Mensagem

"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."

Militão Pacheco

segunda-feira, 27 de abril de 2009

PSICOGRAFIA

A Casa Espírita está tomada por católicos e protestantes que se equivocaram em suas aspirações e propostas.

Contaminam o ambiente e mantem os preceitos antigos e equivocados que aprenderam quando ainda estavam em sua religião de origem.

Precisam vigiar pela Doutrina Espírita e para a Doutrina Espírita, poupando-a de acessos que transformem e transtornem.

Para isso, leia e estude Kardec. Para que possa enriquecer-se de motivação para a defesa da Causa Espírita.

Assim como, da Casa Espirita.

Cleber

sábado, 25 de abril de 2009

A Alma Infantil




A alma infantil, nos diz Cecília Meirelles, como aliás, a alma humana, não se revela jamais completa e subitamente, como uma janela que se abre deixando ver todo um cenário.

É necessário ter cuidado para entendê-la, e sensibilidade no coração para admirá-la.

A autora nos narra que, certa vez, ouviu o comentário de uma professora que, admirada, contava sobre alguns presentes recebidos de alunos seus:

Os presentes mais engraçados que eu já recebi de alunos, foram, certa vez, na zona rural:

Um, levou-me uma pena de pavão incompleta: só com aquela parte colorida na ponta. Outro, uma pena de escrever, dourada, novinha. Outro, um pedaço de vidro vermelho...

Cecília afirma que seus olhos se alargaram de curiosidade, esperando a resposta da professora sobre sua compreensão a respeito de cada um dos presentes.

A amiga, então, seguiu dizendo: O caco de vidro foi o que mais me surpreendeu. Não sabia o que fazer com ele. Pus-me a revirá-lo nas mãos, dizendo à criança:

“Mas que bonito, hein? Muito bonitinho, esse vidro...”

E procurava, assim, provar-lhe o agrado que me causava a oferta.

Ela, porém, ficou meio decepcionada, e, por fim, disse: “Mas esse vidro não é para se pegar, Não... Sabe para que é?

Olhe: a senhora põe ele assim, num olho, e fecha o outro, e vai ver só: fica tudo vermelho... Bonito, mesmo!”

A professora finalizou dizendo que esses presentes são, em geral, os mais sinceros. Têm uma significação muito maior que os presentes comprados.

Cecília Meirelles vai além, e busca ainda fazer uma análise de caráter psicológico:

O que me interessou, no caso relatado, foram os indícios da alma infantil que se encontraram nos três presentes. E os três parecem ter trazido a mesma revelação íntima:

Uma pena de pavão incompleta – reparem bem -, só com aquele pedacinho “colorido” na ponta, uma pena de escrever “dourada” novinha, e um caco de vidro “vermelho” são, para a criança, três representações de beleza.

Três representações de beleza concentradas no prestígio da cor e desdobradas até o infinito, pelo milagre da sua imaginação.

Essas três ofertas, portanto, da mais humilde aparência (para um adulto desprevenido), não devem ser julgadas como esforço entristecido da criança querendo dar um presente, sem ter recursos para comprar.

A significação de dinheiro, mesmo nas crianças de hoje, ainda é das mais vagas e confusas.

E sua relação de valor para com os objetos que a atraem é quase sempre absolutamente inesperada.

Eu tenho certeza - diz a autora ainda – de que uma criança que dá a alguém uma pena dourada, uma pena de pavão e um caco de vidro vermelho, os dá com certo triunfo.

Dá com certa convicção de que se está despojando de uma riqueza dos seus domínios, de que está sendo voluntariamente grande, poderosa, superior.

* * *

A infância não é somente útil, necessária, indispensável, mas é, ainda, a conseqüência natural das leis que Deus estabeleceu, e que regem o Universo.

Com ela, aprendem os Espíritos que reencarnam – mais dóceis e influenciáveis quando no estado infantil.

Aprendem também as almas que as cercam, colhendo desse período de inocência e magia o exemplo da pureza e da simplicidade de vida, que devemos todos encontrar em nosso íntimo.


Com base no cap. Os indícios da alma infantil, do livro Crônicas de educação, v. 1 de Cecília Meirelles, ed. Nova Fronteira.

Psicografia

Convenhamos, mas hoje em dia as coisas estão muito mudadas.

Antigamente, podíamos ouvir o canto dos pássaros, o perfume das flores a brisa batendo no rosto, e o amor no rosto de quem passava.

A educação era um dos pontos primordiais. Agora, tendo a possibilidade de ver hoje que a Terra está muito mudada. Discórdia predomina. Impaciência diária, filhos que desobedecem pais e muitas vezes os humilham. Esquecem que todos envelhecem um dia, e a única coisa que levamos é o que aprendemos, a moral.

Deparei-me vendo tudo isso e pensei o que faria se estivesse vivendo nesse momento.

Difícil de dizer e pensar. Mas, uma coisa percebo. A moral, os bons costumes, o amor, o conhecimento não se perdem.

Possivelmente, vivesse da mesma forma que penso mantendo a minha postura e paciência, pois, Jesus disse que a melhor forma de ensinar é o nosso exemplo firme e de bem.

A nossa postura e atitude diante das coisas atuais e das mudanças é que nos fazem ultrapassar os obstáculos.

Aprendemos a considerá-los como um percurso natural de uma estrada com curvas retas, altos e baixos.


Maria Rosa
NEPT – 20.02.09

sexta-feira, 24 de abril de 2009

PSICOGRAFIA

Não quero te falar de flores e nem de espinhos, quero te falar do perfume que as flores exalam.
Observe que muita vez é este perfume, a essência da situação, que permite entender sobre a fragilidade das flores e sobre a agressividade dos espinhos.


Maria José
NEPT – 13.03.09

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Erros de Tradução das Obras Básicas

Carlos de Brito Imbassahy

Niterói (RJ)

Eu havia sido convidado pela Sala Filosofia Espírita do antigo programa TiVejo para fazer um estudo a respeito do livro "A Gênese" de A. Kardec porque fizera um estudo a respeito desta obra para análise perante as novas descobertas astrofísicas.

Cabe-me esclarecer que eu nunca tinha tomado conhecimento das traduções do senhor Guillon Ribeiro referente às obras de Kardec feitas para a Federação Espírita Brasileira, motivo pelo qual eu ignorava o que iria ocorrer.

Segundo dr. Canuto Abreu, as edições francesas mais fiéis a Kardec são as de 1868, ou seja, publicadas no ano anterior a seu desencarne porque teriam sido as últimas revistas pelo mestre.

Dessa maneira, herdando de meu pai, sempre usei a 3ª edição deste livro (A Gênese), impressa pela Librarie Internationale - 15, Boulevard Montmatre da A. Lacroix Éditeurs - Paris - 1868.

Assim, quando fui analisar o ponto que estava sendo estudado, como não dispunha de nenhuma tradução, apelei para a publicação francesa e comecei a ler o item que deveria ser estudado só que ele não coincidia com o que o Sr. Guillon Ribeiro havia traduzido à sua moda, evidentemente.

Todo mundo protestou, alegando que eu é que não estava usando o texto certo. Fiz a conferência, checamos os itens e confirmei que estava lendo rigorosamente o item em estudo. Quando expliquei, todavia, que usava o original francês, todos ficaram pasmos e, com vagar, começamos a verificar que a tradução do Sr. Guillon Ribeiro era uma farsa, porque, naquele capítulo, ele, justamente, eliminava aqueles itens inconvenientes a respeito dos anjos decaídos porque contrariavam a exposição de Roustaing em sua obra.

Já dizem os italianos : "tradutore, traditore", evidentemente, julgando que todo tradutor dá de si muita coisa quanto verte qualquer texto de outro idioma para o seu, mas, fazer o que o Sr. Guillon Ribeiro fez, é um crime, pois, ele, simplesmente mutilou, adulterando a obra escrita pelo codificador a fim de que os textos contrários ao docetismo adotado pela sua editora não fossem feridos pelo pensamento da obra no original.

É de pasmar o cinismo com que isto ocorre e que, até a presente data, ninguém tenha protestado.

Da minha parte, confesso que, até aquela data, eu ignorava que a FEB tivesse editado um livro falsificando o pensamento de Kardec a tal ponto que modificava a obra em questão.

Foi quando, em companhia com o coordenador da sala, ora transferida para o PalTalk, fizemos uma comparação tácita entre a tradução do Sr. Guillon Ribeiro e o original francês que ali estava, descobrindo que os cortes, mutilações e modificações da obra não se resumiam a aqueles textos, mas, a uma porção de outros que também supressos, ou modificados, adulteravam a obra original, impingindo aos leitores brasileiros uma idéia errônea do que, realmente Kardec escrevera.

Bem!

O que me pasma é que, até a presente data ninguém tenha denunciado tal farsa.

Não tem cabimento adulterar os conceitos de Kardec para torná-los adaptáveis à obra de Roustaing. Há que se ter a hombridade de declarar, caso seja este pensamento, que discorda do que Kardec tenha escrito, afinal, ele não é infalível - só o Papa, assim mesmo para os católicos - pois cada qual tem o direito de possuir opinião própria.

Mas, Espiritismo é Kardec - doa a quem doer -, ou seja, o que ele tenha codificado, não só transcrevendo as respostas selecionadas dos Espíritos como ainda a interpretação que ele próprio deu na grande maioria do que escrevera.

Errado ou certo, Espiritismo é Kardec e disso não se pode fugir. Não, mudemos, pois, a Codificação.

nota do NEPT: Aqui vai o nosso alerta, para o cuidado com TODAS as obras espíritas. TODAS. De nossa parte, sempre preferimos as traduções de José Herculano Pires, íntegro Soldado de Kardec.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

A cozinha do Centro Espírita



texto de Joaquim Ladislau Pires Júnior

O Centro Espírita possui uma série de trabalhos que desempenha visando atingir os seus objetivos.

Normalmente, encontramos na estrutura organizacional do Centro Espírita as palestras, os estudos doutrinários, as reuniões mediúnicas, a evangelização ou a educação espírita, o atendimento fraterno, os passes, os serviços assistenciais, a biblioteca, a diretoria, o conselho fiscal, o conselho deliberativo, os vários departamentos, dentre outras divisões mais conhecidas.

Ocorre que com “o andar da carruagem” e com as diferentes coordenadorias dos serviços, os trabalhadores vão se afastando uns dos outros, cada qual concentrado em sua própria equipe.

Se a Diretoria não se acorda se formam diferentes panelinhas na instituição, em prejuízo do próprio Centro e da uniformidade da energia que deve haver em toda a Casa. Assim, cada um apenas sabe e se interessa sobre o trabalho da própria equipe, não sabendo e nem se interessando e muito menos se preocupando sobre as outras tarefas existentes na casa, cultivando o pensamento de que “o que interessa é o meu grupo, a minha panela, a minha equipe”, ou o pior, “o meu ego”.

Formam-se assim no Centro pequenas repúblicas, com suas “pequenas autoridades”, muitas vezes não afinadas com a maioria. A direção da casa tem que ter a sensibilidade para divulgar para cada uma das equipes que compõem os serviços oferecidos pelo Centro Espírita, a tabela contendo as atividades da instituição, pois desinformação e falta de comunicação é o pior vício que existe.

Mas não é só isso.

Para dissiparem-se as panelas, é indispensável a manutenção de encontros periódicos entre todos os trabalhadores, colocando-os no grande caldeirão da fraternidade. Mas que não sejam apenas encontros de estudos.

