Mensagem

"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."

Militão Pacheco

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Responsabilidade mediúnica.



A mediunidade tem sido tratada, ainda em nossos dias, de forma bastante ingênua por aqueles que, não a conhecendo em profundidade, se arvoram em falar a respeito. Normalmente vinculam-na ao Espiritismo, como se ela fosse invenção e apanágio dos espíritas. Ao mesmo tempo, vinculam o Espiritismo às outras expressões religiosas ou não, que se aventuram a divulgar a mediunidade na forma do mediunismo básico, que, apesar de ser uma expressão mediúnica, nada tem a ver com a mediunidade compreendida à luz do Espiritismo propriamente dito.
No livro religioso mais antigo e respeitado de que tem conhecimento o Ocidente, que encontramos uma farta gama de exemplos de médiuns. Referiro-me à Bíblia. E em seu Antigo Testamento, encontramos a descrição detalhada do festim de Baltazar, o neto de Nabucodonosor, na Babilônia. Em meio ao alegre festim, uma mão apareceu ao fundo da sala e escreveu três palavras, que ninguém conseguia decifrar. Foi necessário chamar o profeta hebreu Daniel que ali compareceu e informou ao rei que as palavras significavam Pesado, Medido, Dividido, predizendo a divisão do seu reino em breve. Fato que se consumou nos dias seguintes, com a vitória de medos e persas naquele país. Ora, este fenômeno se trata de escrita direta, quando os Espíritos não se utilizam da mão do médium para escrever, fenômeno estudado pelo Codificador da Doutrina Espírita no século XIX, com detalhes. A outra citação neste texto, da decifração da mensagem tem a ver com a inspiração do profeta, que colheu no Invisível informação precisa.
Há muitas referências bíblicas sobre a mediunidade, mas, citando mais uma, logo no início do Novo Testamento, o Evangelista Lucas descreve a anunciação de Maria pelo anjo Gabriel. Ora, ela viu o mensageiro Divino, portanto fenômeno de vidência. Ouviu-o com detalhes, pois que com ele conversou. Fenômeno de audiência. E, numa época em que não existia a ecografia, o mensageiro dos céus não somente lhe fala da sua concepção, mas do sexo da criança, do nome que Lhe seria dado e da Sua missão, com as palavras:
Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Será grande e o chamarão filho do Altíssimo e o seu reino não terá fim. Finalmente, lhe informa Gabriel que sua prima também está grávida há seis meses, motivo que leva Maria a visitá-la. Mediunidade não é, portanto, exclusividade dos espíritas. É de todos os tempos. É faculdade inerente ao homem, dada por Deus para que ele, deste mundo de dores, possa alçar-se ao Infinito e sentir o socorro e amparo espirituais, pelos fios invisíveis da comunicação que, em síntese, se dá através da oração, que eleva o ser às culminâncias do Invisível.
O pai de João Batista também recebeu a revelação do nascimento do filho, antes de sua esposa vir a conceber. Narra o Novo Testamento que ele estava no Santuário, exercendo as suas funções de sacerdote, quando lhe apareceu o mensageiro do Senhor, ao lado direito do altar, dando-lhe detalhes do que sucederia igualmente lhe dizendo do sexo da criança, o nome e sua missão. O fato de estar o sacerdote Zacarias a orar nos dá a tônica de que para adentrarmos à Espiritualidade Superior, o caminho é sempre a prece, que nos eleva e credencia a tal.
Mediunidade é, portanto, fato de sempre na historiografia da humanidade, sendo passível de ocorrer em todas as pessoas, independente de gênero, cor de pele, cultura, condição social ou religião. Mesmo ateus são médiuns. Isso os Espíritas sabem bem.
Mas sabem bem, também, os Espíritas, a importância da mediunidade em suas vidas? Sabem contextualizar sua vivência dentro da Doutrina, de modo a aproveitar o melhor que a mediunidade tem para oferecer em benefício próprio e dos demais que lhe acompanhem a jornada terrena?
É um questionamento que todos deveríamos fazer intimamente: o que estamos fazendo com nossa mediunidade? Faça essa pergunta a si mesmo, em todas as oportunidades nas quais esteja a caminho do Centro Espírita que você freqüenta, para desempenhar suas tarefas mediúnicas. Mas não se esqueça de que todas as tarefas na Casa Espírita são envolvidas pela mediunidade. Assim, cuidar da limpeza da Casa Espírita é um gesto que envolverá circunstâncias de troca de energia e de pensamentos com Espíritos presentes dentro do prédio onde irá desempenhar suas funções. Cuidar das instalações, da água fluída, da higiene, da apresentação, dos livros, do bazar da pechincha, da cantina, da sala de passe, da sopa fraterna (ou refeição fraterna), das roupas que são distribuídas, das sessões, dos tratamentos espirituais, dos cadernos para vibrações, do atendimento fraterno, da receoção da Casa, de tudo, enfim, envolve um aspecto de troca entre dois planos. Como fazemos isso? Como desempenhamos nossas tarefas. Há boa disposição para elas? Estamos fazendo o trabalho com alguma entrega intima? Ou será que reclamamos de fazer, reclamamos das pessoas, do que fizeram, do que não fizeram, do que disseram, do que não disseram, etc, etc, etc...
Acredite: muitas pessoas fazem o trabalho no Centro Espírita envolvidos com seus problemas, mas acabam sendo fortalecidas pelo trabalho; muitas pessoas, mesmo sem tantos problemas, se envolvem com problemas na Casa Espírita e saem enfraquecidas por não trabalharem minimamente como deveriam; muitas pessoas chegam ao trabalho mediúnico vazias e permanecem vazias, por não modificarem suas disposições interiores; mas a maioria, chega repleta de esperanças e se renovam ao receber, doando de si mesmas o que podem, que pode não ser muito, mas é muito para elas, que se enriquecem verdadeiramente, por terem disposição de abrir o coração com cuidado e boa disposição.

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