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Mensagem
"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."
Militão Pacheco
terça-feira, 12 de junho de 2012
Emmanuel
Este é o nome de uma das mais luminosas entidades espirituais a figurar nos arraiais espiritistas. Quando citamos o nome de Emmanuel, nos lembramos sempre do espírito humilde, generoso, de personalidade cujas características demonstram uma evolução intelecto-moral equilibrada, onde outros espíritos deixam a desejar tanto num, quanto noutro aspecto.
A participação de Emmanuel no Espiritismo antecede o transplante do Consolador para plagas brasileiras, pois Chico Xavier disse certa feita que ele foi um dos espíritos que participou da equipe que preparou a codificação da Doutrina Espírita, onde podemos verificar a assertiva do médium na mensagem do Evangelho Segundo o Espiritismo intitulada "O Egoísmo", do capítulo XI, item 11, assinada por este espírito.
O primeiro contato de Emmanuel com Francisco Cândido Xavier se deu em 1931, numa reunião mediúnica em Pedro Leopoldo (MG), no Centro Espírita Luís Gonzaga quando o médium de apenas vinte anos de idade pode ver pela primeira vez o mentor espiritual que lhe acompanharia pelo resto da vida. No prefácio do Livro "Emmanuel", Chico relata:
"Eu psicografava, naquela época, as produções do primeiro livro mediúnico, Parnaso de Além Túmulo, recebido através de minhas humildes faculdades, e experimentava os sintomas de grave moléstia nos olhos. Via-lhe os traços fisionômicos de homem idoso, sentindo minha alma envolvida na suavidade de sua presença; mas o que mais me impressionava era que a generosa entidade se fazia visível para mim, dentro de reflexos luminosos que tinham a forma de uma cruz. Às minhas perguntas naturais, respondeu o bondoso guia: Descansa! Quando te sentires mais forte, pretendo colaborar igualmente na difusão da filosofia espiritualista. Tenho seguido sempre os teus passos e só hoje me vês, na tua existência de agora, mas os nossos espíritos se encontram unidos pelos laços mais santos da vida e, o sentimento afetivo que me impele para teu coração tem suas raízes na noite profunda dos séculos..."
A história de Emmanuel até onde conhecemos, começa na Roma longínqua dos césares, onde o espírito envergou o corpo do senador Públio Lentulus Cornelius, descendente de antiga família de senadores e cônsules da república romana.
Em 7 de setembro de 1938, Emmanuel ditou a seguinte mensagem ao grupo de estudos espíritas de Pedro Leopoldo, através de Chico Xavier:
— "Algum dia, se Deus mo permitir, falar-vos-ei do orgulhoso patrício Públio Lentulus, a fim de algo aprenderdes nas dolorosas experiências de uma alma indiferente e ingrata.
Esperemos o tempo e a permissão de Jesus."
Semanas depois, Emmanuel cumpria a promessa de sua autobiografia com o início da produção mediúnica do romance "Há Dois Mil Anos".
O livro conta a história de um orgulhoso senador romano casado com uma patrícia chamada Lívia, tendo o casal uma filha de nome Flávia Lentúlia, que era portadora de lepra, e um menino chamado Marcus.
O autor espiritual descreve a figura do senador como um homem relativamente jovem, aparentando menos de trinta anos, não obstante o seu perfil orgulhoso e austero.
No decurso da história, quando o senador e a família viajavam para Jerusalém, acompanhados de pequena expedição militar, ocorreu um imprevisto. Uma minúscula pedra cortara o ar, alojando-se no palanquim do senador, ferindo levemente o rosto de sua esposa.
Grande alarme ocorreu na comitiva de servos e soldados, e um rapaz que se encontrava nas proximidades é capturado pelo lictor que comandava a expedição e apresentado ao senador como responsável pelo delito.
Públio manda açoitar severamente o rapaz sob o sol causticante da tarde, ante o olhar espantado e compungido dos escravos e centuriões presentes. O estalar do chicote no dorso seminu do moço – que gemia em soluços dolorosos -, só cessa quando a esposa pede súplice ao marido o fim do castigo. O senador ordena então a suspensão do castigo, mas condena o rapaz à trabalhos forçados nas galeras, que significavam a morte ou a escravidão para sempre.
Ao ouvir a sentença condenatória, o rapaz deita sobre Públio Lentulus um olhar de ódio e desprezo supremos e no âmago de sua alma nasce um sentimento de vingança e cólera. A viagem segue então seu curso normal e os viajores chegam a Jerusalém.
Três dias depois, um judeu humilde chamado André de Gioras o procura para uma entrevista, identificando-se como pai do rapaz preso, implorando-lhe clemência para o filho. Porém o senador recordando a necessidade de fazer sentir a autoridade de sua posição, se nega orgulhosamente a revogar sua deliberação.
André de Gioras ferido em sua emotividade de pai e em seu sentimento de homem jura vingança, estremecendo a alma inflexível e fria do senador.
Públio Lentulus e a família haviam se transferido para a Palestina visando a recuperação da filha que era portadora de uma doença na época considerada incurável, na esperança que o clima de Cafarnaum trouxesse melhoras à menina. Lívia implorou ao marido que procurasse o profeta de Nazaré na esperança de uma cura definitiva para a pequenina, visto o grande número de comentários do povo naquela época sobre as curas operadas por Jesus.
O senador aquiesce ao pedido da esposa, dizendo-lhe porém que iria à procura do messias, mas que não chegaria ao cúmulo de abordá-lo pessoalmente, descendo de sua dignidade social e política, mas que pretendia um encontro fortuito com Este, e que se sobreviesse alguma circunstância favorável, far-lhe-ia sentir o prazer que lhes causaria a sua visita, com o intento de reanimar a doente.
Quando as horas mais movimentadas do dia se escoaram e o crepúsculo começou a se fazer visível, o senador então se colocou no caminho que conduzia a uma antiga fonte da cidade que era motivo de atração para os forasteiros, na estrada que conduzia às margens do Tiberíades, onde Jesus era freqüentemente visto em suas pregações.
Depois de mais de uma hora de expectativa, dá-se então o encontro de Públio Lentulus com Jesus, que ele descreve como um homem ainda moço, cujo olhar transparecia profunda misericórdia, além de uma beleza suave e indefinível. Longos cabelos sedosos molduravam-lhe o semblante compassivo, cujo sorriso divino revelava ao mesmo tempo bondade imensa e singular energia, irradiando de sua melancólica e majestosa figura, uma fascinação irresistível.
Jesus lhe aconselha que mude de caminho, exortando o homem de Estado superficial e orgulhoso, a ter fé e ser humilde, imitando o exemplo da esposa. Que os poderes do império eram bem fracos e todas as suas riquezas bem miseráveis...
Jesus ainda lhe fala das efemeridades das magnificências dos césares e das glórias terrenas, porquanto um dia todas as criaturas são chamadas aos tribunais da justiça de seu Pai, deixando as águias poderosas de existir, para se transformar num punhado de cinzas misérrimas e que apenas uma lei imutável prevalece ante as inquietações dos homens – a lei do amor, instituída por Deus, desde o princípio da criação...
No final do diálogo, Jesus diz-lhe:
— "Agora, volta ao lar, consciente das responsabilidades do teu destino...
"Se a fé instituiu na tua casa o que consideras a alegria com o restabelecimento de tua filha, não te esqueças que isso representa um agravo de deveres para o teu coração, diante de nosso Pai, Todo-Poderoso!..."
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