanto, ainda não tem uma conformação que dê um sustento real para a alma encarnada que ainda padece da ignorância, esquecida da sua necessidade de ter o oficio de ligação com o Pai, que possa exercitar a tarefa da caridade que venha a possibilitar o socorro ao mais necessitado, alimentando o próprio Eu, para que se mantenha indene, íntegro em direção à Luz para a qual foi projetada.
Assim, cada alma que ainda desconhece os recursos necessários para o próprio sustento espiritual, esquece-se ou não sabe, que precisa do oficio espiritual, da profissão espiritual, da ligação com o Alto.
Mas, quais seriam os recursos, ou, qual seriam os recursos que nos encaminhariam para este oficio?
Há dois mil anos, o doce Rabi da Galiléia, esteve entre nós e possibilitou-nos conhecer todas as diretrizes que nos conduzem ao aprendizado necessário, para que possamos ser Oficiais da ligação com o Pai.
Aqueles que tem nessa ligação o recurso para mostrarem o sustento do pão espiritual que a levem adiante no processo de crescimento, desenvolvimento, aquisição da moral para que se possa erguer-se acima de todas as preocupações mundanas no auxílio da construção de um mundo melhor, porque cada um é a célula que precisa manter-se íntegra no projeto de construção de um mundo melhor.
Que nós aqui reunidos, possamos projetar em nosso íntimo as aspirações necessárias para que possamos adquirir tudo que precisamos adquirir na construção de um mundo melhor, a começar pela própria individualidade.
Assim seja!


Psicofonia recebida em 21/10/2009 - Nept

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A Paciência

Desde o início da vida de encarnados, o ser humano recebe a paciência Divina, sendo acolhido nos braços da querida mamãe, para que pacientemente o ilumine, o higienize e nutra de condições para que possa alcançar a idade mais amadurecida na qual venha a acolher possibilidades na sua individualidade. E não é sem a paciência do Altíssimo que qualquer criatura humana encarnada na Terra poderá obter resultados de alcançar a idade da adolescência e mesmo da idade adulta, senão for pela infinita paciência do Pai Altíssimo que está no Céu.

Quanto amor, quanta paciência dedica-nos o nosso criador a todos os entes oferecendo-nos a oportunidade de viver, porque ao viver, nós aprendemos. Nós, mirando o exemplo do Pai Altíssimo, do Criador do Universo, poderemos pensar na necessária paciência que necessitamos ter com os mais ignorantes, com as crianças que nos cerquem, sejam as crianças que forem de qualquer idade. Aqueles nossos irmãos inquietos, mal educados, que transformam a vida num torvelinho, necessitam de paciência, necessitam da compreensão, necessitam da tolerância, da indulgência, para que o convívio se transforme em convívio bendito. Porque se nós recebemos, a infinita paciência do Pai, por que não podemos dar um pouco de paciência a todo aquele que nos cerca dia a dia?

Se não a temos ainda, é hora de desenvolvermos porque o Espiritismo nos chama a responsabilidade, porque o Espiritismo nos acolhe e nos mostra toda a nossa potencialidade.

Assim, procurando desenvolver a paciência modestamente, nos tornaremos melhores criaturas a cada dia, possibilitados de servir, e de amar, deixando de ser credor, afastando por nossa conta o mal humor mas, incentivando todo dia o bendito gesto de perdoar.

Que Jesus nos abençoe!

Psicofonia recebida em 28/10/2009 - Nept

Terapia da Oração

Recurso valioso para todo momento ou necessidade, a oração encontra-se ao alcance de quem deseja paz e realização, alterando para melhor os fatores que fomentam a vida e facultam o seu desenvolvimento.

A oração é o instrumento pelo qual a criatura fala a Deus, e a inspiração lhe chega na condição de divina resposta.

Quando alguém ora, luariza a paisagem mental e inunda-se de paz, revitalizando os fulcros da energia mantenedora da vida.

A oração sincera, feita de entrega íntima a Deus, desenvolve a percepção de realidades normalmente não detectadas, que fazem parte do mundo extrafísico.

O ser material é condensação do energético, real, transitoriamente organizado em complexos celulares para o objetivo essencial da evolução. Desarticulando-se, ou sofrendo influências degenerativas, necessita de reparos nos intrincados mecanismos vibratórios, de modo a recompor-se, reequilibrar-se e manter a harmonia indispensável, para alcançar a finalidade a que se destina.

*

O psiquismo que ora, consegue resistências no campo de energia, que converte em forças de manutenção dos equipamentos nervosos funcionais da mente e do corpo.

A oração induz à paz e produz estabilidade emocional, geradora de saúde integral.

A mente que ora, sintoniza com as Fontes da Vida, enriquecendo-se de forças espirituais e lucidez.

Terapia valiosa, a oração atrai as energias refazentes que reajustam moléculas orgânicas no mapa do equilíbrio físico, ao tempo que dinamiza as potencialidades psíquicas e emocionais, revigorando o indivíduo.

Quando um enfermo ora, recebe valiosa transfusão de forças, que vitalizam os leucócitos para a batalha da saúde e sustentação dos campos imunológicos, restaurando-lhes as defesas.

*

O indivíduo é sempre o resultado dos pensamentos que elabora, que acolhe e que emite.

O pessimista autodestrói-se, enquanto o otimista auto-sustenta-se.

Aquele que crê nas próprias possibilidades desenvolve-as, aprimora-as e maneja-as com segurança.

Aqueloutro que duvida de si mesmo e dos próprios recursos, envolvendo-se em psicosfera perturbadora, desarranja os centros de força e exaure-se, especialmente quando enfermo. Assemelha-se a uma vela acesa nas duas extremidades, que consome duplamente o combustível que sustenta a luz, até sua extinção.

A mente que se vincula à oração ilumina-se sem desprender vitalidade, antes haurindo-a, e mais expandindo a claridade que possui.

Envolvendo-se nas irradiações da oração a que se entregue, logrará o ser enriquecer-se de saúde, de alegria e paz, porquanto a oração é o interfone poderoso pelo qual ele fala a Deus, e por cujo meio, inspirado e pacificado, recebe a resposta do Pai.

Ao lado, portanto, de qualquer terapia prescrita, seja a oração a de maior significado e a mais simples de ser utilizada.

* * *

Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Momentos Enriquecedores.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Salvador, BA: LEAL, 1994.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Educandário de luz

Ninguém se reconheceria fora da paciência e do amor que Jesus nos legou, se todos freqüentássemos a universidade da beneficência, cujos institutos de orientação funcionam, quase sempre nas áreas da retaguarda.
Aí, nos recintos da penúria, as lições são administradas, ao vivo, através das aulas inumeráveis do sofrimento.

Tanto quanto possas e, mais demoradamente nos dias de aflição, quando tudo te pareça convite ao desalento, procura experiência e compreensão nessa escola bendita, alicerçada em necessidades e lágrimas.

Se contratempos te ferem nos assuntos humanos, visita os irmãos enfermos, segregados no hospital, a fim de que possas aprender a valorizar a saúde que te permite trabalhar e renovar a esperança.

Quando te atormente a fome de sucesso nos temas afetivos e a ventura do coração se te afigure tardia, toma contato com aqueles companheiros que habitam furnas abandonadas, para quem a solidão se fez o prato de cada dia.

Ante os empeços da profissão com que o mundo te honra a existência, consagra alguns minutos a escutar o relatório dos pais de família, entregues ao desespero por lhes escassearem recursos à própria subsistência.

E, se experimentas dissabores, perante os filhos que te enriquecem a a alma de esperança e carinho, à face das tribulações que lhes gravam a vida, observa aqueles outros pequeninos que caminham nas trilhas do mundo, sem tutela de pai ou mãe que os resguarde, atirados à noite da criminalidade e da ignorância.

Matricula-te no educandário da caridade e guardarás a força da paciência.

Enriquece de cultura os dotes que te enfeitam a personalidade e realiza na terra os nobres ideais afetivos que te povoam os pensamentos, no entanto, se queres que a felicidade venha morar efetivamente contigo, auxilia igualmente a construir a felicidade dos outros.

Nosso encontro com aqueles que sofrem dificuldades e provações maiores que as nossas será sempre, em qualquer lugar, o nosso mais belo e mais duradouro encontro com Deus.

* * *

Emmanuel

Mensagem retirada do livro "Paz e Renovação" Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A Bênção do Trabalho

É pela bênção do trabalho que podemos esquecer os pensamentos que nos perturbam, olvidar os assuntos amargos, servindo ao próximo, no enriquecimento de nós mesmos.

Com o trabalho, melhoramos nossa casa e engrandecemos o trecho de terra onde a Providência Divina nos situou.

Ocupando a mente, o coração e os braços nas tarefas do bem, exemplificamos a verdadeira fraternidade e adquirimos o tesouro da simpatia, com o qual angariaremos o respeito e a cooperação dos outros.

Quem não sabe ser útil não corresponde à Bondade do Céu, não atende aos seus justos deveres para com a humanidade e nem retribui a dignidade da pátria amorosa que lhe serve de mãe.

O trabalho é uma instituição de Deus.

SENDA DE PERFEIÇÃO

Quem move as mãos no serviço,
Foge à treva e à tentação.
Trabalho de cada dia
É senda de perfeição.

* * *

Meimei

(Mensagem do livro "Pai Nosso", recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier - Edição FEB.)

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Nostalgia e Depressão

As síndromes de infelicidade cultivada tornam-se estados patológicos mais profundos de nostalgia, que induzem à depressão.
O ser humano tem necessidade de auto-expressão, e isso somente é possível quando se sente livre.

Vitimado pela insegurança e pelo arrependimento, torna-se joguete da nostalgia e da depressão, perdendo a liberdade de movimentos, de ação e de aspiração, face ao estado sombrio em que se homizia.

