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Mensagem
"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."
Militão Pacheco
sexta-feira, 2 de dezembro de 2016
Chico e Kardec
Sugiro a leitura atenciosa do início ao final:
É natural que surjam questionamentos à confirmação, fornecida por Allan Kardec em mensagem mediúnica, de que tenha reencarnado como Chico Xavier.
É preciso analisar e esclarecer os fatos com base em informações que constam da própria Codificação e também da obra de nosso querido médium de Pedro Leopoldo, sem o que correremos o sério risco de cair em contradições.
É exatamente o que acontece quando afirma-se que Chico fora a filha do senador Públio Lentulus, encarnação de Emmanuel na época do Império Romano, como fazem alguns médiuns. Vejamos:
a) Chico não foi a filha, mas o filho de Públio Lentulus, Marcus, raptado na Judeia por André de Gioras, em represália a uma rigorosa punição aplicada a seu filho Saul pelo senador romano, na ocasião da chegada da família Lentulus à região;
b) Já no final de sua vida, ao retornar à Judeia como delegado do Imperador de então, Públio reencontra André de Gioras, então em posto de liderança na região. O judeu o reconhece, e faz o filho raptado ainda na infância, Marcus, furar os olhos de seu pai, Públio Lentulus;
c) A maior prova de que Chico fora Marcus são as dificuldades que Chico teve com sua visão, tendo ficado praticamente cego no final de sua vida;
d) O grande erro que nós espíritas cometemos é fazermos de nossos amigos espirituais grandes mitos;
e) Não há dúvida alguma da grandeza do trabalho de Chico Xavier —mas daí a achar, como temos ouvido no meio espírita, que ele é um anjo ou santo, como sugerem autores como Ranieri, há uma enorme distância.
Outra afirmação que merece nossa atenta análise é a de que Chico Xavier teria dito ser a primeira vez que encarnava no sexo masculino. Vejamos:
a) Poderia parecer, pelo comportamento do Chico, que ele tinha dificuldade de se manifestar em seu corpo masculino;
b) A nós mesmos diversas vezes perguntaram se Chico era homossexual;
c) Isso demonstra profundo desconhecimento da realidade do Espírito propriamente dito, como diz Kardec;
d) Nós, como Ego (preferimos adotar este termo para designar o Espírito propriamente dito, para evitar confusões com o Espírito desencarnado, mas ainda envolto por qualquer corpo fluídico), não temos sexo;
e) O que nós temos, como Ego, é a capacidade do manuseio de nossa força criativa através do pensamento;
f) Como nós, obrigatoriamente, temos que reencarnar em ambos os sexos para evoluir, não faz sentido imaginar que alguém com o grau de evolução (e não perfeição ou santidade, atente) de Chico Xavier estivesse encarnando pela primeira vez como homem;
g) No decorrer de nossas diversas encarnações, automatizamos em nossa mente o modo de manifestar essa força criativa como homem ou como mulher;
h) Quem define o sexo com o qual o Espírito manifestará sua força criativa enquanto encarnado é o DNA;
i) Se a combinação do DNA for XX, nosso psiquismo assumirá o automatismo feminino;
j) Se o DNA contiver a combinação XY, o psiquismo do encarnado assumirá o automatismo masculino;
k) Isso porque cada combinação dá uma formatação própria aos cérebros perispiritual e físico, que só permitirá um tipo de manifestação da força criativa.
Então o que aconteceu com o Chico?
a) Dada a enorme importância em terminar a segunda parte da Codificação —algo revelado a Kardec pelo próprio Espírito da Verdade, como veremos adiante—, Chico preparou sua encarnação para ser um celibatário ou assexuado;
b) Isso para que ele pudesse direcionar toda a sua força criativa para a sua mediunidade. Inclusive, uma das causas de sua excepcional mediunidade estava nesse fato;
c) Porém, para isso, era preciso que a força criativa de Chico Xavier fosse unificada, para que todos os conhecimentos de suas existências anteriores ficassem à disposição dos Espíritos comunicantes[1],
d) Com isso, Chico Xavier tinha à sua disposição tanto sua masculinidade quanto sua feminilidade, unidas como uma única força. Daí a dificuldade em detectar nele um comportamento característico;
e) Diga-se, porém, que Chico deixou claro não se incomodar em nada com isso.
