Mensagem

"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."

Militão Pacheco

domingo, 31 de agosto de 2008

Existe alguma relação entre alcoolismo, obsessão, reencarnação...? Qual seria?


O hábito do consumo de álcool entre os seres humanos data da pré-história, tendo sido parte de rituais religiosos e festejos de todos os tipos desde os mais remotos dos tempos. Assim sendo, a história do alcoolismo – ou do abuso do álcool – e da humanidade têm caminhado lado-a-lado, o que reforça que vimos repetindo esse comportamento ao longo dos evos.

O Espírito André Luiz, na obra “Mecanismos da Mediunidade”, capítulo XII, faz um interessante paralelo entre a experiência de Ivan Pavlov, nascido em 1849, médico russo, com cachorros e como nós adquirimos reflexos ao longo da nossa história evolutiva.

Pavlov separou alguns filhotes de cães de suas mães logo que nasceram e nunca os apresentou à carne. Assim, quando ele as mostrou pela primeira vez, eles não se interessaram por ela, apesar do instinto natural da espécie.

Entretanto, ele colocou a carne na boca dos animais, soando antes um sino. Os animais despertaram o prazer de comer carne. Assim, todas as vezes que se soava o sino, mesmo que a carne não viesse depois, os cachorros já salivavam.

André Luiz nos diz que “esse campo de experiência traz a estudo os reflexos congênitos ou incondicionados, quais os chamados protetores, alimentares, posturais e sexuais, detentores de vias nervosas próprias, como que hauridos da espécie, seguros e estáveis, sem necessidade do córtex, e os reflexos adquiridos, ou condicionados, que não surgem espontaneamente, mas sim conquistados pelo indivíduo, no curso da existência.”

Assim, explicando o fenômeno do cão preferir a carne apenas quando a prova, André Luiz diz que “o ato de alimentar-se é um hábito estratificado na personalidade do cão, em processo evolucionista, através de reencarnações múltiplas, e o ato de ‘preferir carne’, mesmo em se tratando de alimento ancestral da espécie a que se entrosa, é um hábito que ele adquire, formando impressões novas sobre um campo de sensações já consolidadas.”

Analisando essas explicações de André Luiz com a informação histórica de que o álcool acompanha as festividades e os ritos religiosos desde épocas imemoriais, temos a explicação de que o alcoolismo e a reencarnação estão intimamente ligados e, principalmente, o reforço da informação que os grupos de Alcoólicos Anônimos, sem comprovação científica que os endossasse, na década de 40, já diziam que era imprescindível “evitar o primeiro gole”.

Assim como o cão só sente o prazer do sabor da carne ao prová-la, o alcoólico em potencial só se torna alcoólico ao beber. E em bebendo, ele reacende, como nos dizeres de André Luiz, as sensações já consolidadas da preferência pela sensação de entorpecimento que o álcool traz.

Já a questão obsessão, reencarnação e alcoolismo estão extremamente interligadas, tão interligadas que o Dr. Carneiro de Campos, Espírito, cujo trabalho Manoel Philomeno de Miranda acompanhou e narrou na obra “Trilhas da Libertação”, diz que é “um tipo de obsessão muito difícil de ser atendida convenientemente, considerando-se a perfeita identificação de interesses e prazeres entre o hóspede e o seu anfitrião.”

Essa perfeita identificação que o médico espiritual faz referência decorre diretamente do “reflexo condicionado” sobre o qual falamos antes.

Inácio Ferreira, médico psiquiatra espírita, quando encarnado, editou o livro “Psiquiatria em Face da Reencarnação”, onde ele traça um interessante paralelo para explicar por que o alcoolismo passa de uma encarnação para outra. Ele diz que “a lepra, a tuberculose, o câncer, os males que se estabelecem no corpo e usufruem dos seus elementos químicos, se dispersam com a transformação [pela morte], mas os vícios, como o álcool e os entorpecentes, são conservados pelo perispírito, sofrendo a intoxicação do seu ego, a intoxicação psíquica. (...) Os primeiros males desaparecem com o corpo; os segundos persistem, pois o espírito não morre – continua a sua vida como repositório dos sentimentos, dos desejos.”

Desta forma, não é difícil percebermos que o Espírito desencarnado, que leva consigo seus desejos e sentimentos, e sendo o alcoolismo um hábito motivado pelo reflexo condicionado que desperta uma sensação conhecida do passado, mantém esse reflexo, mantém o desejo de consumir a substância, mas agora sem o corpo para ingeri-la e acessá-la, já que ela também faz parte do mundo físico. Por isso, acopla-se a um encarnado, como que num abraço profundo, envolvente, em que seus fluidos perispirituais se interpenetram para que, desta forma, o desencarnado possa absorver as emanações do álcool e sentir o pseudo-prazer da embriaguez mais uma vez.

Essa ligação, que pode começar de forma fortuita, quando o bebedor ainda é esporádico, desenvolvendo-se para um acompanhamento diário, o que resulta, normalmente, no aumento da vontade de beber do alcoolista.

Por todo o exposto, vê-se que o alcoolismo é uma doença física, porque descamba para a dependência e porque sua retirada súbita, nos casos de dependência mais aguda, pode ocasionar a morte. Mas, principalmente, o alcoolismo é uma doença da alma, necessitando de tratamento profundo, nas esferas médica, psicológica e espiritual.

Um grande trunfo na recuperação do alcoolismo, além dos grupos de mútua ajuda (Alcoólicos Anônimos, por exemplo), é a terapêutica do passe e da água fluidificada, além da freqüência assídua às palestras espíritas, para que o pensamento, já fixado nos hábitos e nos lugares que detonam a compulsão pelo álcool (exatamente como o cachorro que salivava ao ouvir o sino que precedia à oferta de carne), possa ser redirecionado a novas maneiras de enxergar e de viver a vida.

Na questão 909 de “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec perguntou à Espiritualidade se poderíamos, pelos nossos próprios esforços, vencer nossas inclinações más. Os Espíritos são claros ao responderem que “sim, e às vezes com pouco esforço; o que lhe falta é a vontade.” Assim, aliando-se o pouco esforço de ficar 24 horas sem beber à vontade de se livrar deste condicionamento de tantas vidas é que ocorre a bênção da recuperação.

Nenhum comentário: