Um homem foi cortar o cabelo e a barba. Como sempre acontecia, ele e o barbeiro ficaram conversando sobre várias coisas, até que, por causa de uma notícia de jornal a respeito de meninos abandonados, o barbeiro afirmou:
— Como o senhor pode ver, esta tragédia mostra que Deus não existe.
— Como?
— O senhor não lê jornais? Temos tanta gente sofrendo, crianças abandonadas, crimes de todo tipo. Se Deus existisse, não haveria sofrimentos.
O cliente ficou pensando, mas o corte estava quase no final e resolveu não prolongar a conversa. Voltaram a discutir temas mais amenos, o serviço terminou e o cliente pagou e saiu.
Entretanto, a primeira coisa que o homem viu foi um mendigo, com barba de muitos dias e longos cabelos desgrenhados. Imediatamente, voltou para a barbearia e falou para a pessoa que o atendera:
— Sabe de uma coisa? Os barbeiros não existem.
— Como não existem? Eu estou aqui, e sou barbeiro.
— Não existem! – insistiu o homem. – Porque, se existissem, não haveria pessoas com barba tão grande e cabelo tão desgrenhado como o que acabo de ver na esquina.
— Posso garantir que os barbeiros existem. Acontece que este homem nunca veio até aqui.
— Exatamente! Então, contrariando o que você afirmou anteriormente, Deus também existe. O que se passa é que as pessoas não vão até Ele. Se O buscassem, seriam mais solidários e não haveria tanta miséria no mundo.
...
Ainda hoje, apesar do avanço intelectual da humanidade, é possível encontrar pessoas que não acreditam em Deus, como causa única de todas as coisas e das pessoas do Universo. São os materialistas, em regra orgulhosos, que não podem aceitar nada acima deles ou que seus atos estejam sujeitos ao julgamento de uma lei maior. Quando muito, admitem apenas aquilo que os sentidos podem avaliar.
De outro lado, existem aqueles que podemos chamar de incrédulos. Não negam, mas não estão totalmente convencidos da existência de Deus, até porque não conseguem compreender as aparentes injustiças sociais. Para esses, se Deus existir, é temperamental, porque dá saúde para uns e doenças para outros; riqueza para alguns e pobreza para muitos. Seria mais um humano superior do que propriamente um Deus.
A maioria, contudo, não tem dúvida a esse respeito. Há um sentimento natural nas pessoas sobre a existência de Deus. E as religiões surgiram exatamente porque as pessoas buscam entender melhor o Criador e Suas leis. Entre as religiões, que são caminhos para essa compreensão, há um consenso: o de que Deus é único e perfeito. Até mesmo os cientistas mais renomados acreditam nisso, já que estudam a natureza, que se mostra sábia e perfeita. O famoso cientista francês Louis Pasteur disse o seguinte: “um pouco de ciência nos afasta de Deus; muito, nos aproxima”.
As pessoas medíocres ou orgulhosas ficam esperando que Deus se aproxime delas, para atender os seus pedidos. Quando resolvem pensar em Deus, querem que Ele apareça para que possam acreditar nele; e como prova de Seu poder, querem que Ele lhe solucione todos os problemas. Como Ele não aparece, desacreditam, e passam a viver um vida solitária e egoísta.
No entanto, os humildes e simples de coração sentem a presença de Deus em tudo que há na natureza. Percebem que todos somos filhos d’Ele e que Ele sempre nos oferece as coisas de que precisamos. Sabem que se a sociedade ainda é injusta é porque nós não temos buscado Deus como deveríamos e nem temos vivido Suas leis de solidariedade e fraternidade.
Esses últimos são os mais felizes, porque a sua fé os fortalece diante dos problemas e das dificuldades, que sabem ser necessárias ao seu progresso. Já são melhores e procuram ajudar o mundo a ser também melhor.
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