Que sejam encontros gastro-fraternos-culturais, onde além dos quitutes da boa e genuína culinária, haja também os ingredientes do amor, do companheirismo e da solidariedade no trabalho em comum no bem, devidamente acompanhados de temas doutrinários que estimulem a assimilação e prática da proposta ético-moral do Espiritismo.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Espiritismo e Vida

O Espiritismo, meus irmãos, é a luz que verte do Alto na grande noite da Humanidade, para nos apontar o caminho na escuridão.
O Espiritismo, é Jesus de volta, que nos vem convidar a reflexões muito profundas a respeito do que somos - Espíritos imortais - de como estamos - corpos transitórios - e para onde vamos - na direção da pátria, conscientizando-nos que a lei que deve viger em todas as nossas atitudes é a lei de amor. Este amor, porém, que é lei natural e está em todo o Universo, porque é a lei do equilíbrio.
Quando, realmente, nos deixarmos penetrar pela proposta de Jesus, quando legitimamente nos permitirmos mimetizar pelo Seu dúlcido olhar, feito de misericórdia e de compaixão, uma nova conduta se estabelecerá em nossas vidas, e aprenderemos, por fim, a seguir com equilíbrio pela estrada libertadora.
O Espiritismo, anunciado pelo Mestre, chega na hora predita para atender o rebanho aturdido que, tresmalhado, aguarda o cajado do Bom Pastor.
Ele veio, meus filhos, e convocou-nos a uma nova ordem de pensamento e de conduta. A Sua voz, de quebrada em quebrada, chegou até estes dias, para que tivéssemos um roteiro de segurança, para não mais incidirmos ou reincidirmos nos delitos a que nos vinculamos.
Da primeira vez, iludidos, fascinados, atormentados, deformamos-lhe os ensinamentos, adaptando-os aos nossos interesses escusos. Mas Ele não cessou de nos enviar embaixadores encarregados de recordar-nos Seu amor inefável até quando Allan Kardec nos trouxe desvelado, o Evangelho para vestir nossa alma com a luz mirífica das estrelas.
Tenhamos cuidado com a prática espírita!
O Consolador não se deterá, mesmo que os homens coloquem pelos caminhos impedimentos à sua marcha, dificuldades ao processo evolutivo, porque Cristo vela!
O Espiritismo, meus filhos, é doutrina dos Espíritos para os homens. Espíritos, por sua vez reencarnados, comprometidos com a instalação na Terra do reino do amor, da justiça e da caridade.
Tende tento!
Meditai profundamente na palavra de ordem e de razão que deflui do Evangelho vivo e, se por certo, estais sendo chamados para o rebanho, esforçai-vos para atender ao convite, e lutai até o sacrifício para serdes escolhidos.
Recebeis farta messe de luz; distribuí-a pelo mundo estróina.
Sois aquinhoados com o conhecimento libertador; passai-o adiante através da voz eloqüente dos vossos atos e pela palavra austera dos vossos sentimentos.
Jesus espera! Como nós confiamos nEle e Lhe pedimos apoio, Ele confia em nós, e nos pede fidelidade.
Os Espíritos amigos, vossos anjos guardiães e companheiros de jornada, aqui estamos para sustentar-vos nos testemunhos, para dar-vos força, para que possais vencer com idealismo, de maneira estóica.
Não adieis o momento de ajudar, não procrastineis a hora de servir e, integrados na falange do bem, cantai, cantai ao Senhor, mesmo que lágrimas escorram pelos vossos olhos e dores macerem vossos corações.
Cantai um hino de júbilo e de liberdade, demonstrando que na cruz os braços estão abertos para afagar, dando testemunho que pode aquilatar o valor de quem ama.
Que o Senhor de bênçãos vos abençoe, e que a paz prossiga convosco, suavizando vossas lutas e dores!
São os votos do servidor humílimo e paternal de sempre,
Bezerra de Menezes

Mensagem psicofônica obtida pelo médium Divaldo Pereira Franco, ao término da
conferência pública no Grupo Espírita André Luiz, no Rio de Janeiro,
na noite de 24 de agosto de 2000

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Dogma

O termo DOGMA (do grego δόγμα, plural δόγματα) está ligado à ideologia ou conjunto de princípios que servem de base a um sistema religioso ou político.

Extraído do Dicionário Michaelis

dog.ma
sm (gr dógma) 1 Ponto ou princípio de fé definido pela Igreja. 2 Conjunto das doutrinas fundamentais do cristianismo. 3 Cada um dos pontos fundamentais de qualquer crença religiosa. 4 Fundamento ou pontos capitais de qualquer sistema ou doutrina. 5 Proposição apresentada como incontestável e indiscutível.

Em francês: dogme.
Em inglês: não há palavra similar.
Em alemão: não há palavra similar.
Em italiano: dogma.

Da Revista Espírita - fevereiro de 1864:

O dogma da reencarnação indefinida encontra oposições no coração do encarnado que ama, porque em presença dessa infinidade de existências, produzindo cada uma delas novos laços, pergunta-se com medo o que se tornam as afeições particulares, e se elas não se fundem num único amor geral, o que destruiria a persistência da afeição individual. Pergunta-se se essa afeição individual não é somente um meio de adiantamento, e então o desencorajamento se insinua em sua alma, porque a verdadeira afeição sente a necessidade de um amor eterno, sentindo que não se deixará jamais de amar. O pensamento de milhares dessas afeições idênticas lhe parece uma impossibilidade, mesmo admitindo faculdades maiores para o amor.

O encarnado que estuda seriamente o Espiritismo, sem tomar partido por um sistema antes que por um outro, se encontra arrastado para a reencarnação pela justiça que decorre do progresso e do adiantamento do Espírito em cada nova existência; mas quando o estuda do ponto de vista das afeições do coração, duvida e se atemoriza apesar dele. Não podendo colocar de acordo esses dois sentimentos, se diz que ali ainda tem um véu a levantar, e seu pensamento nesse trabalho atrai as luzes dos Espíritos para concordar seu coração e sua razão.

Entende-se a palavra dogma, nesta expressão de Kardec, como uma idéia determinada que funciona como uma lei, não imposta, mas lógica e racional.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Ambiente

Qual o ambiente mais adequado para que se tenha uma conversação sobre assuntos superficiais e sem profundidade?

Será que este ambiente é o recinto de qualquer setor de uma Casa Espírita?

Certamente que não é.

Precisamos gerar a verdadeira consciência, sobre a responsabilidade do teor das nossas conversações dentro do Centro Espírita que frenquentamos, particularmente se tivermos para com ele algum grau de responsabilidade inerente a um trabalho qualquer.

Pelo simples fato de sermos servidores de Jesus, dentro das paredes que constroem a

Casa Espírita, já estamos devidamente responsabilizados para com todas as nossas atitudes, que se tornarão exemplos para todos os demais frequentadores.

Seremos espelhos a refletir nossos ideais e objetivos, e precisamos manter a superfície deste espelho limpa e límpida, para não deformar a imagem nele refletida.

Cuidemos da palavra para não descuidarmos dos gestos.

Militão Pacheco / 15 de abril de 2009.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Anália Emília Franco



Nascida na cidade de Resende Estado do Rio de Janeiro, no dia 1 de fevereiro de 1856, e desencarnada em São Paulo, no dia 13 de janeiro de 1919.

Seu nome de solteira era Anália Emília Franco. Após consorciar- se em matrimônio com Francisco Antônio Bastos, seu nome passou a ser Anália Franco Bastos, entretanto, é mais conhecida por Anália Franco.

Com 16 anos de idade entrou num Concurso de Câmara dessa cidade e logrou aprovação para exercer o cargo de professora primária. Trabalhou como assistente de sua própria mãe durante algum tempo. Anteriormente a 1875 diplomou-se Normalista, em S. Paulo.

Foi após a Lei do Ventre Livre que sua verdadeira vocação se exteriorizou: a vocação literária. Já era por esse tempo notável como literata, jornalista e poetisa, entretanto, chegou ao seu conhecimento que os nascituros de escravas estavam previamente destinados à "Roda" da Santa Casa de Misericórdia. Já perambulavam, mendicantes, pelas estradas e pelas ruas, os negrinhos expulsos das fazendas por impróprios para o trabalho. Não eram, como até então "negociáveis", com seus pais e os adquirentes de cativos davam preferência às escravas que não tinham filhos no ventre. Anália escreveu, apelando para as mulheres fazendeiras. Trocou seu cargo na Capital de São Paulo por outro no Interior, a fim de socorrer as criancinhas necessitadas. Num bairro duma cidade do norte do Estado de S. Paulo conseguiu uma casa para instalar uma escola primária. Uma fazendeira rica lhe cedeu a casa escolar com uma condição, que foi frontalmente repelida por Anália: não deveria haver promiscuidade de crianças brancas e negras. Diante dessa condição humilhante foi recusada a gratuidade do uso da casa, passando a pagar um aluguel. A fazendeira guardou ressentimento à altivez da professora, porém, naquele local Anália inaugurou a sua primeira e original "Casa Maternal". Começou a receber todas as crianças que lhe batiam à porta, levadas por parentes ou apanhadas nas moitas e desvios dos caminhos. A fazendeira, abusando do prestígio político do marido, vendo que a sua casa, embora alugada, se transformara num albergue de negrinhos, resolveu acabar com aquele "escândalo" em sua fazenda. Promoveu diligências junto ao coronel e este conseguiu facilmente a remoção da professora. Anália foi para a cidade e alugou uma casa velha, pagando de seu bolso o aluguel correspondente à metade do seu ordenado. Como o restante era insuficiente para a alimentação das crianças, não trepidou em ir, pessoalmente, pedir esmolas para a meninada. Partiu de manhã, à pé, levando consigo o grupinho escuro que ela chamava, em seus escritos, de "meus alunos sem mães". Numa folha local anunciou que, ao lado da escola pública, havia um pequeno "abrigo" para as crianças desamparadas. A fama, nem sempre favorável da novel professora, encheu a cidade. A curiosidade popular tomou-se de espanto, num domingo de festa religiosa. Ela apareceu nas ruas com seus "alunos sem mães", em bando precatório. Moça e magra, modesta e altiva, aquela impressionante figura de mulher, que mendigava para filhos de escravas, tornou-se o escândalo do dia. Era uma mulher perigosa, na opinião de muitos. Seu afastamento da cidade principiou a ser objeto de consideração em rodas políticas, nas farmácias. Mas rugiu a seu favor um grupo de abo1icionistas e republicanos, contra o grande grupo de católicos, escravocratas e monarquistas.

Com o decorrer do tempo, deixando algumas escolas maternais no Interior, veio para S. Paulo. Aqui entrou brilhantemente para o grupo abolicionista e republicano. Sua missão, porém, não era política. Sua preocupação maior era com as crianças desamparadas, o que a levou a fundar uma revista própria, intitulada "Álbum das Meninas", cujo primeiro número veio a lume a 30 de abril de 1898. O artigo de fundo tinha o título "Às mães e educadoras". Seu prestígio no seio do professorado já era grande quando surgiram a abolição da escravatura e a República. O advento dessa nova era encontrou Anália com dois grandes colégios gratuitos para meninas e meninos. E logo que as leis o permitiram, ela, secundada por vinte senhoras amigas, fundou o instituto educacional que se denominou "Associação Feminina Beneficente e Instrutiva", no dia 17 de novembro de 1901, com sede no Largo do Arouche, em S. Paulo.

Em seguida criou várias "Escolas Maternais" e "Escolas Elementares", instalando, com inauguração solene a 25 de janeiro de 1902, o "Liceu Feminino", que tinha por finalidade instruir e preparar professoras para a direção daquelas escolas, com o curso de dois anos para as professoras de "Escolas Maternais" e de três anos para as "Escolas Elementares".

Anália Franco publicou numerosos folhetos e opúsculos referentes aos cursos ministrados em suas escolas, tratados especiais sobre a infância, nos quais as professoras encontraram meios de desenvolver as faculdades afetivas e morais das crianças, instruindo- as ao mesmo tempo. O seu opúsculo "O Novo Manual Educativo", era dividido em três partes: Infância, Adolescência e Juventude.

Em 1º de dezembro de 1903, passou a publicar "A Voz Maternal", revista mensal com a apreciável tiragem de 6.000 exemplares, impressos em oficinas próprias.

A Associação Feminina mantinha um Bazar na rua do Rosário n.o. 18, em S. Paulo, para a venda dos artefatos das suas oficinas, e uma sucursal desse estabelecimento na Ladeira do Piques n.o. 23.

Anália Franco mantinha Escolas Reunidas na Capital e Escolas Isoladas no Interior, Escolas Maternais, Creches na Capital e no Interior do Estado, Bibliotecas anexas às escolas, Escolas Profissionais, Arte Tipográfica, Curso de Escrituração Mercantil, Prática de Enfermagem e Arte Dentária, Línguas (francês, italiano, inglês e alemão); Música, Desenho, Pintura, Pedagogia, Costura, Bordados, Flores artificiais e Chapéus, num total de 37 instituições.

Era romancista, escritora, teatróloga e poetisa. Escreveu uma infinidade de livretos para a educação das crianças e para as Escolas, os quais são dignos de serem adotados nas Escolas públicas.

