Mensagem

"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."

Militão Pacheco

quinta-feira, 18 de março de 2010

Questões de Orgulho

“O orgulho tem posto a perder numerosos médiuns dotados das mais belas faculdades, que, sem ele seriam instrumentos excelentes e muito úteis.”
O Livro dos Médiuns, questão nº 228


O conhecimento é, com certeza, das mais preciosas aquisições da pessoa e quanto mais se adquire conhecimento maior o nosso potencial para a liberdade, para a mobilidade, para o crescimento, desenvolvimento, resolução das equações da vida e particularmente para o entendimento de o que é viver e quais as necessidade para que se viva em maior degrau de harmonia e paz interior.
Mas nem sempre o conhecimento facilita as coisas para nós, pois alguns de nós, portadores de enorme carga de conhecimento, tornam-se pessoas de difícil flexibilidade, por conta de que formam idéias e ideais diferenciados, fundamentados em seu próprio conhecimento.
Saber lidar com o conhecimento, então, passa a ser questão de sobrevivência. Se a pessoa adquire conhecimento em profusão e não sabe lidar com ele, com a devida maturidade, pode se perder por conta de tanta informação. Ter informações pode não ser, portanto, a solução para todos os nossos problemas.
Em Espiritismo não é diferente. Muitas pessoas afirmam ter lido toda a codificação kardequiana, todas as obras de André Luiz, etc. e tal, mas permanecem as mesmas, sem modificações interiores adequadas. A Doutrina Espírita fornece ferramentas suficientes para que o indivíduo se transforme em uma pessoa melhor, mais preparada para a vida, mais diplomática no trato com as demais pessoas, entretanto, se não houver disposição interior do leitor, para aplicar em si mesma as propostas espíritas de mudança de postura, de nada adianta a leitura contumaz destas obras. Perde-se o propósito da leitura, que passa a funcionar como “letra morta”, pois é ineficaz do ponto de vista prático.
O conhecimento pode funcionar como fonte de orgulho e vaidade, montando na mente do médium um panorama inadequado para a vivência da atividade e prática espírita. Se a pessoa não formular adequadamente os objetivos necessários para sua função como médium estará exposta a ser veículo de desequilíbrio, tornando-se perturbado e perturbador, em decorrência de posturas cristalizadas na própria posição, esquecendo-se de que é necessário estar aberto para o convívio com os demais trabalhadores da seara espírita.
A partir do ponto no qual este médium inicie o processo de excessiva valorização de si mesmo, estará cerrando as portas mentais para o intercâmbio com os demais encarnados, enquanto elas se abrirão para os espíritos que eventualmente o envolvam no intuito de sedimentar ideais descabidos e desencontrados com as finalidades do trabalho espiritual desenvolvido dentro de uma instituição espírita.
Pode-se entender, então, que há a formação de uma obsessão progressiva, mesmo que seja insidiosa, isto é, mesmo que aconteça de modo lento.
O orgulho exacerbado partindo de um médium leva-o a travar sua própria condição de avaliação dos fatores que o cercam, dificultando ou impossibilitando a aceitação de outras opiniões, de outras posturas, de modo que seu trabalho passe a ser refratário em função de suas posições de baixa flexibilidade. Pior do que isso é a presunção e entende-se por presunçoso o médium que nem mesmo sabe alguma coisa, mas julga saber o bastante para que ninguém possa dialogar com ele num mesmo nível, ou ainda, o médium que sabe, por ter adquirido certo conhecimento, mas, graças à sua vaidade, se perde por não permitir que outras opiniões ou colocações possam ter maior valor do que a dele mesmo.
É preciso recordar que o Espiritismo é totalmente pautado em uma base de Obras que o codificam, organizadas pelo Espírito da Verdade e seu preposto, Kardec. É preciso lembrar que no Espiritismo temos vasto campo de conhecimentos e que precisaremos de muito estudo para o verdadeiro conhecimento desta abençoada Doutrina que nos consola e que, embora possamos ter grande dose de esforço, não consigamos angariar bases sólidas e profundas em apenas uma reencarnação. Assim sendo, podemos concluir que opiniões pessoais são sempre discutíveis, por precisarem de um confronto natural com a Doutrina dos Espíritos, que traz em seu bojo a diretriz para o bom senso e para a clareza de entendimento quanto ao seu aprofundamento em seu entender.
Ninguém que livremente colocar sua opinião pessoal com relação à Doutrina Espírita poderá deixar de ser questionado, a não ser que firmemente embasado na própria Doutrina.
Emmanuel, por exemplo, é muito claro e afirma que se ele mesmo estivesse tendo postura contrária a Kardec, que ficássemos com Kardec.
O orgulho e a vaidade fazem parte dos escolhos mais importantes para o desenvolvimento da mediunidade séria neste Planeta e precisam ser combatidos com o trabalho objetivo, para manter a mente ocupada com pensamentos dignos e com o estudo sério e bem intencionado, pela mesma razão.
Quem não se dispõe a abrir mão dos próprios interesses em favor do próximo certamente está mais exposto às mazelas que tem guardadas dentro de si mesmo e poderá colher amargos frutos em decorrência deste posicionamento.

Nenhum comentário: