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Mensagem
"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."
Militão Pacheco
sábado, 21 de março de 2015
Premonições
Os Espíritos de nossa esfera não podem devassar o futuro, considerando essa atividade uma característica dos atributos do Criador Supremo, que é Deus.
Temos de considerar, todavia, que as existências humanas estão subordinadas a um mapa de provas gerais, onde a personalidade deve movimentar-se com o seu esforço para a iluminação do porvir, e, dentro desse roteiro, os mentores espirituais mais elevados podem organizar os fatos premonitórios, quando convenham à demonstração de que o homem não se resume a um conglomerado de elementos quimicos, de conformidade com a definição do materialismo dissolvente.
Um caso de premonição de morte acidental
Exemplo de “premonição de morte acidental”, donde ressalta, mais que nunca, indubitável a existência de uma fatalidade na vida, mediante a qual unicamente se podem explicar as reticências e os simbolismos que manifestamente objetivam não embaraçar a execução dos decretos do Destino.
O vaticínio de morte que vou relatar se mostra de grande importância, sobretudo pelo lado probante, visto ter sido formulado por dois sensitivos, sem nenhuma ligação entre um e outro. Dá-se ainda que um deles insistiu sobre o mesmo acontecimento durante 14 sessões, depois de tê-lo anunciado 31 meses antes que se realizasse. Acrescente-se que, por uma ironia da sorte e por ordem supranormal, esse vaticínio de morte foi comunicado à vítima pelo sensitivo percipiente, que ignorava quem fosse o que teria de morrer. A vítima designada, ignorando, por sua vez, que o fato lhe dizia respeito, tomou dele nota cuidadosa, com o fim de lhe pesquisar de forma científica o desenvolvimento. Era o Dr. Gustave Geley, diretor do Instituto Metapsíquico de Paris.
O primeiro de tão memoráveis vaticínios ocorreu, sem ser procurado, nas experiências de “metagnomia” a que o Dr. Eugênio Osty procedia com diversos sensitivos. Escreveu ele:
“Ponho fim à presente enumeração de premonições de morte acidental, citando fragmentariamente as frases de um vaticínio, cujo desenvolvimento acompanhei por três anos, sem me aperceber, até verificar-se o fato, de quem era a pessoa a que ele se referia.”
(Extratos dos relatórios das sessões hebdomadárias de premonições, com a sensitiva-clarividente Mme. Peyroutet).
18 de março de 1922 – “... O senhor toma parte regularmente num jantar em que só homem se senta à mesa. Um deles empreenderá uma viagem e sofrerá um acidente seguido de morte...” (Eu participei regularmente de um só jantar periódico – o de 13 de cada mês – ao qual unicamente homens compareciam. Esse jantar foi combinado em junho de 1914 e éramos quinze os comensais, todos interessados nas pesquisas psíquicas e, na sua maioria, amigos. O Dr. Geley, diretor do Instituto Metapsíquico, era do número).
24 de abril de 1922 – “... Morte de um amigo seu, por desgraça acidental. Haverá queda e morte. É um homem de ciência...”
21 de maio de 1922 – “... O senhor saberá da morte de um amigo seu, devida a acidente grave. Serão duas as mortes...” (O Dr. Geley era o único passageiro do aeroplano que no dia 14 de julho de 1924 se precipitou ao solo, na Polônia. Ele e o piloto morreram imediatamente).
15 de julho de 1922 – “... Vejo sempre ao seu derredor a morte de um homem de ciência, seu amigo. Mas, em que consistirá a catástrofe?... Haverá duas mortes...”
23 de setembro de 1922 – “... Oh! doutor, vejo sempre ao seu lado este acontecimento de morte por acidente, que poderá dar lugar a um oferecimento que lhe será feito e que mudará a sua carreira profissional...” (Para os que o ignoram, direi que foi em seguida à morte do Dr. Geley que me propuseram assumisse eu a direção do Instituto Metapsíquico).
20 de janeiro de 1923 – “... O senhor virá a saber da morte, por acidente, de um homem de ciência... Morte súbita. Dupla morte, depois de uma viagem a país distante.”
17 de fevereiro de 1923 – “... Sempre acidente e morte de um homem de ciência muito seu conhecido. Acidente e morte por ocasião de uma partida.”
17 de março de 1923 – “... Oh! ser-lhe-á comunicada uma morte acidental, por fratura do crânio... Vejo uma morte que será para o senhor causa de alguma coisa como uma nova tarefa, um trabalho novo...”
21 de abril de 1923 – “... Oh! essa morte de um homem de ciência está sempre ao seu lado! Doutor, o senhor certamente não tem a intenção de subir num aeroplano, não é?”
1º de dezembro de 1923 – “... Oh! que triste notícia de morte o espera! Morte acidental por uma queda! Duas mortes. Aproxima-se o dia do senhor a receber. É sua amiga essa pessoa...”
22 de março de 1924 – “... Não tardará muito que saberá da morte de um homem de ciência, a quem o senhor conhece muito. Um doutor dará uma queda. Acidente de automóvel, ou de qualquer outra coisa, longe, longe, durante uma viagem...”
04 de abril de 1924 – “... Em torno do senhor há um fato de morte, que continuo a ver sempre. Morte acidental, no estrangeiro; qualquer coisa como uma embarcação que afundará...”
31 de maio de 1924 – “... Morte acidental de um homem muito seu conhecido. Morte por ocasião de uma partida, em pais estrangeiro...”
09 de julho de 1924 – “... Será uma morte que surpreenderá grandemente. Morte acidental. Partida durante uma viagem. Morte de um homem de ciência, que revolucionará a sua existência...”