Era espírita fervorosa, revelando sempre inusitado interesse pelas coisas atinentes à Doutrina Espírita.

Produziu a sua vasta cultura três ótimos romances: "A Égide Materna", "A Filha do Artista", e "A Filha Adotiva". Foi autora de numerosas peças teatrais, de diálogos e de várias estrofes, destacando-se "Hino a Deus", "Hino a Ana Nery", "Minha Terra", "Hino a Jesus" e outros.

Em 1911 conseguiu, sem qualquer recurso financeiro, adquirir a "Chácara Paraíso". Eram 75 alqueires de terra, parte em matas e capoeiras e o restante ocupado com benfeitorias diversas, entre as quais um velho solar, ocupado durante longos anos por uma das mais notáveis figuras da História do Brasil: Diogo Antônio Feijó.

Nessa chácara fundou Anália Franco a "Colônia Regeneradora D. Romualdo", aproveitando o casarão, a estrebaria e a antiga senzala, internando ali sob direção feminina, os garotos mais aptos para a Lavoura, a horticultura e outras atividades agropastoris, recolhendo ainda moças desviadas, conseguindo assim regenerar centenas de mulheres.

A vasta sementeira de Anália Franco consistiu em 71 Escolas, 2 albergues, 1 colônia regeneradora para mulheres, 23 asilos para crianças órfãs, 1 Banda Musical Feminina, 1 orquestra, 1 Grupo Dramático, além de oficinas para manufatura de chapéus, flores artificiais, etc., em 24 cidades do Interior e da Capital.

Sua desencarnação ocorreu precisamente quando havia tomado a deliberação de ir ao Rio de Janeiro fundar mais uma instituição, idéia essa concretizada posteriormente pelo seu esposo, que ali fundou o "Asilo Anália Franco".

A obra de Anália Franco foi, incontestavelmente, uma das mais salientes e meritórias da História do Espiritismo.

A Casa Espírita

Uma Casa Espírita é uma porta para a solução de problemas por nós mesmos criados. A solução que precisamos para mudar o nosso comportamento, diante da vida e diante de nós mesmos. Mudar a nossa postura, as nossas metas, conhecer o Evangelho de Jesus através da codificação de Kardec, e conhecer as leis morais que Jesus nos deixou conhecer e aprender a começar a amar, algo que está ainda distante de nós, o verdadeiro sentido da palavra amor, que a vida possa nos levar ao entendimento, que a Casa Espírita, possa nos ajudar a conhecer o verdadeiro amor, e que possamos encontrar a paz que tanto queremos e que tanto almejamos, conhecer um dia.


Um amigo
psicografia do NEPT em 27 de fevereiro de 2009

terça-feira, 14 de abril de 2009

Partidas

Quem parte sofre. Quem fica também sofre, então não temos o que fazer. A vida é assim, idas e vindas. O mundo é assim.
Que temos a fazer, é viver a vida da melhor maneira, sabendo que a Deus
pertence. Viver com boas intenções, com boas maneiras e bons motivos, o de saber que encontraremos um dia uma vida plena de amor, o amor que todos almejam.


Mercedes
psicografia do NEPT em 27 de fevereiro de 2009

sábado, 11 de abril de 2009

PSICOGRAFIA – NEPT – 27.03.09

Meus amados irmãos, quero contar um pouco somente, do que fui, para tentar mostrar algo que considero muito importante para nosso aprimoramento.
Quando estive encarnado pela última vez, era considerado por todos um tipo de homem machão. Todos temiam me contrariar porque sabiam das consequências.
Não titubeava em castigar, aqueles que não realizavam suas tarefas a meu contento.
Demitia com facilidade, chefes de família que choravam pedindo clemência.
Assim agi, até mesmo com meus filhos queridos, eu fui muito autoritário.
Coloquei-os para trabalhar ainda jovens, mesmo sem precisarem e ainda tirava todo o dinheiro, que ganhavam, apropriando-me dele injustamente.
Fui cruel com muitos.
Desencarnei, e sei que poucos foram me ver, para despedirem-se de um corpo que já estava indo tarde.
Neste plano, sofri amargamente por causa de meu orgulho e vaidade. A imaturidade era tão grande, ah, meu Deus, ainda me dói relatar isso.
Enfim, depois de tanto errar pelos caminhos que sempre me levaram a crer tudo o que eu tinha feito aviltando minha culpa caí, cansado e sem forças e pela primeira vez clamei a Deus que me tirasse daquilo.
Fui resgatado fraco, sujo, sem esperança. Parecia um mendigo. Levaram-me para um lugar parecido com um ambulatório e lá recebi os tratamentos necessários, aos poucos fui recobrando a consciência e quando já me sentia forte, permitiram as visitas a mim. Tive vergonha, ninguém apareceu!
A partir de então busquei ajuda porque de todo aquele sofrimento não imaginava que a solidão era a mais dolorida.
Foi uma batalha que travei comigo mesmo para perceber e aceitar que eu era o problema.
Estudei muito, pedi muito a Deus por sabedoria, e aprendi a arte de ser paciente.
A paciência nos ajuda a conquistar aquilo que buscamos então, chega de orgulho e sejamos pacientes.

Um Amigo.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

PSICOGRAFIA – NEPT – 03/04/09

Ao iniciarmos uma atividade qualquer, devemos refletir sobre ela. Antes de assumirmos responsabilidades, paremos, pensemos se estamos em acordo com ela.
Para tudo que queremos realizar o importante é que haja a vontade, pois, sem ela não conseguimos desempenhar a contento.
Para termos a vontade também é conveniente que se encontre o prazer em sua realização.
É o amor, que nos move à todas as direções que desejamos.
Assim, com certeza estaremos mais do que presente para assumir as tarefas a que nos propomos.
Procuremos fazer tudo com amor, assim a vida terá mais cores, mais luz, mais alegria.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

MUNDO DE PROVAS E EXPIAÇÕES

1 – A FORMAÇÃO DA TERRA


2 – A FORMAÇÃO DO HOMEM

E Espírito simples e ignorante que através das existências contrai dívidas que precisam ser reparadas e com o passar das existências, chega ao seu estágio no orbe terrestre.

3 – A DOUTRINA DAS PENAS TERRENAS (O Céu e o Inferno – pg. 68)

Como somos na maioria remanescente da tradição católica, trazemos em nosso ser os fundamentos da doutrina das Penas Eternas (pg.79).

A doutrina das penas eternas absolutas conduz, forçosamente à negação de alguns doas atributos de Deus; ela é, por conseqüência, irreconciliável com a perfeição infinita.
Se Deus é perfeito, a condenação eterna não existe; se ela existe, Deus não é perfeito.
Sendo o bem o objetivo final da criação, a felicidade que dele é o prêmio, deve ser eterna; o castigo é um meio de atingi-lo, deve ser temporário. A mais vulgar noção de justiça , mesmo entre os homens, diz que não se pode castigar perpetuamente aquele que tem o desejo e a vontade de fazer o bem.
O dogma da eternidade absoluta das penas é pois irreconciliável com o progresso da alma, uma vez que a ele oporia um obstáculo invencível. Esses dois princípios se anulam, forçosamente, um pelo outro; se um existe o outro não pode existir. Qual dos dois existe ? A lei do progresso é patente, não é uma teoria, é um fato constatado pela experiência; é uma lei natural, lei divina, imprescritível; uma vez, pois que ela existe e que não pode se conciliar com a outra, é que a outra não existe. Se o dogma da eternidade das penas fosse uma verdade, Santo Agostinho, São Paulo e muitos outros, não teriam jamais visto o céu se tivessem morrido antes do progresso que trouxe a sua conversão.

Em virtude da lei do progresso , tendo toda alma a possibilidade de adquirir o bem que lhe falta, e de se desfazer do que ela tem de mau, segundo os seus esforços e a sua vontade, disso resulta que o futuro não está fechado para nenhuma criatura. Deus não repudia nenhum de seus filhos; recebe-os em seu seio , à medida que atinge a perfeição , deixando , assim , a cada um, o mérito das suas obras.
Estando o sofrimento ligado a perfeição , do mesmo modo que o prazer está a perfeição , a alma carrega, consigo mesma , o seu próprio castigo, por toda a parte onde se encontre; para isso , não tem necessidade de um lugar circunscrito. O inferno, pois está por toda parte onde haja almas sofredoras , do mesmo modo que o céu está por toda parte onde haja almas felizes.
O Espírito sofre pelo próprio mal que ele fez, de maneira que, estando a sua atenção incessantemente centrada sobre as conseqüências desse mal, compreende melhor os seus inconvenientes e está estimulado a dele se corrigir





4 – DA DEFINIÇÃO DE PROVA

Aquilo que atesta a veracidade ou autenticidade de algo.
Ato que atesta uma intenção ou sentimento.
Ato de provar.

Conforme visto em dicionário da língua portuguesa, apontado acima, na mesma forma que quando freqüentamos os bancos escolares, passávamos por aferições do que nos foi transmitido, sofrendo assim uma avaliação do quanto assimilamos de tais ensinamentos, para que pudéssemos galgar um nível superior e continuar o nosso aprendizado, assim como foi afirmado pelos filósofos em épocas remotas “assim como é em cima é em baixo”, toda manifestação acontecida na materialidade, de alguma forma foi plasmada a partir de um princípio cósmico, daí podermos afirmar que igualmente a nossa aferição sofrida na escola encarnada, como espíritos, temos a oportunidade de sermos aferidos e para tal temos que sofrer as nossas “provas”, oportunidade única de atestarmos a nossa capacidade de superarmos determinadas situações.
Como no caso das provas, o livre arbítrio é exercido na condição de escolhermos o nosso caminho, podemos muito bem optarmos em não trilharmos este ou aquele, porém nunca se eximindo de ter que mais tarde ou mais cedo se defrontar com tal situação, pois invariavelmente teremos que suplantar tal dificuldade, pois o fato de evitarmos tal dor (quando como essência), só agravará a condição a ser reparada.
A provação geralmente acontece na forma de situações morais, onde podemos através do estudo e compreensão, suplantar tal situação.


5 – DA PROVA


Podemos identificar um espírito em provação como aquele indivíduo que enfrenta as tribulações da existência de forma equilibrada, aceitando-as sem murmúrios como um aluno que se submete a exame e tenta fazer o melhor, habilitando-se a estágio superior.
Existem aqueles (grande maioria), que embora tenha optado quando na erraticidade por uma certa provação, ao se ver encarnado abdica de tal escolha e se revolta, não aceitando a atual condição, pois embora tenha escolhido tal caminho, o livre-arbítrio lhe é facultado, porem conforme já afirmado, sofrerá as conseqüências de tal ato impensado.


6 – CONSIDERAÇÕES SOBRE AS PROVAS

Não há sofrimento sem causa, mas nem todo o sofrimento suportado neste mundo é indício de uma determinada falta, as vezes são meras provas escolhidas pelos espíritos para sua depuração ou para comprovar a assimilação dos valores adquiridos
As provações podem ocorrer por vários motivos, riqueza, pobreza, inteligência, poder dentre outras.



7 – DA DEFINIÇÃO DE EXPIAÇÃO

Remir a culpa, cumprindo pena.
Sofrer as conseqüências de.

Voltando ao dicionário da língua portuguesa, temos na expiação uma pena propriamente dita, onde devido a uma infração da Lei Divina, o ser fica obrigado a uma penitência, na sua maioria, uma pena física onde apesar de ser imposta pela espiritualidade, funciona como uma reprimenda divina e não como castigo, pois Deus a ninguém castiga, pois o que para uns pode parecer castigo, para outros é simplesmente uma oportunidade de progresso.