Quanto ao livro do médium Ranieri, não podemos deixar de prestar atenção às explicações pouco compreensíveis, e mesmo na dificuldade do autor em explicar Kardec. Diz o médium que Chico tinha qualidades excepcionais e a humildade necessária para ser classificado entre as maiores figuras da humanidade:
a) Que Chico foi e é um ser humano exemplar, concordamos plenamente;
b) Mas daí a elevá-lo ao nível de anjo ou santo, que não pôde ter cometido erros em sua missão, é uma afronta a essa mesma humildade;
c) O próprio Emmanuel esclareceu isso, quando a FEB (Federação Espírita Brasileira) discordou do termo “alma gêmea” usado na obra “Há 2000 Anos”;
d) Emmanuel esclareceu, na época do questionamento da FEB, que havia sido interferência mediúnica de Chico.
Diz o referido livro: “Se dependesse de nós escolher alguém que ele [Chico Xavier] pudesse ter sido, nós escolheríamos Francisco de Assis, alma talvez mais pura que a de Allan Kardec”.
a) Nós em absoluto nos damos o direito de escolher quem foi Allan Kardec. Para fazer qualquer afirmação, baseamo-nos em fatos, pois somos conscientes que opiniões pessoais não têm valor perante nossa Doutrina;
b) Se, como afirma o autor, Chico havia sido Flávia, filha de Públio Lentulus, ele não poderia ter sido Francisco de Assis;
c) Isso porque, em “A Caminho da Luz”, Emmanuel afirma claramente ter sido este a reencarnação do apóstolo bem amado, João Evangelista;
d) Não é possível, portanto, que Chico tivesse sido Flávia e João Evangelista, tendo em vista que ambos estavam encarnados na mesma época;
e) Veja o mito e a confusão que se criou, deixando parecer que Chico era mais “puro” que Kardec.
Após tecer comparações entre Francisco de Assis e Chico Xavier, o autor diz: “Escolheríamos até João Evangelista, que segundo alguns é o mesmo Francisco de Assis. Há uma linha de evolução que torna essas criaturas herdeiras umas das outras”.
a) Aqui, Ranieri dá sua opinião, sem basear-se em fato algum. E ainda corre o risco de gerar no leitor menos atento a confusão de que um mesmo Espírito poderia estar reencarnado em dois corpos diferentes ao mesmo tempo, algo impossível, tendo em vista que Flávia e Francisco de Assis, como João Evangelista, estavam reencarnados e vivendo próximos, em Jerusalém;
b) Além disso, tendo em vista que “A Caminho da Luz” fora ditado a Chico Xavier por Emmanuel em 1938 e a obra do referido médium fora publicada em 1976, o autor demonstra neste trecho desconhecer a afirmação de Emmanuel sobre Francisco de Assis;
c) Logo, Chico Xavier não foi Francisco de Assis. E, como fica claro ao relacionar “Há 2000 Anos” à condição física da encarnação de Chico, também não foi Flávia;
d) É por isso que evitamos dar opiniões pessoais, e nos baseamos apenas em fatos.
Maior prova de que Chico foi Kardec
Porém a maior prova de que Chico Xavier foi a reencarnação de Allan Kardec está em “Obras Póstumas”. Vejamos um trecho do texto “Minha volta”, transcrito da Segunda Parte do livro, em que Kardec dialoga com o Espírito da Verdade em sua casa, em comunicação dada pela médium Sra. Schmidt:
[Espírito da Verdade] Prossegue em teu caminho sem temor; ele está juncado de espinhos, mas eu te afirmo que terás grandes satisfações, antes de voltares para junto de nós “por um pouco”.
