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"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."
Militão Pacheco
quinta-feira, 3 de maio de 2012
Mediunidade de efeitos físicos
Em “La Fluide Devant la Physique Révelatrice et la Métapsychique Objective”, Paris, 1927, Gaston Jean Mondeail registra os principais trâmites dos fenômenos de fotogênese ocorridos em sessões científicas com o jovem médium italiano Pasquale Erto, cognominado “o luminoso”. As primeiras experiências aconteceram a partir de fevereiro de 1922, em ambiente meticulosamente preparado. Conforme relata Jean Mondeail, raios luminosos emanavam da parte anterior do corpo de Pasquale, assim como da cabeça, dos pés e das mãos. As emanações luminosas ocorriam na escuridão e sob fraca luz vermelha.
O professor Luigi Romolo Sanguinetti, em artigo publicado na Revue Métapsychique, número de julho de 1922, descreve a versatilidade do fenômeno:
“Os raios emitidos por Pasquale Erto variam de cor, de longitude, de forma. No que se refere à cor, geralmente são de um belo azul-lunar, ou de um azul-elétrico ou de vermelho-vivo, ou de um vermelho-alaranjado ou amarelado. Os matizes são bem pouco numerosos. O comprimento varia desde os raios curtos, em forma de agulhas, até o de raios de quatro, cinco, seis metros. O médium podia imprimir a esses raios a direção que se lhe indicasse. Freqüentemente, eu os fiz dirigir de maneira a iluminar as pessoas que entravam na sala no decorrer da sessão. No que se refere à forma, trata-se ou de raios no estrito sentido da palavra, ou de raios difusos em forma de leque, de triângulo, de cone, cujo ápice está geralmente unido ao médium. Temos observado também verdadeiros globos de luz. A luz aparecia então como concentrada e de cor vermelho-vivo ou alaranjada. Estes globos são de duração tão curta quanto a dos raios.”
Pasquale Erto não se negava a um rigoroso exame antes das sessões. Perscrutavam-lhe, então, o seu corpo nu, “com exploração do reto, uretra, boca, nariz, orelhas, cabelos, etc.” Asseguravam-se, os pesquisadores, de que nenhum recurso especial fosse utilizado pelo médium na obtenção do raro fenômeno de fotogênese.
Por volta de 1923, Pasquale Erto submeteu-se a rigorosa pesquisa no Instituto Metapsíquico Internacional, à época dirigido por Gustave Geley. Erto se submetia a radiografias e depois vestia uma roupa especial, feita sob medida, que cobria todo o seu corpo, menos as mãos e a cabeça. Esta era envolvida em um véu, costurado ao colarinho da vestimenta. Luvas de boxe eram usadas para isolar as mãos. O médium só entrava na sala das sessões depois que os investigadores o examinavam meticulosamente. Nada disso impedia que Erto produzisse luzes, mesmo diante de mágicos profissionais. Os pesquisadores encontraram, em algumas sessões, fragmentos de ferrocésio (liga de ferro e césio) no vestuário de Erto, juntamente com pequeninas fontes de aço.
Acreditou-se que, desse modo, seriam explicados os fenômenos luminescentes provocados pelo sensitivo italiano. Baseada nessas provas, uma Comissão de Inquérito constituída pela Sorbonne, célebre estabelecimento público de ensino superior em Paris, concluiu:
“Ele se munia, antes da sessão, de um pequeno fragmento ferrocésio e de um pedacinho de aço. Na escuridão, raspava o ferrocésio com o aço, produzindo, assim, faíscas, dissimulando o barulho com um “ah” violento.”
Os doutíssimos membros da Comissão de Inquérito da Sorbonne esqueceram que Pasquale Erto estava de luvas de boxe. De que forma o médium poderia manipular fragmentos de minério para a consecução do extraordinário fenômeno de fotogênese? Além do mais, a roupa que o médium vestia era fornecida pelos investigadores, que antes o examinavam, detalhadamente, com exploração do reto, uretra, boca, nariz, orelhas, cabelos, etc. Os fragmentos de ferrocésio e de aço surgiram, certamente, do próprio trabalho desenvolvido pelos Espíritos para a obtenção do fenômeno.
O certo é que ninguém conseguiu realmente explicar como Pasquale Erto pôde fazer surgir raios de quatro, cinco e seis metros de cores diferentes, com minúsculos pedaços de metal. Alguns mágicos, tão cépticos quanto os cientistas, e estes tão descrentes como o homem do povo, afirmaram que poderiam, folgadamente, produzir os fenômenos de fotogênese. Jamais o conseguiram!
Sir William Crookes (1823-1919), uma das glórias científicas dos séculos XIX e XX, assim se manifestou sobre a luz psíquica em artigo publicado no Quartertly Journal of Science sob o título Notes of an Enquiry into the Phenomena Called Spiritual:
“(...) sob as mais rigorosas condições de testes, vi um corpo sólido, luminoso, semelhante a um ovo de peru, flutuando silenciosamente pela sala, às vezes a uma altura superior à de uma pessoa na ponta dos pés. Em seguida, descia suavemente ao solo. Numa ocasião, ficou visível por mais de dez minutos antes de desaparecer. Bateu na mesa, produzindo um som semelhante ao de um corpo duro e sólido. Durante esse tempo, o médium, aparentemente inconsciente, estava deitado de costas numa poltrona.”