8 – DA EXPIAÇÃO

Podemos identificar um espírito em expiação como aquele indivíduo que não aceita os seus sofrimentos físicos e situações difíceis, estando sempre a reclamar e a colocar a culpa de seus sofrimentos e dificuldades na vida, em outras pessoas e até mesmo em Deus, apesar de estar sendo beneficiado pela oportunidade de reparação.
Existem espíritos que tomam a sua expiação com resignação e mansamente as transforma em provação, aceitando assim os desígnios da espiritualidade, que nada mais são que sua própria escolha, conseguindo assim


9 – CONSIDERAÇÕES SOBRE AS EXPIAÇÕES

Não é a posição social que determina a natureza das expiações. O Homem rico pode estar em processo expiatório, caracterizado por grandes problemas.
A doença material é um efeito que possui a sua causa nos processos extra corpóreo criado por nós mesmos e se não cuidarmos de agir na causa, provavelmente teremos que expiar tal sofrimento, o tempo necessário para que possamos repará-lo, caso contrário atravessaremos encarnações e mais encarnações, sempre agravando cada vez mais tal situação.
É muito freqüente defrontarmos nas Casas Espíritas com limitações magnéticas de cura deste ou daquele indivíduo, achando alguns ater que o serviço desta ou daquela Casa Espírita, não é adequado ou que a outra Casa é mais “forte” , quando na verdade a vaidade não deixa enxergar que enquanto o indivíduo não iniciar a promoção de sua reforma íntima, de nada adiantará, pois não se acaba com o mal tratando-se o efeito ao invés da causa.

10– CONCLUSÃO

Muito se fala sobre Provas e Expiações, muito se determina dizendo-se que certo fato aconteceu por causa disto ou por causa daquilo; que aquele aleijão não possui um braço porque no passado não soube usá-lo ou por qualquer outro motivo semelhante; que o outro não arruma emprego ou não consegue juntar dinheiro por ter desperdiçado em encarnações passadas; que o outro não se sobre-sai em canto algum por ter sido mal líder ou então que este acontecimentos vêem a baila por se tratar de perseguições de antigos algozes promovendo sério processo de obsessão. Inicialmente gostaríamos de chamar a atenção, que geralmente são fatos ligados a materialidade, ligados ao mundo sensual, mundo dos prazeres terrenos, são efeitos que possuem sua causa em desequilíbrios morais de encarnações passadas e até mesmo da própria encarnação atual, sendo muito mais fácil encontrar os culpados em outros, pois até mesmo o processo obsessivo tem origem em nós mesmos.
Se hoje temos a bela oportunidade de nos depararmos com esta doutrina que é um misto de Ciência e Religião, ou seja o futuro do que chamamos hoje de Religião, se temos ao nosso alcance estes grandes ensinamento e testemunhos em uma linguagem fácil de entender se todo esse legado encontra-se ao alcance de qualquer um, seja rico ou pobre, intelectual ou ignorante, espiritualizado ou bruto, porque ficamos procurando explicar o que não entendemos ou não temos capacidade, ainda, de compreender e não partimos direto para a nossa reforma íntima, procurando entender e colocar em prática

Da proibição de evocar os mortos

Revista Espírita, outubro de 1863

Alguns membros da Igreja apoiam-se na proibição de Moisés para proscrever as comunicações com os Espíritos. Mas se sua lei deve ser rigorosamente observada neste ponto, deve sê-lo igualmente em todos os outros. Porque seria boa em relação às evocações e má em outras partes? Há que ser conseqüente: se reconhece que sua lei não mais está em harmonia com os nossos costumes e a nossa época. Alias é necessário nos reportarmos aos motivos que os levaram a fazer tal proibição, motivos que, então, tinham uma razão de ser, mas que, seguramente, não mais existem. Quanto à pena de morte, decorrente da infração, é preciso considerar que nisto ele era muito pródigo e que, na sua legislação draconiana, a severidade do castigo nem sempre era um índice da gravidade da falta. O povo hebreu era turbulento, difícil de conduzir e não podia ser domado senão pelo terror. Aliás, Moisés não tinha grande escolha nos meios de repressão; não tinha prisões, nem casas de correção e seu povo não era de natureza a sofrer o medo das penas puramente morais; assim, ele não podia graduar sua penalidade como nos nossos dias. Ora, pelo respeito à sua lei, seria preciso manter a pena de morte para todos os casos em que a aplicava? Aliás, por que fazem reviver tal artigo com tanta insistência, quando se passa em silêncio o começo do capítulo que proíbe aos sacerdote a posse dos bens da terra e ter parte em qualquer herança, porque o próprio Senhor é a sua herança? (Deuteronômio, Cap. XVIII).

Há duas partes distintas na lei de Moisés: a lei de Deus, propriamente dita, promulgada no Monte Sinai e a lei civil ou disciplinar, apropriada aos costumes e ao caráter do povo; uma é invariável, a outra se modifica, conforme o tempo, e não pode vir à cabeça de ninguém que possamos ser governados pelos mesmos meios que os Hebreus no deserto, assim como a legislação da Idade Média não poderia aplicar-se à França do século dezenove. Quem sonharia por exemplo, em reviver hoje este artigo da lei mosaica: "Se um boi fere com o chifre a um homem ou a uma mulher, e a pessoa morrer, o boi será lapidado sem remissão, e não será absolvido". Ora, que diz Deus em seus mandamentos?" Não terás outro Deus senão eu; não tomarás o nome de Deus em vão; honra a teu pai e à tua mãe; não matarás; não cometerás adultério; não roubarás; não dirás falso testemunho; não cobiçarás o bem de teu próximo". Eis uma lei que é de todos os tempos e de todos os países, e que, por isto mesmo, tem um caráter divino; mas não trata da proibição de evocar os mortos; de onde ser necessário concluir que tal proibição era simples medida disciplinar e de circunstância.

Mas Jesus não veio modificar a lei mosaica e sua lei não é código dos cristãos? Não disse: "Ouviste o que foi dito dos Antigos esta ou aquele coisa; mas eu vos digo outra coisa. Ora, em parte alguma do Evangelho não se faz menção da proibição de evocar os mortos. É um ponto muito grave para que o Cristo o tivesse omitido em suas instruções, quando tratou de questões de ordem mais secundária. Ou se deve pensar como o sacerdote, a quem tal objeção foi feita, que "Jesus esqueceu-se de falar nisso?"

Sendo inadmissível o pretexto da proibição de Moisés, apoiam-se em que a evocação é uma falta de respeito aos mortos, cujas cinzas não devem ser perturbadas. Quando essa evocação é feita religiosamente e com recolhimento, não se vê nada de desrespeitoso. Mas há uma resposta peremptória a dar a tal objeção: é que os Espíritos vem de boa vontade quando chamados e, mesmo, espontaneamente, sem serem chamados; testemunharam sua satisfação comunicando-se com os homens, e às vezes se lamentam do esquecimento em que por vezes são deixados. Se fossem perturbados em sua quietude ou ficassem descontentes com o nosso chamado, ou o diriam ou não viriam. Se vêm, é porque isto lhes convém, porque não sabemos de ninguém que tenha o poder de obrigar Espíritos, seres impalpáveis, a se incomodarem, se não o querem, pois não lhes podemos dominar o corpo.

Alegam outra razão: as almas estão no inferno ou no paraíso. As que estão no paraíso estão na sua inteira beatitude e muito acima dos mortais para se ocuparem com eles. As que estão no inferno dali não podem sair. Restam as que estão no purgatório; mas estas são sofredoras e devem pensar antes de tudo em sua salvação. Ora, se nem umas nem outras podem vir, é apenas o diabo que vem em seu lugar. No primeiro caso seria muito racional supor que o diabo, autor e instigador da primeira revolta contra Deus, em rebelião perpétua, que nem experimenta arrependimento nem pesar pelo que faz, seja mais rigorosamente punido que as pobres almas que arrasta ao mal e que, muitas vezes, são apenas culpadas de uma falta temporária, de que sentem amargo arrependimento. Longe disso, é tudo ao contrário o que acontece. E as almas infelizes são condenadas a sofrimentos atrozes, sem trégua nem mercê durante a eternidade, sem um só instante de alívio e, durante esse tempo, o diabo, autor de todo o mal, goza de plena liberdade, corre o mundo recrutando vítimas, toma todas as formas, se permite todas as alegrias, faz malandragens, diverte-se até interrompendo o curso das leis de Deus, desde que pode fazer milagres. Na verdade as almas culpadas deveriam invejar a sorte do diabo. E Deus o deixa agir, sem nada dizer, sem lhe opor nenhum freio, sem permitir que os bons Espíritos ao menos venham contrabalançar suas ações criminosas! De boa fé, isto é lógico? E os que professam tal doutrina podem jurar, com a mão na consciência, que a poriam no fogo para sustentar que é a verdade?

O segundo caso levanta uma dificuldade igualmente grande. Se as almas que estão na beatitude não podem deixar o seu feliz repouso para vir em socorro aos mortais, o que, diga-se de passagem, seria uma felicidade muito egoísta, por que a Igreja invoca a assistência dos santos, que devem gozar da maior soma possível de beatitude? Porque diz ela aos fiéis que os invoquem nas doenças, nas aflições e para os preservar dos flagelos? Porque, segundo ela, os santos, a Virgem mesma, vem mostrar-se aos homens e fazer milagres? Então deixam o céu para vir à terra? Se o podem deixar, porque outros não o poderiam?

Como todos os motivos alegados para justificar a proibição de se comunicar com os Espíritos não podem suportar um exame sério, é preciso que haja outro, não confessando. Esse motivo bem poderia ser o medo que os Espíritos, muito clarividentes, não viessem esclarecer os homens sobre certos pontos, e lhes dar a conhecer, ao justo, como são as coisas no outro mundo e as verdadeiras condições para ser feliz ou infeliz. Eis por que se diz a uma criança: "Não vá lá; lá está um lobo mau"; e aos homens se diz: "Não chame os Espíritos; é o diabo que vem." Mas será em vão: se proíbe aos homens chamar os Espíritos, não impedirão que os Espíritos venham aos homens, tirar a lâmpada debaixo do alqueire.

Tendo Moisés proibido evocar os mortos é permitido faze-lo?

(Bordeaux - Médium: Sra. Collignon)

Nota: Esta comunicação foi dada num grupo espírita de Bordeaux, em resposta à pergunta acima. Antes de a conhecer, tínhamos escrito o artigo precedente, sobre o mesmo assunto. Apesar disto nós a publicamos, precisamente por causa da concord6ancia das idéias. Muitas outras, em vários lugares, foram obtidas no mesmo sentido, o que prova o acordo dos Espíritos a este respeito. Esta objeção não sendo mais sustentável do que todas as que opõem às relações com os Espíritos, cairá por si.

Será, então o homem tão perfeito que julgue inútil medir suas forças? E é sua inteligência tão desenvolvida que possa suportar toda a luz?

Quando Moisés trouxe aos hebreus uma lei que os pudesse tirar do estado de escravidão em que viviam e reavivar neles a lembrança de seu Deus, que haviam esquecido, foi obrigado a graduar a luz por sua força de visão e a ciência pela força de sua inteligência.

Porque também não perguntais: Porque Jesus se permitiu refazer a lei? Porque disse: "Moisés vos disse: Dente por dente, olho por olho, eu vos digo: fazei o bem aos que vos querem mal; bendizei aos que vos amaldiçoam; perdoai aos que vos perseguem".

Porque disse Jesus: "Moisés disse: Aquele que quiser deixar sua mulher lhe dê carta de divórcio". Mas eu vos digo: "Não separeis o que Deus uniu."

Porque? É que Jesus falava a Espíritos mais adiantados que na encarnação em que estavam ao tempo de Moisés. É que é preciso proporcionar a lição à inteligência do aluno. É que vós, que perguntais, que duvidais, ainda não chegastes ao ponto em que deveis estar e ainda não sabeis o que sereis um dia.

Porque? Mas, então, perguntai a Deus por que criou a erva do campo, da qual o homem civilizado chegou a fazer seu alimento? Porque fez árvores que só deveriam crescer em certos climas, em certas latitudes, e que o homem chegou a aclimatar por toda a parte?

Moisés disse aos Hebreus: "Não evoqueis os mortos!" Como se diz às crianças: "Não toqueis no fogo!"

Não foi pela evocação que, pouco a pouco, tinha degenerado em idolatria entre os Egípcios, os Caldeus, os Moabitas e todos os povos da antigüidade? Eles não tinham a força de suportar a ciência, tinham-se queimado, e o Senhor tinha querido preservar alguns homens, a fim de que pudessem servir e perpetuar seu nome e sua fé.

Os homens era pervertidos e dispostos às evocações perigosas. Moisés preveniu o mal. O progresso deveria ser feito entre os Espíritos, como entre os homens; mas a evocação ficou conhecida e praticada pelos príncipes da Igreja; a vaidade, o orgulho são tão velhos quanto a humanidade; assim, os chefes da sinagoga usavam a evocação e, muitas vezes, usavam-na mal. Assim, muitas vezes, sobre eles abateu-se a cólera do Senhor.