[Kardec] Que queres dizer por essas palavras: “por um pouco”?
[Espírito da Verdade] Não permanecerás longo tempo entre nós. Terás que volver à Terra para concluir a tua missão, que não podes terminar nesta existência (grifo nosso). Se fosse possível, absolutamente não sairías daí; mas, é preciso que se cumpra a lei da Natureza. Ausentar-te-ás por alguns anos e, quando voltares, será em condições que te permitam trabalhar com mais êxito[2] (grifo nosso). Entretanto, há trabalhos que convém os acabes antes de partires; por isso, dar-te-emos o tempo que for necessário a concluí-los.
NOTA — Calculando aproximadamente a duração dos trabalhos que ainda tenho de fazer e levando em conta o tempo da minha ausência e os anos da infância e da juventude, até à idade em que um homem pode desempenhar no mundo um papel, a minha volta deverá ser forçosamente no fim deste século ou no princípio do outro.
a) Em sua observação, Kardec calcula que voltará entre fins do século 19 e começo do 20. Chico Xavier nasceu em 1910.
b) Por ser o Consolador prometido por Jesus, que viria restaurar sua obra e completá-la, o Espírito da Verdade só pode ser um Espírito perfeito;
c) Além da lógica pura, essa afirmação também é comprovada no Apocalipse, quando João, no capítulo 14, referindo-se à vinda do Espírito da Verdade, diz: “(…) vi um semelhante ao Filho do Homem (…)”;
1) Filho do Homem — Jesus, Espírito perfeito da ordem Crística;
2) Semelhante — da mesma classe espiritual de Jesus;
3) Logo, o Espírito da Verdade também é perfeito.
d) Sendo perfeito, o Espírito da Verdade não pode errar;
e) Se ele disse que Kardec reencarnaria logo, é que com certeza isso iria acontecer (“É preciso que voltes para completar a tua missão”);
f) Por favor, apresente-nos alguém que, além de Francisco Cândido Xavier, completou tão bem a segunda parte da Revelação Espírita;
g) Depois, continua o Espírito da Verdade: “(…) quando voltares, será em condições que te permitam trabalhar com mais êxito”;
h) A mediunidade de Chico, que Kardec não tinha, deu a ele a “possibilidade de trabalhar com mais êxito”, pois ele não ficou, como médium, na dependência de ninguém;
i) Novamente pedimos: apresentem-nos alguém capaz de substituir Chico Xavier nesta missão revelada a Kardec pelo Espírito da Verdade;
j) Ou o Espírito da Verdade, como Espírito perfeito, errou;
k) Ou Chico Xavier é a reencarnação de Allan Kardec.
Parece-nos óbvio que, mesmo que Chico soubesse ser a reencarnação de Kardec, ele não diria. Se isso ficasse claro, a estátua de Chico seria construída enquanto ele ainda estivesse vivo, e ele não conseguiria trabalhar.
Quanto à total mudança de personalidade, a assexualidade de Chico, como já explicamos, permitiu essa condição. E isso contrabalanceou a força criativa masculina que Kardec teve com uma força criativa feminina, que Chico também havia adquirido anteriormente. As sucessivas reencarnações como homens e mulheres permitem isso perfeitamente.
Será que o Chico disse?
É preciso cuidado com o processo de mitificação que tem envolvido os adeptos do Espiritismo. E devemos alertar nossos companheiros de Doutrina quanto à tentativa que vem sendo feita de atribuir a Chico Xavier coisas que certamente ele não disse.
A “Folha Espírita” de maio de 2011 traz um artigo dizendo que Chico teria profetizado fatos que supostamente ocorreriam em 2019. A ideia tomará corpo no livro “Não será em 2012”, a ser lançado em agosto de 2011, sobre o mesmo tema.
