“O escolho da maior parte dos médiuns principiantes é de terem de se haver com espíritos inferiores e devem dar-se por felizes quando são apenas espíritos levianos”
Livro dos Médiuns capítulo XVII questão 211
Mediunidade é fato consumado para o ser humano desde sempre, haja vista a imensa quantidade de relatos registrados das mais variadas maneiras a respeito do intercâmbio existente entre as duas esferas de Vida, o mundo material e o mundo espiritual, em todos os tempos e em todos os cantos do mundo, documentados por muitas expressões de registros.
A Bíblia, respeitada por muitos e, por conta do velho testamento, originadora de pelo menos três religiões fundamentais, tem em suas páginas muitas passagens que se referem a fenômenos mediúnicos.
Desde Kardec, entretanto, temos a oportunidade de aprender sobre a mediunidade de modo sistemático, ou seja, de modo prático, coerente e didático, já que o codificador obteve êxito em qualificar e ordenar a mediunidade para que possamos compreendê-la e assimilar ordenadamente o que a mediunidade realmente significa para cada um de nós.
E podemos entender que mediunidade é uma benção de oportunidade de serviço para auxílio do próximo e de si mesmo, não só no alívio de dores físicas e morais, mas também para o desenvolvimento moral de quem possa ser dotado das potencialidades mediúnicas das mais variadas expressões.
Mas esta benção é cercada de aspectos que podem transformá-la em obstáculo, se o médium não tiver discernimento adequado para desenvolvê-la adequadamente.
O fato de o médium lidar com aspectos desconhecidos em seu contato com o mundo espiritual pode levá-lo a desenvolver tanto capacidades construtivas como destrutivas, na dependência de suas predisposições interiores.
Se o médium tem em si tendências místicas certamente estará propenso ao misticismo; se é vaidoso em sua essência poderá se deixar levar por elogios; se tem consigo desejos de desfrutar de vantagens por conta da mediunidade poderá se aproveitar dela em benefício pessoal e assim por diante.
A ignorância é o fator fundamental na condução equivocada do médium: quanto mais acentuada ela for e quanto mais o médium fechar as portas mentais para o esclarecimento, mais suscetível de envolvimentos variados ele será. E isso acontece em qualquer setor de conhecimento e trabalho. Não há trabalhador que se estabeleça sem conhecimento de causa de seu ofício: é necessário um período de aprendizagem que lhe dê credenciais para exercê-lo.
Assim também precisa acontecer com a mediunidade, pois o médium é um trabalhador que poderá servir para a luz do saber ou para as sombras da ignorância, em acordo com escolhas e oportunidades que venha a ter durante sua vida.
O Livro dos Médiuns é, certamente, a diretriz para o médium, pois é através dele que se poderá adquirir bases e fundamentos para o bom serviço de intercâmbio entre as duas esferas da Vida com as quais convivemos continuamente.
Com esta obra o médium encontrará bases para seguir em sua jornada buscando a correção e o aprimoramento contínuos, tão necessários para a manutenção de sua integridade física e moral.
Por este caminho o praticante da mediunidade poderá caminhar, diminuindo os riscos e se afastando dos obstáculos naturais que poderá encontrar. O Livro dos Médiuns afasta o fator fundamental para o médium: a ignorância. É ela que aproxima os desavisados do erro, impedindo de se ver o que através do esclarecimento poderia parecer óbvio.
Espíritos que guardem semelhanças de ideais para com o medianeiro poderão se aproximar dele com intenções consideradas equivocadas para tirar proveito da sua habilidade de contato com a esfera espiritual, mas muitas vezes iludindo-o com recursos de seu próprio interesse, para conduzi-lo pela trilha que esses espíritos julguem adequado para a finalidade que queiram, isto é, o processo de degradação moral e posteriormente física do médium.
Seria de se estranhar que imagine que um médium pode estar assim, tão fragilizado somente por conta de sua mediunidade? Não. Não é de modo algum de se estranhar, pois na verdade o médium que não conhece as bases deste intercâmbio fica realmente à mercê de maiores obstáculos.
E o fundamento para que se possa manter equilíbrio dentro deste desenvolvimento e no contato com o plano espiritual é a questão moral.
Quando se fala de moral, não deve haver referência quanto à superfície do trato no relacionamento inter-humano, mas sim às questões de cunho íntimo, de princípios básicos na ordem e no respeito quanto ao que se deseja para outrem e quanto à postura para com as demais pessoas. O melhor caminho a ser seguido é o caminho proposto por Jesus, registrado em O Evangelho Segundo o Espiritismo, tanto como as passagens referidas no Novo Testamento, onde citam palavras do Cristo que podem nos dar diretrizes absolutas para o desenvolvimento adequado das potencialidades mediúnicas de que se possa dispor.
Basta lembrar vagamente algumas palavras do Cristo para que nos deixemos dissuadir pela Verdade que nos levará ao Caminho e à Vida propostos por Ele.
Já imaginou se seguíssemos as recomendações básicas que Ele nos deixou, como esta: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.” Não seria fantástico? Entretanto ainda nos debatemos com recomendações fundamentais e nos colocamos à mercê de nossos próprios problemas. Sim, há conflitos interiores que nos impedem de praticar esta recomendação. Mas isso é assunto para depois, na próxima etapa.
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