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Mensagem
"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."
Militão Pacheco
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
Divergências
Os desencontros de personalidade em uma Casa Espírita são muito freqüentes. Encontra-se, em um Centro Espírita, um aglomerado de pessoas que guardam consigo experiências de cunho pessoal, com anseios e necessidades variados e únicos por conta destas experiências. Assim, podemos ver que este acúmulo de ideais e propostas diferenciadas montam um verdadeiro quebra-cabeças para quem observe atenta e neutramente o grupo religioso ali formado.
Natural que exista em agrupamento tão heterogêneo uma série de indisposições latentes e portadoras de potencial não construtivo, até mesmo se não se olvidar que este agrupamento acaba por formar uma verdadeira família, que tem seus componentes vindos de outras famílias, com disposições variadas e forma diferenciada de vislumbrar a Vida e o Mundo.
Estas potenciais dificuldades ficam transitando entre os sorrisos, os olhares, os cumprimentos, as conversas, os gestos e tantas outras manifestações inerentes a um agrupamento de pessoas, de modo relativamente equilibrado, desde que os participantes desta Casa tenham consigo o mínimo de boa-vontade de manter o foco do trabalho voltado para o trabalho e não para si mesmos.
Entretanto, se o personalismo toma conta de uma pessoa que seja, é o bastante para que a desarmonia possa começar a se infiltrar dentro desta estrutura, desta verdadeira família que compõe o Centro Espírita. Isto, graças às forças portadoras de desequilíbrios que nascem dentro de uma postura egóica, já que o indivíduo personalista, individualista, traça para os demais que sua posição é aquela que tem o domínio sobre todas as outras, deliberadamente disposto a criar indisposições variadas para com as outras pessoas, ainda que inconsciente, desde que qualquer pessoa possa ser para ele, ou para ela, um obstáculo, seja por conta de ideais, de disposição a um trabalho, ou mesmo simplesmente graças a um mal entendido, ou, ainda pior, em função da informação trazida por alguém que carregue consigo as bases maledicência dissimulada em bondade.
Nota-se que os movimentos desencadeados pelo egoísmo são condizentes com ele mesmo: maldade, maledicência, fingimento, cinismo, crueldade, inveja, orgulho, vaidade, ciúme e provavelmente outros que podem ser citados com mais vagar na situação referida. Claro que nem um desses movimentos pode ser considerado como positivo, entretanto, fazem parte de qualquer grupo de pessoas e a Casa Espírita não seria exceção. Ainda mais por que dentro de um Centro Espírita estão aqueles que têm consigo a mediunidade e suas imperfeições latentes ou mesmo atuantes, como é característica de qualquer ser humano.
Enquanto o tênue equilíbrio permanecer entre todos os trabalhadores da Casa Espírita, ele permitirá que os trabalhos transcorram de certa forma, no trabalho contínuo, condizentes com a assistência espiritual, o que, aliás, é a proposta fundamental do trabalho nestas Instituições. Quando o egoísmo iniciar sua tarefa (destrutiva), envolvendo pelo menos um dos trabalhadores ou freqüentadores, as propostas poderão ruir, particularmente se o egoísta encontrar ressonância mental entre outros trabalhadores da Casa.
Esta possibilidade é grande! Não há dúvida alguma de que permissão para o desequilíbrio reside na mente de cada um e que, diante de uma boa conversa, discutindo sobre a vida alheia ou sobre as fragilidades dos outros se trata de um prato cheio para que se discorra em perda de tempo graciosa e desinteligentemente.
Entretanto, a humanidade parece deliciar-se com esses momentos de fluidez nos quais pode esquecer de si mesma e enquadrar ao próximo com muita naturalidade e uma propriedade particularmente em desafeto!