Segundo o artigo, com a chegada do homem à Lua em 1969, Jesus teria se reunido com os seres angelicais do Sistema Solar para deliberar sobre os destinos da Terra. Lemos:
“(…) a bondade de Jesus decidiu conceder uma última chance à comunidade terráquea, uma última moratória para a atual civilização do planeta Terra. [Preste atenção] Todas as injunções cármicas previstas para acontecer no final do século 20 foram então suspensas, pela Misericórdia dos Céus, para que nosso mundo tivesse uma última chance de progresso moral.”
O texto depois faz as contas a partir de julho de 1969 e diz que, com 50 anos de moratória, o processo apocalíptico aconteceria em julho de 2019 —ou seja, mudaram a data do “planeta chupão”, que, já sabemos, trata-se de um mito.
a) O texto dá a entender que Jesus tem dúvidas sobre o que acontece na Terra e também sobre o futuro de nosso planeta, o que é absurdo;
b) Mas se Jesus, que é o médium de Deus, não sabe direito o que vai acontecer com nosso planeta, Deus também não sabe, pois bastaria a Jesus perguntar a Deus, que é onisciente, para conhecer o futuro;
c) O artigo, baseado em palavras de um “amigo do Chico”, usa o nome mais que respeitável do médium de Pedro Leopoldo para trazer ao Espiritismo a volta de um Deus barbudo e arbitrário, que nos aponta o dedo para nos fulminar;
d) E tudo isso publicado em um jornal de respeito da Federação Espírita do Estado de São Paulo.
Mas o pior vem depois. Diz a matéria: “Algumas potências angélicas de outros orbes de nosso Sistema Solar recearam (grifo nosso) a dilatação do prazo”.
a) Segundo o texto, Espíritos perfeitos, que têm acesso ao pensamento de Deus e, portanto, conseguem antever o futuro para ajudar o Pai a manter a ordem universal, podem se desentender e ficarem receosos;
b) Por receio, discordaram da atitude de Jesus, mas tiveram que “engolir” uma imposição de nosso Cristo planetário;
c) As trevas não ficaram satisfeitas em transformar Jesus em deus do Panteão Romano com o mito da Santíssima Trindade, e agora ressuscitam as velhas brigas dos deuses da Mitologia, só que usando Jesus e os Cristos do Sistema Solar;
d) E ainda imputam tais absurdos ao nosso Chico;
e) É preciso transcender a própria ingenuidade —já que é impossível detectar maldade nas pessoas envolvidas com a divulgação de tais informações— para sequer imaginar que Chico Xavier seria capaz disso;
f) É preciso lembrar que no programa Pinga Fogo, Emmanuel, através de Chico, esclareceu que todo o processo de transição que estamos passando terminaria por volta de 2057;
g) Sem dúvida, Emmanuel, no início dos anos 1970, já estava sabendo que tudo isso iria acontecer;
h) Se Emmanuel sabia, imagine Jesus.
Está claro que já há algum tempo as trevas estão se aproveitando da ingenuidade de uns e da vaidade de outros para espalhar a confusão no meio espírita.
Mas com bom senso nada temos a temer, pois a Revelação Espírita, como base da regeneração do mundo, está nas mãos de Jesus e do Espírito da Verdade. Este, apesar de esquecido pelos Espíritas, nunca deixou de velar por ela.
Tenhamos muito cuidado, portanto, com “o Chico disse”.
[1] Ver explicação sobre o animismo nas comunicações espíritas concedidas pelo instrutor Áulus a André Luiz no livro “Nos domínios da mediunidade”.
[2] Utilizamos aqui a 11a edição de “Obras Póstumas”, da LAKE, com tradução de João Teixeira de Paula, que traduz a expressão idiomática francesa “de bonne heure” (com mais êxito) com mais acerto que a edição da FEB (mais cedo).
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