Mensagem

"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."

Militão Pacheco

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O Pensamento



"O que se pensa sempre responde pelo clima emocional onde se vive. Mede-se, pois, a psicosfera de alguém pela incidência freqüente do seu pensamento, no que elege.

A inteireza moral é uma defesa para qualquer tipo de agressão, difícil de atingida; a conduta digna irradia forças contrárias às investidas perniciosas; o hábito da prece e da mentalização edificante aureola o ser de força repelente que dilui as energias de baixo teor vibratório; a prática do bem fortalece os centros vitais do perispírito que rechaça, mediante a exteriorização de suas moléculas, qualquer petardo portador de carga danosa; o conhecimento das leis da Vida reveste o homem de paz, levando-o a pensar nas questões superiores sem campo de sintonia para com as ondas carregadas de paixão e vulgaridade".

Autor: Manoel Philomeno de Miranda (espírito)
Psicografia de Divaldo Franco. Livro: Loucura e Obsessão

O Espiritismo é a Luz.



“O Espiritismo se nos apresenta como o roteiro de segurança para o equilíbrio do espírito do homem. Desfazendo as ilusões da matéria e vencendo as sombras transitórias que vedam as visões do Mundo Espiritual, apresenta-nos as causas reais de cujos efeitos e somente neles, até agora, se há detido o pensamento da pesquisa tecnológica; suas asseverações rigorosamente filosóficas conseguiram avançar além da própria Filosofia no seu conjunto classicista, porque, em saindo da interrogação pura e simples, da indagação meramente vazia e das conjunturas da hipóteses, traz das realidades metafísicas as soluções morais e vitais para o enigma-homem, que se deixa de quedar perturbado pelas incógnitas diversas, para palmilhar a senda dos fatos, de cujo contexto extrai a realidade ontológica legítima que o capacita a avançar intimorato, embora as circunstâncias, condições e climas morais, sob cuja constrição evolui na direção do infinito. Sim, porque não são os homens que realizam espontaneamente incursões no além-túmulo, mas, e principalmente, os vitoriosos da sepultura vencida que retornam, cantando a ressurreição da vida após a lama e a cinza do corpo, a repetirem incessantemente a lição imorredoura do Cristo, na manhã gloriosa do domingo, logo após a sua morte, como Astro fulgurante, atestando desse modo a indestrutibilidade do espírito e, conseqüentemente, as sucessivas transformações da vida para atingir a sublimação. Religião do amor e da esperança, pábulo eucarístico pelo qual o homem pode comungar com a imortalidade, é o lenitivo para a saudade do desconforto ante a ausência dos seres amados que o túmulo arrebatou, mas não lhes conseguiu silenciar a voz; esperança dos padecentes que sofrem as ácidas angústias de hoje, compreendendo serem elas o resultado da própria insânia do passado, porém, com os olhos fitos na esplendorosa visão do amanhã, que lhes está nas mãos apressar e construir; praia de paz, na qual repousam em dinâmica feliz os nautas aflitos e cansados do trânsito difícil no mar das lutas carnais; santuário de refazimento através da prece edificante; escola de almas, que aprendem no estudo das suas informações preciosas e das suas lições insuperáveis a técnica de viver para fruírem a benção de morrer nobremente; hospital de refazimento para os trânsfugas do dever, que nele encontram o bálsamo para a chaga física, mental, moral; todavia, recebem a diretriz para amar e perdoar, a fim de serem perdoados e amados pelos que feriram e infelicitaram; ‘colo de mãe’ generosa é o amparo da orfandade, preparando-a para o porvir luminoso, já que ninguém é órfão do amor do Nosso Pai; abrigo da velhice, portal que logo abrirá de par-em-par a aduana da Imortalidade; oficina de reeducação onde a miséria desta ou daquela natureza encontra a experiência do trabalho modelador de caracteres a serviço das fortunas do amor; traço de união entre a criatura e o Criador, religando-os e reaproximando-os, até que a plenitude da paz possa cantar em cada criatura, à semelhança do que o Apóstolo das gentes afirmava: ‘Já não sou eu quem vivo, mas é o Cristo que vivem em mim’. (Gálatas, 2: 20).
As altas responsabilidades conseqüentes do conhecimento do Espiritismo, forjam homens verazes, cristãos legítimos. Neles não há campo para a coexistência pacífica do erro com a retidão, da mentira com a verdade, da dissimulação com a honestidade, da lealdade com a hipocrisia, da maledicência com a piedade fraternal, da ira com o amor... Compreendendo que ser espírita é traçar na própria conduta o comportamento do Cristo, a exemplo de todos aqueles que O seguiram, e consoante preceitua o eminente apóstolo Allan Kardec, o aprendiz da lição espírita é alguém em combate permanente pela própria transformação moral, elevação espiritual e renovação mental, com vistas à perfeição que a todos nos acena e espera.”

Livro: Nos Bastidores da Obsessão / Manoel Philomeno de Miranda (espírito)
Psicografia: Divaldo Franco.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

A Religião dos homens e a Religião de Deus.



Autor: Caírbar Schutel

"Tendes ouvido o que foi dito: Amarás o teu próximo e aborrecerás ao teu inimigo. Eu porém vos digo: Amai aos vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem, para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos Céus, porque Ele faz nascer o seu Sol sobre os bons e sobre os maus, e vir suas chuvas sobre os justos e injustos. Porque, se amardes aos que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos o mesmo? E se saudardes somente aos vossos irmãos, que fazeis de especial? Não fazem os gentios também o mesmo? Sede vós, pois, perfeitos, como o vosso Pai celestial é perfeito". (Mateus, V, 43-48. )

"Mas os fariseus, sabendo que Jesus fizera calar os saduceus, reuniram-se; e um deles, doutor da lei, para o experimentar, fez-lhe esta pergunta: Mestre, qual é o grande mandamento da lei?

"Respondeu-lhe Jesus: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. E o segundo semelhante a este é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Estes dois mandamentos resumem toda a lei e os profetas". (Mateus, XXII, 34-40. )

A religião dos homens não é a religião de Deus. A religião dos homens se resume nos sacramentos: batismo, confissão, crisma, matrimônio, missas, extrema-unção, procissões, festas, dias-santos.

A religião de Deus é caridade, misericórdia, paz, paciência, tolerância, perdão, amor a Deus, amor ao próximo.

A religião dos homens é misericórdia sujeita ao numerário.

A religião de Deus está isenta do dinheiro do mundo.

A religião dos homens circunscreve a razão e o sentimento, prescrevendo a ignorância; não admite a evolução.

A religião de Deus reclama o estudo e proclama o progresso.

A religião dos homens consiste em dogmas e mistérios que a consciência repele e o sentimento repudia.

A religião de Deus derruba as barreiras do sobrenatural e afirma que nunca disse, nem dirá a última palavra, porque é de evolução permanente.

A religião dos homens escraviza as almas, escraviza a inteligência, anula a razão, condena a análise, a investigação, o livre-exame.

A religião de Deus manda ao indivíduo, como Paulo, examinar tudo, crescer em todo o conhecimento, fazer o estudo crítico do que lhe for apresentado para separar o bom do mau e não ter tropeço no "dia do Cristo".

A religião dos homens não tem espírito: para ela o Evangelho é letra-morta, não tem a palavra de Jesus; seus santos são de pau e barro; suas virtudes, de incenso e alfazema; suas obras são folguedos, festanças com alarido de sinos, de foguetes, de fanfarra; seus ornamentos, de fitas e papéis de cores.

A religião de Deus é vivificada pelo Espírito da vida eterna, é acionada pelas Revelações sucessivas, baseia-se na palavra de Jesus, nos Evangelhos, nas Epístolas Apostólicas. Seus santos são espíritos vivos, puros, ou que se estão purificando e que vêm comunicar-se com os homens na Terra, para guiá-los à verdade; suas virtudes são as curas dos enfermos operadas por esses Espíritos, as manifestações de materializações, de transportes, de fotografia, que vem dar a certeza da imortalidade e estabelecer a verdadeira fé.

A religião dos homens é a aflição, o desespero, a morte; ao doente ela só oferece a confissão auricular; ao agonizante a extrema-unção e depois da morte o De-Profundis com as subseqüentes missas, que constituem um gravame eterno para a família do morto.

A religião de Deus é a consolação, a esperança, a vida: ao doente dá remédios, fluidos divinos para lenir o sofrimento; ao agonizante desvenda o reino da imortalidade e afirma o prosseguimento da vida independente da vida na Terra; dá de graça a misericórdia, cerca o paciente de amor e a todos recomenda a oração gratuita como meio de auxiliar os que sofrem.

A religião dos homens é composta de uma hierarquia que começa no pequeno cura de aldeia para se elevar através das dignidades de cônego, monsenhor, bispo, arcebispo, cardeal, ao caporal maior, o Sumo Pontífice Infalível, o Papa; cada qual se distingue pela tonsura, vestimenta, rubis, pedrarias de esmeraldas, brilhantes, diamantes e roupagens de seda, de púrpura, de holanda: obrigando o hábito a fazer o monge.

A religião de Deus é ministrada pelo Espírito, por intermédio dos dons espirituais de que fala o grande apóstolo da luz em sua gloriosa Epístola, hoje de divulgação mundial; ela não distingue o religioso, o cristão, pelo hábito, pela opa, pela batina, pelos anéis, pela coroa, pela mantilha, pelos rosários, pelas medalhas, pelas cruzes, porque qualquer tartufo ou "tartufa" pode usar essas insígnias; mas reconhece o cristão, o religioso pelo caráter, pelo critério, pela fé que dele emana, pela caridade que o caracteriza, pela esperança não fingida que manifesta.

A religião dos homens persegue, anatematiza, odeia e calunia os que são descrentes.

A religião de Deus perdoa, ora, auxilia, serve e ampara seus próprios perseguidores, detratores, caluniadores e adversários.

A religião dos homens se ilumina à luz do azeite, da cera, da eletricidade.

A religião de Deus é a luz do Mundo e de todo o Universo. A religião dos homens é insípida, corruptível; usa o sal material.

A religião de Deus é o sal da Terra: conserva, transforma, purifica.

A religião dos homens tem igrejas de pedra, de terra, de cal, de ferro, de madeira.

A religião de Deus tem por igreja, como disse o apóstolo, almas, Espíritos vivificantes.

As igrejas dos homens são de matéria inerte, caem ao embate dos ventos, das tempestades, das correntezas.

Contra a Igreja de Deus os elementos não prevalecem; ela é imperecível e se nos mostra cada vez mais viva, mais luminosa.

A religião dos homens é a opressão, o orgulho, o egoísmo, a mercancia.

A religião de Deus é a da liberdade, da humildade, do amor, do desinteresse. A religião dos homens não é a religião de Deus: a religião dos homens é a dos homens e para os homens.

A religião de Deus é a luz universal que proclama a verdade, o caminho e a vida, repetindo a palavra do incomparável sábio e santo, Jesus o Cristo: Amai os vossos inimigos; orai pelos que vos caluniam; que a vossa justiça seja maior que a dos escribas e fariseus; amai a Deus e ao próximo, porque neste amor se fundam a lei e os profetas; sede perfeitos como perfeito é o vosso Pai celestial!

Extraído do livro: Parábolas e Ensinos de Jesus

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

O credo, a religião do Espiritismo.



Crer em um Deus Todo-Poderoso, soberanamente justo e bom; crer na alma e em sua imortalidade; na preexistência da alma como única justificativa do presente; na pluralidade das existências como meio de expiação, de reparação e de adiantamento intelectual e moral; na perfectibilidade dos seres mais imperfeitos; na felicidade crescente na perfeição; na eqüitativa remuneração do bem e do mal, segundo o princípio: a cada um segundo as suas obras; na igualdade da justiça para todos, sem exceções, favores nem privilégios para nenhuma criatura; na duração da expiação limitada à da imperfeição; no livre arbítrio do homem, que lhe deixa sempre a escolha entre o bem e o mal; crer na continuidade das relações entre o mundo visível e o mundo invisível, na solidariedade que religa todos os seres passados, presentes e futuros, encarnados e desencarnados, considerar a vida terrestre como transitória e uma das fases da Vida do Espírito, que é eterno; aceitar corajosamente as provações, tendo em vista o futuro mais invejável do que o presente; praticar a caridade em pensamentos, em palavras e em ações na mais ampla acepção da palavra; se esforçar cada dia para ser melhor do que na véspera, extirpando alguma imperfeição de sua alma; submeter todas as suas crenças ao controle do livre exame e da razão, e nada aceitar pela fé cega; respeitar todas as crenças sinceras, por irracionais que nos pareçam, e não violentar a consciência de ninguém; ver, enfim, nas diferentes descobertas da ciência a revelação das leis da Natureza, que são as leis de Deus: eis o Credo, a religião do Espiritismo, religião que pode se conciliar com todos os cultos, quer dizer, com todas as maneiras de adorar a Deus. É o laço que deve unir todos os Espíritas em uma santa comunhão de pensamentos, à espera que uma todos os homens sob a bandeira da fraternidade universal.

Com a fraternidade, filha da caridade, os homens viverão em paz, se poupando os males inumeráveis que nascem da discórdia, filha, a seu turno, do orgulho, do egoísmo, da ambição, do ciúme e de todas as imperfeições da Humanidade.

O espiritismo dá aos homens tudo o que é preciso para sua felicidade neste mundo, porque lhes ensina a se contentarem com aquilo que têm; que os Espíritos sejam, pois, os primeiros a aproveitarem os benefícios que ele traz, e que inaugura entre eles o reino da harmonia, que resplandecerá nas gerações futuras.

Os Espíritos que nos cercam aqui são inumeráveis, atraídos pelo objetivo que nos propusemos em nos reunindo, a fim de darem aos nossos pensamentos a força que nasce da união.

Doemos àqueles que nos são caros uma boa lembrança e um testemunho de nossa afeição, os encorajamentos e as consolações àqueles que deles têm necessidade. Façamos de maneira que cada um receba a sua parte dos sentimentos de caridade benevolente, da qual estaremos animados, e que esta reunião traga os frutos que todos estão no direito de esperá-los.

Texto retirado do discurso de abertura proferido por Allan Kardec à Sessão Anual Comemorativa dos Mortos, na Sociedade de Paris, em 1o de novembro de 1868, sob o tema “O Espiritismo é uma Religião?”. O conteúdo pode ser lido integralmente na Revista Espírita, Jornal de Estudos Psicológicos, 11º ano, nº 12, de dezembro de 1868 – Revue Spirite Journal d’Études Psychologiques, publié sous la direction de ALLAN KARDEC.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Do maravilhoso e do sobrenatural



Autor: Suely Caldas Schubert

Para os que consideram a matéria a única potência da Natureza, tudo o que não pode ser explicado pelas leis da matéria é maravilhoso, ou sobrenatural, e, para eles, maravilhoso é sinônimo de superstição".

"A explicação dos fatos que o espiritismo admite, de suas causas e conseqüências morais, forma toda uma ciência e toda uma filosofia, que reclamam estudo sério, perseverante e aprofundado". Allan Kardec. ( "O Livro dos Médiuns", Primeira Parte. Cap.II, Itens 10 e 14, n.º 7º)

Os fenômenos mediúnicos são de todos os tempos e estão em todas as raças. Ao longo da história dos povos a intervenção dos Espíritos é como um sopro forte, agitando, sacudindo, alterando o clima psíquico dos homens.

Essas presenças imateriais, constantes, vivas e atuantes entrevistas por muitos, pressentidas por outros, transformam-se, ao sabor das fantasias de mentes imaturas, em fatos maravilhosos e sobrenaturais coloridos com as tintas fortes da imaginação.

E à medida que o tempo avança a tradição oral se encarrega de transmitir os fatos maravilhosos de geração em geração, naturalmente acrescidos dos matizes regionais, o que depois veio a constituir-se no folclore característico de cada região. Muita coisa hoje considerada folclórica teve a sua origem em fatos mediúnicos, destes decorrendo superstições as mais diversas, profundamente enraizadas na alma do povo. Desde o feiticeiro, na mais antiga, remota e primitiva das aldeias indígenas, que pratica a sua medicina numa tentativa de esconjurar os maus Espíritos e atrair os bons, até o nosso sertanejo, o homem simples do povo, que e apega às simpatias e sortilégios para garantir a sua defesa contra os mesmos maus Espíritos e granjear a proteção dos bons, vemos o conhecimento espontâneo, intuitivo e natural que o ser humano tem da imortalidade da alma e da comunicabilidade entre os "mortos"e os vivos. Desta certeza originam-se, evidentemente, os cultos afros, tão difundidos em nosso país, mas herança de uma pátria distante, numa amálgama muito bem elaborada de religião e folclore.

Muitas lendas - algumas bem antigas - são até hoje bastante propaganadas em nosso sertão. É o caso, por exemplo, da "mula-sem-cabeça"que ainda prossegue apavorando, pois vez que outra a lenda se vitaliza com a notícia de novas aparições da monstruosa criatura. A lógica nos faz deduzir que tal lenda nasceu da aparição de algum Espírito zombeteiro e maldoso que se deixava ver nesta forma para aterrorizar as pessoas, com que se diverte e compraz. igualmente as aparições de lobisomens, sacis, boitatás, etc.

Allan kardec elucida a respeito, em "O Livro dos Médiuns".

"(...) Mas, também já temos dito que o Espírito, sob seu envoltório semimaterial, pode tomar todas as espécies de formas, para se manifestar. Pode, pois, um Espírito Zombeteiro aparecer com chifre e garras, se assim lhe aprouver, para divertir-se à custa da credulidade daquele que o vê, do mesmo modo que um Espírito bom pode mostrar-se com asas e com uma figura radiosa."(Cap. VI, Item 113-ª)

Embora muitas crendices tenham-se originado de fatos mediúnicos, há ainda uma enorme variedade de superstições que nada têm a ver com eles e são conseqüência da ignorância e do temor ante o desconhecido.

Em decorrência surgiram as fórmulas mágicas, as simpatias, os talismãs como recursos de defesa.

Assevera kardec:

"Assim, o Espiritismo não aceita todos os fatos considerados maravilhosos, ou sobrenaturais. Longe disso, demonstra a impossibilidade de grande número deles e o ridículo de certas crenças, que constituem a superstição propriamente dita". (Cap. II da Primeira Parte, Item 13. Ob. Cit.)

A Doutrina Espírita tem explicação lógica e racional para todas as coisas e situações da vida. lançando luz sobre problemas considerados inextricáveis, esclarece com raciocínio claro e insofismável tudo o que está ao alcance da mente humana. Essas explicações são simples e objetivas, despojadas de misticismo e quaisquer crendices. Não se justifica, portanto, que entre os espíritas sejam cultivadas certas crenças , sejam adotadas atitudes que constituem um misto de ritualismo superstições. É exatamente na prática mediúnica que mais se encontram estes resquícios.

A fé, sob o domínio do pensamento mágico, é novamente envolvida nos véus dos mistérios e, não sendo raciocinada, deixa de esclarecer e libertar.

Concessões vão sendo feitas, gradativamente, até que ao final já não exista quase nada que lembre a Doutrina Espírita qual a deturpação e práticas estranhas enxertadas.

Não se justifica que a mediunidade seja encarada em nosso meio como alguma coisa sobrenatural e os médiuns como pessoas portadoras de um dom maravilhoso que as torna seres da parte, diferentes dos demais. Tudo isto é fruto, unicamente da falta de estudo doutrinário. E quando a Codificação jaz esquecida e os postulados básicos da Doutrina Espírita sequer são conhecidos, restará apenas o mediunismo ou o sincretismo religioso. Neste campo o maravilhoso e o sobrenatural imperam.

A Doutrina Espírita não é isto. Não podemos contemporizar quanto ao nosso testemunho de fidelidade doutrinária. E este testemunho deve ser prestado, sobretudo, dentro da Casa Espírita, no seu dia-a-dia. Por essa razão não se pode postergar o estudo da obra de kardec, estudo este que deve ser metódico e constante.

Pode ser que assim, penetrando no sentido cada vez mais profundo do que seja o Espiritismo no seu todo global, abrangente, consigamos um pouco do bom senso, da lógica e da firmeza que eram apanágio do Codificador.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Simplicidade e Grandeza do Espiritismo



A Doutrina Espírita, por seus fundamentos e desdobramentos próprios de seu conteúdo doutrinário, é grandiosa por várias razões. Entre elas, destacam-se os benefícios diretos do esclarecimento à mente humana, embasados na mais perfeita lógica e bom senso, além do conforto ao coração pelo consolo próprio da mensagem totalmente estruturada no Evangelho de Jesus.

Suas respostas aos extensos questionamentos humanos, todas construídas nas bases da ciência, da filosofia e da religião, aliás tríplice aspecto de seus fundamentos, atendem a todos os estágios do intelecto humano, desde que a pessoa se liberte de preconceitos e aceite estudar para conhecer ao menos, ainda que a título cultural, pois que a Doutrina Espírita deseja apenas ser conhecida, nunca imposta.

Suas bases inspiram o amor ao próximo, no amplo sentido da caridade, dispensam quaisquer formalismos ou rituais, convidam à fé racional e estimulam o auto-aprimoramento e o trabalho no bem como ferramentas de conquista do mérito da felicidade acessível a qualquer pessoa.