Observando os aglomerados que se formam nos corredores, podemos notar que as pequenas reuniões, algumas vezes, têm caráter deplorável, situando as conversações em temáticas equivocadas e, muitas vezes, desrespeitosas para com o meio ambiente, em função de que as pessoas nelas envolvidas esquecem-se de que ali, no Centro Espírita, são socorridas Almas, Espíritos que necessitam de amparo, muitas vezes em caráter de emergência ou de urgência, como eles mesmos um dia poderão necessitar, pois um dia serão convocados para a Vida Espiritual, como qualquer pessoa.
Certamente aqueles que procuram por um pronto-socorro teriam chances melhores de receber um bom atendimento se o ambiente for equilibrado, com vibrações amoráveis que desencadeiem harmonia e inspirem ao equilíbrio. Assim os encarnados ligados em desafetos e posturas egóicas irão gerar em torno de si complexas vibrações reprováveis que têm o potencial de afastar os necessitados dos trabalhos assistenciais. Evidente que irão arcar com o ônus da má situação provocada e com as responsabilidades inerentes ao desequilíbrio alheio.
Como se pode observar, a atitude individualista gera um efeito secundário conseqüente, em cascata, minando insidiosamente as tarefas da Casa, exceto no caso da Casa Espírita segura, aquela que tem o predomínio do bem em seus aposentos, através do esforço permanente dos seus freqüentadores mais assíduos e participantes, o que dificulta muito a instalação do erro dentro de suas instalações.
Então, percebe-se que existe um pensamento coletivo da Casa Espírita e que é dominante na dependência das pessoas que operam efetivamente o trabalho. Não se pode dizer que apenas uma pessoa tenha importância tão grande que venha a determinar o andamento das situações e na formação do ambiente espiritual, mas pode-se afirmar que existe uma propensão para que se tenha o predomínio de um aspecto ou outro no panorama geral que constitui o Centro Espírita.
É de tal forma importante esse ambiente que monta o clima bom ou não de disposição para os trabalhos, estruturado no pensamento coletivo dos trabalhadores que o constituem, assim como a necessidade de se construir individualmente pensamentos de aspecto construtivo, coerente com o bem, de disposição para o auxílio para com o próximo, de respeito para com as opiniões alheias – mesmo que divergentes, que pode manter o equilíbrio em um grupo de trabalho desta espécie ou gerar a desagregação desta estrutura sabidamente importante para muitas pessoas, sejam elas as mesmas que fazem parte do trabalho ou outras que venham a ser atendidas e assistidas por este mesmo.
Quando se evoca uma prece em um trabalho qualquer em uma Casa Espírita, no seu princípio ou final, não se está promovendo um ritual simplório, mas sim, evocando uma faixa de pensamentos mais elevados ou menos equivocados, para que cada pessoa que ali esteja possa se elevar acima das preocupações naturais do cotidiano e eventualmente sair das impregnações vibratórias que carregue consigo após as conversações anteriores dentro das próprias instalações da Unidade Espírita que freqüenta. De modo mais apropriado e popular, está se providenciando uma “higienização mental” preparatória para o trabalho, através da prece, afastando dos pensamentos os julgamentos sobre o alheio que foram infundidos previamente por conta das conversações menos apropriadas.
Encarar as opiniões contrárias é algo simples, desde que não se fundamente em preconceitos egoísticos que tenham princípios personalistas e que levem a pensar que a individualidade é mais importante que o coletivo. Divergências fazem parte de todas as estruturas de organizações humanas e se não existissem não haveria oportunidade de se progredir intelectualmente e espiritualmente. Resta aprender a conviver com elas, o que é mais importante do que simplesmente fazer oposição.
Alguém tem opinião divergente? É direito deste alguém, desde que não venha a manter quadro vibratório ou mental coletivo de cunho destrutivo para com toda a Obra orientada para o Bem. Se assim o for, é necessário recorrer ao Evangelho Segundo o Espiritismo e apontar para o erro. Inicialmente em nível particular e, se necessário, em nível público, para que o equívoco seja corrigido e para que a Obra seja mantida em prol do coletivo.
Melhor um perder do que todos perderem.
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