Observa neste ponto o Dr. Osty:
“Cinco dias depois desta última sessão (14 de julho de 1924) o Dr. Geley partia de Varsóvia em aeroplano e logo depois a máquina se precipitava, causando-lhe a morte, assim como ao piloto. No dia 19 de julho, a vidente, Mme. Peyroutet, tornou a falar, pela última vez, da morte acidental, que a obsediava em todas as sessões, comigo, mas dessa vez assinalou a morte como ocorrida.” (Revista Metapsíquica. 1930, pág, 50-52).
Antes de comentar o inolvidável episódio exposto, cumpre-me reproduzir um outro relativo ao mesmo caso de premonição de morte acidental ainda distante e que, como o primeiro, ocorreu espontaneamente, mas de forma “auditiva”, tendo por percipientes o conhecido escritor, metapsiquista e também sensitivo-clarividente Pascal Forthuny. Numa conferência que fez, em maio de 1926, no Instituto Metapsíquico, tratou ele do caso nos seguintes termos:
“Sim, tenho a certeza absoluta de que, em muitas circunstâncias, o futuro é previsível para o clarividente... Se todos os clarividentes tivessem o cuidado, que hei tido sempre, de datar e conservar os textos de suas profecias, depositando-as em lugar seguro, para depois, a seu tempo, confrontá-las com os pormenores do acontecimento realizado, poderiam todos testificar, com plena consciência, que a previsão do que há de dar-se não é uma hipótese, porém realidade indiscutível, porque cem vezes verificada. Limitar-me-ei agora a divulgar um de tais documentos-prova, referente a uma profecia trágica, da qual, desventuradamente, me tocou a mim ser o comunicante.
Um dia, no silêncio e na solidão do campo, estava eu no meu escritório, absorto numa composição poética, quando, de improviso, me ressoou ao ouvido uma voz autoritária a me ordenar fosse sem demora ao Instituto Metapsíquico, em Paris, comunicar ao Dr. Gustave Geley que eu fora prevenido da morte próxima de um médico francês na Polônia, vítima de um desastre de aviação. Obedeci, partindo imediatamente para Paris, onde me dirigi à residência do Dr. Geley, que era na própria sede do Instituto. Ele acabara, naquele momento, de jantar com a família e se achavam todos na respectiva sala. Fui acolhido com a costumada gentileza e expus sem demora o motivo da minha visita, narrando o que a “voz autoritária” me revelara. Faço notar que, então, o diretor do Instituto Metapsíquico nenhuma intenção tinha de ir à Polônia. Perguntou-me ele bruscamente: “E de quem e trata?” Foi-me dito depois que, a essa pergunta, eu visivelmente empalidecera. Como quer que seja, eu não sabia de quem se tratava, pois que não me fora declinado o nome da vítima. Mas aquela pergunta me deixou confuso. Procurei despertar as minhas faculdades pré-cognitivas. Pareceu-me que conseguia e mencionei um nome: o de um doutor ilustre. Enganei-me no que dizia respeito à pessoa; o Destino não me quis revelar completamente o seu segredo. Decorridos três meses o Dr. Geley se achava em Varsóvia; propuseram-lhe regressar de aeroplano a Paris e ele aceitou. Após um quarto de hora de vôo, o aeroplano se precipitou ao solo, ficando horrivelmente esfacelados os dois que nele viajavam. Da minha trágica profecia, verídica, se bem que incompleta, fora feito um registro por escrito, no momento em que a participei ao Dr. Geley, e esse documento encontramos entre os papéis do nosso desditoso amigo.” (Revue Métapsichique, 1926, página 368).
O trágico acontecimento de que se trata, percebido 31 meses e 3 meses antes por dois videntes, com todas as particularidades necessárias a assinalar infalivelmente a vítima designada, mas somente depois que o fato ocorresse, pode considerar-se conclusivo para demonstrar a existência de uma classe de premonições capazes de indicarem as vítimas de catástrofes acidentais, portanto, imprevisíveis, o que, do ponto de vista da hipótese fatalista, adquire enorme importância.
Procedamos, porém, com ordem. Antes de tudo, importa acentuar que o vaticínio em questão corresponde, de modo irrepreensível, a todas as exigências da documentação científica:
De um lado, há 14 relatos do Dr. Osty, por ele escritos em face dos apontamentos tomados durante as sessões;
do outro lado, há o relato de Pascal Forthuny, comprovado pelo testemunho de membros da família da vítima, bem como por um documento no qual a profecia foi registrada, na ocasião, pela própria vítima que o vaticínio designava.
Deve-se, pois, concluir que, do ponto de vista probante, o caso em apreço é positivamente “crucial” em todos os seus minuciosos pormenores, dado que todas as particularidades que o constituem foram registradas muito tempo antes que o acontecimento se desse.
O professor Richet, citando o caso em seu livro L’Avenir et la Prémonition (O futuro e a premonição), conclui com a observação seguinte: “Verdadeiramente, a mim me parece que, depois da leitura desse íntimo episódio, deveria ser logicamente impossível duvidar ainda da existência da lucidez premonitória”. Assim é, com efeito, e a ninguém escapará a enorme importância teórica que apresenta o fato de possuir-se ainda que um só caso de “premonição de morte por acidente em longo prazo”, mas que corresponda às mais severas exigências científicas e se demonstre literalmente invulnerável, não só a todas as objeções legítimas, como também a todas as sutilezas sofísticas dos opositores misoneístas.
[111 - páginas 222 / 226] - Ernesto Bozzano
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