Por isso, estão distantes da prática espírita as manifestações de vaidade, da autopromoção, da imposição de idéias, dos abusos de qualquer espécie, da exploração da fé e mesmo a obtenção de quaisquer vantagens. E como agora a idéia espírita já encontra ampla aceitação no meio popular, surgem os perigos da infiltração de idéias e posicionamentos estranhos à simplicidade e grandeza da mensagem espírita.

É onde surge o exibicionismo ou a publicação de obras estranhas, com ideologias conflitantes com a pureza dos princípios espíritas, comprometendo a lógica e o bom senso tão bem expressos na genuína literatura espírita. É onde surgem o uso de termos exóticos, de difícil compreensão para o grande público, complicando a simplicidade dos ensinos.

Eventos ou promoções inacessíveis à grande massa popular, distanciando o pensamento confortador de Jesus das angústias do povo... E mais os festivais de vaidades que humilham ou exigências descabidas, totalmente incoerentes com a simplicidade dos ensinos do amor trazidos pelo Mestre da Humanidade.

Mas é na literatura e na tribuna, talvez, sem contar as alfinetadas próprias do difícil relacionamento humano, que estamos nos comprometendo mais. É quando não simplificamos os ensinos e desejamos dar demonstrações intelectuais ao invés de nos preocuparmos com a clareza própria do Espiritismo. Temos que “mastigar” os ensinos para a mente popular, temos que fazer chegar a grandeza do Espiritismo no cotidiano das dificuldades que a pessoa está enfrentando para que possa superar seus dramas e angústias.

Ninguém nega, todavia, que há eventos, estudos e literatura específica que exigem mais qualificação e direcionamento específico.

Mas complicar algo tão simples e ao mesmo tempo grandioso, inventar teorias, preocupar-se com opiniões pessoais, desejar projetar-se através de teorias esdrúxulas, estranhas e incoerentes, já é outra coisa que situa-se muito distante da proposta de renovação e aprimoramento trazida pelo Espiritismo.

Que possamos despertar dessa letargia de uma concorrência que tenta sobrepor-se ao próprio Espiritismo para voltarmos a atenção devida e merecida à tarefa que mutuamente assumimos de honrar o conhecimento libertador da extraordinária Doutrina Espírita.

Livros ou teorias estranhas ao Espiritismo, que tentam impor idéias esdrúxulas?

Basta seguir o conselho de Erasto em O Livro dos Médiuns*: “(...) Desde que uma opinião nova se apresenta, por pouco que nos pareça duvidosa, passai-a pelo crivo da razão e da lógica; o que a razão e o bom senso reprovam, rejeitai ousadamente; vale mais repelir dez verdades do que admitir uma só mentira (...)”.

*capítulo XX, item 230

domingo, 26 de outubro de 2008

O Pensamento



"O que se pensa sempre responde pelo clima emocional onde se vive. Mede-se, pois, a psicosfera de alguém pela incidência freqüente do seu pensamento, no que elege.

A inteireza moral é uma defesa para qualquer tipo de agressão, difícil de atingida; a conduta digna irradia forças contrárias às investidas perniciosas; o hábito da prece e da mentalização edificante aureola o ser de força repelente que dilui as energias de baixo teor vibratório; a prática do bem fortalece os centros vitais do perispírito que rechaça, mediante a exteriorização de suas moléculas, qualquer petardo portador de carga danosa; o conhecimento das leis da Vida reveste o homem de paz, levando-o a pensar nas questões superiores sem campo de sintonia para com as ondas carregadas de paixão e vulgaridade".

Autor: Manoel Philomeno de Miranda (espírito)
Psicografia de Divaldo Franco. Livro: Loucura e Obsessão

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Sugestão de Leitura Espírita



Reencontro com a Vida
Divaldo Franco, pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda

É uma obra riquísima de esclarecimentos do nobre benfeitor espiritual Manoel Philomeno de Miranda, demonstrando que morrer significa somente passar de uma situação vibratória para outra. Assim, devemos cumprir o nosso dever e evoluir ao máximo na Terra, pois, em algum momento, voltaremos à nossa verdadeira casa: o Mundo Espiritual. Desse modo, devemos estar preparados para este momento, tanto com a evolução moral, quanto com a evolução intelectual. É uma obra magnífica!

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Os Bons Médiuns




Inerente a todos os seres humanos, a faculdade mediúnica expressa-se de maneira variada, conforme a estrutura evolutiva, os recursos morais, as conquistas espirituais de cada indivíduo.

Incipiente em uns e ostensiva noutros, pode ser considerada com a peculiaridade psíquica que permite a comunicação dos homens com os Espíritos, mediante cujo contributo inúmeras interrogações e enigmas encontram respostas e elucidações claras para o entendimento dos reais mecanismos da existência física na Terra.

Distúrbios psíquicos inexplicáveis, desequilíbrios orgânicos injustificáveis, transtornos comportamentais e dificuldades nos relacionamentos sociais e afetivos, malquerenças e aflições íntimas destituídas de significado, exaltação e desdobramentos da personalidade, algumas alucinações visuais e auditivas, na mediunidade encontram seu campo de expansão, refletindo os dramas espirituais do ser, que procedem das experiências anteriores à atual existência física, alguns transformados em fenômenos obsessivos profundamente perturbadores.

Mal compreendida por largo tempo através da História, foi envolta em mitos e cercada de superstições, que nada têm a ver com a sua realidade.

Sendo uma percepção da alma encarnada cujo conteúdo as células orgânicas decodificam, não significa manifestação de angelitude ou de santificação, como também não representa punição imposta por Deus, a fim de alcançar os calcetas e endividados perante as Soberanas Leis.

Existente igualmente no ser espiritual, é uma faculdade do Espírito que, através dos delicados equipamentos sutis do seu perispírito, faculta o intercâmbio entre os desencarnados de diferentes esferas da Erraticidade.

Dessa maneira, não se trata de um calvário de padecimentos intérminos em cujo curso a tristeza e o sofrimento dão-se as mãos, como pretendem alguns portadores de comportamento masoquista, mas também não é característica de superioridade moral, que distingue o seu possuidor em relação às demais pessoas.

Pode ser considerada como a moderna escada de Jacó, que permite a ascensão espiritual daquele que se lhe dedica com abnegação e devotamento.

Semelhante às demais faculdades do ser humano, exige cuidados especiais, quais aqueles que se dispensam à inteligência, à memória, às aptidões artísticas e culturais...

O conhecimento do seu mecanismo torna-se indispensável para que seja exercida com seriedade, ao lado de cuidados outros que se lhe fazem essenciais, quais sejam, a identificação da lei dos fluidos, a aplicação dos dispositivos morais para o aperfeiçoamento incessante, a disciplina dos equipamentos nervosos, as disposições superiores para o bem, o nobre e o edificante.

Neutra, sob o ponto de vista ético-moral, qual ocorre com as demais faculdades, é direcionada pelo seu portador, que se encarrega de orientá-la conforme as próprias aspirações, perseguindo os objetivos elevados, que são a meta essencial da reencarnação.

À medida que o médium introjeta reflexões em torno do seu conteúdo valioso, mais se lhe dilatam as possibilidades, que, disciplinadas, facultam ensejo para a produção de resultados compatíveis com o direcionamento que se lhe aplique.

A observação cuidadosa dos sintomas através dos quais se expressa, favorece a perfeita identificação daqueles que se comunicam e podem contribuir em favor do progresso moral do medianeiro.

O hábito do silêncio interior e da quietação emocional faculta-lhe a captação das ondas que permitem o intercâmbio equilibrado, ampliando-lhe a área de serviços espirituais.

Concessão divina para a Humanidade, é a ponte que traz de volta aqueles que abandonaram o corpo físico ou que dele foram expulsos, sem que deixassem a vida, comprovando-lhes a imortalidade em triunfo.

Ante a impossibilidade de ser alcançada a perfeição mediúnica, face à condição predominante de mundo de provações que caracteriza o planeta terrestre e tipifica os seus habitantes por enquanto, cada servidor deve lutar para adquirir a qualidade de bom médium, isto é, aquele que comunica com facilidade, que se faz instrumento dócil aos Espíritos que o utilizam sob a orientação do seu Mentor.

Nunca se acreditando imaculado, sabe que pode ser vítima da mistificação dos zombeteiros e maus, não a temendo, mas trabalhando por sutilizar as suas percepções psíquicas e emocionais, e elevando-se moralmente para atingir patamares mais enobrecidos nas faixas da evolução.

A facilidade com que os desencarnados o utilizam, especialmente por estar disponível sempre que necessário, propicia-lhe maior sensibilidade e o credencia ao apoio dos Guias da Humanidade, que o cercam de carinho e o inspiram para a ascensão contínua.
Consciente dos próprios limites e das infinitas possibilidades da Vida, reconhece o quanto necessita de transformar-se interiormente para melhor, a fim de ser enganado menos vezes e jamais enganar aos outros, pelo menos conscientemente.

A disciplina e o equilíbrio moral, os pensamentos e as ações honoráveis, o salutar hábito da oração e da meditação, precatam-no das investiduras dos maus e perversos que pululam em toda parte, preservando-lhe os sutis equipamentos mediúnicos dos choques de baixo teor vibratório que lhes são inerentes, ajudando-o, assim, a manter contato com esses infelizes, quando necessário, porém, sob o controle dos Guias que os conduzem, jamais ao paladar e apetite da loucura que os avassala.

O bom médium é simples e sem as complexidades do agrado da ignorância, do egoísmo e da presunção, cujas conquistas são internas e que irradia os valores morais de dentro para fora, qual antena que possui os requisitos próprios para a captação das ondas que serão transformadas em imagens sonoras, visuais ou portadoras de força motriz para muitas finalidades.

Quando esteja açodado pelas conjunturas difíceis ou afligido pelas provações iluminativas, que fazem parte do seu processo de evolução, nunca deve desanimar, nem esperar fruir de privilégios, que os não possui, seguindo fiel e tranqüilo no desempenho da tarefa que lhe diz respeito, preservando a alegria de viver, servir e amar.

O trabalho edificante será sempre o seu apoio de segurança, que o fortalecerá em todos os momentos da existência física, nunca se refugiando na inoperância, que é geradora de mil males que sempre perturbam.

Porque identifica as próprias deficiências, não se jacta da faculdade que possui, reconhecendo que ela pode ser bloqueada ou retirada, empenhando-se para torná-la uma ferramenta de luz a serviço do Amor em todos os instantes.

Os bons médiuns, que escasseiam, em razão da momentânea inferioridade humana, são os instrumentos hábeis para contribuírem em favor do Mundo Novo de amanhã, quando a mediunidade, melhor compreendida e mais bem exercida, se tornará uma conquista valiosa do espírito humano credenciado para a felicidade que já estará desfrutando.

