Mensagem

"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."

Militão Pacheco

sábado, 16 de junho de 2012

Da Natureza de Jesus





É muito freqüente no meio espírita a discussão sobre como Jesus o nosso modelo e guia se apresentou aqui entre nós, quando de sua passagem pelo nosso planeta.

Afirmam em sua grande maioria, que o codificador do espiritismo a esse fato não se referiu, preferindo analisar apenas a parte moral do evangelho que segundo entendem, é comum a todas as correntes religiosas.

É claro que como espírita que somos, não podemos deixar de discordar peremptoriamente de tantos quanto assim pensam, pois na própria codificação nós temos a resposta clara, e absolutamente esclarecedora que não nos pode deixar a mínima dúvida quanto ao assunto, vejamos o que nos fala a esse respeito o próprio Allan Kardec:

A Gênese

CAPÍTULO XV – Os Milagres do Evangelho

Superioridade da Natureza de Jesus

“...Como homem, tinha a organização dos seres carnais; porém, como Espírito puro, desprendido da matéria, havia de viver mais da vida espiritual, do que da vida corporal de cujas fraquezas não era passível” ...( item 2).

“A estada de Jesus na Terra apresenta dois períodos: o que precedeu e o que se seguiu à sua morte. No primeiro, desde o momento da concepção até o nascimento, tudo se passa, pelo que respeita à sua mãe, como nas condições ordinárias da vida. Desde o seu nascimento até a sua morte, tudo, em seus atos, na sua linguagem e nas diversas circunstâncias da sua vida, revela os caracteres inequívocos da corporeidade. São acidentais os fenômenos de ordem psíquica que nele se produzem e nada têm de anômalos, pois que se explicam pelas propriedades do perispírito e se dão, em graus diferentes, noutros indivíduos. Depois de sua morte, ao contrário, tudo nele revela o ser fluídico. É tão marcada a diferença entre os dois estados, que não podem ser assimilados."

"O corpo carnal tem as propriedades inerentes à matéria propriamente dita, propriedades que diferem essencialmente das dos fluidos etéreos; naquela, a desorganização se opera pela ruptura da coesão molecular. Ao penetrar no corpo material, um instrumento cortante lhe divide os tecidos; se os órgãos essenciais à vida são atacados, cessa-lhes o funcionamento e sobrevém a morte, isto é, a do corpo. Não existindo nos corpos fluídicos essa coesão, a vida aí já não repousa no jogo de órgãos especiais e não se podem produzir desordens análogas àquelas. Um instrumento cortante ou outro qualquer penetra num corpo fluídico como se penetrasse numa massa de vapor, sem lhe ocasionar qualquer lesão. Tal a razão por que não podem morrer os corpos dessa espécie e por que os seres fluídicos, designados pelo nome de agêneres, não podem ser mortos."

"Após o suplício de Jesus, seu corpo se conservou inerte e sem vida; foi sepultado como o são de ordinário os corpos e todos o puderam ver e tocar. Após a sua ressurreição, quando quis deixar a Terra, não morreu de novo; seu corpo se elevou, desvaneceu e desapareceu, sem deixar qualquer vestígio, prova evidente de que aquele corpo era de natureza diversa da do que pereceu na cruz; donde forçoso é concluir que, se foi possível que Jesus morresse, é que carnal era o seu corpo. Por virtude das suas propriedades materiais, o corpo carnal é a sede das sensações e das dores físicas, que repercutem no centro sensitivo ou Espírito. Quem sofre não é o corpo, é o Espírito recebendo o contragolpe das lesões ou alterações dos tecidos orgânicos. Num corpo sem Espírito, absolutamente nula é a sensação. Pela mesma razão, o Espírito, sem corpo material, não pode experimentar os sofrimentos, visto que estes resultam da alteração da matéria, donde também forçoso é se conclua que, se Jesus sofreu materialmente, do que não se pode duvidar, é que ele tinha um corpo material de natureza semelhante ao de toda gente”. (item 65).

“Aos fatos materiais juntam-se fortíssimas considerações morais."

"Se as condições de Jesus, durante a sua vida, fossem as dos seres fluídicos, ele não teria experimentado nem a dor, nem as necessidades do corpo. Supor que assim haja sido é tirar-lhe o mérito da vida de privações e de sofrimentos que escolhera, como exemplo de resignação. Se tudo nele fosse aparente, todos os atos de sua vida, a reiterada predição de sua morte, a cena dolorosa do Jardim das Oliveiras, sua prece a Deus para que lhe afastasse dos lábios o cálice de amarguras, sua paixão, sua agonia, tudo, até ao último brado, no momento de entregar o Espírito, não teria passado de vão simulacro, para enganar com relação à sua natureza e fazer crer num sacrifício ilusório de sua vida, numa comédia indigna de um homem simplesmente honesto, indigna, portanto, e com mais forte razão de um ser tão superior. Numa palavra: ele teria abusado da boa-fé dos seus contemporâneos e da posteridade. Tais as conseqüências lógicas desse sistema, conseqüências inadmissíveis, porque o rebaixariam moralmente, em vez de o elevarem”. (1)

"Jesus, pois, teve, como todo homem, um corpo carnal e um corpo fluídico, o que é atestado pelos fenômenos materiais e pelos fenômenos psíquicos que lhe assinalaram a existência. (Item 66)."

(1) Nota da Editora: Diante das comunicações e dos fenômenos surgidos após a partida de Kardec, concluiu-se que não houve realmente vão simulacro, como igualmente não houve simulacro de Jesus, após a sua morte, ao pronunciar as palavras que foram registradas por Lucas (24:39): - "Sou eu mesmo, apalpai-me e vede, porque um Espírito não tem carne nem osso, como vedes que eu tenho."

Ante o exposto na própria obra da codificação, como espírita que nos dizemos ser, procuremos nos orientar pelos ensinamentos daquele que foi considerado como o bom senso encarnado, e estarmos atentos aos ensinamentos do insigne codificador, não nos deixando envolver por aqueles que querem de alguma forma encontrar brechas no trabalho incomparável e insuperável desse espírito que realizou toda sua obra com decência, dignidade, perseverança e maestria. Não temos razão para esse tipo de dúvida, pois se raciocinarmos em tudo que aqui foi colocado por Kardec, Jesus quando conosco esteve, também se utilizou do material que o nosso planeta lhe propiciava para sua tarefa de transformação da humanidade, sendo por isso modelo e guia para todos nós, mostrando-nos que é possível viver neste planeta tirando dele o melhor para a nossa elevação moral como espíritos eternos que somos, mesmo tendo ainda que nos valer deste instrumento ainda tão rude em termos de vida espiritual.

Não teria sentido algum fazer tudo o que Jesus fez usando de privilégio que se a ele fosse dado, estaria ferindo o princípio da igualdade apregoada pelos espíritos superiores a Kardec, onde afirmam em o Livro dos Espíritos que todos somos iguais perante a lei de Deus nosso pai e criador.

Sua superioridade se dava por conta do grau de pureza espiritual, pelo seu completo desenvolvimento intelectual e moral, e não por ter herdado do pai eterno um instrumento melhor que o nosso para seu deleite. Por isso tudo que a codificação nos dá de esclarecimento sobre esse assunto, cabe-nos uma simples pergunta: o que mais queriam esses nossos irmãos que o codificador dissesse a respeito de assunto tão claro?

Francisco Rebouças.

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