A nostalgia reflete evocações inconscientes, que parecem haver sido ricas de momentos felizes, que não mais se experimentam. Pode proceder de existências transatas do Espírito, que ora as recapitula nos recônditos profundos do ser. lamentando, sem dar-se conta, não mais as fruir; ou de ocorrências da atual.

Toda perda de bens e de dádivas de prazer, de júbilos, que já não retornam, produzem estados nostálgicos. Não obstante, essa apresentação inicial é saudável, porque expressa equilíbrio, oscilar das emoções dentro de parâmetros perfeitamente naturais. Quando porém, se incorpora ao dia-a-dia, gerando tristeza e pessimismo, torna-se distúrbio que se agrava na razão direta em que reincide no comportamento emocional.

A depressão é sempre uma forma patológica do estado nostálgico.

Esse deperecimento emocional, fez-se também corporal, já que se entrelaçam os fenômenos físicos e psicológicos.

A depressão é acompanhada, quase sempre, da perda da fé em si mesmo, nas demais pessoas e em Deus... Os postulados religiosos não conseguem permanecer gerando equilíbrio, porque se esfacelam ante as reações aflitivas do organismo físico. Não se acreditar capaz de reagir ao estado crepuscular, caracteriza a gravidade do transtorno emocional.

Tenha-se em mente um instrumento qualquer. Quando harmonizado, com as peças ajustadas, produz, sendo utilizado com precisão na função que lhe diz respeito. Quando apresenta qualquer irregularidade mecânica, perde a qualidade operacional. Se a deficiência é grave, apresentando-se em alguma peça relevante, para nada mais serve.

Do mesmo modo, a depressão tem a sua repercussão orgânica ou vice-versa. Um equipamento desorganizado não pode produzir como seria de desejar. Assim, o corpo em desajuste leva a estados emocionais irregulares, tanto quanto esses produzem sensações e enarmonias perturbadoras na conduta psicológica.

No seu início, a depressão se apresenta como desinteresse pelas coisas e pessoas que antes tinham sentido existencial, atividades que estimulavam à luta, realizações que eram motivadoras para o sentido da vida.

À medida que se agrava, a alienação faz que o paciente se encontre em um lugar onde não está a sua realidade. Poderá deter-se em qualquer situação sem que participe da ocorrência, olhar distante e a mente sem ação, fixada na própria compaixão, na descrença da recuperação da saúde. Normalmente, porém, a grande maioria de depressivos pode conservar a rotina da vida, embora sob expressivo esforço, acreditando-se incapaz de resistir à situação vexatória, desagradável, por muito tempo.

Num estado saudável, o indivíduo sente-se bem, experimentando também dor, tristeza, nostalgia, ansiedade, já que esse oscilar da normalidade é característica dela mesma. Todavia, quando tais ocorrências produzem infelicidade, apresentando-se como verdadeiras desgraças, eis que a depressão se está fixando, tomando corpo lentamente, em forma de reação ao mundo e a todos os seus elementos.

A doença emocional, desse modo, apresenta-se em ambos os níveis da personalidade humana: corpo e mente.

O som provém do instrumento. O que ao segundo afeta, reflete-se no primeiro, na sua qualidade de exteriorização.

Idéias demoradamente recalcadas, que se negam a externar-se - tristezas, incertezas, medos, ciúmes, ansiedades - contribuem para estados nostálgicos e depressões, que somente podem ser resolvidos, à medida que sejam liberados, deixando a área psicológica em que se refugiam e libertando-a da carga emocional perturbadora.

Toda castração, toda repressão produz efeitos devastadores no comportamento emocional, dando campo à instalação de desordens da personalidade, dentre as quais se destaca a depressão.

É imprescindível, portanto, que o paciente entre em contato com o seu conflito, que o libere, desse modo superando o estado depressivo.

Noutras vezes, a perda dos sentimentos, a fuga para uma aparência indiferente diante das desgraças próprias ou alheias, um falso estoicismo contribuem para que o fechar-se em si mesmo, se transforme em um permanente estado de depressão, por negar-se a amar, embora reclamando da falta de amor dos outros.

Diante de alguém que realmente se interesse pelo seu problema, o paciente pode experimentar uma explosão de lágrimas, todavia, se não estiver interessado profundamente em desembaraçar-se da couraça retentiva, fechando-se outra vez para prosseguir na atitude estóica em que se apraz, negando o mundo e as ocorrências desagradáveis, permanecerá ilhado no transtorno depressivo.

Nem sempre a depressão se expressará de forma autodestrutiva, mas com estado de coração pesado ou preso, disfarçando o esforço que se faz para a rotina cotidiana, ante as correntes que prostram no leito e ali retêm.

Para que se logre prosseguir, é comum ao paciente a adoção de uma atitude de rigidez, de determinação e desinteresse pela sua vida interna, afivelando uma máscara ao rosto, que se apresenta patibular, e podem ser percebidas no corpo essas decisões em forma de rigidez, falta de movimentos harmônicos...

Ainda podemos relacionar como psicogênese de alguns estados depressivos com impulsos suicidas, a conclusão a que o indivíduo chega, considerando-se um fracasso na sua condição, masculina ou feminina, determinando-se por não continuar a existência. A situação se torna mais grave, quando se acerca de uma idade especial, 35 ou 40 anos, um pouco mais, um pouco menos, e lhe parece que não conseguiu o que anelava, não se havendo realizado em tal ou qual área, embora noutras se encontre muito bem. Essa reflexão autopunitiva dá gênese a estado depressivo com indução ao suicídio.

Esse sentimento de fracasso, de impossibilidade de êxito pode, também, originar-se em alguma agressão ou rejeição na infância, por parte do pai ou da mãe, criando uma negação pelo corpo ou por si mesmo, e, quando de causa sexual, perturbando completamente o amadurecimento e a expressão da libido.

Nesse capítulo, anotamos a forte incidência de fenômenos obsessivos, que podem desencadear o processo depressivo, abrindo espaço para o suicídio, ou se fixando, a partir do transtorno psicótico, direcionando o paciente para a etapa trágica da autodestruição.

Seja, porém, qual for a gênese desses distúrbios, é de relevante importância para o enfermo considerar que não é doente, mas que se encontra em fase de doença, trabalhando-se sem autocomiseração, nem autopunição para reencontrar os objetivos da existência. Sem o esforço pessoal, mui dificilmente será encontrada uma fórmula ideal para o reequilíbrio, mesmo que sob a terapia de neurolépticos.

O encontro com a consciência, através de avaliação das possibilidades que se desenham para o ser, no seu processo evolutivo, tem valor primacial, porque liberta-o da fixação da idéia depressiva, da autocompaixão, facultando campo para a renovação mental e a ação construtora.

Sem dúvida, uma bem orientada disciplina de movimentos corporais, revitalizando os anéis e proporcionando estímulos físicos, contribui de forma valiosa para a libertação dos miasmas que intoxicam os centros de força.

Naturalmente, quando o processo se instala - nostalgia que conduz à depressão - a terapia bioenergética (Reich, como também a espírita), a logoterapia (Viktor Frankl), ou conforme se apresentem as síndromes, o concurso do psicoterapeuta especializado, bem como de um grupo de ajuda, se fazem indispensáveis.

A eleição do recurso terapêutico deve ser feita pelo paciente, se dispuser da necessária lucidez para tanto, ou a dos familiares, com melhor juízo, a fim de evitar danos compreensíveis, os quais, ocorrendo, geram mais complexidades e dificuldades de recuperação.

Seja, no entanto, qual for a problemática nessa área, a criação de uma psicosfera saudável em torno do paciente, a mudança de fatores psicossociais no lar e mesmo no ambiente de trabalho constituem valiosos recursos para a reconquista da saúde mental e emocional.

O homem é a medida dos seus esforços e lutas interiores para o autocrescimento, para a aquisição das paisagens emocionais.

* * *


Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Amor Imbatível Amor.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

ANTÔNIO GONÇALVES DA SILVA "BATUÍRA"

Aos onze anos, imigrou para o Brasil, vivendo três anos no Rio de Janeiro, transferindo-se depois para Campinas (São Paulo), onde trabalhou por alguns anos na lavoura.

Mais tarde, fixou residência na Capital bandeirante, dedicando-se à venda de jornais. Naquela época, São Paulo era uma cidade de 30 mil habitantes. Ele entregava os jornais de casa em casa, conquistando nessa profissão a simpatia e a amizade dos seus fregueses. Muito ativo, correndo daqui para acolá, a gente da rua o apelidava "O BATUÍRA" (nome que o povo dava à narceja, ave pernalta, muito ligeira, de vôo rápido, que freqüenta os charcos, à volta dos lagos).

Convivendo com os acadêmicos de Direito do Largo de São Francisco passou a dedicar-se à arte teatral: montou pequeno teatro à rua Cruz Preta (depois denominada rua Senador Quintino Bocaiúva). Quando aparecia em cena, BATUÍRA era aplaudido e os estudantes lhe dedicavam versos como estes: "Salve grande Batuíra/Com seus dentes de traíra/Com seus olhos de safira/Com tua arte que me inspira/Nas cordas de minha lira/Estes versos de mentira.

Àquela altura da sua vida passou a fabricar charutos, o que fez prosperar as suas finanças. Adquiriu diversos lotes de terrenos no Lavapés, onde construiu sua residência e, ao lado, uma rua particular de casas que alugava aos humildes e que hoje se chama Rua Espírita.

De espírito humanitário e idealista, aderiu, desde logo, à Campanha Abolicionista, trabalhando denodadamente ao lado de Luiz Gama e de Antônio Bento. Em sua casa e abrigava os escravos foragidos e só os deixava sair com a Carta de Alforria.

Despertado pela Doutrina Espírita exemplificou no mais alto grau dos ensinamentos cristãos: praticava a caridade, consolava os aflitos, tratava os doentes com a Homeopatia e difundia os princípios espíritas. Fundou o jornal "Verdade e Luz", em 25 de maio de 1890, que chegou a ter uma tiragem de cinco mil exemplares. Abriu mão dos seus bens em favor dos necessitados.

A sua casa no Lavapés, que era ao mesmo tempo hospital, farmácia, albergue, escola e asilo. Ele a doou para sede da Instituição Beneficente "Verdade e Luz". Recolhia os doentes e os desamparados, infundindo-lhes a fé necessária para poderem suportar suas provas terrenas. A propósito disso dizia-se de Batuíra: "Um bando de aleijados vivia com ele". Quem chegasse à sua casa, fosse lá quem fosse, tinha cama, mesa e cobertor.

De suas primeiras núpcias com dona Brandina Maria de Jesus, teve um filho, Joaquim Gonçalves Batuíra que veio a se casar com dona Flora Augusta Gonçalves Batuíra. Das segundas núpcias teve outro filho que desencarnou aos doze anos. Mas, apesar disso, Batuíra era pai de quase toda gente. Exemplo disso foi o Zeca, que Batuíra recebeu com poucos meses e criou como seu filho adotivo, o qual se tornou continuador da sua obra na instituição beneficente que ele fundara.

Eis alguns traços da personalidade de Batuíra pela pena do festejado escritor Afonso Schmidt: "Em 1873, por ocasião da terrível epidemia de varíola que assolou a capital da Província, ele serviu de médico, de enfermeiro, de pai para os flagelados, deu-lhes não apenas o remédio e os desvelos, mas também o pão, o teto e o agasalho. Daí a popularidade de sua figura. Era baixo, entroncado e usava longas barbas que lhe cobriam o peito amplo. Com o tempo essa barba se fez branca e os amigos diziam que ele era tão bom, que se parecia com o imperador".

Batuíra era tão popular que foi citado em obras como: "História e Tradições da Cidade de São Paulo", de Ernani Silva Bueno; "A Academia de São Paulo - Tradições e Reminiscências - Estudantes, Estudantões e Estudantadas", de Almeida Nogueira; "A Cidade de São Paulo em 1900", de Alfredo Moreira Pinto. Escreveram ainda sobre ele J. B. Chagas, Afonso Schmidt, Paulo Alves Godoy e Zeus Wantuil.

Batuíra criou grupos espíritas em São Paulo, Minas Gerais, e Estado do Rio, proferiu conferências espíritas por toda parte, criou a Livraria e Editora Espírita, onde se fez impressor e tipógrafo.

Referindo-se ao seu desencarne, Afonso Schmidt escreveu: "Batuíra faleceu a 22 de Janeiro de 1909. São Paulo inteiro comove-se com o seu desaparecimento. Que idade tinha? Nem ele mesmo sabia. Mas o seu nome ficou por aí, como um clarão de bondade, de doçura, de delicadeza ao céu, dessas que se vão fazendo cada vez mais raras num mundo velho, sem porteira..."


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sábado, 21 de novembro de 2009

Esforço Pessoal

As grandes conquistas da Humanidade têm começo no esforço pessoal de cada um.
Disciplinando-se e vencendo-se a si mesmo, o homem consegue agigantar-se, logrando resultados expressivos e valiosos.

Estas realizações, no entanto, têm início nele próprio.

*

E possível que não consigas descobrir novas terras, a fim de te tornares célebre. Todavia, poderás desvelar-te interiormente para o bem, fazendo-te elemento precioso no contexto social onde vives.

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Certamente, não lograrás solucionar o problema da fome na Terra. Não obstante, poderás atender a algum esfaimado que defrontes, auxiliando a diminuir o problema geral.

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Não terás como evitar os fenômenos sísmicos desastrosos que, periodicamente, abalam o planeta. Assim mesmo, dispões de recursos para que a onda de acidentes morais não dizime vidas preciosas ao teu lado.

De fato, não terás como impedir as enfermidades que ceifam as multidões que lhes tombam, inermes, ao contágio avassalador. Apesar disso, tens condições de oferecer as terapias preventivas do otimismo, da coragem e da esperança.

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Diante das ameaças de guerra, das lutas e do terrorismo existentes que matam e mutilam milhões de homens, te sentes sem recursos para fazê-los cessar, mudando-lhes o rumo para a paz. Entretanto, a tua conduta pacífica e os teus esforços de amor serão instrumentos para gerar alegria e tranqüilidade onde estejas e entre aqueles com os quais compartes as tuas horas.

*

A violência urbana e a criminalidade reinantes não serão detidas ao preço dos teus mais sinceros desejos e tentativas honestas. Sem embargo, a tarefa de educação que desempenhes, modesta que seja, influenciará alguém em desalinho, evitando-lhe a queda no abismo da agressividade.

*

As sucessivas ondas de alienação mental e suicídios, que aparvalham a sociedade, não cessarão de imediato sob a ação da tua vontade. Muito embora, a tua paciência e bondade, a tua palavra de fé e de luz, conseguirão apaziguar aquele que as receba. oferecendo-lhe reajuste e renovação.

Naturalmente, o teu empenho máximo não alterará o rumo das Leis de gravitação universal. Mas, se o desejares, contribuirás para o teu e o equilíbrio do teu próximo, em torno do Sol de Primeira Grandeza que é Jesus.

*

Os problemas globais merecem respeito. Mas, os individuais, que se somam, produzindo volume, são factíveis de solução.

A inundação resulta da gota de água.

A avalanche se dá ante o deslocamento de pequenas partículas que se desarticulam.

A epidemia surge num vírus que venceu a imunização orgânica.

Desta forma, faze a tua parte, mínima que seja, e o mundo melhorar-se-á.

A sociedade, qual ocorre com o indivíduo. é o resultado de si mesma.

Reajustando-se o homem, melhora-se a comunidade.

E, partindo do teu empenho pessoal, para ser mais feliz, ampliando a área de bem-estar para outros, o mundo se fará mais ditoso e o mal baterá em retirada.

* * *

Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Momentos de Coragem.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Salvador, BA: LEAL, 1988.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Fardos

Quando a ilusão o fizer sentir o peso do próprio sofrimento, como sendo opressivo e injusto, recorde que você não segue sozinho no grande roteiro.
Cada qual tolera a carga que lhe pertence.
Existem fardos de todos os tamanhos e feitios.
O poderoso arca com o peso da responsabilidade de decisões que influenciam grandemente o destino alheio.
O sacerdote sofre a tortura de um condutor de almas.
O coração materno angustia-se com a sorte de seus filhos.
O enfermo desamparado carrega as dores de sua indigência.
A criança sem ninguém sofre seu pavor.
Aprenda a entender o serviço e a luta dos semelhantes para não se supor indevidamente vítima ou herói.
No campo das provações, todos são irmãos uns dos outros, mutuamente identificados por semelhantes dificuldades, dores e sonhos.
Suporte com valor o peso de suas obrigações e caminhe.
Do acervo de pedra bruta nasce o ouro puro.
Do cascalho pesado emerge o diamante.
Do fardo que transportamos de boa vontade procedem as lições de que necessitamos para a vida maior.
Talvez você se pergunte qual a carga transportada pelos maus e levianos, que aparentemente passam pela vida isentos de provações.
Provavelmente eles, sob uma falsa aparência de vitória, vivem sob encargos singularmente mais pesados do que os seus.
Impunidade e injustiça são conceitos estranhos às leis divinas.
O céu não é um local físico predeterminado, mas um estado de consciência.
Ele somente é acessível, com seus tesouros de paz e luz, para quem está em harmonia com as leis divinas.
Nada há para invejar de quem ainda nem começou a se recompor com essas leis, por leviandade ou preguiça.
Pior ainda é a situação de quem, pela desdita de praticar o mal, está adquirindo débitos perante a vida.
Se o suor alaga sua fronte e se a lágrima lhe visita o coração, isso é um sinal de que a sua carga já está sendo aliviada.
Quem desempenha corajosamente, sem murmurações, as tarefas que lhe competem está caminhando para a plenitude de sua consciência.
Provas bem suportadas, sem desânimo ou preguiça, convertem-se de forma gradativa em tesouros de entendimento, paz e luz para a ascensão da criatura.
Lembre-se do madeiro injusto que dobrou os ombros doloridos do cristo.
Sob as vigas duras no lenho infamante jaziam ocultas as asas divinas da ressurreição para a imortalidade.
Deus criou o mundo estruturado por leis perfeitas, belas e justas.
Nesse harmônico concerto, por certo você não foi esquecido.
Sua vida não é regida por acasos.
As provações que o visitam visam a fortificá-lo, lapidá-lo, despi-lo de inferioridades que o infelicitam há longo tempo.
Não imagine, sequer por um momento, que o Pai Amoroso que Jesus nos revelou possa ser cruel.
As provas duram o tempo estritamente necessário para ajudá-lo a adquirir os valores e aprender as lições de que necessita.
Reduza sua quota de dores, dedicando-se ao bem com determinação e vigor.
Dê um basta nas reclamações e nos vícios, alegrando-se ao executar as tarefas que a vida lhe confiou.
Fardos e dificuldades não são desgraças, mas desafios a serem vencidos e superados, com otimismo e esperança.
Pense nisso.

com base no capítulo LVI do livro Segue-me!..., do Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Laços de Família

Dizia o escritor russo Léon Tolstoi que a verdadeira felicidade reside dentro do lar, ao lado da esposa amada e dos filhos queridos. Realmente, ter uma família bem constituída, onde reine a concórdia, onde exista a harmonia, é ter um tesouro de inestimável valor.
Por isso, é muito gratificante a certeza de que a morte não será capaz de romper estes laços de família. A seguir são apresentados dois fatos que reafirmam o que acabo de dizer.

O primeiro aparece no livro O Gênio Céltico e o Mundo Invisível, de Léon Denis. Ele transcreve um relato da obra La légenda de la mort chez les Bretons Armoricains (escrito por Le Braz) mais ou menos nos seguintes termos:

Marie Gouriou, da vila de MinGuenn, perto de Paimpel, deitou-se uma noite depois de haver colocado perto de seu leito o berço em que dormia seu filho.

Acordada por choros durante a noite, ela viu seu quarto iluminado por uma estranha luz, e um homem inclinado sobre a criança, que a balançava levemente, cantando, em voz baixa, em refrão de marujo.

De imediato Marie Gouriou reconheceu naquele estranho exatamente o seu marido, que hà um mês havia partido para pescaria na Islândia; ela ainda notou que as suas roupas deixavam escorrer água do mar.

- Como, exclamou ela, você já está de volta? - Tome cuidado, pois você vai molhar a criança... Espere que eu me levante para acender o fogo...

Mas aquela luz se esvaneceu e, quando ela acendeu o fogo, verificou que seu esposo tinha desaparecido. Jamais voltaria a vê-lo pois que o primeiro navio vindo da Islândia trazia a notícia de que o barco em que ele havia embarcado naufragara, não se salvando ninguém, justamente na mesma noite em que Marie Gouriou tinha visto o marido debruçado sobre o leito de seu filho.

Houve o que se chama em Espiritismo mais um caso de visão de pessoas nas vizinhanças da morte visitando entes queridos, como estudou exaustivamente o astrônomo francês Camille Flammarion nos três volumes da obra A morte e o seu mistério, edição da FEB (Federação Espírita Brasileira).

O outro caso deu-se por via mediúnica, envolvendo o escritor Aldous Huxley. Como se sabe, este inglês, nascido em 1894 e talecido em 1963, escreveu novelas, sátiras, romances, ensaios, dramas, biografias e se fez famoso ao lançar em 1932, com seu espírito cético o romance Admirável Mundo Novo de maneira implacável satirizando a sociedade industrial.

O casal Ambrose A. Worral e Olga N. Worral curavam pela imposição das mãos conforme já recomendava Jesus. Neste particular, vale até a pena lembrar as palavras do espírito Emmanuel, pela psicografia de Chico Xavier, no livro O Consolador (questão 98):

"Assim como a transfusão de sangue representa uma renovação das forças físicas, o passe é uma transfusão de energias psíquicas, com a diferença de que os recursos orgânicos são retirados de um reservatório limitado, e os elementos psíquicos o são do reservatório ilimitado das forças espirituais.

Mas voltemos ao casal Worral. Em Baltimore, eles fundaram na Igreja Metodista de Monte Washington, uma clínica para tratamento espiritual e atendiam a um grande número de pessoas diariamente. Olga Worral era clarividente e clariaudiente. Certa ocasião viajou para Rye, Estado de Nova York, para participar de um seminário durante o qual o citado romancista Huxley pronunciaria uma conferência sobre as curas espirituais.

Apresentada a ele, entre ela e o escritor começou animada conversação e, num dado momento, Olga lhe diz:

- Há uma mulher ao seu lado e me diz que se chama Maria. Declara ser sua esposa e pede que eu lhe transmita esta informação: - Diga ao Huxley que eu ouvi e compreendi cada uma de suas palavras, embora eu perdera inteiramente a consciência. Ouvi cada palavra da poesia que ele leu para mim naquela hora; por isso, sou muito grata por tudo quanto ele fez por mim.

Todos ficaram surpreendidos ao ver Aldous Huxley baixar a cabeça e chorar copiosamente. Confirmou tudo quanto Olga lhe transmitira na mensagem. E ainda acrescentou:

- Eu, para dizer a verdade, ficara imaginando se ela teria, ou não, ouvido o que eu estava lendo. Pensei que talvez fosse um esforço inútil, um tempo perdido. Você não pode imaginar como é reconfortante para mim saber que Maria estava consciente da minha presença junto dela.

Fazia apenas dois meses que a mulher havia morrido. Nenhum dos presentes conhecia esta particularidade.

Então, como disse de início, nada mais gratificante do que saber que a morte não tem forças para romper os afetuosos laços de família!... Aqueles a quem Deus ligou por vínculos de verdadeiro amor, nem a morte os separará jamais!

Celso Martins

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Aborrecimentos

Nada mais comum nas atividades terrenas do que o hábito enraizado das querelas, dos desentendimentos, das chateações.

Nada mais corriqueiro entre os indivíduos humanos.

Como um campo de meninos, em que cada gesto, cada nota, cada menção se torna um bom motivo para contendas e mal-entendidos, também na sociedade dos adultos o mesmo fenômeno ocorre.

Mais do que compreensível é que você, semelhante a um menino de "pavio curto", libere adrenalina nos episódios cotidianos que desafiem a sua estabilidade emocional.

Compreensível que se agite, que se irrite, que alteie a voz, que afivele ao rosto expressões feias de diversos e matizes.

Em virtude do nível do seu mundo íntimo, tudo isso é possível de acontecer.

Contudo, você não veio à terra para fixar deficiências, mas para tratá-las, cultivando a saúde.

Você não se acha no mundo para submeter-se aos impulsos irracionais, mas para fazê-los amadurecer para os campos da razão lúcida.

Você não nasceu para se deixar levar pelo destempero, pela irritação que desarticula o equilíbrio, mas tem o dever de educar-se, porque tem na pauta da sua vida o compromisso de cooperar com Deus, à medida que cresça, que amadureça, que se enobreça.

Desse modo, os seus aborrecimentos diários, embora sejam admissíveis em almas infantis e destemperadas, já começam a provocar ruídos infelizes, desconcertantes e indesejáveis nas almas que se encontram no mundo para dar conta de compromissos abençoados com Jesus Cristo e com Seus prepostos.

Assim, observe-se mais; conheça-se no aprendizado do bem, um pouco mais. Esforce-se mais por melhorar-se.

Resista um pouco mais aos impulsos da fera que ainda ronda as suas experiências íntimas.

Aproxime-se um pouco mais dos Benfeitores Espirituais que o amparam.

Perante as perturbações alheias, aprenda a analisar e não repetir.

Diante da rebeldia de alguém, analise e retire a lição para que não faça o mesmo.

Notando a explosão violenta de alguém, reflita nas conseqüências danosas, a fim de não fazer o mesmo.

Cada esforço que você fizer por melhorar-se, por educar-se, será secundado pela ajuda de luminosos Imortais que estão, em todo tempo, investindo no seu progresso, para que, pouco a pouco, mas sempre, você se cresça e se ilumine, fazendo-se vitorioso cooperador com Deus, tendo-se superado a si mesmo, transformando suas noites morais em radiosas manhãs de perene formosura.

***

Quando você for visitado por uma causa de sofrimento ou de contrariedade, sobreponha-se a ela.

E, quando houver conseguido dominar os ímpetos da impaciência, da cólera, ou do desespero, diga, de si para consigo, cheio de justa satisfação: "fui o mais forte."

Adaptação do cap. 13 do livro 'Para uso diário', ed. Fráter Livros Espíritas.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Caridade

Caridade é , sobretudo, amizade.

Para o faminto - é o prato de sopa.

Para o triste - é a palavra consoladora.

Para o mau - é a paciência com que nos compete auxiliá-lo

Para o desesperado - é o auxílio do coração.

Para o ignorante - é o ensino despretensioso.

Para o ingrato - é o esquecimento.

Para o enfermo - é a visita pessoal.

Para o estudante - é o concurso no aprendizado.

Para a criança - é a proteção construtiva.

Para o velho - é o braço irmão.

Para o inimigo - é o silêncio.

Para o amigo - é o estímulo.

Para o transviado - é o entendimento.

Para o orgulhoso - é a humildade.

Para o colérico - é a calma.

Para o preguiçoso - é o trabalho.

Para o impulsivo - é a serenidade.

Para o leviano - é a tolerância.

Para o deserdado da Terra - é a expressão de carinho.

Caridade é amor, em manifestação incessante e crescente. É o sol de mil faces, brilhando para todos, e o gênio de mil mãos, amparando, indistintamente, na obra do bem, onde quer que se encontre, entre justos e injustos, bons e maus, felizes e infelizes, por que, onde estiver o Espírito do Senhor aí se derrama a claridade constante dela, a benefício do mundo inteiro.

Autor: Emmanuel
Psicografia de Psicografia de Chico Xavier. Da obra: Viajor

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A Doutrina do Bom-Senso

A Filosofia Espírita prima sempre pelo equilíbrio, e não pelos extremismos alienantes da rebeldia arrogante, que insulta e violenta a todos com o disparatar do verbalismo inflamado, a incendiar com a discórdia o campo da paz.

O Movimento Espírita Brasileiro está sendo agitado, por abusos cometidos pelos pseudo-sábios espíritas, que disseminam absurdos à mancheias. Os fluidistas são estudiosos da obra de Roustaing e os laicistas adversários dos roustainguistas.

Lamentavelmente com esse bate-boca, Kardec é colocado em segundo plano, ou, o que é pior, esquecido.

Fazer do espiritismo meio de dissensão é, sem dúvida nenhuma, um absurdo dos mais grosseiros. Allan Kardec, o mestre por excelência, mostrou que a educação espírita se faz de forma integral com Jesus, aliás, esse é o pensamento que dá base a toda Doutrina Espírita. Então por que toda essa algaravia em torno de Jesus?

A religião Espírita é natural, está na Natureza, porque é aonde encontramos as leis de Deus, que também está em nossa consciência. Não vai levar a nada os formalismos farasaístas, e nem a indiferença daqueles que propagam um Espiritismo sem Jesus.

Na introdução de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, Kardec em suas primeiras palavras, declara com sabedoria:

“Podem dividir-se em cinco partes as matérias nos Evangelhos: os atos comuns da vida do Cristo; os milagres; as predições; as palavras que foram tomadas pela Igreja para fundamento de seus dogmas; e o ENSINO MORAL. As quatro primeiras têm sido objeto de CONTROVÉRSIAS: a última porém, conservou-se constantemente INATACÁVEL. Diante desse código divino, a própria incredulidade se curva. É terreno onde todos os cultos podem reunir-se, estandarte sobre o qual podem todos colocar-se, quaisquer que sejam suas crenças, porquanto jamais constituiu MATÉRIA DAS DISPUTAS RELIGIOSAS, que sempre e por toda parte se originam das questões dogmáticas. Aliás, se discutissem, nele teriam as seitas encontrado a sua própria CONDENAÇÃO, visto que, na MAIORIA, elas se agarram mais à parte MÍSTICA do que à parte MORAL, QUE EXIGE DE CADA UM A REFORMA DE SI MESMO.”

Sublinhamos algumas palavras que, é bem possível, tenham passado despercebidas daqueles que pretendem, fazer da Doutrina Espírita, um angu de caroço.

Nem oito, nem oitenta, o Espiritismo deve ser o fiel da balança das leis morais e deixar as carolices ou impertinências dos ideólogos quixotescos que pensam revolucionar o mundo, no disparatar acidulante da verborragia desvairada no matraquear desnecessário dos propagadores da discórdia.

Vamos botar a mão na consciência e lembrar que as leis de Deus, estão escritas em nossa consciência e não esquecer, que Jesus continua senso “o tipo mais perfeito” que ele é para toda humanidade, o guia e modelo que todos devemos seguir.

E para encerrar:

“Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más.”

(Publicado no CORREIO FRATERNO DO ABC, Ano XXXIV, Nº 385, Fevereiro de 2003)

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Olhares

Vivemos ocupados, procurando motivações para alegrar, para entorpecer nossa consciência, esquecidos que há sempre algo mais profundo, nem sempre tão alegre, nem sempre tão motivador, mas que poderia nos dar uma diretriz mais adequada.
As sensações entorpecem, atenuam, maquilam e desviam o ser humano de sua realidade, para uma surrealidade ocasional, o que transforma o homem em uma máquina que busca o prazer sensorial, mas não proporcionam a solução para as dores que visitam cada um em várias oportunidades da existência.
Ignora o ser encarnado que as provas não se restringem ao período no qual ele habita a carne, mas que se estende para além dela, ressonando na alma desprendida da matéria pelo período necessário para que suas dificuldades sejam depuradas.
Ignora que há algo mais para ser vivido, além das aparências, além do que se vê, do que se sente, enfim, em outra dimensão, mais sutil, mais verdadeira, mais autêntica.
Por isso, as sensações modulam o equívoco e levam para a ilusão, conduzindo a humanidade para a dependência do insaciável.
O despertar virá, em breve. Será às custas de choro e ranger de dentes, mas virá. O custo real é a dor da transformação, do processo de desprendimento dos velhos costumes, para o surgir de um novo ser que se permita entender e viver em mais alto patamar.
Para ele, o despertar, a melhor ferramenta é a Doutrina dos Espíritos, que ilumina e esclarece, retirando a humanidade das trevas e da ignorância.
Olhar para Ela, a Doutrina Espírita, é conquistar possibilidades para o Alto. É dar-se a chance de se libertar, por aprender o perdão, a caridade, a humildade, a boa vontade, o sincero desejo de servir.
Ela é a palavra do Cristo, o Caminho, a Verdade e a Vida.

Tagore
psicografia NEPT novembro de 2009.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

A importância das palestras

Normalmente o primeiro contato com a Doutrina se dá através do livro, do passe ou das palestras. Todavia, é através da palestra que a casa espírita apresenta o Espiritismo de maneira mais clara e direta para o público.

Assim, deve ser priorizada tal atividade na seara espírita, formando palestrantes com bom conhecimento doutrinário, mas que também tratem de continuamente se aperfeiçoarem no uso da palavra na tribuna.

Os palestrantes também podem buscar se afinizar com os modernos recursos audiovisuais, sabendo utilizá-los, fazendo com que a mensagem seja melhor oferecida, sendo mais atraente.

A exposição na tribuna espírita precisa procurar sempre envolver o tríplice aspecto do Espiritismo. A palestra pode até tomar a conformação de um sermão religioso, afinal, o Espiritismo é, também uma religião, mas recorrer à boa argumentação que traga a filosofia, a ciência e a proposta ético-moral da Doutrina Espírita, no consórcio permanente da razão com a fé esclarecida é importante para enfatizar as características desta bendita Doutrina que nos acolhe.

De preferência os temas devem ser previamente escolhidos e divulgados, para um melhor aprofundamento dos estudos, orientando os participantes sobre o que será abordado.

Pode ser dada a oportunidade de reservar, pelo menos, alguns minutos para a realização de perguntas pela assistência, pois às vezes o palestrante deixou de abordar algum assunto dentro do tema ou quem ouviu quer um esclarecimento a mais.

Pode ser dada a chance também para que em um determinado dia a assistência escolha o tema que quer ouvir, proporcionando a interatividade, otimizando o fluxo de idéias com a democratização da divulgação doutrinária.

Resta dizer que os responsáveis pela escala das palestras, ou o encarregado do departamento doutrinário, devem conhecer o palestrante, sua formação espírita, possuindo referências do mesmo, evitando que a tribuna seja lugar de pessoas sem compromisso com o Espiritismo e até de aventureiros. E o palestrante tem que conhecer a casa, buscando informações sobre a mesma, entrando em contato com os seus dirigentes, a fim de que o seu mister seja bem desempenhado.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

O sal da terra

"Vós sois o sal da terra. E se o sal perder sua força, com que outra coisa se há de salgar? Para nada mais fica servindo, senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens". (Mateus, 5:13)

O sal é um elemento de grande utilidade em nossas vidas. Além de preservar e dar sabor aos alimentos, exerce em nosso organismo salutar influência para lhe manter o equilíbrio fisiológico. A Química nos ensina que onde quer que o encontremos, seja na terra ou no mar, ele é sempre o mesmo: inalterado, inalterável. Dotado de qualidades essencialmente conservadoras, mantém-se incorruptível, preservando, ainda, os corpos que com ele entram em contato.

Jesus quer que seus discípulos sejam como o sal: elementos preciosos, de grande utilidade na economia social, tipos de honestidade, incorruptíveis e preservadores da dissolução moral no meio em que se encontrarem.

Para o sal exercer suas funções (preservar e dar sabor aos alimentos), deverão ser atendidas algumas condições:

1.°) Deverá ser misturado às substâncias alimentícias. Sem isso, não produzirá os efeitos desejados. Assim também o aprendiz dos ensinos de Jesus. Para atuar junto aos seus companheiros de jornada precisará conviver, participar das dificuldades e alegrias dos seus irmãos. "Deus fez o homem para viver em sociedade. O homem deve progredir, mas sozinho não o pode fazer porque não possui todas as faculdades: precisa do contato dos outros homens. No isolamento, ele se embrutece e se estiola" (questões 766 e 768, de O Livro dos Espíritos). O ser humano às vezes prefere se isolar, para evitar os problemas decorrentes do contato social. Mas o isolamento é egoísmo, afirmam os instrutores espirituais. Fugir do mundo só é válido para se devotar ao amparo dos infelizes, como fazem alguns abnegados. Há espíritas que preferem realizar seus estudos, fazer suas orações, no ambiente doméstico, evitando participar das sociedades espíritas, para evitar problemas de relacionamento, ou para não assumir maiores responsabilidades. Será que esse "sal" está cumprindo sua finalidade?

2.°) O sal é elemento precioso, porém precisa ser usado na quantidade certa, com equilíbrio. Colocar muito sal pode estragar o alimento, tornando-o impróprio para o consumo. É o caso dos fanáticos, dos exagerados, aqueles que se distanciam da realidade, e que, em conseqüência, nada transmitem de útil. Pior ainda, pode até contribuir para o afastamento de outras pessoas do ideal religioso, devido a sua maneira inadequada de proceder. Empenham-se em pregar para os outros aquilo que elas mesmas ainda não conseguiram entender, e muito menos fazer. Querem converter os outros, mostrar o caminho para os outros, mas, elas próprias, pelo modo como vivem, deixam transparecer que não sabem o que desejam ensinar. "Conhece-se a árvore pelos frutos que ela produz", ensinou-nos Jesus. Conhecemos o cristão pelo seu modo de ser e de agir, e não por aquilo que ele fala.

3.°) "Se o sal perder sua força e tornar-se insípido, para mais nada presta senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens". São as pessoas que cuidam mais da aparência, do que da essência. Estão mais interessadas no que os outros pensam sobre elas, do que em sua real situação. São os fariseus de todos os tempos, mais interessados em prestígio, destaque social, do que em atender o objetivo da vida que é a evolução espiritual. Emmanuel, na lição 72, do Livro da Esperança, intitulada "Exterior e Conteúdo", afirma: "Exterior, em muitas ocasiões, afeta unicamente os olhos. Conteúdo alcança a reflexão. A casa impressiona pelo feitio. O interior, contudo, é que lhe decide o aproveitamento. A máquina atrai pelo tipo. A engrenagem, todavia é que lhe revela a função. Exterior consegue enganar: um frasco indicando medicamento é capaz de trazer corrosivo. Uma bolsa aparentemente inofensiva pode encerrar uma bomba. A essência disso ou daquilo é ou não é".