E mais adiante o descobridor do Tálio e inventor do Radiômetro, acrescenta:
“Vi pontos luminosos dardejando pela sala e pousando nas cabeças de diferentes pessoas. As perguntas que fiz me foram respondidas com sinais luminosos, empregando um código previamente convencionado... Identifiquei uma nuvem luminosa pairando por acima de um heliotrópio na mesa, quebrar um de seus galhos e entregá-lo a uma senhora.”
Seria temerário afirmar que o notável químico inglês fora vítima de embutes patrocinados pela jovem médium Florence Cook ou, mesmo, por Daniel Dunglas Home, sobre quem jamais pesou a pecha de fraudulento. Ademais, que poderia lucrar, o grande sábio, com suas pesquisas sobre os fenômenos paranormais? Ele já era, à época, finais do século XIX, um cientista consagrado em todo o mundo, gozando de uma reputação ilibada. Pelo contrário; não foram poucos os que saíram a campo para tentar, sem sucesso, lhe atacar a honra e a integridade científica.
A autenticidade das pesquisas sobre fenômenos luminosos promovidas por Sir William Crookes seria evidenciada pelo trabalho do Dr. Gustave Geley, em sessões levadas a efeito com o médium polonês Frank Kluski. Relata o investigador francês, autor da obra clássica “De l’Inconscient au Conscient”:
“Um segundo depois, ocorreu um magnífico fenômeno: uma mão se movia vagarosamente, ante os espectadores. Na palma encontrava-se um corpo semelhante a um pedaço de gelo luminoso. A mão era luminosa e transparente, deixando ver a cor dos tecidos.”
Ainda com Kluski, Geley obteve uma série de fenômenos luminosos, como o que se registrou no dia 12 de abril de 1922:
“Uma longa cauda se formou atrás e por cima do médium. Era constituída de pequenos grãos de luz, alguns mais brilhantes do que os outros. O véu oscilava da direita para a esquerda e vice versa subindo e descendo. Durou cerca de um minuto, desaparecendo para reaparecer outras vezes. Ao findar a sessão, o médium estava nu, exausto, superaquecido e transpirando abundantemente nas costas e debaixo dos braços.”
O Dr. Julien Ochorowicz (1850-1918), da Universidade de Lemberg e Diretor do Institut Général Psychologique, de Paris, após realizar exaustivas pesquisas sobre os fenômenos luminosos, ocorridos em sessões experimentais, opina:
“(...) as mãos etéricas não se materializavam enquanto irradiavam luz; os dois fenômenos não tinham condições de ocorrer simultaneamente. Essa descoberta nos leva a concluir que não haveria ectoplasma suficiente para produzir ambos os fenômenos ao mesmo tempo.”
Outros casos de fotogênese
O Barão Albert Freiherrn von Schrenck-Notzing, na obra “Physikalische Phänomene des Mediunnismus”(Munich, 1920), trata da faculdade mediúnica de Maria Silbert, que em transe ficava luminosa. Maria irradiava uma claridade lunar, suave, esverdeada, lembrando a luz dos vagalumes. Dos dedos, cotovelos, e dos joelhos, saíam, de vez em quando, clarões mais fortes, que se projetavam além das paredes da sala de sessões. A fotogênese de Maria Silbert acontecia em plena luz; entretanto, os pesquisadores deixavam o ambiente às escuras, a fim de apreciarem o raro e surpreendente espetáculo proporcionado pela luz "selênica" que se desprendia, inexplicavelmente, do corpo da sensitiva.
Na década de 70, a médium inglesa Gladys Hayter foi inúmeras vezes fotografada no momento em que emitia estranhas serpentinas luminosas, que alguns pesquisadores imaginaram tratar-se de modernos registros do ectoplasma. Na cidade de Nova York, a médium Veronica Leuken provocava, à sua volta, uma série de clarões coloridos. Ela se tornou, mais tarde, uma líder religiosa, que começou a ter visões marianas.
A fotogênese no Brasil
Em "Os Prodígios da Biopsíquica", Eurico Góes relata os incríveis fenômenos luminosos provocados às expensas da faculdade mediúnica de Carmine Mirabelli, enquanto A. Ranieri, na sua obra "Materializações Luminosas", descreve os trâmites das sessões realizadas com Francisco Lins Peixoto (o Peixotinho), Fábio Machado, Ifigênia França, Levi, Altino, Heleninha e Ênio Wendling.
* Esses médiuns constam da citada obra "Materializações Luminosas", de autoria de R. A. Ranieri, editada pela Federação Espírita do Estado de São Paulo. Todos eles participaram de memoráveis sessões de efeitos físicos e de materialização, onde despontavam notáveis fenômenos luminosos.
Carmine Mirabelli, também conhecido como Carlo Mirabelli ou Carlos Mirabelli (Botucatu, SP, 2 de janeiro de 1889 – São Paulo, SP, 30 de abril de 1951), foi um médium de efeitos físicos brasileiro.
Materializações de destaque
O periódico O Estado de São Paulo, em 18 de maio de 1916 cobriu a materialização, pelo médium, do espírito do ex-bispo da Diocese de São Paulo, D. José de Camargo Barros, em sessão ocorrida na cidade deSantos. Estiveram presentes médicos e oficiais da Força Pública de São Paulo.
O Vanguarda, de fevereiro de 1933, abordou a materialização, pelo médium, do espírito de São Francisco de Assis.
Outras materializações que chamaram a atenção à época, foram as dos espíritos de Giuseppe Parini e de Harun al-Rashid.
Bibliografia
PALHANO JR., Lamartine. Mirabelli - Um Médium Extraordinário.
RIZZINI, Jorge. Kardec, Irmãs Fox e Outros. Capivari (SP): Editora EME, 1994. 194p.
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