Eis porque disse Moisés: "Não evoqueis os mortos." Mas a mesma proibição prova que a evocação era usual entre o povo e era o povo que ele a proibia.

Deixai, pois, falar os que perguntam porque? Abri-lhes a historia do globo, que cobrem com seus passos miúdos, e perguntai-lhes por que, desde tantos séculos acumulados, marcam passo e avançam pouco? Ë que sua inteligência não está bastante desenvolvida; é que a rotina os constringe; é que querem fechar os olhos mau grado os esforços feitos para lhos abrir.

Perguntai-lhes porque Deus é Deus? Porque o Sol os ilumina?

Que estudem, que busquem e na história da antigüidade verão por que Deus quis que tal conhecimento em parte desaparecesse, para reviver com mais brilho, quando os Espíritos encarregados de o trazer, tivessem mais força e não vergassem ao seu peso.

Não vos inquieteis, meu amigos, com perguntas ociosas, com objeções sem nexo, que vos fazem. Fazei sempre o que acabais de fazer: perguntai e nós vos responderemos com prazer. A ciência é de quem a busca; então ela vem se lhe mostrar. A luz ilumina os que abrem os olhos, mas as trevas se adensam para os que os querem fechar. Não é aos que perguntam que se há de recusar, mas aos que fazem objeções com o fito único de extinguir a luz ou que não ousam fitá-la. Coragem, meus amigos, estamos prontos para vos responder todas as vezes que forem necessárias.

Semeão, por Mateus.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Florence Cook




Os primeiros pormenores da vida de Florence são fornecidos por ela própria, em carta dirigida a Mr. Harrison em maio de 1872. Diz a carta: "Tenho 16 anos de idade. Desde a minha infância vejo os espíritos e ouço-os falar. Tinha o costume de sentar-me a sós e conversar com eles. Eles me cercavam e eu os tomava por pessoas vivas. Como ninguém os via nem ouvia, meus pais procuraram inculcar em mim a idéia de que tudo era produto de minha imaginação. Todavia não conseguiram modificar o meu modo de pensar a respeito do assunto e foi assim que passei a ser considerada como uma menina excêntrica.

Na primavera de 1870 fui convidada a visitar uma amiga de colégio. Ela me perguntou se eu já ouvira falar de Espiritismo, acrescentado que seus pais e ela se reuniam em torno de uma mesa. Nessa situação obtinham certos movimentos; disse que, se eu consentisse, ainda naquela tarde ensaiariam uma experiência comigo".

Miss Cook pediu permissão a sua mãe e, em seguida, realizaram a primeira sessão, obtendo-se a comunicação de um espírito que se dizia ter sido a sua tia. Mais tarde, quando a jovem ficou em pé junto a mesa, esta se ergueu a uma altura de 4 pés. Miss Cook dá continuidade ao seu relato: "Na segunda sessão os espíritos nos deram provas de identidade, mas não chegamos a ficar de todo convencidas. Por fim, recebemos por tiptologia, uma comunicação orientando-nos para que deixássemos o aposento em penumbra. Eles me ergueriam e dariam comigo volta à sala. Não consegui conter o riso. Aquilo não era possível.

Entretanto, decidiu-se apagar a luz. Apesar disso, a claridade que entrava pela janela não deixou a sala inteiramente às escuras. De imediato senti que alguém me tirava da cadeira, e, no instante seguinte, fui erguida até o teto, fato que todas as pessoas presentes na sala puderam ver. Sob meu espanto, transportaram-me sobre as cabeças dos assistentes, até que fui posta sobre uma mesa existente no extremo da sala. Minha mãe indagou se podíamos obter esse fenômeno. A mesa respondeu que sim, visto que eu era médium.

Reunimo-nos em nossa casa. Os espíritos quebraram a nossa mesa e duas cadeiras, fazendo ainda outros estragos. Em vista disso, resolvemos que, de modo algum tornaríamos a realizar sessões. Então os espíritos começaram a nos atormentar, atirando sobre mim livros e outros objetos; as cadeiras passeavam sozinhas pela sala, a mesa se erguia violentamente, enquanto fazíamos as refeições, e fortes ruídos eram ouvidos durante a noite, fazendo-nos estremecer de medo. Por fim nos vimos obrigadas a nos reunirmos em torno da mesa e a tentar um diálogo com eles.

Os espíritos disseram que fôssemos a Navarino Street, 74" onde existia uma sociedade espírita. O endereço estava certo. Lá encontramos Mr. Thomas Blyton que nos convidou a assistir a uma sessão onde entrei em transe e, por incorporação, uma entidade disse aos meus pais que, se contássemos com o auxílio de Mr. Herne e Mr. Williams, obteríamos comunicações de valor. Reunimo-nos várias vezes e, finalmente, obtivemos os fenômenos prometidos. O espírito que dirigiu a sessão disse chamar-se Katie King".

No dia 21 de abril de 1872, em sessão organizada para estudos de sua mediunidade, conforme ata publicada no "The Spiritualist", ouviu-se um bater de vidros da janela sem que ninguém descobrisse a causa. Então ouviu-se a voz de um espírito que disse: "Mr. Cook, é preciso que façais desobstruir o canal da calha, se desejais evitar que os alicerces da casa sofram". Surpresos, os presentes procederam a exame imediato, havendo a confirmação do que fora dito. No dia seguinte, em outra sessão, o espírito Katie King se materializou parcialmente pela primeira vez. Katie mostrou-se na abertura da cortina e falou durante alguns minutos, ocasião em que os presentes puderam acompanhar o movimento de seus lábios.

Florence Cook foi a primeira médium entre os médiuns ingleses a obter materializações integrais em plena luz. Com o avanço das experiências, Florence, que antes, nas materializações parciais permanecia consciente, passou a cair em transe à medida que Katie King ia adquirindo domínio da situação e conseguindo-se mostrar mais perfeitamente. Seu rosto a princípio dava a impressão de ser oco por trás. Mais tarde preencheu-se, os crepes ectoplásmicos se tornaram menos abundantes e, um ano depois, ela já conseguia caminhar do lado de fora da cabine. Quando lhe pediram para se deixar fotografar à luz de flashes, observou-se que a sua semelhança com Florence era muito grande.

Era um problema, e, para provar que era um ser distinto de Miss. Cook, ela alterou a cor de sua face para tons de chocolate e azeviche. Em uma experiência feita logo em seguida, a médium foi amarrada apertadamente pelos assistentes no interior do gabinete. Depois foi observada toda uma gradação de diferenças entre ela e a médium. Estava reservado a Sir William Crookes fornecer as provas definitivas de que Katie King tinha uma existência à parte da de Miss Cook.

É preciso consignar que foi a própria Florence quem procurou o professor Crookes a fim de solicitar-lhe que investigasse a sua mediunidade. Eis como ela narra o episódio: "Fui à casa de Mr. Crookes sem dizer nada aos meus pais nem aos meus amigos. Ofereci-me como um sacrifício voluntário perante a sua incredulidade. Pouco antes se dera o desagradável incidente com Mr. Volckman. Os que não conheciam o fenômeno dirigiam palavras cruéis contra mim. Mr. Crookes fizera um comentário que me atormentava e foi por isso que me decidi a ir procurá-lo. Ele me recebeu e eu lhe disse: -- Já que acreditais que sou uma impostora, se quiserdes virei submeter-me a experiências em vossa própria casa. Vossa esposa poder vestir-me como quiserdes e deixarei convosco o que tiver trazido.

Podereis vigiar-me como vos aprouver; submeter-me-ei às experiências que desejardes, de modo que vos contenteis em todos os sentidos. Só imponho uma condição: se verificardes que sou agente de uma mistificação, denunciai-me publicamente; mas se vos certificardes de que os fenômenos são reais e de que eu mais não sou que o instrumento de forças invisíveis, isso direis ao público de modo que todo o mundo tome conhecimento da verdade. William Crookes aceitou o repto, disso resultando um dos mais tumultuosos e dramáticos episódios da História do Espiritismo.

Após da despedida do espírito Katie King, a mediunidade de Miss Florence foi utilizada por outra entidade que dizia chamar-se Marie, a qual, por mostrar-se cantando e dançando, foi denominada Marie, a dançarina. Em 1899, atendendo a um convite da Sphiny Society, de Berlim, Miss Cook já então Mrs. Corner pelo casamento, assentiu em realizar algumas sessões, nas quais Marie se materializou e produziu fenômenos sensacionais. Por essa altura Florence já se havia casado, em 1874, com um cavalheiro chamado Elgie Corner e vivia em Usk, no País de Gales, onde teve vários filhos.

Em 19O4, William Crookes recebeu uma carta, datada de 24 de abril, na qual era-lhe comunicado o falecimento de Mrs. Corner. Ele respondeu expressando viva simpatia e declarando ainda que a vida post-mortem muito devia, quanto à sua certeza, à mediunidade da antiga Miss Florence Cook. Com esse episódio se encerra uma vida que conheceu tanto sensacionalismo quanto o das grandes atrizes da atualidade. A Doutrina Espírita deve eterna gratidão à menina de 15 anos, que, sacrificando sua juventude nos laboratórios dos sábios, prestou os mais relevantes serviços à comprovação científica da imortal obra de Allan Kardec.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Imortalidade: triunfo do Espírito.

A imortalidade é de todos os tempos. A ameba, por exemplo, sendo um dos organismos unicelulares mais simples, pode ser considerada como imortal, porquanto, à medida que envelhece, graças ao fenômeno da mitose, dá lugar a duas outras, ricas de vida, e assim, sucessivamente. Jamais ocorre a morte do elemento inicial.

Assim sucede com a vida humana,do ponto de vista do ser espiritual, que enseja a cada um experienciar o que é sempre melhor para si mesmo.

O impositivo que se apresenta é o de viver o presente, em razão de o passado apresentar-se já realizado, enquanto o futuro se encontra ainda em construção.

Atingir o máximo das suas possibilidades no momento que passa, constitui o desafio que não pode ser ignorado.

Essa mecânica, porém, é produzida pelo amor, que deve orientar a inteligência na aplicação das suas conquistas.

Isso significa um esforço individual expressivo, que se torna seletivo em benefício do conjunto social.

À semelhança do que ocorre no organismo, em que nenhuma célula trabalha unicamente em favor de si mesma, porém do conjunto que deve sempre funcionar em harmonia, vão surgindo os padrões de comportamento que dão lugar às tendências universais em torno da vida, que se processa de acordo com o mecanismo da evolução. Cada parte que constitui o órgão está sempre preparada para transformar-se em favor de um elemento maior e mais expressivo.É uma verdadeira cadeia progressiva, infinita,até o momento em que se encerra o ciclo vital e a matéria se desagrega em face do fenômeno biológico da morte.

Todo esse processo tem lugar sob o controle do Espírito que modela a organização de que se serve através do seu invólucro semimaterial, e quando se dá a desarticulação das moléculas, eis que se libera e prossegue indestrutível no rumo da plenitude, quando se depura de todas as imperfeições resultantes do largo período da evolução.

Essa busca pode ser também denominada como a da iluminação, cuja conquista elimina o medo dos equívocos, da velhice, das doenças, da morte, porquanto enseja a consciência da imortalidade, dessa forma, do prosseguimento da vida em todas as suas maravilhosas nuanças que se apresentam em outras dimensões, em outros campos vibratórios.

Essa iluminação propicia o despertar do sonho, da ilusão em torno dos objetivos da existência, tornando o ser consciente de tudo que pode realizar por si mesmo e pela sociedade.

Por mais que postergue essa conscientização, momento chega em que o Espírito sobrepõe-se ao ego e rompe o limite do intelecto, conquistando a visão coletiva sobre o infinito.

É quando se autoanalisa, voltando-se para dentro e descobrindo os tesouros inabordáveis da imortalidade, buscando no coração as forças que lhe são necessárias para a entrega à autoiluminação.

Como bem assinalou Jesus: O Reino dos Céus está dentro de vós, portanto, do Espírito que se é e não do corpo pelo qual se manifesta.

Esse mecanismo é possível de ser ignorado, quando a pessoa resolve-se pela remoção das trevas que ocultam o conhecimento de si mesma, deixando-a confusa, a fim de que se estabeleça a pujança do amor franco e puro, gentil e corajoso que não conhece limites...

