Mensagem

"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."

Militão Pacheco

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Mais sobre Caridade

Mencionada por S. Paulo, junto com a fé e a esperança, e chamada por ele a maior daquelas três. No Capítulo XIII da epístola I aos Coríntios, Paulo expôs a nova concepção cristã da caridade (agape). A posterior especulação teológica precisou o sentido do termo, designando a fé, a esperança e a caridade como virtudes teologais (teológicas), das quais a fé é a primeira como origem das outras, e a caridade é a primeira quanto à perfeição. A caridade, neste sentido teológico, é um princípio infuso por Deus, do qual emanam os atos daquela virtude. Em vista desse carácter infuso, a caridade cristã se distingue, fundamentalmente, da filantropia. A caridade é, primariamente, o amor de Deus, e, sem mudar a direção, secundariamente, o amor ao próximo e a si mesmo, considerando os homens nos laços sobrenaturais e naturais, que os unem a Deus, e na perspectiva, que vai além da vida terrestre.

Não obstante, a caridade tem em comum com a filantropia a preocupação pelo bem estar dos outros e daí resulta a acepção mais corrente do termo, que desconhecendo as perspectivas teológicas, identifica-o simplesmente com beneficência. Ainda assim, a caridade, concebida como beneficência, fica distinguida da virtude antiga da liberalidade, enquanto a caridade se deixa mover em virtude das relações existentes entre os homens, ao passo que a liberalidade é antes uma perfeição do indivíduo, e além disso não exclui segundas intenções egoístas.

A «bondade», por outro lado, é livre dessa suspeita e aproxima-se da caridade, porém muitas vezes designamos como bondade também um comportamento altruísta imprudente ou inativo.

Tanto na moral teológica, como na ética geral, é comum contrapor a caridade à justiça, como princípios diferentes do comportamento humano, conforme prevalece em um indivíduo a inclinação para o ideal de justiça ou para o de caridade. Assim podemos executar um e o mesmo ato no intuito de cumprir um dever sugerido pelo sentimento de justiça ou para atender a uma necessidade do próximo, que como caridade misericordiosa, sentimos como exigência nossa, cia nossa afetividade. O último procedimento se tem geralmente em conta de ser o mais perfeito.

Mas, convém aplicar aqui dois pontos de vista diferentes, um da ética individual, e um sociológico, ante os quais, a justiça e a caridade aparecem em perspectivas diferentes. A compenetração mútua dos dois ideais é aludida pela fórmula encontrada em Leibniz: "A justiça é a caridade do sábio".

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