Autor: Manoel Philomeno de Miranda
Psicografia de Divaldo Franco

Histórias Verdadeiras de Chico Xavier

esta, contada pelo Divaldo:

O mais bonito, não eram apenas as visitas que o Chico fazia com os grupos, mas aquelas anônimas que ele realizava pela madrugada, quando saía sozinho para levar seu conforto moral à famílias doentes, a pessoas moribundas, às vezes acompanhado por um amigo para assessorá-lo, ajudá-lo, pois já portava alguns problemas de saúde, mas sem que ninguém o soubesse.

Ali estava a maior antena paranormal da humanidade dos últimos séculos, apagando este potencial para chorar com uma família que tinha fome.

Ele contou-me que tinha o hábito, em Pedro Leopoldo, de visitar pessoas que ficavam embaixo de uma velha ponte numa estrada abandonada, e que ruíra.

Iam ele, sua irmã Luiza e mais duas ou três pessoas muito pobres de sua comunidade.

À medida que eles aumentavam a freqüência de visitas, os necessitados foram se avolumando, e mal conseguiam víveres para o grupo, pois que os seus salários eram insuficientes, e todos eram pessoas de escassos recursos.

O esposo de Luíza, que era fiscal da prefeitura, recolhia, quando nas feiras-livres havia excedente, legumes e outros alimentos, e que eram doados para distribuir anonimamente, nos sábados, à noite, aos necessitados da ponte.

Houve, porém, um dia em que ele, Luíza e suas auxiliares não tinham absolutamente nada; decidiu-se então, não irem, pois aquela gente estava com fome e nada teriam para oferecer. Eles também estavam vivendo com extremas dificuldades.

Foi quando apareceu-lhe o espírito do Dr. Bezerra de Menezes, que sugeriu colocassem alguns jarros com água, que ele iria magnetizá-los para serem distribuídas, havendo, ao menos, alguma coisa para dar.

Ele assim o fez, e o Espírito benfeitor, utilizando-se do seu ectoplasma bem como o das demais pessoas presentes, fluidificou o líquido.

Esse adquiriu um suave perfume, e então o Chico tomou as moringas e, com suas amigas, após a reunião convencional do sábado, dirigiram-se à ponte. Quando lá chegaram encontraram umas 200 pessoas, entre crianças, adultos, enfermos em geral, pessoas com graves problemas espirituais, necessitados.

'Lá vem o Chico, dona Luíza' - gritaram e ele, constrangido e angustiado, por ter levado apenas água (o povo nem sabia o que seria água magnetizada, fluidificada) , pretendeu explicar a ocorrência.

Levantou-se e falou:

- 'Meus irmãos, hoje nós não temos nada' - e narrou a dificuldade. As pessoas ficaram logo ofendidas, tomando atitudes de desrespeito, e ele começou a chorar. Neste momento, uma das assistidas levantou-se e disse:

' - Alto lá! Este homem e estas mulheres vêm sempre aqui nos ajudar, e hoje, que eles não têm nada para nos dar, cabe-nos dar-lhes alguma coisa. Vamos dar-lhes a nossa alegria, vamos cantar, vamos agradecer a Deus.'

Enquanto ela estava dizendo isso, apareceu um caminhão carregado, e alguém, lá de dentro, interrogou:

- 'quem é Chico Xavier?'

Quando ele atendeu, o motorista perguntou se ele se lembrava de um certo Dr. Fulano de Tal? Chico recordava-se de um certo senhor de grandes posses materiais que vivia em São Paulo, que um ano antes estivera em Pedro Leopoldo, e lhe contara o drama de que era objeto.

Seu filho querido desencarnara, ele e a esposa estavam desesperados - ainda não havia o denominado Correio de Luz, eram comunicações mais esporádicas - e Chico compadeceu-se muito da angústia do casal.

Durante a reunião, o filhinho veio trazido pelo Dr. Bezerra de Menezes e escreveu uma consoladora mensagem. Então o cavalheiro disse-lhe:

'- Um dia, Chico, eu hei de retribuir-lhe de alguma forma. Mas como é que meu filho deu esta comunicação?'

Chico explicou-lhe:

' - É natural esse fenômeno, graças ao venerando Espírito Dr. Bezerra de Menezes, que trouxe o jovem desencarnado para este fim', e deu-lhe uma idéia muito rápida do que eram as comunicações mediúnicas.

O casal ficou muito grato ao Dr. Bezerra de Menezes, e repetiu que um dia haveria de retribuir a graça recebida.

Foi quando o motorista lhe narrou:

- 'Estou trazendo este caminhão de alimentos mandado pelo Sr. Fulano de Tal, que me deu o endereço do Centro onde deveria entregar a carga, mas tive um problema na estrada, e atrasei-me; quando cheguei, estava tudo fechado. Olhei para os lados e apareceu-me um senhor de idade com barbas brancas, e perguntou o que eu desejava.

' - Estou procurando o Sr. Chico Xavier' - respondi.

' - Pois olhe: dobre ali, vá até uma ponte caída, e diga que fui eu quem o orientou' - respondeu-me.

' - E qual o seu nome?' - indaguei, e ele respondeu ' - Bezerra de Menezes'.

'Não ame pela beleza, pois um dia ela acaba.
Não ame por admiração, pois um dia você se decepciona.
Ame apenas, pois o tempo nunca pode acabar com um amor sem explicação!'

O Guia



Necessitando melhorar conhecimentos de orientação, acompanhei um dia de serviço do guardião Aurelino Piva, Espírito amigo que desempenha a função de guia comum da senhora Sinésia Camerino, dama culta e distinta, domiciliada em elegante setor do mundo paulista.

Cabia-me aprender como ajudar alguém, individualmente, na posição de desencarnado. Auxiliar em esforço anônimo, exercer o amor silencioso e desconhecido.

Cheguei cedo à residência, cujo pequeno jardim a primavera aformoseada. Quatro horas da manhã, justamente quando Aurelino preparava as forças de sua protegida para o dia nascente. Trabalho de humildade e devotamento.

Na véspera, dona Sinésia não estivera tão sóbria ao jantar. Excedera-se em quitutes e licores, mas o amigo espiritual erguia-se em piedosa sentinela e, antes que a senhora reabrisse os olhos no corpo, aplicava-lhe passes de reajuste.

- É preciso que nossa irmã desperte tão hígida quanto possível – explicou-me.

E sorrindo:

- Um dia tranquilo no corpo físico é uma bênção que devemos enriquecer de harmonia e esperança.

Depois de complicada operação magnética, observei que a tutelada se dispunha a movimentar-se, e esperei.

Seis horas da manhã.

Aurelino formulou uma prece, rogando ao Senhor lhe abençoasse a nova oportunidade de trabalho e tive a idéia de tornar a escutar-lhe as palavras confortadoras: “um dia tranquilo no corpo físico é uma bênção...”

A senhora acordou e o benfeitor espiritual postou-se ao lado dela, à feição de pai amoroso, falando-lhe dos recursos imensos da vida que estuavam lá fora, como a buscar-lhe o coração para o serviço com alegria. Dona Sinésia ouvia em pensamento e, qual se dialogasse consigo mesma, recusava a mensagem de otimismo e respondeu às benéficas sugestões, resmungando: “dia aborrecido, tempo sem graça...” Nisso, dois meninos altercaram, lá dentro, com a empregada. Bate-boca em família. Dona Sinésia não se mexeu. Sabia que os dois filhos manhosos nada queriam com estudo, nem suportavam qualquer disciplina, mas não deu bola. Aurelino, porém, correu à copa e eu o acompanhei.

O amigo desencarnado apazigou as crianças e acalmou a servidora da casa, à custa de apelos edificantes. Ajudou os pequenos a encontrarem os cadernos de exercícios escolares que haviam perdido e acompanhou-os até o ônibus.

De volta ao interior doméstico, chegou a vez de se amparar o esposo de Dona Sinésia, que deixara o quarto sob grande acesso de tosse. Bronquite velha. Um guardião espiritual, ligado a ele, auxiliava-o, presto; no entanto, Aureliano pensou na tranqüilidade de sua protegida e entregou-se à tarefa de colaboração socorrista. Passes, insuflações. O chefe da família estava nervoso, abatido. Aurelino não repousou enquanto não lhe viu o espírito asserenaod, diante da empregada, a quem auxiliou de novo, a fim de que o café com leite fôsse servido com carinho e limpeza. Logo após, demandou o grande aposento, em que iniciáramos a tarefa, rogando a Dona Sinésia viesse à copa abençoar o marido com um sorriso de confiança. A dama escutou o convite suplicante, através da intuição, mas ficou absolutamente parada sob os lençóis, e, ouvindo o esposo a pigarrear, na saída, comentou intimamente: “não vou com asma, estou farta”.

Sete horas. Aurelino estugou o passe a fim de sustentar o senhor Camerino, na travessia da rua. Explicou-me que Dona Sinésia precisava de paz e, em razão disso, devia ajudar-lhe o marido com as melhores possibilidades de que dispunha. E, atencioso, deu a ele, na espera da condução, ideias de tolerância e caridade, bom ânimo e fé viva para compreender as suas dificuldades de contador na firma a que se vincula.

Regressamos a casa. Dona Sinésia em descanso. Oito horas, quando se levantou. Aurelino sugeriu-lhe o desejo de tomar água pura e informou-me de que se esmerava em defendê-la contra intoxicações. Magnetizou o líquido simples, dotando-o de qualidades terapêuticas especiais e... continuaram serviços e preocupações.

Trabalho de proteção para Dona Sinésia, em múltiplas circunstâncias pequeninas suscetíveis de gerar grandes males; apoio à empregada de Dona Sinésia, para que não falhassem minudências na harmonia do lar; remoção de obstáculos a fim de que contratempos não viessem perturbar a calma de Dona Sinésia; socorro incessante às crianças de Dona Sinésia, ao retornarem da escola; cooperação indireta para que Dona Sinésia escolhesse os pratos capazes de lhe assegurarem a necessária euforia orgânica; inspirações adequadas de modo a que Dona Sinésia encontrasse boas leituras; amparo constante ao senhor Camerino, tanto quanto possível, a fim de que Dona Sinésia não se afligisse...

Enfim, Dona Sinésia, sem a obrigação de ser agradecida, já que não identificava os benefícios contínuos que recebia, teve um dia admirável, enquanto Aurelino e eu estávamos realmente estafados, não obstante a nossa condição de Espíritos sem corpo físico.

À noite, porém, justamente quando Aurelino se sentou ao meu lado para dois dedos de prosa, Dona Sinésia, desatenta, feriu o polegar da mão esquerda com a agulha que manejava para enfeitar um vestido.

Bastou isso e a senhora desmandou-se aos gritos:

- Oh! meu Deus! meu Deus!... ninguém me ajuda! Vivo sòzinha, desamparada!... Não há mulher mais infeliz do que eu!...