4.°) Finalmente, vale refletir que quando Jesus compara os aprendizes do Evangelho ao sal, está nos conclamando ao trabalho de nossa transformação moral, afeiçoando-nos aos seus ensinos. Ninguém dá o que não tem. E ninguém tem realmente senão aquilo que é. Para o discípulo de Jesus ser fator de preservação do bem, e contribuir para o progresso e desenvolvimento espiritual dos seus companheiros de jornada, naturalmente ele deverá ter desenvolvido, pelo menos uma boa parte desses valores em si próprio. Para a pessoa "fazer", ou "dizer", com autoridade é necessário "ser" alguém que já desenvolveu em si mesmo os valores que deseja incentivar nos outros. Nesse sentido disse Paulo: Mesmo que eu fale a língua dos anjos, isto é, que fale maravilhosamente bem, expressando conceitos e verdades profundas, "se não tiver caridade", ou seja, se não tiver desenvolvido em si o equilíbrio, o amor, a compreensão, tais palavras serão inócuas, como um sino: apenas um som vazio que a nada leva. Na página de Paulo, bastante conhecida e apreciada, fica claro que tudo o que ele faz, ou fala, só produzirá bons resultados, se for acompanhado de autoridade de quem já edificou em si os valores do bem. O sal para produzir os efeitos de sal tem que ser sal de verdade ou seja, guardar as propriedades que lhe são próprias. Assim também os discípulos de Jesus que desejamos ser. Por isto acentua Emmanuel: "Atendamos, pois, às definições espíritas, que nos traçam deveres imprescritíveis, confessando-nos espíritas e abraçando atitudes espíritas, mas sem esquecer que Espiritismo, na esfera de nossas vidas, em tudo e por tudo, é renovação moral". (Livro da Esperança, lição n.° 72).

(Jornal Verdade e Luz Nº 165 Outubro de 1999)

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Histórias de Francisco Cândido Xavier

O mais bonito, não eram apenas as visitas que o Chico fazia com os grupos, mas aquelas anônimas que ele realizava pela madrugada, quando saía sozinho para levar seu conforto moral à famílias doentes, a pessoas moribundas, às vezes acompanhado
por um amigo para assessorá-lo, ajudá-lo, pois já portava alguns problemas de saúde, mas sem que ninguém o soubesse.

Ali estava a maior antena paranormal da humanidade dos últimos séculos, apagando este
potencial para chorar com uma família que tinha fome.

Ele contou-me que tinha o hábito, em Pedro Leopoldo, de visitar pessoas que ficavam embaixo de uma velha ponte numa estrada abandonada, e que ruíra.

Iam ele, sua irmã Luiza e mais duas ou três pessoas muito pobres de sua comunidade.

À medida que eles aumentavam a freqüência de visitas, os necessitados foram se avolumando, e mal conseguiam víveres para o grupo, pois que os seus salários eram insuficientes, e todos eram pessoas de escassos recursos.

O esposo de Luíza, que era fiscal da prefeitura, recolhia, quando nas feiras-livres havia excedente, legumes e outros alimentos, e que eram doados para distribuir anonimamente, nos sábados, à noite, aos necessitados da ponte.

Houve, porém, um dia em que ele, Luíza e suas auxiliares não tinham absolutamente nada; decidiu-se então, não irem, pois aquela gente estava com fome e nada teriam para oferecer. Eles também estavam vivendo com extremas dificuldades.

Foi quando apareceu-lhe o espírito do Dr. Bezerra de Menezes, que sugeriu colocassem alguns jarros com água, que ele iria magnetizá-los para serem distribuídas, havendo, ao menos, alguma coisa para dar. Ele assim o fez, e o Espírito benfeitor,
utilizando-se do seu ectoplasma bem como o das demais pessoas presentes, fluidificou o líquido.

Esse adquiriu um suave perfume, e então o Chico tomou as moringas e, com suas amigas, após a reunião convencional do sábado, dirigiram-se à ponte. Quando lá chegaram encontraram umas 200 pessoas, entre crianças, adultos, enfermos em geral, pessoas com graves problemas espirituais, necessitados.

"Lá vem o Chico, dona Luíza" - gritaram e ele, constrangido e angustiado, por ter levado apenas água (o povo nem sabia o que seria água magnetizada, fluidificada), pretendeu explicar a ocorrência.

Levantou-se e falou:

- "Meus irmãos, hoje nós não temos nada" - e narrou a dificuldade. As pessoas ficaram logo ofendidas, tomando atitudes de desrespeito, e ele começou a chorar.

Neste momento, uma das assistidas levantou-se e disse:

" - Alto lá! Este homem e estas mulheres vêm sempre aqui nos ajudar, e hoje, que eles não têm nada para nos dar, cabe-nos dar-lhes alguma coisa. Vamos dar-lhes a nossa alegria, vamos cantar, vamos agradecer a Deus."

Enquanto ela estava dizendo isso, apareceu um caminhão carregado, e alguém, lá de dentro, interrogou:

- "quem é Chico Xavier?"

Quando ele atendeu, o motorista perguntou se ele se lembrava de um certo Dr. Fulano de Tal? Chico recordava-se de um certo senhor de grandes posses materiais que vivia em São Paulo, que um ano antes estivera em Pedro Leopoldo, e lhe contara o drama de
que era objeto.

Seu filho querido desencarnara, ele e a esposa estavam desesperados - ainda não havia o denominado Correio de Luz, eram comunicações mais esporádicas - e Chico compadeceu-se muito da angústia do casal.

Durante a reunião, o filhinho veio trazido pelo Dr. Bezerra de Menezes e escreveu uma
consoladora mensagem. Então o cavalheiro disse-lhe:

"- Um dia, Chico, eu hei de retribuir-lhe de alguma forma. Mas como é que meu filho deu esta comunicação?"

Chico explicou-lhe:

" - É natural esse fenômeno, graças ao venerando Espírito Dr. Bezerra de Menezes, que trouxe o jovem desencarnado para este fim", e deu-lhe uma idéia muito rápida do que eram as comunicações mediúnicas.

O casal ficou muito grato ao Dr. Bezerra de Menezes, e repetiu que um dia haveria de retribuir a graça recebida.

Foi quando o motorista lhe narrou:

- "Estou trazendo este caminhão de alimentos mandado pelo Sr. Fulano de Tal, que me deu o endereço do Centro onde deveria entregar a carga, mas tive um problema na estrada, e atrasei-me; quando cheguei, estava tudo fechado. Olhei para os lados e apareceu-me um senhor de idade com barbas brancas, e perguntou o que eu desejava.

" - Estou procurando o Sr. Chico Xavier" - respondi.

" - Pois olhe: dobre ali, vá até uma ponte caída, e diga que fui eu quem o orientou" - respondeu-me.

" - E qual o seu nome?" - indaguei, e ele respondeu " - Bezerra de Menezes".

"Não ame pela beleza, pois um dia ela acaba.
Não ame por admiração, pois um dia você se decepciona.
Ame apenas, pois o tempo nunca pode acabar com um amor sem explicação!"

sábado, 7 de novembro de 2009

Achologia

Esta talvez seja a mais nova ciência dos homens. Usada diariamente, com mais intensidade nestes tempos de dificuldades maiores, está presente em todos os lugares, famílias, grupos e cidades... Sim, é a ciência do "acho que..." É, isso mesmo, eu acho que:

a) isto deveria ser feito assim, b) poderíamos fazer isso, c) isto ficaria melhor aqui, d) isto ficaria mais bonito se..., e) assim funcionaria melhor, f) falta isso para melhorar, g) alguém poderia tomar a iniciativa de..., etc., etc.

Na verdade todo mundo acha, mas poucos tomam a iniciativa de ... Poucos são os que se expõem, muitos têm o medo de se comprometer, outros se escondem na suposta incapacidade ou timidez e muitos acabam achando que os outros é que deveriam fazer o que precisa ser feito...

Nesta avalanche do eu acho que, surgem as críticas a governantes, autoridades e as sempre presentes pedradas em quem faz, pois quem faz se expõe, está a frente e como todo mundo está sujeito a erros e também pode errar, aí fica como fácil alvo daqueles que criticam e nunca agem. Mas, pensando como o consagrado Prof. Marins: "...erre, mas pelo amor de Deus, faça!..."

Mas esta é a questão: todo mundo espera que alguém faça algo para melhorar a situação de dificuldades, acha que poderia ser desta ou doutra forma, mas permanecemos todos na acomodação, até indiferença, esperando que as coisas caiam do Céu e esquecendo o acerto da canção popular que diz que quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

Estas considerações todas também podem ser levadas para o Centro Espírita, o Movimento Espírita ou no relacionamento entre os espíritas. Existe muita gente achando que, enquanto o tempo passa, as coisas deixam de acontecer, perdemos tempo adiando dias melhores... Veja alguns exemplos:

a) Acho que poderíamos convidar fulano para falar outra vez. Foi tão boa aquela palestra... b) Acho que fulano poderia hospedar aquele orador. É uma noite só; c) Acho que podemos preparar um lanche para as crianças; d) Acho que se trocássemos as cadeiras do Centro, ficaria melhor... estas estão velhas; e) Acho que se alugássemos uma Van para ir assistir aquela palestra na outra cidade; f) Acho que os estudos ficariam melhor se fossem às 20 horas...; g) Acho que se fulano fosse o Presidente, seria melhor...; h) Acho que podemos organizar uma festinha para os assistidos...; i) Ah, mas eu acho que se pintasse de amarelo ficaria melhor; j) Mas, eu acho que uma Noite da Pizza resolveria nossa questão de caixa.

O fato é que precisamos agir. Está à nossa espera a iniciativa, a decisão, o primeiro passo a ser seguido da perseverança. Há muito o que fazer no Centro, no Movimento. Interessemo-nos, saindo da inércia e da acomodação. Mesmo errando, mas deixando tanto de achar que...

