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"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."
Militão Pacheco
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
Paulo de Tarso: dados históricos.
Em grego Paulos, derivado do latim "Paulus", que quer dizer pequeno. Nome do grande apóstolo dos gentios. O nome judaico anterior era Saulo; no hebreu, Shaul, no grego, Saulos; assim denominado nos Atos dos Apóstolos, mesmo até depois da conversão de Sérgio Paulo, procônsul de Chipre, At 13. 9. Daqui em diante, só tem o nome de Paulo, que ele a si mesmo dá em todas as suas cartas. Não é de estranhar que alguns pensem que tomou este nome do procônsul Sérgio. Isto, porém, não é de modo algum aceitável, tendo em vista o modo gentil pelo qual Lucas o apresenta, dando-lhe o nome gentílico de Paulo, quando começou a sua obra de apóstolo das gentes.
É mais provável que, acompanhando o costume de muitos judeus, At 1. 23; 1Z. 12; C1 4. 11, e principalmente os judeus da dispersão, o apóstolo usasse de ambos os nomes. Havia nascido em Tarso, cidade principal da Cilícia, At 9. 11; 21. 39; 22. 3, e pertencia à tribo, de Benjamim, Fp 3. 5. Não se sabe como é que a sua família foi residir em Tarso.
Uma antiga tradição afirma que ele havia sido levado de Giscala em Galiléia, pelos romanos, depois que tomaram este último lugar. É possível, pois, que a família de Saulo em tempos anteriores, tivesse fixado residência em Tarso, em alguma das colônias que os reis da Síria estabeleceram ali (Ramsay, St. Paul the Traveler, p. 31) ou que tivesse imigrado voluntariamente, como faziam muitos judeus por motivos de ordem comercial.
Parece que Paulo tinha relações familiares de alto valor e de grande influência. Em Rm 16, 7, 11, manda sondar a três pessoas seus parentes, das quais Andrônico e Júnias, que se haviam assinalado entre os apóstolos e que foram cristãos primeiro que ele.
Pela leitura de At 23, 16 sabe-se que "um filho de sua irmã", que provavelmente morava em Jerusalém com sua mãe, deu informações ao tribuno sobre a conspiração tramada contra a vida de Paulo. Dá isto a entender que este moço pertencia a alguma das famílias importantes da cidade, o que parece confirmado pelo fato de Paulo haver presidido à morte de Estêvão. É provável que já fosse membro do concílio, At 26. 10, pois que não tardou a receber comissão do sumo sacerdote para perseguir os cristãos, 9. 1, 2; 22. 5. Os seus dizeres na epístola aos filipenses 3. 4-7, autorizam-nos a crer que ocupava posição de grande influência que lhe dava margem para conseguir lucros e grandes honras.
As suas relações de família não podiam ser obscuras. Apesar de receber uma educação subordinada às tradições e às doutrinas da fé hebraica, e de ter pai fariseu, At 23., ele era cidadão romano. Ignora-se por que meios havia alcançado este privilégio; teria sido por serviços prestados ao estado ou talvez por compra, e pode bem ser que o nome Paulo tenha alguma relação com o título de cidadão romano. De qualquer modo que seja, dava-lhe grande importância na seqüência de seu trabalho cristão, e serviu mais de uma vez para salvar-lhe a vida.
Tarso era centro intelectual do oriente onde existia uma escola famosa e onde dominava a filosofia estóica. É possível que Paulo crescesse ali sob estas influências. Seus pais, sendo como eram, fiéis à lei mosaica, o mandaram logo para Jerusalém para ser educado lá. A semelhança de outros rapazes da mesma raça, tinha de aprender um ofício, que no seu caso, foi o de fazedor de tendas, das que se usavam nas viagens, 18. 3. Como ele mesmo diz, 22. 3, foi educado em Jerusalém, para onde o mandaram, quando muito jovem. A educação consistia principalmente em fixar nele as tradições farisaica. "Foi instruído conforme a verdade da lei de seus pais", ibd.