Positivamente assombrado, espiei Aurelino, que se mantinha imperturbável, e abservei:

- Que reação é esta, meu amigo? Dona Sinésia recolheu socorro e bênçãos durante o dia inteiro!... como justificar este ataque de cólera por picadela sem importância nenhuma?!...

Aurelino, entretanto, sorriu e falou paciente:

- Acalme-se, meu caro. Auxiliemos nossa irmã a reequilibrar-se. Esta irritação não há de ser nada. Ela também, mais tarde, vai desencarnar como nós, e será guia...





Autor: Irmão X
Psicografia de Chico Xavier

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Orgulho


Não podes modificar

Não podes modificar o mundo na medida dos próprios anseios, mas podes mudar a ti próprio.
Aprende a ganhar simpatia, sabendo perder.
Ouvindo sempre mais e falando um tanto menos, conseguirás numerosos recursos que te favorecem a própria renovação.
Não reclames. Restaura.
Nem grites. Auxilia.
Asserena-te e serve.
Crê, trabalha e confia.
Não acuses ninguém.
A Justiça vê tudo.
Provações aparecem?
Silencia e trabalha.
Carência de recursos?
Deus nos supre de forças.
Plantando a felicidade dos outros, encontraremos a nossa própria felicidade.
Procuremos a vida, descerrando nosso coração ao trabalho incessante do Bem Infinito...
Porque, na realidade, só aquele que aprende e ama, renovando-se incessantemente, consegue superar os níveis inferiores da treva, subindo, vitorioso, ao encontro da Vida Verdadeira com a eterna libertação.

Autor: Emmanuel
Psicografia de Chico Xavier. Da obra: Caminho Iluminado


“Aquele que vê felicidade apenas na satisfação do orgulho e dos apetites grosseiros fica infeliz quando não pode satisfazê-los; no entanto, aquele que não se interessa pelo supérfluo fica feliz com o que tem e que os outros considerariam uma grande desgraça, uma insignificância.”
(O Livro dos Espíritos. Livro Quarto. Capítulo 1. Penas e Gozos Terrenos. Parte dos comentários à resposta da pergunta 933).

“O orgulho é o terrível adversário da humildade. Se o Cristo prometeu o reino dos Céus aos mais humildes, foi porque os poderosos da Terra imaginam que os títulos e as riquezas são as recompensas dadas ao seu mérito, e que sua origem é mais pura do que a do pobre. Acreditam que isso lhes é devido por direito e, quando Deus as retira, acusam-no de injustiça. Ridícula cegueira! Deus vos distingue pelo corpo? Acaso o do pobre não é igual ao do rico? O Criador fez duas espécies de homens? Tudo o que Deus fez é grandioso e sábio; nunca crediteis a Deus as idéias que os vossos cérebros orgulhosos imaginam.”
(O Evangelho Segundo o Espiritismo – CapítuloVII Bem Aventurados os Pobres de Espírito – Instruções dos Espíritos – parte da mensagem de Lacordaire – 1863)

Do Capítulo IX do Evangelho Segundo o Espiritismo:

INJÚRIAS E VIOLÊNCIAS

1. Bem-aventurados aqueles que são mansos, porque possuirão a Terra. (Mateus, 5:4)
2. Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus. (Mateus, 5:9)
3. Aprendestes o que foi dito aos antigos: Não matarás; todo aquele que matar merecerá ser condenado pelo julgamento. Porém, eu vos digo que aquele que se encolerizar contra seu irmão merecerá ser condenado pelo julgamento; que aquele que disser a seu irmão: "racca", merecerá ser condenado pelo conselho. E que aquele
que lhe disser: "és louco", merecerá ser condenado ao fogo do inferno. (Mateus, 5:21 e 22)
4 Por estes ensinamentos morais, Jesus estabeleceu como lei a doçura, a moderação, a mansidão, a afabilidade e a paciência. Condena, por conseguinte, a violência, a cólera e até mesmo qualquer expressão descortês para com os nossos semelhantes. Raca era, entre os hebreus, um termo de desprezo que significava homem de má conduta e era pronunciado cuspindo-se e virandose o rosto. Ele vai ainda mais longe, visto que ameaça lançar ao fogo do inferno aquele que disser a seu irmão: És louco. É evidente que, nesta como em qualquer situação, a intenção agrava ou atenua a falta. Mas, por que uma simples palavra pode ser tão grave e suficiente para merecer uma reprovação tão severa? É que toda palavra que ofenda é a expressão de um sentimento contrário à lei de amor e de caridade, que deve estabelecer as relações entre os homens e manter entre eles a concórdia e a união; que é um insulto à benevolência recíproca e à fraternidade; que alimenta o ódio e o rancor; enfim, que, depois da humildade perante Deus, a caridade para com o próximo é a primeira lei de todo cristão.

As principais reações e características do tipo predominantemente orgulhoso são:

a. “Amor-próprio” muito acentuado: contraria-se por pequenos motivos;
b. Reage explosivarnente a quaisquer observações ou críticas de outrem em relação ao seu comportamento ou às suas opiniões;
c. Necessita ser o centro de atenções e fazer prevalecer sempre as suas próprias idéias;
d. Tem grandes dificuldades em aceitar a possibilidade de seus erros, mantendo-se num estado de consciência fechado ao diálogo construtivo;
e. Não aceita as idéias do próximo;
f. Ao ser elogiado por quaisquer motivos, enche-se de uma satisfação, como que se reafirmando na sua importância pessoal;
g. Preocupa-se muito com a sua aparência exterior, seus gestos são estudados, dá demasiada importância à sua posição social e ao prestígio pessoal;
h. Acha que todos os seus circundantes (familiares e amigos) devem girar em torno de si;
i. Não admite se humilhar diante de ninguém, achando essa ati¬tude um traço de fraqueza e falta de personalidade;
j. Usa da ironia e do deboche para com o próximo nas ocasiões de contendas;
k. Discute opiniões com técnicos, mesmo sem ter embasamento para isso;
l. Quer que as pessoas à sua volta se transformem, mas não está disposto a se transformar;
m. Mesmo que perceba estar equivocado, não reconhece seu erro diante dos outros e sempre transfere tais responsabilidades para as outras pessoas;
n. Tenta impor regras e costumes, mesmo que as demais pessoas à sua volta não as aceite;
o. Em ambiente do qual faça parte, tenta corroer a instituição, gerando desconforto e descontentamento, ao infringir regras estabelecidas, ao deflagrar opiniões contrárias à instituição, particularmente, por não ter bases lógicas em sua postura;
p. Isola-se e evita contatos, escolhendo-os para desferir opiniões particularistas que gerem insatisfações mais amplas, seja por ciúme ou por inveja;
q. Coloca-se como profundo conhecedor de vários temas, sem que, entretanto, saiba verdadeiramente do que está falando;
r. Quanto sabe do que fala, arroga-se um direito que efetivamente não tem, por não respeitar os limites de conhecimento dos demais participantes no ambiente;
s. Vibra intensamente, interior ou exteriomente, ao se deparar com o erro de alguém, quando deveria tornar-se companheiro e apoiador do pretenso amigo;

Compreendemos que o orgulhoso vive numa atmosfera ilusória, de destaque social ou intelectual, criando, assim, barreiras muito densas para penetrar na realidade do seu próprio interior. Na maioria dos casos o orgulho é um mecanismo de defesa para encobrir algum aspecto não aceito de ordem familiar, limitações da sua formação escolar-educacional, ou mesmo o resultado do seu próprio posicionamento diante da sociedade da imagem que escolheu para si mesmo, do papel que deseja desempenhar na vida de “status”.

E preferível nos olharmos de frente, corajosamente, e lutar por nos¬sa melhora, não naquilo que a sociedade estabeleceu, dentro dos limites transitórios dos bens materiais, mas nas aquisições interiores: os tesouros eternos que “a traça não come nem a ferrugem corrói! “.

Não podes modificar



Não podes modificar o mundo na medida dos próprios anseios, mas podes mudar a ti próprio.

Aprende a ganhar simpatia, sabendo perder.
Ouvindo sempre mais e falando um tanto menos, conseguirás numerosos recursos que te favorecem a própria renovação.

Não reclames. Restaura.
Nem grites. Auxilia.
Asserena-te e serve.
Crê, trabalha e confia.
Não acuses ninguém.
A Justiça vê tudo.
Provações aparecem?
Silencia e trabalha.
Carência de recursos?

Deus nos supre de forças.
Plantando a felicidade dos outros, encontraremos a nossa própria felicidade.

Procuremos a vida, descerrando nosso coração ao trabalho incessante do Bem Infinito...

Porque, na realidade, só aquele que aprende e ama, renovando-se incessantemente, consegue superar os níveis inferiores da treva, subindo, vitorioso, ao encontro da Vida Verdadeira com a eterna libertação.


Autor: Emmanuel
Psicografia de Chico Xavier. Da obra: Caminho Iluminado

terça-feira, 21 de outubro de 2008

O maior trono



Autor: Vianna de Carvalho

No limite de dois mundos, a divina justiça suspendeu um berço. Entre as fronteiras de duas civilizações instalou o presepe como um sinal de renovação magnífica. Do passado coberto de lendas até à hora em que Belém devia receber no regaço o máximo profeta de todos os tempos, vai uma grande noite.

Daí por diante, começou a humanidade a pressentir as maravilhas que lhe cabem no destino dos seres.

Os sábios dividem a história em várias seções. É uma forma de simplificação para que se possa abranger, em quadros sucessivos, o desfilar dos povos através das idades. Sob o aspecto moral, porém, a evolução coletiva apresenta apenas estes hemisférios: a antigüidade pagã agachada aos pés dos deuses e a nova era instituída com a beleza imponente das lições de Jesus. A primeira delas, toca ao zênite da perfeição.

É um hino de humildade: comove e edifica até as naturezas mais rebeldes. O rei das celestes virtudes, para surgir na terra, desdenhou arminhos, esqueceu a púrpura dos palácios, o fastígio de todas as opulências. Não aceitou homenagens mais expressivas do que as cândidas efusões dos pastores: como se, desde o princípio, quisesse logo significar que vinha para os simples, visto os soberbos não se disporem nunca a ouvir as revelações da vida eterna que Deus manda proclamar pela boca de seus mensageiros.

Jesus nasceu quase ao relento. Mas na singeleza das palhas que aqueceram o corpo infantil do Mestre amado, há mais brilho, mais grandeza, mais amor do que em todos os tronos edificados sobre a ambição dos potentados.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Verdade Libertadora



Realizado o estudo do Evangelho no lar de Josef Jackulack, na noite de 5 de junho, em Viena, Áustria, o tema foi "Não ponhais a candeia debaixo do alqueire", capítulo XXIV, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, após o qual a Mentora
espiritual escreveu a presente mensagem.

