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"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."

Militão Pacheco

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Perispírito e Memória


Será o perispírito a "sede" da memória do Espírito?

Podemos estudar diversos autores como Gabriel Delanne, Léon Denis, Emmanuel, Joanna de Ângelis, Yvonne A. Pereira, em relação ao perispírito e memória usarem substantivos designando o perispírito de sede, armazém, chapa fotográfica, arquivo, bem como os verbos registrar, gravar, acumular, arquivar, mostrando a preocupação deles em passar uma ideia aproximada de uma realidade para a qual não se dispõe de vocabulário específico.

Nesses autores percebe-se o pensamento de que o corpo espiritual, ainda que seja obscuro para os encarnados, guarda registros das vivências e nesse sentido, chamam-no de sede da memória. Essa posição é considerada por muitos como antidoutrinária, absurda, materialista, totalmente em desacordo com Allan Kardec.

Por limitações pessoais, da língua, do vocabulário, o termo “sede” significa “local onde se situa exclusivamente determinado fato”. Isso não quer dizer que o perispírito, por registrar lembranças e aquisições está afirmando que o Espírito não as possui.

Se analisarmos as obras dos autores citados concluiremos que nenhum deles se propõe a inverter a relação Espírito – perispírito valorizando mais o corpo perispiritual.

Um dos livros polemizado a esse respeito é o “Evolução Anímica” de Gabriel Delanne, justamente todo um estudo sobre a alma e o perispírito em que logo na Introdução o autor faz questão de alertar que seu objetivo é estudar o papel da alma durante a encarnação.

Em nenhum momento o autor citado ou qualquer outro dos mencionados se dispõem a privilegiar o perispírito em detrimento do Espírito.

Na realidade o perispírito não é sede da memória nesse sentido comumente entendido. Quem retém todo potencial é o Espírito. Por estar (o perispírito) intimamente ligado ao Espírito, é impressionado pelos pensamentos e guarda características boas ou más sem, entretanto, ter o “poder” de alterá-las, cabendo isso aos esforços do Espírito.

“O Livro dos Espíritos” (118) ensina que concluída uma prova o Espírito fica com a ciência que daí lhe veio e não a esquece.

Na 180 afirma que passando de um planeta para outro o Espírito conserva a inteligência que já possuía. Na 218, que os conhecimentos adquiridos em uma existência não mais se perdem; liberto da matéria, o Espírito os tem presente.

Na Segunda Parte de “O Livro dos Médiuns” capítulo 29, ensina que: “Memória está no Espírito. Perispírito é inerte. É no Espírito que tudo reside. É ele quem pensa, lembra, ama, sofre, se movimenta e age”.

No decorrer desse estudo, vimos os Espíritos formarem seu perispírito das camadas dos fluidos espirituais que envolvem o planeta que vão habitar. Ao mudar de mundo tomam, formam um perispírito adequado ao novo meio. Se ele fosse sede da memória, nessa passagem, o Espírito perderia todas as suas lembranças, tudo o que houvesse adquirido nos milênios de sua evolução.

Ainda, se o perispírito fosse sede da memória, conhecimentos, faculdades, sentimentos e tudo quanto constitui aquisições laboriosas para o Espírito não lhe pertenceriam, mas sim ao perispírito, organismo desagregável, mutável. Não pode, portanto, o perispírito ser sede da memória porque é um organismo temporário; é matéria e como tal se desagrega não guardando registros. A memória é do Espírito e não do períspirito. (OLM XIX – 223).

Aliás, o perispírito não só é mutável (quando passa para um mundo melhor) como também é comutável, isto é, tem a capacidade de mudar para menos quando o Espírito vem ou vai a um mundo ou plano inferior. Nesse caso precisa adensar, adequar o perispírito às novas condições. Se a sede estivesse no perispírito, perderia nessa passagem todo o adquirido que ficaria no perispírito “abandonado”.

Os créditos e débitos de cada um estão integrados no Espírito; quem evolui é o Espírito e em consequência dessa evolução, sua essência se modifica – daí o abandono dos fluidos de que é formado e que já não mais correspondem à sua essência.

Para aprofundamento, encontraremos bibliografia em “A Gênese” – cap. X e XIV: “Deus na natureza” – Camille Flammarion II; “Revista Espírita” ano 1866 pag. 67-71 a 77; 1861 – pag. 45 e 1868 pag. 166 – 1859 pag. 80; “Evolução em Dois Mundos” cap 1; “Mecanismos da Mediunidade” cap III, ambos de André Luiz e “O Livro dos Médiuns” itens 75-77 e 98. Também no livro Educação Mediúnica – Teoria e Prática - vol 1 - Ribeirão Preto: BELE, 2005 de Leda Marques Bighetti. Para enriquecimento do tema remetemos ainda a Gabriel Delanne – Evolução Anímica.

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