A imortalidade é, pois, a grande meta a ser atingida.

Cessasse a vida, quando se interrompesse o fenômeno biológico pela morte, e destituída de significado seria a existência humana, que surgiu em forma embrionária aproximadamente há dois bilhões de anos... Alcançando o clímax da inteligência, da consciência e das emoções superiores, se fosse diluída, retornando às energias primárias, não teria qualquer sentido ético-moral nem lógico ou racional.

Muitos, entre aqueles que assim pensam, que a vida se extingue com a morte, certamente rebelam-se contra os conceitos ultrapassados de algumas doutrinas religiosas em torno da Justiça Divina após a morte, com as execuções penais de natureza eterna e insensata.

Considerada, porém, como o oceano gerador da vida, a imortalidade precede ao estágio atual em que se movimenta o ser humano e sucede-o, num vir-a-ser progressista sempre melhor e mais grandioso.

Existe o mundo imaterial, causal, de onde procede o hálito da vida, que impregna a matéria orgânica e a impulsiona na sua fatalidade biológica, e aguarda o retorno desse princípio inteligente cada vez mais lúcido e rico de complexidades do conhecimento e do sentimento.

Desse modo, o sentido existencial é o de aprimoramento pessoal com o conseqüente enriquecimento defluente da sabedoria que conduz à paz.

Ninguém se aniquila pela morte.

A melhor visão em torno da imortalidade é contemplar-se um cadáver do qual afastou-se o agente vitalizador, o Espírito que o acionava.

Não morrendo jamais a vida, todo o empenho deve ser feito em seu favor, de modo que a cada instante se adquiram melhores recursos de iluminação, de compaixão, de beleza, de harmonia.

Desse modo, não morreram também aqueles que a desencarnação silenciou, velando-os com a paralisia dos órgãos a caminho da decomposição.

Eles prosseguem na caminhada ascensional e mantêm os vínculos sentimentais com aqueloutros que lhes eram afeiçoados ou não, deles recordando-se e desejando intercambiar, a fim de afirmar que continuam vivendo conforme eram.

Se fizeres silêncio íntimo ao recordar-te deles, em sintonia com o pensamento de amor, eles poderão comunicar-se contigo, trazer-te notícias de como e de onde se encontram, consolando-te e acalmando-te, ao tempo em que te prometem o reencontro ditoso, mais tarde, quando também soar o teu momento de retorno.

Ao invés da revolta inútil porque se foram, pensa que a distância aparente é apenas vibratória e conscientiza-te de que nada aniquila o amor, essa sublime herança do Pai Criador.

Utiliza-te das lembranças queridas e envia-lhes mensagens de esperança e de ternura, de gratidão e de afeto, de forma que retemperem o ânimo e trabalhem pela própria iluminação, vindo em teu auxílio, quando as circunstâncias assim o permitirem...

Não os lamentes porque desencarnaram, nem os aflijas com interrogações que ainda não te podem responder.

Acalma a ansiedade e continua amando-os, assim contribuindo para que permaneçam em paz e cresçam na direção de Deus sendo felizes.

* * *

A morte é a desveladora da vida em outras expressões.

Jesus retornou da sepultura vazia para manter o contato com os corações queridos, confirmando a grandeza da imortalidade a que se referira antes, demonstrando que o sentido existencial é o da aquisição dos tesouros do amor e da amizade, para a conquista da transcendência.

Ora pelos teus desencarnados, envolve-os em carinho e vive com dignidade em homenagem a eles, que te esperam além da cortina de cinza e sombra, quando chegar o teu momento de libertação.

Joanna de Ângelis
Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, na tarde de 19 de maio de 2008, Esch, Ducado de Luxemburgo.

sábado, 4 de abril de 2009

Poluição e Psicosfera.

Ecólogos de todo o mundo preocupam-se, na atualidade, com a poluição devastadora, que resulta dos detritos superlativos que são atirados nos oceanos, nos rios, lagos e "terras inúteis" circunjacentes às grandes metrópoles, como o tributo pago pelo conforto e pelas conquistas tecnológicas, desde os urgentes ingredientes e artefatos para a sobrevivência, às indústrias bélicas, às de explorações novas, às "de inutilidade" que atiram fora centenas de milhões de toneladas de lixo, óleos e resíduos em todo lugar.

Além dessas, convém recordarmos a de natureza sonora, dos centros urbanos, produzindo distonias graves e contínuas...

Os mais pessimistas, porém, prevêm a possível destruição da vida vegetal, animal e hominal como efeito dos excessivos restos produzidos pelos engenhos de que o homem se utiliza, e logo o esmagarão após transformar a Terra num caos...

Mais grave, demonstram os técnicos no assunto importante, é a poluição atmosférica, graças às substancias venenosas que são expelidas pelas fábricas em forma de resíduos, pelos motores de explosão a se multiplicarem fantástica, insaciavelmente, e os inseticidas usados para a agricultura...

Voluptuoso e desconsertado por desvarios múltiplos do homem, as máquinas avançam, dirigidas pela inconcebível ganância, desbastando reservas florestais e influindo climatericamente com transformações penosas nas regiões, então, vencidas...

O espectro de calamidades não imaginados ronda e domina com segurança muitos departamentos ambientais ora reduzidos à aridez...

Cifras assustadoras denotam o quanto se desperdiça na inutilidade—embora a elevada estatística chocante dos que se estorcegam na mais ínfima miséria, rebocando-se na coleta dos montes de lixo, a cata de destroços de que possam retirar o mínimo para sobreviver!—comprovando que no galvanizar das paixões, o homem moderno, à semelhança de Narciso, continua a contemplar a imagem refletida nas águas perigosas da vaidade e do egoísmo em que logo poderá asfixiar-se, inerme ou desesperado. No entanto, irrefletido, impõe-se exigências dispensáveis, a que se escraviza, complicando a própria e a situação dos demais usuários dos recursos da generosa mãe-Terra.

Nesse panorama deprimente, e para sanar alguns dos males imediatos e outros do futuro, sugestões e programas hão surgido preocupando as autoridades responsáveis pelos Organismos Mundiais, no sentido de serem tomadas providências coletivas e salvadoras urgentes. Algumas já estão sendo postas em prática, embora em número reduzido, tais o reflorestamento; a ausência de tráfego com motores de explosão em algumas cidades uma vez por semana; a tentativa da industrialização do lixo, com aproveitamento de energia, adubos e outros; controle no uso de pesticidas na lavoura; técnicas não poluentes com o fim de gerar energia; as áreas verdes na cidades; a segurança por meio de controle das experiências nucleares, a fim de ser evitada a contaminação . . .

Afirma-se que por onde o homem e a civilização passam ficam os sinais danosos da sua jornada, em forma de aridez, destruição e morte.

As grandes Nações materialmente, estruturadas e guindadas ao ápice pela previsão futurológica de mentes e computadores que prometiam tudo resolver, fazendo soberbas e vãs as criaturas, foram surpreendidas, há pouco, pelas conseqüências gerais da própria impetuosidade, no resultado da guerra no Oriente Médio, fazendo-as parar e modificando, em muitas delas, as estruturas e programas, previsões e soberania pelas exigências do deus petróleo em que estabeleceram as bases do seu poderio e das suas glórias, decepcionadas, atônitas..

Algumas tiveram a economia abalada, padecendo crises que resultaram do gravame geral, modificando a política interna e externa, num atestado de nulidade quanto aos compromissos humanos assumidos, à segurança e precariedade das humanas forças.

Como resultado, apressam-se as negociações internacionais por acordos diplomáticos e conchavos político-econômicos, enquanto a fome, campeando desassombradamente, confirma a falência dos cálculos e das fantasias materialistas, visivelmente per turbadas no testemunho dos seus líderes em convulsas transações com que tentam reequilibrar o poderio avassalado, quando, não, perdido ..

O poder de um dia. qual efêmera glória, sempre muda de mão e local, fazendo oscilarem, mudarem de rumo os interesses e as supostas proteções, fruto, indubitavelmente, de uma poluição descuidada—a de natureza moral!

A força e a grandeza de alguns povos até há pouco mandatários da Terra cederam lugar aos potentados reais, que se demoravam desconsiderados e as exigências da fome ameaçadora e voraz os situou como as legitimas potências que são disputadas, após o deus negro: o arroz, o trigo, o milho e o sorgo cujos celeiros, quase vazios no mundo, deles necessitam com urgência para a sobrevivência dos seres

Todavia, o homem ingere e disparate mais terrível poluição, venenosa quão irrefreável graças ao cultivo de lamentáveis atitudes em que persevera e se compraz: referimo-nos à poluição mental que interfere na ecologia psicosférica da vida inteligente, intoxicando de dentro para fora e desarticulando de fora para dentro.

Estando a Terra vitimada pelo entrechoque de vibrações, ondas e mentes em desalinho, como decorrência do desamor, das ambições desenfreadas, dos ódios sistemáticos, as funestas conseqüências se faz em presentes não apenas nas guerras externas e destrutivas, mas também nas rudes batalhas no lar, na -família, no trabalho, nas ruas da comunidade, no comportamento. Intoxicado pela ira, vencido pelo desespero que agasalha, foge na direção dos prazeres selvagens nos quais procura relaxar tensões, adquirindo mais altas cargas de desequilíbrio em que se debate.

A poluição mental campeia livre, favorecendo o desbordar daquela de natureza moral, fator primacial para as outras que são visíveis e assustadoras

O programa, no entanto, para o saneamento de tão perigoso estado de coisas, já foi apresentado por Jesus, o Sublime Ecólogo que em a Natureza, preservando-a, abençoando-a, dela se utilizou, apresentando os métodos e técnicas da felicidade, da sobrevivência ditosa nos incomparáveis discursos e realizações de que inundou a História, estabelecendo as bases para o reino de amor e harmonia, sem fim, sem dores, sem apreensões...

Nunca reagiu o Mestre—sempre agiu com sabedoria

Jamais se permitiu ferir -- deixou-se, porém crucificar,

Nenhuma agressão de Sua parte—facultou-se, no entanto, ser agredido.

Por onde passou, deixou concessões de esperança, bálsamo de reconforto, amenidade e paz. Seus caminhos ficaram floridos pelas alegrias e abençoados pelos frutos da saúde renovada.

Rei Solar, fez-se servo humilde de todos, mantendo-se inatingido, embora o ambiente em que veio construir a Vida Nova para os tempos futuros..

Repassa-Lhe a sublime trajetória.

Busca-O!

Faze uma pausa na terrível conjuntura em que te encontras e recorda-O.

Para toda enfermidade, Ele tem a eficiente terapia; para as calamidades destes dias, Ele tem a solução.

Ama e serve, portanto, como possas, quanto possas, quando possas.

A Terra sairá do caos que a absorve e voltarão o ar puro, a água cristalina, a relva repousante, o trinar dos pássaros, o fulgor do sol e o faiscar das estrelas em nome do Pai Criador e de Jesus, o Salvador Perene de todos nós.

(Após a Tempestade, psicografia de Divaldo Pereira Franco pelo espírito de Joanna de Ângelis)

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Introdução ao estudo do perispírito.

Revista Espírita, março de 1866

Até agora só se tinham idéias muito incompletas sobre o mundo espiritual ou invisível. Imaginavam-se os Espíritos como seres fora da humanidade. Os anjos também eram criaturas à parte, de uma natureza mais perfeita. Quanto ao estado das almas após a morte, os conhecimentos não eram mais positivos. A opinião mais geral deles fazia seres abstratos, dispersos na imensidade e não tendo mais relações com os vivos, a não ser que, segundo a doutrina da Igreja, estivessem na beatitude do céu ou nas trevas do inferno. Além disso, as observações da Ciência, não parando na matéria tangível, resulta entre o mundo corporal e o mundo espiritual, um abismo que parecia excluir toda reaproximação. É este abismo que novas observações e o estudo de fenômenos ainda pouco conhecidos vem encher, ao menos em parte.

Para começar o Espiritismo nos ensina que os Espíritos são as almas dos homens que viveram na Terra, que progridem sem cessar, e que os anjos são essas mesmas almas ou Espíritos chegados a um estado de perfeição que os aproxima da Divindade.

Em segundo lugar, ensina-nos que as almas passam alternativamente do estado de encarnação ao de erraticidade, que neste último estado elas constituem a população invisível do globo, ao qual ficam ligadas, até que aí tenham adquirido o desenvolvimento intelectual e moral que comporta a natureza deste globo, depois do que o deixam, passando a um mundo mais adiantado.