A verdade sempre predomina.

O culto à mentira é dos mais danosos comportamentos a que o indivíduo se submete. Ilusão do ego, logo se dilui ante a linguagem espontânea dos fatos. Responsável por expressiva parte dos sofrimentos humanos, fomenta a calúnia que lhe é manifestação grave e destrutiva - a infâmia, a crueldade...

A maledicência é-lhe filha predileta, por expressar-lhe os conteúdos perturbadores, que a imaginação irrefreada e os sentimentos infelizes dão curso.

Além desses aspectos morais, a mentira não resiste ao transcurso do tempo. Sem alicerce que a sustente, altera a sua forma ante cada evento novo e de tal maneira se modifica, que se desvela. Por ser insustentável, quem se apóia na sua estrutura frágil padece insegurança contínua.

Porque é exata na sua forma de apresentar-se, a verdade é o inimigo normal da mentira. Enquanto a primeira esplende ao sol dos acontecimentos e exterioriza-se sem qualquer exagero, a segunda é maneirosa, prefere a sombra e comunica-se com sordidez. Uma é fruto da realidade; a outra, da fantasia, que não medita nas consequências de que se reveste.

A mentira teme o confronto com a verdade. Aloja-se nas sombras, espraia-se, às escondidas, e encontra, infelizmente, guarida.

A verdade jamais se camufla; surge com força e externa-se com dignidade. Não tem alteração íntima, permanecendo a mesma em todas as épocas. Ninguém consegue ocultá-la, porque, semelhante à luz, irradia-se naturalmente. Nem sempre é aceita, por convidar à responsabilidade. Amiga do discernimento, é a pedra angular da consciência de si mesmo, fator ético-moral da conduta saudável.

Enquanto a mentira viger, a acomodação, o crime afrontoso ou sob disfarce, o abuso do poder e a miséria de todo tipo predominarão na Terra exaltando os fracos, que assim se farão fortes, os covardes, que se tornarão estóicos, os astutos, que triunfarão em detrimento dos sábios, dos nobres e dos bons...

Face a tais logros, que propicia, não obstante efêmeros, os seus famanazes e cultuadores detestam e perseguem a verdade. Não medem esforços para impelir-lhe a propagação, por saberem dos resultados que advirão com o seu estabelecimento entre as criaturas.

São baldas, porém, tão insanas atitudes.

A verdade espera... Seus opositores enfermam, envelhecem e morrem, enquanto ela permanece.

A mentira é de breve existência. Predomina por um pouco, esfuma-se e passa...

(...) Jesus, em proposta admirável, afirmou: Busca a verdade e a verdade te libertará.

Ninguém tem o direito de ocultar a verdade, qual se fosse uma luz que devesse ficar escondida. Onde se encontre, irradia claridade e calor.

O seu conhecimento induz o portador a apresentá-la onde esteja, a divulgá-la sempre. Pelos benefícios que proporciona, estimula à participação, à solidariedade, difundindo-a. (...)

Autor: Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Franco. Livro: Sob a Proteção de Deus

domingo, 19 de outubro de 2008

A Semente da Mostarda




O rapaz abeirou-se do Mentor, mostrando-se evidentemente acanhado, e considerou em tom de pergunta:

- Instrutor, a sua bondade já nos disse, várias vezes, que os ensinamentos de Jesus, o nosso Divino Mestre, estão sempre iluminados para a compreensão do nosso entendimento... Entretanto, às vezes, esbarro com afirmativas d'Ele que me fazem pensar inutilmente, já que não lhes alcanço sentido...

- Dê-me um exemplo - solicitou o interpelado com paciência.

- Disse-nos Jesus que se tivermos fé do tamanho de um grão de mostarda - continuou o jovem consulente - certa montanha, por nossa ordem, transportar-se-a daqui para ali; não crê o senhor que isso é um absurdo em confronto com a realidade?

- Meu amigo - explicou-se o Mentor - Jesus, por falta de comparações e palavras adequadas, legou-nos muitas lições em forma de símbolos e parábolas... Imagino que Nosso Divino Mestre tomou a imagem da montanha, como significado a nossos hábitos e preferências. Muitos defeitos, que ainda nos caracterizam, pesam sobre nós por montes de imperfeições que precisamos remover do mal para o bem...

- Mas - continuou o aprendiz - o senhor concordará que isso é uma observação puramente filosófica; desejo que o senhor me conduza para o domínio dos fatos reais.

O instrutor meditou por alguns instantes em profundo silêncio e rematou:

- Caro amigo, se você pretende observar o poder de um agente pequenino, qual a semente de mostarda, sobre um corpo extenso de dificuldades que o desorienta ou perturba, acenda uma vela pequenina diante da escuridão.
EMMANUEL
(Da Obra “A Semente De Mostarda”, Francisco Cândido Xavier)

sábado, 18 de outubro de 2008

Literatura Espírita



01 – A que atribuir a profusão de livros mediúnicos que são publicados na atualidade?

À profusão de médiuns e à falta de critério para a publicação, muito mais fácil atualmente. Muitos passaram a se profissionalizar e se aproveitam da boa-fé da comunidade espírita para vender pretensos livros psicografados, como se fossem realmente espíritas, sem que o sejam.

02 – Se o espírito se dá ao trabalho de transmitir um livro mediunicamente não está implícito que deve ser publicado e divulgado? Não é essa a função da psicografia?

De modo algum! Todas as mensagens recebidas necessitam de critério e crivo de bom senso.

03 – Não é frustrante para o médium ouvir que deve considerar mero exercício, não destinado a publicação, o livro que psicografou com carinho e dedicação?

Só para aqueles envolvidos na vaidade. Quem está na mediunidade com o objetivo de servir, sabe que não se pode aceitar tudo o que se recebe sem análise madura adequada.

04 – Não é desestimulante considerar assim?

Depende do grau de vaidade ou do melindre que envolve o médium.

05 – Que conselho você daria a alguém que começa a psicografar?

Pratique, estude, desenvolva o bom senso e, absolutamente, não tenha pressa.

06 – E quando há um livro pronto e o próprio autor espiritual recomenda que seja publicado?

É necessário que a Obra seja analisada adequadamente, não apenas por uma pessoa, mas por uma equipe bem preparada, para que se evite publicar uma Obra ridícula mal preparada. É necessário que as novas Obras Espíritas acrescentem algo de útil e verdadeiro para o Espírita contemporâneo.

07 – E quanto ás editoras?

Existem editoras vinculadas com a Doutrina, que se preocupam em publicar Obras sérias e que realmente acrescentam algo de importante para o leitor. Mas, infelizmente, também existem aquelas preocupadas com os próprios recursos e com os lucros, que não têm compromisso doutrinário algum. Ainda existem outras, que se dizem compromissadas com a Doutrina e vendem Obras ditas espíritas, mas que de espíritas nada têm. Há, ainda, editoras que são ligadas à espiritualização, a misticismo e vendem alguns títulos espíritas: acabam conquistando um público maior, inclusive espírita, vendendo tanto a Obra Espírita quanto a Obra não Espírita. É necessário observar muito bem o que se lê e acabar aprendendo sobe sua origem.

08 – Como deve proceder o leitor ao comprar livros psicografados?

Evidente que ficar com Kardec é fato que não se pode discutir. É, pode-se dizer, a espinha dorsal do Espiritismo. Para não cair em erros de escolha, podemos citar alguns médius-autores (encarnados e desencarnados) que são fiéis a Kardec: Chico Xavier, Yvonne do Amaral Pereira, Divaldo Pereira Franco, Vera Lúcia M. de Carvalho. Certamente há outros.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

CAUSAS ESPIRITUAIS DAS DOENÇAS



Emmanuel

1 - O que estrutura espiritualmente o corpo de carne?
Emmanuel: O corpo espiritual ou perispírito é o corpo básico, constituído de matéria sutil, sobre o qual se organiza o corpo de carne.

2 - O erro de uma encarnação passada pode incluir na encarnação presente, predispondo o corpo físico às doenças? De que modo?
Emmanuel - A grande maioria das doenças tem a sua causa profunda na estrutura semi-material do corpo espiritual. Havendo o espírito agido erradamente, nesse ou naquele setor da experiência evolutiva, vinca o corpo espiritual com desequilíbrios ou distonias, que o predispõem à instalação de determinadas enfermidades, conforme o órgão atingido.

3 - Quais os dois aspectos da Justiça?
Emmanuel - A Justiça na Terra pune simplesmente a crueldade manifesta, cujas conseqüências transitam nas áreas do interesse público, dilapidando a vida e induzindo à criminalidade; entretanto, esse é apenas o seu aspecto exterior, porque a Justiça é sempre manifestação constante da Lei Divina, nos processos da evolução e nas atividades da consciência.

4 - Qual a relação existente entre doenças e a Justiça?
Emmanuel - No curso das enfermidades, é imperioso venhamos a examinar a Justiça, funcionando com todo o seu poder regenerativo, para sanar os males que acalentamos.

5 - O que faz o Espírito, antes de reencarnar-se visando à própria melhoria?
Emmanuel - Antes da reencarnação, nós mesmos, em plenitude de responsabilidade, analisamos os pontos vulneráveis da própria alma, advogando em nosso próprio favor a concessão dos impedimentos físicos que, em tempo certo, nos imunizem, ante a possibilidade de reincidência nos erros em que estamos incursos.

6 - Que pedem, para regenerar-se, os intelectuais que conspurcaram os tesouros da alma?
Emmanuel - Artífices do pensamento, que malversamos os patrimônios do espírito, rogam empeços cerebrais, que se façam por algum tempo alavancas coercitivas, contra as nossas tendências ao desequilíbrio intelectual.

7 - Que medidas de reabilitação rogam os artistas que corromperam a inteligência?
Emmanuel - Artistas, que intoxicamos a sensibilidade alheia com os abusos da representação viciosa, imploramos moléstias ou mutilações, que nos incapacitem para a queda em novas culpas.

8 - Que emendas solicitam os oradores e pessoas que influenciaram negativamente pela palavra?
Emmanuel - Tarefeiros da palavra, que nos prevalecemos dela para caluniar ou para ferir, solicitamos as deficiências dos aparelhos vocais e auditivos, que nos garantam a segregação providencial.

9 - Que providências retificadoras pedem para si próprios aqueles que abraçaram graves compromissos do sexo?
Emmanuel - Criaturas dotadas de harmonia orgânica, que arremessamos os valores do sexo ao terreno das paixões aviltantes, enlouquecendo corações e fomentando tragédias, suplicamos as doenças e as inibições genésicas que em nos humilhando, servem por válvulas de contenção dos nossos impulsos inferiores.

