Mensagem

"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."

Militão Pacheco

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Alma dos animais


Manifestação dos animais

(...)

(Paris, 21 de abril de 1865. – Médium, Sr. E. Vézy.) REVISTA ESPÍRITA 1865

Vou tocar uma grave questão esta noite, falando-vos das relações que podem existir entre a animalidade e a humanidade. Mas neste recinto, quanto, pela primeira vez, minhas instruções vos ensinaram a solidariedade de todas as existências e as afinidades que existem entre elas, um murmúrio se elevou numa parte desta assembléia, e eu me calei. Deveria fazer o mesmo hoje, apesar de vossas perguntas? Não, uma vez que vais entrar no caminho que eu vos indiquei.

Mas tudo não se detém em crer somente no progresso incessante do Espírito, embrião na matéria e se desenvolvendo ao passar pelo exame severo do mineral, do vegetal, do animal, para chegar à humanimalidade, onde somente começa a se ensaiar a alma que se encarnará, orgulhosa de sua tarefa, na humanidade. Existem entre essas diferentes fases laços importantes que é necessário conhecer e que eu chamarei períodos intermediários ou latentes; porque é aí que se operam as transformações sucessivas. Falar-vos-ei mais tarde dos laços que ligam o mineral ao vegetal, o vegetal ao animal; uma vez que um fenômeno que vos espanta nos leva aos laços que ligam o animal ao homem, vou vos entreter com estes últimos.

Entre os animais domésticos e o homem as afinidades são produzidas pelas cargas fluídicas que vos cercam e recaem sobre eles; é um pouco a humanidade que se detém sobre a animalidade, sem alterar as cores de uma ou de outra; daí essa superioridade inteligente do cão sobre o instinto brutal da besta selvagem, e é a esta causa somente que poderão ser devidas estas manifestações que vêm de vos ler. Não se está, pois, enganado ouvindo um grito alegre de passar ao estado intermediário de um desenvolvimento a outro, trazer-lhes uma lembrança. A manifestação pode, pois, ocorrer, mas ela é passageira, porque o animal, para subir de um degrau, é preciso um trabalho latente que aniquile, para todos, todo sinal exterior de vida. Esse estado é a crisálida espiritual onde se elabora a alma, perispírito informe, não tendo nenhuma figura reprodutiva de traços, quebrando-se num estado de maturidade, para deixar escapar, nas correntes que os carregam, os germes de almas que ali eclodem. Ser-nos-ia, pois, difícil falar dos Espíritos de animais do espaço, ele não existe, ou antes sua passagem é tão rápida que é como nula, e que no estado de crisálida, não poderiam ser descritos.

Já sabeis que nada morre da matéria que se abate; quando um corpo se dissolve, os elementos dos quais ele se compõe lhe reclamam a parte que lhe deram; oxigênio, hidrogênio, azoto, carbono retornam à sua fonte primitiva para alimentar outros corpos; os fluidos organizados espirituais tomam na passagem cores, perfumes, instintos, até a constituição definitiva da alma.

Compreendeis-me bem? Sem dúvida, eu teria necessidade de explicar-me melhor, mas para terminar esta noite, e não vos fazer supor o impossível, vos asseguro que o que é do domínio da inteligência animal não pode se reproduzir pela inteligência humana, quer dizer que o animal, qualquer que seja, não pode dar seu pensamento pela linguagem humana; suas idéias não são senão rudimentares; para ter a possibilidade de se exprimir como o faria o Espírito de um homem, lhe seriam necessárias idéias, conhecimentos e um desenvolvimento que não tem, que não pode ter. Tende, pois, por certo que nem cão, gato, asno, cavalo ou elefante não podem se manifestar por via medianímica. Só os Espíritos chegados ao grau de humanidade podem fazê-lo, e ainda em razão de seu adiantamento, porque o Espírito de um selvagem não poderia vos falar como o de um homem civilizado.

Nota. Estas últimas reflexões do Espírito foram motivadas pela citação feita na sessão de pessoas que tinham pretendido ter recebido comunicações de diversos animais. Como explicação do fato precitado, sua teoria é racional e concorda, pelo fundo, com a que prevalece hoje nas instruções dadas na maioria dos centros. Quando tivermos reunido todos os documentos suficientes, nós os resumiremos em um corpo de doutrina metódico, que será submetido ao controle universal; até lá não são senão balizas colocadas sobre caminho para clareá-lo.

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