Pela morte do corpo, a humanidade corporal fornece almas ou Espíritos ao mundo espiritual. Pelos nascimentos, o mundo espiritual alimenta o mundo corporal. Há, pois, transmutação ou deversão incessante de um no outro. Esta relação constante os torna solidários, pois são os mesmos seres que entram no nosso mundo e dele saem alternativamente. Eis um primeiro traço de união, um ponto de contato, que já diminui a distância que parecia separar o mundo visível do mundo invisível.

A natureza íntima da alma, isto é, do princípio inteligente, fonte do pensamento, escapa completamente às nossas investigações. Mas sabe-se agora que a alma é revestida de um envoltório ou corpo fluídico, que dela faz, após a morte do corpo material, como antes, um ser distinto, circunscrito e individual. A alma é o princípio inteligente considerado isoladamente. É a força atuante e pensante, que não podemos conceber isolada da matéria senão como uma abstração. Revestida de seu envoltório fluídico, ou perispírito, a alma constitui o ser chamado Espírito, como quando está revestida do envoltório corporal, constitui o homem. Ora, posto que no estado de Espírito goze de propriedades e de faculdades especiais, não cessou de pertencer à humanidade. Os Espíritos são, pois, seres semelhantes a nós, pois cada um de nós torna-se Espírito após a morte do corpo, e cada Espírito torna-se homem pelo nascimento.

Esse envoltório não é a alma, pois não pensa: é apenas uma vestimenta. Sem a alma, o perispírito, assim como o corpo, é uma matéria inerte privada de vida e de sensações. Dizemos matéria, porque, com efeito, o perispírito, posto que de uma natureza etérea e sutil, não é menos matéria com os fluidos imponderáveis e, demais, matéria da mesma natureza e da mesma origem que a mais grosseira matéria tangível, como logo veremos.

A alma não reveste o perispírito apenas no estado de Espírito; é inseparável desse envoltório, que a segue na encarnação, como na erraticidade. Na encarnação, é o laço que a une ao envoltório corporal, o intermediário com cujo auxílio age sobre os órgãos e percebe as sensações das coisas exteriores. Durante a vida, o fluido perispiritual identifica-se com o corpo, cujas partes todas penetra; com a morte, dele se desprende; privado da vida, o corpo se dissolve, mas o perispírito, sempre unido à alma, isto é, ao princípio vivificante, não perece. Apenas a alma, em vez de dois envoltórios, conserva apenas um: o mais leve, o que está mais em harmonia com o seu estado espiritual.

Posto que esses princípios sejam elementares para os Espíritas, era útil lembrá-los para a compreensão das explicações subseqüentes e a ligação das idéias.

Algumas pessoas contestaram a utilidade do invólucro perispiritual da alma e, em conseqüência, a sua existência. Dizem que a alma não precisa de intermediário para agir sobre o corpo; e, uma vez separada do corpo, ele é um acessório supérfluo.

A isto respondemos, para começar, que o perispírito não é uma criação imaginária, uma hipótese inventada para chegar a uma solução; sua existência é um fato constatado pela observação. Quanto à sua utilidade, durante a vida ou após a morte, é preciso admitir que, desde que existe, é que serve para alguma coisa. Os que contestam a sua utilidade são como um indivíduo que, não compreendendo as funções de certas engrenagens num mecanismo, concluíssem que elas só servem para desnecessariamente complicar a máquina. Não vê que se a menor peça fosse suprimida, tudo seria desorganizado. Quantas coisas, no grande mecanismo da natureza, parecem inúteis aos olhos do ignorante e, mesmo, de certos cientistas, que de boa fé julgam que se tivessem sido encarregados da construção do Universo, o teriam feito melhor!

O perispírito é uma das mais importantes engrenagens da economia. A Ciência o observou nalguns de seus efeitos e, seguidamente, tem sido designado como fluido vital, fluido ou influxo nervoso, fluido magnético, eletricidade animal, etc., sem se dar precisa conta de sua natureza e de suas propriedades, e, ainda menos, de sua origem. Como envoltório do Espírito após a morte, foi suspeitado desde a mais alta antigüidade. Todas as teogonias atribuem aos seres do mundo invisível um corpo fluídico. São Paulo diz em termos precisos que nós renascemos com um corpo espiritual (I Cor. XV: 35-44 e 50)

Dá-se o mesmo com todas as grandes verdades baseadas nas leis da natureza, e das quais, em todas as épocas, os homens tiveram a intuição. É assim que, desde antes de nossa era, notáveis filósofos tinham suspeitado da redondeza da Terra e seu movimento de rotação, o que nada tira ao mérito de Copérnico e de Galileu, mesmo supondo que estes últimos tenham aproveitado as idéias de seus predecessores. Graças a seus trabalhos, o que não passava de opinião individual, uma teoria incompleta e sem provas, desconhecida das massas, tornou-se uma verdade científica, prática e popular.

A doutrina do perispírito está no mesmo caso. O Espiritismo não foi o primeiro a descobri-lo. Mas, assim como Copérnico para o movimento da Terra, ele o estudou, demonstrou, analisou, definiu e dele tirou fecundos resultados. Sem os estudos modernos mais completos, esta grande verdade, como muitas outras ainda estaria no estado de letra morta.

O perispírito é o traço de união que liga o mundo espiritual ao mundo corporal. O Espiritismo no-los mostra em relação tão íntima e tão constante, que de um ao outro a transição é quase insensível. Ora, assim como na natureza o reino vegetal se liga ao reino animal por seres semivegetais ou semi-animais, o estado corporal se liga ao estado espiritual não só pelo princípio inteligente, que é o mesmo, mas ainda pelo envoltório fluídico, ao mesmo tempo semimatéria e semi-espiritual, desse mesmo princípio. Durante a vida terrena, o ser corporal e o ser espiritual estão confundidos e agem de acordo; a morte do corpo apenas os separa. A ligação destes dois estados é tal, reagem um sobre o outro com tanta força, que dia virá em que será reconhecido que o estudo da história natural do homem não seria completo sem o do envoltório perispiritual, isto é, sem por um pé no domínio do mundo invisível.

Tal aproximação é ainda maior quando se observa a origem, a natureza, a formação e as propriedades do perispírito, operação que decorre naturalmente do estudo dos fluidos.

É sabido que todos os animais tem como princípios constituintes o oxigênio, o hidrogênio, o azoto e o carbono, combinados em diferentes proporções. Ora, como dissemos, esses mesmos corpos simples tem um princípio único, que é o fluido cósmico universal. Por suas diversas combinações eles formam todas as variedades de substâncias que compõem o corpo humano, o único de que aqui falamos, posto seja o mesmo em relação aos animais e às plantas. Disto resulta que o corpo humano, na realidade, não passa de uma espécie de concentração, de condensação ou , se quiser, da solidificação do gás carbônico. Com efeito, suponhamos a desagregação completa de todas as moléculas do corpo, reencontraremos o oxigênio, o hidrogênio, o azoto e o carbono; em outros termos, o corpo será volatilizado. Os quatro elementos, voltando ao seu estado primitivo por uma nova e mais completa decomposição, se os nossos meios de análise o permitissem, dariam o fluido cósmico. Esse fluido, sendo o princípio de toda a matéria, é ele mesmo matéria, posto que num completo estado de eterização.

Um fenômeno análogo se passa na formação do corpo fluídico, ou perispírito: é, igualmente, uma condensação do fluído cósmico em redor do foco de inteligência, ou alma. Mas aqui a transformação molecular opera-se diferentemente, porque o fluido conserva sua imponderabilidade e suas qualidades etéreas. O corpo perispiritual e o corpo humano tem, pois, sua fonte no mesmo fluido; um e outro são matéria, posto sob dois estados diferentes. Assim, tivemos razão de dizer que o perispírito é da mesma natureza e da mesma origem que a mais grosseira matéria. Como se vê, nada há de sobrenatural, desde que se liga, por seu princípio, às coisas da natureza, das quais ele mesmo não passa de uma variedade.

Sendo o fluido universal o princípio de todos os corpos da natureza, animados e inanimados e, por conseqüência, da terra, das pedras. Moisés estava certo quando disse: "Deus formou o corpo do homem do limo da terra." Isto não quer dizer que Deus tomou terra, a petrificou e com ela modelou o corpo do homem, como se modela uma estátua com barro, como acreditaram os que tomam ao pé da letra as palavras bíblicas, mas que o corpo era formado dos mesmos princípios ou elementos que o limo da terra, ou que tinham servido para formam o limo da terra.

Moisés acrescenta: "E lhe deu uma alma vivente, feita à sua semelhança" faz , assim, uma distinção entre alma e corpo; indica que ela é de natureza diferente, que não é matéria, mas espiritual e imaterial como Deus. Diz: uma alma vivente, para especificar que nela só está o princípio de vida, ao passo que o corpo, formado de matéria, por si mesmo não vive. As palavras: à sua semelhança implicam uma similitude e não uma identidade. Se Moisés tivesse olhado a alma como uma porção da Divindade, teria dito: Deus o anima dando-lhe uma alma tirada da sua própria substância, como disse que o corpo tinha sido tirado da terra.

Estas reflexões são uma resposta às pessoas que acusam o Espiritismo de materializar a alma, porque lhe dá um envoltório semimaterial.

No estado normal, o perispírito é invisível aos nossos olhos e impalpável ao nosso tato, como o são uma infinidade de fluidos e de gases. Contudo, a invisibilidade, a impalpabilidade, e mesmo a imponderabilidade do fluido perispiritual não são absolutas. Eis por que dizemos no estado normal. Em certos casos, ele sofre, talvez, uma condensação maior, ou uma modificação molecular de natureza especial, que o torna momentaneamente visível ou tangível. É assim que se produzem as aparições. Sem que haja aparição, muitas pessoas sentem a impressão fluídica dos Espíritos pela sensação do tato, o que é o indício de um natureza material.

De qualquer maneira por que se opere a modificação atômica do fluido, não há coesão como nos corpos materiais: a aparência se forma e se dissipa instantaneamente, o que explica as aparições e as desaparições súbitas. Sendo as aparições o produto de um fluido material invisível, tornado visível por força de uma mudança momentânea na sua constituição molecular, não são mais sobrenaturais que os vapores que alternadamente se tornam visíveis ou invisíveis pela condensação ou pela rarefação. Citamos o vapor como ponto de comparação, sem pretender que haja similitude de causa e efeito.

Algumas pessoas criticaram a qualificação de semimaterial dada ao perispírito, dizendo que uma coisa é matéria ou não o é. Admitindo que a expressão seja imprópria, seria preciso adotá-la, em falta de um termo especial para exprimir esse estado particular da matéria. Se existisse um mais apropriado à coisa, os críticos deveriam tê-lo indicado. O perispírito é matéria, como acabamos de ver, falando filosoficamente, e por sua essência íntima. Ninguém poderia contestá-lo; mas não tem as propriedades da matéria tangível, tal como se a concebe vulgarmente; não pode ser submetido à análise química; porque, embora tenha o mesmo princípio que a carne e o mármore e possa tornar as suas aparências, na realidade nem é carne nem mármore. Por sua natureza etérea, tem, ao mesmo tempo, da materialidade por sua substância, e da espiritualidade por sua impalpabilidade; e a palavra semimaterial não é mais ridícula do que semiduplo e tantas outras, porque também pode se dizer que uma coisa é dupla ou não o é.

Como princípio elementar universal, o fluido cósmico oferece dois estados distintos: o de eterização ou de imponderabilidade, que pode se considerar como o estado normal primitivo, e o de materialização ou de ponderabilidade, que, de certo modo, não é senão consecutivo. O ponto intermediário é o da transformação do fluido em matéria tangível. Mas aí, ainda, não há transição brusca, porque se pode considerar os nossos fluidos imponderáveis como um termo médio entre os dois estados.