10 - Todas as enfermidades conhecidas foram solicitadas pelo Espírito do próprio enfermo, antes de renascer?
Emmanuel - Nem sempre o Espírito requisita deliberadamente determinadas enfermidades de vez que, em muitas circunstâncias quais aqueles que se verificam no suicídio ou na delinqüência, caímos, de imediato, na desagregação ou na insanidade das próprias forças, lesando o corpo espiritual, o que nos constrange a renascer no berço físico, exibindo defeitos e moléstias congênitas, em aflitivos quadros expiatórios.

11 - Quais são os casos mais comuns de doenças compulsórias, impostas pela Lei Divina?
Emmanuel - Encontramos numerosos casos de doenças compulsórias, impostas pela Lei Divina, na maioria das criaturas que trazem as provações da idiotia ou da loucura, da cegueira ou da paralisia irreversíveis, ou ainda, nas crianças-problemas, cujos corpos, irremediavelmente frustrados, durante todo o curso da reencarnação, mostram-se na condição de celas regenerativas, para a internação compulsória daqueles que fizeram jus a semelhantes recursos drásticos da Lei. Justo acrescentar que todos esses companheiros, em transitórias, mas duras dificuldades, renascem na companhia daqueles mesmos amigos e familiares de outro tempo que, um dia, se acumpliciaram com eles na prática das ações reprováveis em que delinqüiram.

12 - A mente invigilante pode instalar doenças no organismo? E o que pode provocar doenças de causas espirituais na vida diária?
Emmanuel - A mente é mais poderosa para instalar doenças e desarmonias do que todas as bactérias e vírus conhecidos. Necessário, pois, considerar igualmente, que desequilíbrios e moléstias surgem também da imprudência e do desmazelo, da revolta e da preguiça. Pessoas que se embriagam a ponto de arruinar a saúde; que esquecem a higiene até se tornarem presas de parasitas destruidores; que se encolerizam pelas menores razões, destrambelhando os próprios nervos; os que passam, todas as horas em redes e leitos, poltronas e janelas, sem coragem de vencer a ociosidade e o desânimo pela movimentação do trabalho, prejudicando a função dos órgãos do corpo físico, em razão da própria imobilidade, são criaturas que geram doenças para si mesmas, nas atitudes de hoje mesmo, sem qualquer ligação com causas anteriores de existências passadas.

13 - Qual a advertência de Jesus para que nos previnamos dos males do corpo e da alma?
Emmanuel - Assinalando as causas distantes e próximas das doenças de agora, destacamos o motivo por que os ensinamentos da Doutrina Espírita nos fazem considerar, com mais senso de gravidade, a advertência do Mestre: “Orai e vigiai, para não cairdes em tentação”.

EMMANUEL

(Do livro “Leis Do Amor”, Francisco Cândido Xavier E Waldo Vieira)

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Manifestações de Crianças



1 – Como encarar a manifestação de uma criança em uma sessão mediúnica?
Há três possibilidades: trata-se de uma mistificação do Espírito, com a intenção de envolver o grupo; uma fantasia anímica do médium, que guarda afinidade com crianças, ou um desajuste do comunicante, que regrediu a um comportamento infantil, como acontece, não raro com doentes mentais.

2 – Não seria interessante o esclarecimento que poderia receber?
Deve-se tratá-la com naturalidade, esclarecendo, na medida do possível, para que converse em tom normal e possa falar de suas angústias e sofrimentos. Se sua condição não permitir que este esclarecimento ocorra, por conta de postura enrijecida, não se deve perder tempo e deve-se conduzi-la ao plano espiritual para que os guias que conduzem os trabalhos possam reencaminhá-la.

3 – E o que acontece com as crianças recém-desencarnadas?
São imediatamente recolhidas por familiares ou mentores, que lhes darão ampla assistência. Se forem Espíritos evoluídos, retomam a personalidade anterior. Se de mediana evolução, conservam a condição infantil, que será superada com o tempo, como ocorre com as crianças na Terra. Podem, também, retornar à reencarnação, sempre amparadas por equipes de Espíritos que os encaminham ao melhor destino.

4 – Isso significa que crianças nunca se manifestam em reuniões mediúnicas?
Pode acontecer, mas em caráter de exceção. Um Espírito evoluído que desencarnou em tenra infância, atendendo à sua programação evolutiva, já reintegrado na vida espiritual, poderá manifestar-se como criança, com o propósito de consolar seus pais.

5 – Como deve o doutrinador agir quando lidando com suposta manifestação de criança?
Conversar normalmente, mas com a sutileza de quem sabe que está lidando com uma das três situações a que nos referimos.

7 – Há grupos espíritas que se dizem especializados em doutrinar crianças desencarnadas. Como situá-los?
Neste grau, o trabalho estará envolvido em um processo de obsessão coletiva, por conta de Espíritos levianos ou mal intencionados.

8 – Além dos argumentos apresentados, que mais se poderia dizer para os que têm dificuldade em aceitar que crianças desencarnadas não precisam de reuniões mediúnicas para receber ajuda?
É significativo considerar que não há uma única manifestação de criança nas obras de Allan Kardec, principalmente em O Livro dos Médiuns, o grande manual de intercâmbio com o Além, nem nos livros de André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, onde temos a mais clara e objetiva visão do relacionamento entre o plano físico e espiritual. Mas há uma citação de André Luiz com relação à destinação das crianças desencarnadas. A Obra é “Entre a Terra e o Céu”, no capítulo IX – No Lar da Bênção – que relata a existência importante colônia educativa de Espíritos desencarnados, ainda crianças. Vemos o caso de um ex-suicida que na reencarnação seguinte morre afogado no mar. Na Espiritualidade, seu perispírito apresenta profunda chaga na garganta, que o atormenta sem cessar.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

A Morte de Allan Kardec



No dia em que Allan Kardec desencarnava, constituindo este fato dolorosa surpresa para todos os amigos e para os espíritas em geral, nesse mesmo dia o Sr. E. Muller, grande amigo do Codificador e de sua digna esposa assim se expressava por carta ao Sr. Finet:

Paris, 31 de março de 1869

Amigo:

“ Agora, que já estou um pouco mais calmo, eu vos escrevo. Enviando-vos meu aviso, como o fiz, talvez tenha agido um tanto brutalmente, mas me parecia que devíeis receber a comunicação imediata desse falecimento.

Eis alguns pormenores:

Ele morreu essa manhã, entre onze e doze horas, subitamente, ao entregar um número da Revue a um caixeiro de livraria que acabava de comprá-lo; ele se curvou sobre si mesmo, sem proferir uma única palavra: estava morto.

Sozinho em sua casa(Rua de Sant’ana), Kardec punha em ordem seus livros e papéis para a mudança que vinha processando e que deveria terminar amanhã. Seu empregado, aos gritos da criada e do caixeiro, acorreu ao local, ergueu-o... nada, nada mais. Delanne acudiu com toda a presteza, friccionou-o, magnetizou-o, mas em vão. Tudo estava acabado.

Venho de vê-lo. Penetrando a casa, com móveis e utensílios diversos atravancando a entrada, pude ver pela porta aberta da grande sala de sessões, a desordem que acompanha os preparativos para uma mudança de domicílio; introduzido numa pequena sala de visitas, que conheceis bem, com seu tapete encarnado e seus móveis antigos, encontrei a Sra. Allan Kardec assentada no canapé, de face para a lareira; ao seu lado, o Sr. Delanne; diante deles sobre dois colchões colocados no chão, junto à porta da pequena sala de jantar, jazia o corpo, restos inanimado daquele que todos amamos. Sua cabeça, envolta em parte por um lenço branco atado sob o queixo, deixava ver toda a face, que parecia repousar docemente e experimentar a suave e serena satisfação do dever cumprido.

Nada de tétrico marcara a passagem de sua morte; se não fosse a parada da respiração, dir-se-ia que ele estava dormindo.

Cobria-lhe o corpo uma coberta de lã branca, que, junto aos ombros dele, deixava perceber a gola do robe de chambre, a roupa que ele vestia quando fora fulminado; a seus pés, como que abandonadas, suas chinelas e meias pareciam possuir ainda o calor do corpo dele.

Tudo isto era triste, e, entretanto, um sentimento de doce quietude penetrava-nos a alma; tudo na casa era desordem, caos, morte, mas tudo aí parecia calmo, risonho e doce, e, diante daqueles restos , forçosamente meditamos no futuro..

Eu vos disse que na sexta-feira é que o enterraríamos, mas ainda não sabemos a que horas; esta noite seu corpo esta sendo velado por Desliens e Tailleur; amanhã será por Delanne e Morin.

Procuram-se entre os seus papéis, suas últimas vontades, se é que ele as escreveu; de qualquer forma, o enterro será puramente civil.

Escrever-vos-ei, dando-vos os pormenores da cerimônia.

Amanhã, creio eu, cuidaremos em nomear uma comissão de espíritas mais ligados à causa, aqueles que melhor conhecem as necessidades dela, a fim de aguardar e de saber o que se irá fazer.

De todo o coração, vosso amigo,

(a) Muller.”


A segunda carta de Muller é igualmente preciosa. É assim vazada:

Paris, 4 de abril de 1869

Amigos.

Uma grande folha de papel! Enchê-la-ei eu esta noite?

Curvado, abatido, começo apenas a despertar de uma emoção muito natural.

Parece-me ter estado a sonhar, entretanto tal não ocorreu e não posso ter o consolo de uma ilusão. Tudo é realidade, verdade brutal, sancionada por um fato. Mas sou feito de molde a que meu pensamento não pode se acostumar à idéia de que ele já não existe1 Que já não existe! Compreendei bem o que minha pena deseja dizer? Pois o que penso, o meu coração desmente o que ela exprime. Entretanto é bem verdade! Sexta-feira nos dirigimos ao campo de repouso, conduzindo seus despojos mortais; e o lúgubre ruído da terra, cobrindo seu caixão, repercutiu em ecos em meu coração. Que vos direi?... que sofri, e que não chorei?

Minha intenção – a triste cerimônia fúnebre realizada! – era a de vos escrever logo em seguida, porém o meu pensamento paralisado e o meu organismo abatido não permitiram que meu coração tivesse esse doce consolo; eu não pude faze-lo!

Eis, entretanto, na medida em que minhas lembranças podem ser exatas, as circunstâncias da cerimônia:

Precisamente ao meio-dia o cortejo se pôs a caminho, um carro mortuário modesto, um único, abria-o, arrastando após si, docemente comprimida , a multidão numerosa composta por todos aqueles que puderam se encontrar nessa última reunião. O acompanhamento fúnebre foi conduzido pelo Sr. Levent, vice-presidente da Sociedade Espírita de Paris; em seguida a multidão de amigos, simpatizantes, os interessados de toda espécie; os empregados e pessoas desocupadas fechavam o cortejo, ao todo mil ou mil e duzentas pessoas.