(Jornal Mundo Espírita de Julho de 2001)

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Bem e Mal Sofrer

Quando o Cristo disse: "Bem-aventurados os aflitos, o reino dos céus lhes pertence", não se referia de modo geral aos que sofrem, visto que sofrem todos os que se encontram na Terra, quer ocupem tronos, quer jazam sobre a palha. Mas, ah! poucos sofrem bem; poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzi-los ao reino de Deus. O desânimo é uma falta. Deus vos recusa consolações, desde que vos falte coragem. A prece é um apoio para a alma; contudo, não basta: é preciso tenha por base uma fé viva na bondade de Deus. Ele já muitas vezes vos disse que não coloca fardos pesados em ombros fracos. O fardo é proporcionado às forças, como a recompensa o será à resignação e à coragem. Mais opulenta será a recompensa, do que penosa a aflição. Cumpre, porém, merecê-la, e é para isso que a vida se apresenta cheia de tribulações.

O militar que não é mandado para as linhas de fogo fica descontente, porque o repouso no campo nenhuma ascensão de posto lhe faculta. Sede, pois, como o militar e não desejeis um repouso em que o vosso corpo se enervaria e se entorpeceria a vossa alma. Alegrai-vos, quando Deus vos enviar para a luta. Não consiste esta no fogo da batalha, mas nos amargores da vida, onde, às vezes, de mais coragem se há mister do que num combate sangrento, porquanto não é raro que aquele que se mantém firme em presença do inimigo fraqueje nas tenazes de uma pena moral. Nenhuma recompensa obtém o homem por essa espécie de coragem; mas, Deus lhe reserva palmas de vitória e uma situação gloriosa. Quando vos advenha uma causa de sofrimento ou de contrariedade, sobreponde-vos a ela, e, quando houverdes conseguido dominar os ímpetos da impaciência, da cólera, ou do desespero, dizei, de vós para convosco, cheio de justa satisfação: "Fui o mais forte."

Bem-aventurados os aflitos pode então traduzir-se assim: Bem-aventurados os que têm ocasião de provar sua fé, sua firmeza, sua perseverança e sua submissão à vontade de Deus, porque terão centuplicada a alegria que lhes falta na Terra, porque depois do labor virá o repouso. - Lacordaire. (Havre, 1863.)

* * *


Allan Kardec. Da obra: O Evangelho Segundo o Espiritismo.
112a edição. Livro eletrônico gratuito em http://www.febrasil.org. Federação Espírita Brasileira, 1996.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

O verdadeiro espírita

“O espírita é reconhecido pelo esforço que faz para sua transformação moral e para vencer suas tendências para o mal.” – Allan Kardec

O verdadeiro espírita é aquele que aceita os princípios básicos da Doutrina Espírita. Quando se pergunta ao praticante: Você é espírita? Comumente ele responde: “Estou tentando”. Na verdade, a resposta deveria ser sem hesitação: Sou espírita!!! Quanto ao fato de ser perfeito ou qualquer qualificação moral é outro assunto, que não exime o profitente de ser incisivo na sua resposta. Nesse ponto, o praticante não tem que hesitar na sua definição, porquanto Allan Kardec foi claro no seu esclarecimento ao afirmar que se reconhece o espírita pelo seu esforço, pela sua transformação, e não pelas suas virtudes ou pretensas qualidades, raras nos habitantes deste Planeta.

O que acontece com freqüência, seja iniciante ou mesmo com os mais antigos, é que, será mais cômodo não assumir uma postura mais responsável ou permanecer com um pé na canoa e outro na terra. Admite-se até, em determinadas ocasiões que se queira dar uma demonstração de modéstia, mas, que não se justifica sob o ponto de vista de definição pessoal.

A propósito, lembro-me de ter ouvido em uma emissora de rádio da Capital um pronunciamento de um padre católico, ao referir-se aos católicos, que freqüentam os Centros Espíritas para os habituais Passes e a “aguinha fluidificada” e passam a vida sem ter a mínima noção do que representa o Passe e a água. Para esses meio-cá-meio-lá, o mencionado reverendo denominou-se de “catóritas”. Engraçado, não!?

Como chamar os espíritas que se dedicam aos trabalhos nos Centros Espíritas, mas que continuam batizando os filhos, sob o pretexto de que quando maiores escolherão sua própria religião, casam os filhos na Igreja com as pompas e as cerimônias habituais, fazem a Primeira Comunhão com as tradições da Igreja Católica, etc?

Quando os Centros Espíritas se organizarem verdadeiramente, proporcionando aos seus freqüentadores, além do Passe e da Água Fluidificada, a orientação doutrinária, para maior compreensão dos princípios básicos que devem nortear o aprendiz e os trabalhadores na Seara Espírita, certamente, o verdadeiro espírita terá uma nova postura na sociedade, mais convincente, porque passará a distinguir o que é ser espírita, segundo a analogia explicitada por Allan Kardec nas obras básicas organizadas pelo codificador sob a orientação dos Benfeitores Espirituais.

“Solidários, seremos união. Separados uns dos outros seremos pontos de vista. Juntos, alcançaremos a realização de nossos propósitos.” – Bezerra de Menezes

(Publicado no Jornal A Voz do Espírito - Edição 92: Dezembro de 1998)

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O que é Sexo?

Djalma Argollo

Muito se tem escrito e discutido, nos últimos tempos, no movimento espírita a questão homossexual. Mas, a discussão me parece fora do seu problema real. Numa boa aplicação do pensamento lógico, antes de se abordar a parte, deve-se conseguir uma clara visão do todo.

Está a se debater o homossexualismo, sem haver sido deslindada a problemática sexual. Cabe "incorporarmos" o método socrático, e sairmos pela imensa "Agora" que e a Web, inquirindo, principalmente dos espíritas que pretendem saber do assunto: "O que e o sexo?"

Foi dessa forma que Sócrates desmascarou a pretensa "sabedoria" de muitos dos seus contemporâneos.

Estudando a Codificação e as obras espíritas, psicografadas ou não, a que tivemos acesso, e pensamos adequadas, não conseguimos, ate o momento, fazer uma idéia clara do que, em ultima analise, seja "sexo".

No Livro dos Espíritos, a única abordagem direta sobre o assunto, e a seguinte: "Les Esprits ont-ils des sexes? 'Non point comme vous l'entendez, car les sexes dependent de l'organisation. Il y a entre eux amour et sympathie, mais fondes sur la similitude des sentiments'" ("Os Espíritos tem sexos? 'Não como vos o entendeis, porque os sexos dependem da organização. Existe entre eles amor e simpatia, porem fundados sobre a similitude dos sentimentos'") (questão 200 - nos ativemos o mais perto possível, na tradução, do original).

Em francês, o termo "organisation" ao tempo de Kardec, tinha os mesmo significados que em português e, também, de "organismo", sendo que, hoje em dia, neste sentido, e empregado, como em nossa língua, com um complemento aclamatório: "organização física, corporal, orgânica" etc.).

Segundo a resposta, os Espíritos estão destituídos de sexo, no sentido biológico, isto e, não possuem aparelho reprodutor, logo, também não tem hormônios sexuais em sua estrutura. E, é claro que não poderiam tê-los, pois não se reproduzem. Ainda, segundo a resposta, eles se vinculam por "sentimento", por afinidade eletiva.

Fica, contudo, uma pergunta, sendo que o corpo e estruturado e mantido pela organização perispiritual, de onde vem o impulso que fixa, durante a embriogenese, a definição sexual? Mas, busquemos respostas efetivas, e não "petitio principii", ou floreios verbais muito bonitos, mas sem significação concreta, tais como: "almas passivas e almas ativas", pois ainda cabe perguntar, o que são almas passivas, e porque o são, assim como as ativas.

Como vemos, uma resposta desse tipo e adiar o problema, e não solucioná-lo. Freud concebeu o sexo, em ultima analise, como uma forma de energia, a libido.

Os teosofistas e hinduístas também se referem a uma energia sexual, própria da alma que, a semelhança da libido, pode ser "sublimada", ou seja, transferida para outro tipo de atividade do individuo. André Luiz descreve o sexo como uma manifestação de uma energia, o amor, pelo qual os seres se alimentam uns aos outros.

Então, deveremos entender que os Espíritos, na Codificação, ao falar de "amor e simpatia", estavam falando de uma energia sexual da alma? Uma espécie de "libido"? Mas, permanece a questão, o que e o sexo? Como ele se diferencia, quando a alma encarna?

Creio que este é o melhor caminho para podermos, a partir de princípios solidamente estabelecidos, discutirmos, não só o homossexualismo, mas todas as formas de manifestação da sexualidade.

Inclusive a mais grave: a pratica sexual de forma geral. Porque, senão, estaremos a dividir o mundo entre os certos (os heterossexuais) e os errados (os homossexuais).

E será que nós, os heterossexuais estamos corretos pelo simples fato de o sermos? E não falamos apenas de perversões ou sexolatria, mas sim da "normalidade" da pratica sexual.

O que é o "normal", neste lado? Existirá um "check list" de atos, atitudes, palavras e pensamentos que podem, ou não, serem realizados durante o ato sexual?

O ato sexual entre parceiros sem compromisso matrimonial é certo ou não? Isto sem referencia ao adultério, que eticamente e incorreto. Voltamos a frisar que nos referimos a sexualidade hetero.

Ora, com tantas coisas a resolvermos, que dizem respeito a nossa vivencia sexual, esperamos que os que vivem a "ditar catedra" quanto a homossexualidade, já tenham resolvido estas "simples" questões em suas vidas.

De minha parte, posso dizer que ainda estou meditando sobre elas, e buscando respostas, mesmo aos 57 anos de idade, uma viuvez e dois casamentos, isto sem enfrentar a angustiante problemática da homossexualidade.