Teve como preceptor um dos mais sábios e notáveis rabinos daquele tempo, o grande Gamaliel, neto do ainda mais famoso Hilel. Foi este Gamaliel, cujo discurso se contém nos Atos dos Apóstolos 5. 34-39, que aconselhou o Sanedrim a não tentar contra a vida dos apóstolos. Este Gamaliel possuía alguma coisa estranha ao espirito farisaico, a qual se avizinhava da cultura grega. O seu discurso já referido demonstra que ele não possuía o espirito intolerante e perseguidor, característico da seita dos fariseus. Celebrizou-se por seus vastos conhecimentos rabínicos.
A seus pés o jovem Saulo, vindo de Tarso, recebeu as lições sobre os ensinos do Antigo Testamento, porém já se vê, de acordo com as subtilezas e interpretações dos doutores, que acenderam no espírito ardente do jovem discípulo, um zelo feroz para defender as tradições de seus antepassados. Assim, pois o futuro apóstolo tornou-se fariseu zeloso, disciplinado nas idéias religiosas e intelectuais de seu povo.
Por este modo, as suas qualidades pessoais, o seu preparo intelectual, e, talvez ainda, as relações de família, preparavam-lhe posição de destaque na sociedade judaica. Aparece no cenário da história cristã, como presidente da execução de Estêvão o protomártir do Cristianismo, a cujos pés as testemunhas depuseram suas vestimentas At 7. 58, quando ainda moço. A sua posição neste caso, não queria dizer que estivesse investido de funções oficiais. De acordo com os dizeres da passagem referida acima, ele apenas era consentidor na morte de Estevão. Contudo, vê-se claramente que perseguia com ardor os primeiros cristãos. Sem dúvida entrava em o número daqueles helenistas, ou judeus que falavam o grego, mencionados nos Atos dos Apóstolos 6, 9, que promoveram a acusação contra Estêvão. Não erramos dizendo que o ódio de Paulo contra a nova seita já estava aceso; não só desprezava o crucificado Messias, como considerava os seus discípulos um elemento perigoso, tanto para a religião como para o Estado.
Não é para admirar, pois, que fosse tão feroz o seu ódio a ponto de promover-lhes o extermínio pela morte. Logo após o martírio de Estêvão, tomou parte ativa, dirigindo o movimento de perseguição contra os cristãos, At 8. 2, 3- 22. 4; 26. 10, 11; 1 Co 15. 9; Gl 1. 13; Fp 3. 6; 1 Tm 1. 13. Fazia tudo isto guiado por uma consciência mal informada. Era o tipo do inquisidor religioso. Não satisfeito com a perseguição devastadora que fazia em Jerusalém, pediu cartas ao príncipe dos sacerdotes para as sinagogas de Damasco com o fim de levar presos para Jerusalém quantos achasse desta profissão, At 9. 1, 2. Os romanos davam largos poderes aos judeus para exercerem a sua administração interna. O governador de Damasco que obedecia à direção do rei Aretas, era particularmente favorável aos judeus, 9. 23, 24; 2 Co 11. 32, favorecendo por este modo a perseguição de Paulo aos cristãos.
Nota importante a observar segundo o testemunho expresso de Lucas e dó próprio Paulo, é que respirava ameaças de morte contra os discípulos de Jesus até ao momento da sua conversão, crendo que assim fazendo prestava grande serviço a Deus. Não tinha dúvida alguma quanto à justiça da sua empresa, nem sentia desfalecimento de coração para executá-la. Foi no caminho de Damasco que se deu a repentina conversão.
Paulo e seus companheiros provavelmente iam a cavalo, como era costume nas viagens pelos caminhos desertos da Galiléia para a antiga cidade. Estavam perto da cidade Era meio-dia, o sol ardente estava no seu zênite, At 26. 13. Repentinamente uma luz vinda do céu, mais brilhante que a luz do sol caiu sobre eles, derrubando-os, 14. Todos se ergueram, continuando Paulo prostrado por terra, 9. 7. Ouviu-se então uma voz que dizia em língua hebraica: "Saulo, Saulo, porque me persegues? Dura coisa é recalcitrares contra o aguilhão", 26. 14. Respondeu ele então: "Quem és tu Senhor?" Ele respondeu: "Eu sou Jesus a quem tu persegues, 15. Levanta-te e vai à cidade e aí se te dirá o que te convém fazer", 9. 6- 22. 10. Os companheiros que o seguiam ouviam a voz sem nada ver, 9 7, nem entender, 22. 9. Paulo sentiu-se cego pelo intenso clarão da luz, e foi conduzido pela mão dos companheiros. Entrou em Damasco, hospedando-se na casa de Judas, 9. 11, onde permaneceu três dias sem vista e sem comer, nem beber, orando, 9, 11, e meditando sobre a revelação que Deus lhe fizera.
Ao terceiro dia, o Senhor mandou a certo judeu convertido, chamado Ananias, que fosse ter com Paulo e impor-lhe as mãos para recobrar a vista. O Senhor garantiu a Ananias, o qual tinha receio de encontrar-se com o grande perseguidor, que este, quando em oração, já o tinha visto aproximar-se dele. Portanto, Ananias obedeceu. Paulo confessou a sua fé em Jesus, recobrou a vista, e recebeu o batismo; e daqui em diante, com a energia que o caracterizava, e com grande espanto dos judeus, começou a pregar nas sinagogas que Jesus era o Cristo, Filho de Deus vivo, 9 10-22. Tal é a narrativa da conversão de Saulo de Tarso.
Há três narrativas deste fato nos Atos; uma feita por Lucas 9. 3-22 outra pelo próprio Paulo, diante dos judeus, 22. 1-16 e outra pelo mesmo Paulo, diante de Festo e Agripa, 26. 1-20. As três narrativas combinam-se entre si posto que todos os incidentes se achem em cada uma delas. Em todo caso, cada uma foi escrita com referência ao fim que o narrador tinha em vista. Em suas epístolas, o apóstolo alude freqüentemente à sua conversão, atribuindo-a à graça e poder de Deus, ainda que a não descreve em minúcias, 1 Co 9. 1-16, 15. 8-10 G1 1. 12-16, Ef 3. 1-8, Fp 3. 5-7, 1 Tm 1. 12-16, 2 Tm 1. 9-11. Este fato, pois, é atestado pelo testemunho mais forte possível. É certo também que Jesus, não somente falou a Paulo, mas também lhe apareceu, At 9. 17, 27; 22. 14; 26. 16; 1 Co 9. 1. Não se diz de que forma; com certeza foi de modo tão glorioso, que o apóstolo conheceu logo que era o Jesus crucificado, o Cristo, Filho do Deus Vivo, que lhe falava; e ele chama a isto, "visão celestial" At 26. 19, ou um espetáculo, palavra esta empregada em Lc 1. 22, 24. 23 para descrever o aparecimento de entes celestiais. Não há lugar para dizer-se que seja ilusão de qualquer espécie. Contudo, o aparecimento de Cristo não foi a causa da conversão de Saulo, e sim a obra do Espírito Santo no coração, habilitando-o a receber e aceitar a verdade que lhe havia sido revelada, G1 1. 15. Foi o mesmo Espírito que convenceu a Ananias e que o levou a impor as mãos e a unir à igreja nascente o novo convertido.
Vários racionalistas pretendem explicar a conversão de Paulo, sem tomar em conta a intervenção sobrenatural, mas essas opiniões são destruídas pelo testemunho do mesmo Paulo; afirmando a sua atitude de perseguidor, obedecia a motivos de consciência e que a sua mudança era devida ao soberano exercício do poder de Deus e à sua graça infinita. A frase "Dura coisa é recalcitrares contra o aguilhão", não quer dizer que ele agia contra a sua vontade, ou que já reconhecia a verdade do Cristianismo, quer dizer antes que era insensatez resistir aos propósitos divinos. A sua vida anterior deve ser reconhecida como um período de iniciação inconsciente para a sua missão futura.
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