O carro fúnebre seguiu pela Rua de Grammont, atravessou os grandes “boulevards”, a Rua Laffite, Notre-Dame-des-Lorrettes, a Rua Fontaine, as avenidas exteriores de Clichy e penetrou no Cemitério de Montmartre, em meio a multidão que o seguia. Bem longe, lá no fundo, mais longe ainda, nos limites do cemitério, uma vala escancarada aguardava o seu ocupante, e os curiosos romperam as filas para ouvir os discursos (pobres criaturas!). As cordas do coveiro envolveram o caixão que desceu lentamente ao fundo do abismo. Um grande silêncio se fez. O vice-presidente da Sociedade se aproximou da vala e sua voz emocionada, compenetrada, convicta, em nome da entidade, solicitou ao morto o prosseguimento de seus conselhos e lhe disse, não um adeus mas uma até breve. Camille Flammarion, sobre um pequeno cômoro, ali existente por acaso, tomou da palavra em nome da ciência unida ao Espiritismo e, da enérgica maneira afirmou aos olhos de todos, a fé que o anima. Em seguida foi a vez de Delanne, que falando em nome dos irmãos da província, prometeu ao Espírito de Allan Kardec que todos seguiríamos a rota por ele tão laboriosamente traçada. Um quarto e último discurso foi pronunciado por nosso colega Sr. Barrot. Cada orador, dirigindo-se ao Espírito Allan Kardec, lhe dizia: “Velai por nós, velai por vossas obras, vós que possuís a liberdade”.

Nada nas palavras desses oradores lembrava essas tristes orações fúnebres que fazem o coração desesperar por suas palavras: “Adeus, eu não te reverei mais, nunca mais!”. Longe de nós esse triste pensamento; o Espiritismo oferece-nos uma consolação maior e todos os discursos pronunciado sobre a tumba do Mestre terminaram por animadoras palavras: Até logo, querido amigo de nossos corações, até nos revermos em um mundo melhor! E possamos nós, como tu cumprimos com nossa missão na Terra!

Em seguida a multidão se dispersou, retornando aos seus afazeres ou às suas reflexões. A Sociedade deveria se reunir à Rua Sant’Anne, para solicitar uma evocação: assim sendo, os membros individualmente para lá voltavam com apressuramento.

Seis comunicações foram ali obtidas.

Muito vosso

Muller

Aí estão, fiéis quanto possível, as traduções dos documentos copiados em Lyon por Sausse e cujos originais, como quase tudo talvez, se perdeu. Verifica-se que Allan Kardec não foi sepultado no Père-Lachaise, mas sim , no velho cemitério de Montmartre e, em seguida, transladado para o dolmen mais tarde construído e onde foi também sepultada a Sra. Allan Kardec.

È bom relacionar que o Sr. Delanne, várias vezes mencionado, não é o celebre escritor espírita, Gabriel, na época pouco mais do que uma criança, mas seu pai o Sr. Alexandre Delanne, fiel amigo do Professor Rivail.

Quanto ao mais, além do discurso de Camille Flammarion, tudo se perdeu na voragem do tempo. Nem mesmo o previdente Muller pudemos obter qualquer notícia. Ele assinava-se M. E. Muller e foi, como dissemos, o encarregado pela família do ilustre desencarnado, de dirigir-lhe as últimas palavras de despedida. Além disso há o retrato de Henri Sausse, o primeiro biógrafo de Kardec, existente milagrosamente nos arquivos de Cairbar Schutel. Tudo o mais é a própria obras imperecível de Kardec.

Fonte: Reformador e Revista Internacional de Espiritismo

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Médiuns Curadores



Há este questionário na internet, sobre o tema acima. Se você pesquisar, irá encontrar as respostas originais: estas são as nossas respostas.

01 – Um médico estuda muitos anos para desempenhar suas funções. Não é errado médiuns sem estudo, sem preparo, estabelecerem injusta concorrência, acenando às pessoas com a possibilidade de curas milagrosas, num ilegal exercício de medicina?

Embora seja um trabalho espiritual respeitável, ninguém não habilitado como médico pode atuar como tal, e, portanto, deve ter seu trabalho encarado como exercício ilegal da medicina. Os médiuns devem atuar como médiuns e os médicos devem atuar como médicos: cada coisa em seu lugar adequado.

02 – Qual a diferença entre os médiuns de cura e o as equipes que aplicam magnetismo, no tradicional trabalho de fluidoterapia?

Ambos estão envolvidos com magnetismo animal, de um modo ou de outro. Os médiuns, com o auxílio da Espiritualidade, doando seus esforços e boa vontade, os magnetizadores doando seu magnetismo e auxiliando na cura de pessoas, mas, improvavelmente, isentos do também amparo da Espiritualidade, isto é, TODOS têm amparo da Vida Espiritual em suas tarefas de amparo e assistência: o intercâmbio entre as duas esferas é permanente. Ninguém é auto-suficiente!

03 – O passista é um médium?

Sim, o passista é médium, como já disse anteriormente. E, como médium, necessita adquirir o conhecimento sobre a mediunidade, através do estudo, e, mais importante, cuidar da reforma íntima, tão importante para que seja bom instrumento de Bons Espíritos sempre dispostos à Boa Tarefa, sob o amparo de Jesus.

04 – Há médiuns que usam instrumental cirúrgico, facas e tesouras. Outros usam apenas as mãos, como se aplicassem passes. Qual o mais correto?

Não é necessário a intervenção com qualquer instrumento. Isso é coisa para médicos habilitados para isso. Estes fenômenos, com todo o respeito, têm a função de chamar atenção de incrédulos ou de gerar algo espetacular. Não incentivam à modificação moral, tão necessária para a humanidade.

05 – Qual o método mais correto? Com instrumental cirúrgico ou com as mãos?

Com as mãos e com a prece.

06 – Se você tivesse que se submeter a um médium de curas, que tipo de trabalho preferiria?

Aquele que faz a cirurgia espiritual, cuidando do perispírito. Não é espetaculosa, é menos invasiva e é muito mais eficiente. (é a única resposta com a qual concordo)

07 – Você é contra os médiuns cirurgiões?

Sim. Cirurgia com instrumentos é para médicos habilitados. Nem mesmo médicos clínicos costumam se atrever a efetuar procedimentos cirúrgicos.

08 –O que é necessário para recebermos integralmente os benefícios do tratamento espiritual, em qualquer modalidade, alcançando a desejada cura de nossos males?

Mérito e necessidade.

Forças psíquicas no passe



Autor: Manoel Philomeno de Miranda (espírito)

"À medida que se vulgarizam e recebem aceitação as terapias alternativas, objetivando a saúde real, a técnica do amor ganha prestígio, por constatar-se que o fulcro de irradiação do pensamento mantém estreito intercâmbio com a emoção. Quanto mais expressiva a quota de amor, irradiando-se em forma de energia positiva, mais favoráveis se fazem os resultados terapêuticos nos tentames de auxílio ao próximo.

O amor lúcido carreia forças plenificadoras que robustecem as áreas psíquica, emocional e física daquele a quem é dirigido.

Sendo a chave simbólica para a solução do mais intrincados problemas, ele exterioriza simpatia em sucessivas ondas de renovação que penetram o paciente, revigorando-o para o prosseguimento dos compromissos assumidos.

A canalização do amor é decorrência do pensamento que se sensibiliza pela emoção, exteriorizando força psíquica complementadora, que se dirige no mesmo rumo da afetividade.

Toda vez que Jesus foi convocado a curar, procurou despertar o suplicante para a responsabilidade da saúde, para o compromisso com a vida. Invariavelmente, interrogava-o, se queria realmente curar-se, após cuja anuência, mediante o toque o amor, Ele recuperava os órgãos afetados, restabelecendo a harmonia no ser, cuja preservação, a partir daí, dependia do mesmo.

Tocando o doente, suavemente, sem complexidades no gesto, desejando e emitindo o pensamento curador, alongando-se, psiquicamente até o necessitado onde estivesse, o seu amor reabilitava, recompunha, liberava, sarava, enfim.

A incontestável força da mente ora demonstrada em inúmeras experiências de laboratório, decorre da sua educação e da canalização que se lhe oferece, favorecendo alcançar o alvo ao qual se dirige.

O sentimento de amor que o comanda é complemento essencial para o logro da finalidade a que se destina.

Não obstante, na terapia através dos passes, além da energia mental e do sentimento de afetividade, são inestimáveis outros recursos que lhe formam e definem a qualidade superior.

Referimo-nos às aspirações íntimas, aos anseios emocionais que devem viger em todo aquele que se candidata ao labor da transfusão da bioenergia curadora.

O pensamento exterioriza o somatório das vibrações do psiquismo e, como é natural, torna-se indispensável que essas sejam constituídas de recursos positivos e saudáveis, sem as pesadas cargas deletérias dos vícios e dependências perturbadoras.

Cada qual é o que cultiva; exterioriza aquilo que elabora.

Não há milagre transformador de caráter vicioso, num momento produzindo energias salutares, que não existem naquele que pretende improvisá-las.

Todo recurso é resultado do esforço e a força psíquica se deriva dos conteúdos das ações realizadas.

Quem, portanto, deseje contribuir na terapia socorrista mediante os passes, despreocupe-se das fórmulas e das aparências, perfeitamente dispensáveis, para cuidar dos recursos morais, espirituais que devem ser desenvolvidos em si mesmo.

Tabaco, alcoólicos, drogas aditivas são grandemente perniciosos aos pacientes que lhes recebem as cargas de natureza tóxica. Igualmente, as emanações do desregramento sexual, dos distúrbios de comportamento emocional, da intriga, da maledicência, do orgulho, do ódio e seus famanazes, tornam-se de caráter destrutivo, que irão agravar o quadro daqueles que se lhes submetem.

Na terapia pelos passes, torna-se imprescindível a sintonia do doador com o passivo, a receptividade do paciente em relação ao agente, sem o que, os resultados se tornam iníquos, quando não decepcionantes.

A pedra que não tem poros, após milênios mergulhada no oceano, ao ser partida, apresenta-se seca no seu interior.

Ame-se e cure-se, quem deseje participar da solidariedade humana, no ministério do socorro aos enfermos, a fim de melhor ajudar.

Exteriorize o amor e anele firmemente pela saúde do próximo, deixando-se penetrar pela energia divina de que se fará instrumento e, exteriorizando-a com a sua própria vibração, atenda os irmãos enfraquecidos na luta, caídos na jornada, desorganizados nas paisagens do equilíbrio.

A terapia pelos passes é doação de amor e de saúde pessoal, dispensando quejandos e aparatos mecânicos de sugestão exterior".

Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, em 11/11/92, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador - BA.