(Retirado do Boletim GEAE Número 272 de 23 de dezembro de 1997)

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Não resisitir ao mal

Em uma passagem do Evangelho, Jesus afirma que não se deve resistir ao mal.

O significado dessa assertiva certamente não é o de deixar que o mal cresça e se aprofunde, onde quer que se apresente.

Malgrado Sua bondade e Sua doçura, Jesus muitas vezes usou de energia para combater o mal.

Por exemplo, ao Se posicionar contra o comércio no recinto do templo.

Ou nas oportunidades em que lamentou a hipocrisia reinante em Sua época.

Ele também foi claro ao afirmar que se deve orar e vigiar.

Ou seja, cuidar para que o mal não penetre na própria vida, em especial por intermédio dos pensamentos e sentimentos.

Nesse contexto, parece coerente interpretar não resistir como não valorizar o mal.

Quando se valoriza algo, ele cresce em importância.

Quem vive assombrado por certo vício torna-se escravo dele.

A pessoa que se mortifica a cada palavra mal posta fragiliza a si própria.

Passa a se considerar indigna por cometer alguns equívocos, pela desmedida importância que lhes empresta.

Sem dúvida, é necessário vigiar para não cair em tentação.

Manter-se atento para não se perder em variados vícios.

Contudo, não é conveniente viver alarmado pela perspectiva do erro.

Se um pensamento surge na mente, a melhor forma de torná-lo importante é lutar contra ele, com desespero.

Isso implica reconhecê-lo como uma poderosa e real ameaça ao próprio bem-estar.

O mesmo vale em relação à vida em sociedade.

Se alguém comete um erro, prestar excessiva atenção nesse equívoco lhe dá um realce todo especial.

Em sua natural falibilidade, os homens se equivocam.

Entretanto, também acertam bastante.

Todos têm muitas virtudes que podem ser trabalhadas.

Mesmo os que inspiram antipatia têm o seu valor.

Caso se preste muita atenção em suas fissuras morais, deixa-se de perceber suas virtudes.

O que se valoriza, invariavelmente, cresce em importância.

Se você optar por identificar e apreciar o bem que há no próximo, terá mais facilidade para gostar dele.

Tal não significa ignorar defeitos, quando existam, e mesmo se prevenir contra seus efeitos.

Mas apenas não resistir a eles, no específico sentido de não colocar muita força emocional nesse processo.

Quem erra também acerta, eis um fato.

Se você tem maus pensamentos, também os tem bons.

Quando surgir em seu mundo íntimo algo desagradável, perceba a presença daquele pensamento ou sentimento.

Depois, com tranquilidade, deixe que ele se vá, como um visitante passageiro e indesejado.

Se você errar, reconheça a ocorrência, mas não se sinta perdido ou pervertido.

Assuma de forma serena as consequências do que fez e as repare.

E trate de seguir em frente, valorizando e vivendo o bem que há em você e no próximo.

domingo, 1 de novembro de 2009

A Pomada Vovô Pedro

O Centro Espírita Campos Vergal da Colônia de Hansenianos Santa Izabel, em Betim, na Grande BH, regurgitava de internos. Seu Diretor, o "Pipoca", como todos o chamavam, extraordinário Espírito, espírita, não cabia em si de contentamento. Afinal, não se tinha notícia do lançamento de um livro em uma colônia de hansenianos, muito menos no Centro Espírita de uma delas.
À frente, sucediam-se os oradores, ressaltando a importância do fato. À mesa, ao lado do Pipoca, de cenho fechado, o médium João Nunes Maia e uma pilha do livro "Além do Ódio", um romance que lhe fora ditado pelo Espírito Sinhozinho Cardoso, cujo enredo se baseia em episódio da época da escravatura.
Nunes Maia ali estava a pedido do Espírito Niquinha, personagem do romance que, na trama, desencarna ali em virtude do mal de Hansen e que lhe pediu que fizesse o lançamento ali, por ocasião de um desdobramento do médium. João Nunes Maia estava visivelmente preocupado. Via à sua frente mais de quatrocentos irmãos hansenianos. Como resolver esse problema se levara apenas 105 livros?
Pipoca, certamente acionado por algum amigo espiritual, falou-lhe ao ouvido. Não se preocupe! Conheço todos que aqui estão. Dê apenas um livro a cada família! Que alívio. Foi como se uma aragem fresca inundasse os pulmões do médium "Como não pensei nisto?" Voltou-se, emocionado, para o Pipoca, e apertou-lhe significativamente o braço esquálido e já macerado pela insidiosa enfermidade, que contudo, recebera a manifestação de carinho como benção do Mais Alto.
Finda a reunião Pipoca informou aos presentes o sistema a ser adotado para a doação e o autógrafo nos livros. Organizasse a fila, o médium subscreve dedicatória. A pilha de livros vai baixando… Nunes enruga de novo a testa. Mas, oh "Bondade Divina", ao subscrever o último volume que levara a fila já não existia. A matemática do Alto funcionou, levara 105 volumes do seu romance "Além do Ódio" e 105 eram as famílias que estavam presentes no evento.
Pipoca sorria ao seu lado: o belo sorriso dos justos, dos bons. Nunes enlaçou-o num abraço cheio de vibrações, que, também, envolvia os demais, seus olhos, mesmo inundados de lágrimas, visualizaram o Espírito Niquinha, envolto em luz etérea, a sorrir-lhe agradecida.
Parecia que, com o episódio da doação dos livros, a cota de emoção espiritual do dia estava esgotada. Ledo engano.
No palco do Centro Espírita Campos Vergal, conversavam animados Nunes Maia, Pipoca e outros confrades prestes a despedir-se também.
Ao volver o olhar para o salão, João Nunes Mais registrou indescritível espetáculo espiritual. Pelos lados do auditório do Centro Espírita, à direita e à esquerda, adentravam Espíritos de escravos, envergando roupas próprias da época da escravatura, época essa tão bem descrita no livro que acabara de doar. Pelo centro do salão vinham adentrando Sinhozinho Cardoso, autor do livro, Niquinha e outros personagens da Obra, que seguiam o Espírito Miramez, que se postava à frente, ladeado por um outro Espírito, que não era do conhecimento do médium. O desconhecido trajava um casaco comprido e sua postura denotava grande elegância e envergadura moral. Novamente, o salão do "Campos Vergal" estava lotado, agora, porém, por desencarnados. Enquanto todos procuravam um lugar para sentar, Miramez e o Espírito de casaco longo se aproximaram de Nunes Maia e o desconhecido disse:
- Aqui estou para desincumbir-me de compromisso secular com Jesus, o Cristo, e com Deus, Nosso Pai Maior. Peço-lhe que anote uma receita que vou ditar-lhe e que irá aliviar ou mesmo eliminar os males de tantos e tantos - como este, indicando o Pipoca e outros internos da "Santa Izabel" e de um sem número de outras enfermidades, principalmente da pele.
Nunes Maia, um tanto aturdido, recolhe do chão uma folha de papel, que havia servido para embrulhar um pacote do livro "Além do Ódio" e a um canto se põe a anotar, emocionado, os ingredientes da receita. Ao fim do ditado, aguarda a identificação do Espírito, de tão elevada envergadura, quando da assinatura da receita. Com uma fisionomia insondável conquanto alegre, ele diz, simplesmente, Vovô Pedro.
Ante a surpresa estampada no rosto do médium, o Espírito aduz:
- É preferível que as coisas simples tenham nomes simples. Uma observação, porém; o preço deste medicamento deverá ser um e apenas um - "Deus LHE PAGUE".
Cumprimentando-o à maneira da época de sua última encarnação, o Espírito, nimbado de luz, despede-se e se volta para retirar-se. Miramez dirige ao médium significativo olhar e lentamente, todos os Espíritos se retiram do salão, logo após.
Com o precioso papel na mão, novamente envolto em elevadas vibrações, Nunes Maia se aproxima do grupo em animada conversa. Antes, porém, rebusca a memória, procurando a identidade daquele Espírito tão agradável quanto elevado. Lembra-se, finalmente: "Mesmer!" Aquele Espírito era Mesmer, o extraordinário advogado, teólogo, doutor em Filosofia e Medicina que assombrara o mundo com as curas através do que chamou "magnetismo animal", ao fim do século XVIII. Era Mesmer que, também, está citado no livro "Além do Ódio" e que encontrou naquele abençoado dia a vibração propícia para ditar-lhe a receita da hoje afamada "Pomada do Vovô Pedro", que tanto bem vem semeando no Brasil e além fronteira pelo preço combinado: "Deus Lhe Pague".
Recebida a fórmula, João Nunes Maia procura pelas plantas componentes do medicamento e, com muita dificuldade, mas sempre orientado passo a passo pelo Alto, prepara os primeiros potes da pomada.
Pouco a pouco o retorno dos enfermos confirma: a Pomada Vovô Pedro alivia e cura muitas enfermidades cutâneas.
Simples como o nome, baseia-se nas propriedades medicinais de plantas e produtos naturais como própolis, erva-de-bicho, ipê-roxo e o condurango, não apresentando efeitos colaterais.
Os efeitos emolientes, cicatrizantes e anti-inflamatórios, que seus componentes comprovadamente possuem, aliviam e curam enfermidades de pele do tipo ulcerações, feridas e queimaduras.
Ao contrário do que pensam alguns poucos desinformados, a produção da pomada não implica ou estabelece qualquer ritual ou práticas que conflitam com os postulados da doutrina espírita, antes, essa produção é realizada em clima de alegria cristã, onde o evangelho de Jesus é estudado e exercitado ininterruptamente, contribuindo para a unificação do movimento espírita, sob a égide do trabalho.