Cada um desses dois estados necessariamente dá lugar a fenômenos especiais. Ao segundo pertencem os do mundo visível, e ao primeiro os do mundo invisível. Uns, chamados fenômenos materiais, são do campo da Ciência propriamente dita; os outros, qualificados de fenômenos espirituais, porque se ligam à existência dos Espíritos, são da atribuição do Espiritismo. Mas há entre eles tão numerosos pontos de contato, que servem para mútuo esclarecimento e, como dissemos, o estudo de uns não poderia ser completo sem o estudo dos outros. É à explicação desses últimos que conduz o estudo dos fluidos de que, posteriormente, faremos assunto para um trabalho especial.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

ERNESTO BOZANO



Nasceu em 9/01/1862, em Gênova, Itália e desencarnou em 24/06/1943, na mesma localidade. Professor da Universidade de Turim, foi, antes de se converter ao Espiritismo, materialista, céptico, positivista.

Pesquisador profundo e meticuloso, escreveu mais de trinta e cinco obras, todas de caráter científico. Organizador de estudo experimental, com o valioso concurso de 76 médiuns. Elaborou nove monografias inconclusas. Essa a folha de serviço de um dos mais eruditos pensadores e cientistas italianos. Seu nome: Ernesto Bozzano.

Numa época em que o Positivismo empolgava muitas consciências, Bozzano demonstrava-lhe nítida inclinação. Dos postulados positivistas gravitou para uma forma intransigente de materialismo, o que o levou a proclamar mais tarde: Fui um positivista-materialista a tal ponto convencido, que me parecia impossível pudessem existir pessoas cultas, dotadas normalmente de sentido comum, que pudessem crer na existência e sobrevivência da alma.

O fato de representantes da Ciência oficial levarem a sério a possibilidade da transmissão de pensamento entre pessoas que vivem em continentes diferentes, a aparição de fantasmas e a existência das chamadas casas mal-assombradas escandalizava Bozzano.

Somente após ler diversas outras obras é que Ernesto Bozzano resolveu dedicar-se com afinco e verdadeiro fervor ao estudo aprofundado dos fenômenos espíritas, fazendo-o através das obras de Allan Kardec, Léon Denis, Gabriel Delanne, Paul Gibier, William Crookes, Alexander Aksakof e outros.

Como medida inicial para um estudo profundo, Bozzano organizou um grupo experimental, do qual participaram muitos professores da Universidade de Gênova.

No decurso de cinco anos consecutivos, graças ao intenso trabalho desenvolvido, esse pequeno grupo propiciou vasto material à imprensa italiana e, ultrapassando as fronteiras, chegou a vários países. Havia-se obtido a realização de quase todos os fenômenos, culminando com a materialização de seis Espíritos, de forma bastante visível, e com a mais rígida comprovação.

Dentre as mais de trinta e cinco obras escritas, citamos “A Crise da Morte”, A Hipótese Espírita e as teorias Científicas”, “Animismo ou Espiritismo”, “Comunicações Mediúnicas entre Vivos”, “Pensamento e Vontade”, “Fenômeno de Transfiguração”, “Metapsíquica Humana”, “Os Enigmas da Psicometria”, “Fenômenos de Talestesia”, etc.

O seu devotamento ao trabalho fez com que se tornasse, de direito e de fato, um dos mais salientes pesquisadores dos fenômenos espíritas, impondo-se pela projeção do seu nome e pelo acendrado amor que dedicou à causa que havia esposado e que havia defendido com todas as forças de sua convicção inabalável.

Um fato novo veio contribuir para robustecer a sua crença no Espiritismo. A desencarnação de sua mãe, em julho de 1912, serviu de ponte para demonstração da sobrevivência da alma. Bozzano realizava nessa época sessões semanais com um reduzido grupo e com a participação de famosa médium. Realizando uma sessão na data em que se dava o transcurso do primeiro ano da desencarnação de sua genitora, a médium escreveu umas palavras num pedaço de papel, as quais, depois de lidas por Bozzano o deixara assombrado. Ali estavam escritos os dois últimos versos do epitáfio que naquele mesmo dia ele havia deixado no túmulo de sua mãe.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

A caridade

Revista Espírita, agosto de 1858

PELO ESPÍRITO DE S. VICENTE DE PAULO
(Sociedade de Estudos Espíritas, sessão de 8 de junho de 1858)
Sede bons e caridosos - eis a chave do céu, posta em vossas mãos; toda a felicidade eterna está contida nesta máxima: "Amai-vos uns aos outros." Não pode a alma elevar-se às regiões espirituais senão pela dedicação ao próximo; ela não encontra felicidade e consolação senão nos arroubos da caridade. Sede bons, ajudai aos vossos irmãos, ponde de lado essa horrível chaga do egoísmo. Esse dever cumprido vos deve abrir as vias da felicidade eterna. Aliás, entre vós quem não sentirá o coração pulsar e a alegria íntima expandir-se pela prática de uma obra de caridade? Não deveríeis pensar senão nesta espécie de volúpia proporcionada por uma boa ação, com o que ficaríeis sempre no caminho do progresso espiritua1. Não vos faltam exemplos: só a boa vontade é que rareia.
Vede a multidão de homens de bem, cuja lembrança piedosa a vossa história relembra. Eu vo-los citaria aos milhares, aqueles cuja moral só tinha um fito - melhorar o vosso globo. Não vos disse o Cristo tudo quanto concerne às virtudes de caridade e do amor? Por que são postos de 1ado os seus divinos ensinamentos? Por que tapam os ouvidos às suas divinas palavras e cerram o coração a todas as suas máximas suaves?
Gostaria que a leitura do Evangelho fosse feita com mais interesse pessoa1. Mas abandonam esse livro, transformam-no em expressão vazia e letra morta; deixam ao esquecimento esse código admirável. Vossos males provém do abandono voluntário em que deixais esse resumo das leis divinas. Lede, pois, essas páginas de fogo do devotamento de Jesus e meditai-as. Eu mesmo me sinto envergonhado de ousar prometer-vos um trabalho sobre a caridade, quando penso que nesse livro encontrais todos os ensinamentos que vos devem levar às regiões celestes.
Homens, fortes, abraçai-vos; homens fracos, forjai as vossas armas, de vossa doçura e da vossa fé; tende mais persuasão, mais constância na propagação de vossa nova doutrina. Nós só vimos trazer-vos um encorajamento; é apenas para vos estimular o zelo e as virtudes que Deus permite nos manifestemos a vós. Mas se quisésseis, não necessitaríeis senão do auxílio de Deus e de vossa própria vontade. As manifestações espíritas não foram feitas para os olhos fechados e para os corações indóceis. Há entre nós, homens que devem realizar missões de amor e de caridade: escutai-os, exaltai a sua voz; fazei resplandecer os seus méritos e aos próprios sereis exaltados pelo desinteresse e pela fé viva de que vos penetrardes.
Muito extensos seriam os avisos que vos deveriam ser dados sobre a necessidade de alargamento do vosso círculo de caridade e de neles incluir todos os infelizes cujas misérias são ignoradas, todas as dores que devem ser buscadas em seus próprios redutos, para consolar em nome desta virtude divina: a caridade. Vejo com satisfação que homens eminentes e poderosos ajudam esse progresso, que deve unir todas as classes humanas - os felizes e os desgraçados. Coisa estranha! Todos os infelizes se dão as mães se ajudam reciprocamente na sua miséria. Por que são os felizes mais difíceis de ouvir a voz do infeliz? Por que há de ser uma poderosa mão terrena que tenha de dar impulso às missões de caridade? Por que não respondem com mais ardor a esses apelos? Por que deixam que a miséria, assim como o prazer, manchem o quadro da humanidade?
A caridade é a virtude fundamental, que deve sustentar todo o edifício das virtudes terrenas. Sem ela não existem as outras. Sem caridade não há fé nem esperança, porque sem a caridade não há esperança de uma sorte melhor, nem interesse moral que nos guie. Sem caridade não há fé, porque esta é um puro raio, que faz brilhar uma alma caridosa; a caridade é a sua conseqüência decisiva.
Quando deixardes que o vosso coração se abra à súplica do primeiro infeliz que vos estender a mão; quando lhes derdes sem indagar se sua miséria é fingida ou se seu mal tem um vício como causa; quando deixardes toda a justiça nas mãos divinas; quando deixardes no Criador o castigo de todas as falsas misérias; enfim, quando praticardes a caridade pelo só prazer que ela proporciona, sem visardes a sua utilidade, então sereis os filhos amados de Deus e ele vos chamará a si.
A caridade é a âncora eterna de salvação em todos os globos: é a mais pura emanação do próprio Criador; é a sua própria virtude, dada às criaturas. Como poderíeis desconhecer esta suprema bondade? Com tal pensamento, qual seria o coração bastante perverso para recalcar e repelir esse sentimento divino? Qual seria o filho suficientemente mau para se rebelar contra a doce caricia da caridade?
Não ouso falar daquilo que fiz, porque os Espíritos também tem o pudor de suas obras. Mas penso que a obra que iniciei é uma daquelas que devem contribuir muito para aliviar os vossos semelhantes. Com freqüência vejo Espíritos que pedem a missão de continuar a minha obra; vejo essas minhas suaves e queridas irmãs em seu piedoso e divino ministério; vejo-as a praticar a virtude que vos recomendo, com toda a alegria proporcionada por esta existência de devotamento e de sacrifícios. É para mim grande felicidade ver quanto seu caráter é honrado, quanto sua missão é apreciada e docemente protegida. Homens de bem, de boa e forte vontade, uni-vos para continuar, ampliando a obra de propagação da caridade. Encontrareis a recompensa nesta virtude, pelo seu próprio exercício. Não há alegria espiritual que ela não proporcione, já na presente existência. Sede unidos; amai-vos uns aos outros, conforme os preceitos do Cristo. Assim seja.
* * *
Agradecemos a S. Vicente de Paulo a bela e boa comunicação que teve a bondade de nos dar.
- Gostaria que fosse proveitosa a todos.
1.- A caridade pode ser compreendida de duas maneiras: a esmola propriamente dita e o amor dos semelhantes. Quando nos dissestes que era necessário abrir o coração ao pedido do infeliz que nos estende a mão, sem lhe perguntar se sua miséria é fingida, não quisestes falar da caridade do ponto de vista da esmola?
- Sim ; apenas nesse parágrafo.
2. - Dissestes que deveríamos deixar à justiça de Deus a apreciação de falsa miséria. Entretanto, afigura-se-nos que dar sem discernimento àqueles que não necessitam ou que poderiam ganhar a vida por um trabalho honesto, é encorajar o vício e a preguiça. Se os preguiçosos achassem facilmente aberta a bolsa alheia, multiplicar-se-iam ao infinito, em prejuízo dos verdadeiramente necessitados.
- Podeis discernir os que podem trabalhar e então a caridade vos obriga a tudo fazer para lhes proporcionar trabalho. Entretanto, também há pobres mentirosos, que sabem muito bem simular misérias que não padecem. Estes é que devem ser deixados à justiça de Deus.
3. - Aquele que apenas pode dar um centavo o que deve escolher entre dois infelizes que lhe pedem, não tem o direito do inquirir daquele que é realmente necessitado, ou deve dar sem exame ao que chega primeiro?
- Deve dar àquele que parece sofrer mais.
4. - Não se deve considerar como pertencendo à caridade a maneira por que é feita?
- E sobretudo na maneira de faze-la que está o mérito da caridade: a bondade é sempre indício de uma alma bela.
5. - Que tipo de mérito reconheceis naqueles geralmente chamados benfeitores rabugentos?
- Fazem o bem apenas pela metade. Seus benefícios são recebidos, mas não comovem.
6. - Disse Jesus: "Que a vossa mão direita não saiba o que faz a esquerda." Têm algum mérito aqueles que dão por ostentação?
- Têm apenas o mérito do orgulho, pelo qual serão punidos.
7. - A caridade cristã, na sua mais larga acepção, não compreende também a doçura, a benevolência e a indulgência para com as fraquezas alheias?
- Imitai a Jesus. Ele vos disse tudo isto. Escutai-o mais que nunca.
8. - É bem entendida a caridade, quando exclusiva entre as criaturas da mesma opinião ou do mesmo partido?
- Não. É sobretudo o espírito de seita e de partido que deve ser abolido, desde que todos os homens são irmãos. É sobre isto que nós concentramos os nossos esforços.
9. - Admitamos que uma pessoa vê dois homens em perigo, mas não pode salvar senão um. Um é sou amigo e o outro, inimigo. A quem deve salvar?
- Deve salvar o amigo, pois este poderia acusá-lo de não lhe ter amizade. Quanto ao outro, Deus há de tomar conta.