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Mensagem
"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."
Militão Pacheco
terça-feira, 28 de agosto de 2012
Casamento e Divórcio
“...aquele que despede sua mulher, a não ser em caso de adultério, e desposa outra, comete adultério; e que aquele que desposa a mulher que outro despediu também comete adultério.” Mateus 19 – 3 a 9
Imutável só há o que vem de Deus. Tudo o que é obra dos homens está sujeito à mudança. As leis da Natureza são as mesmas em todos os tempos e em todos os países. As leis humanas mudam segundo o tempo, os lugares e o progresso da inteligência. No casamento, o que é de ordem divina é a união dos sexos, para que se opere a substituição dos seres que morrem; mas as condições que regulam essa união são de tal modo humanas, que não há, no mundo inteiro, nem mesmo na cristandade, dois países onde elas sejam absolutamente idênticas e nenhum onde hajam com o tempo sofrido mudanças. Daí resulta que, em face da lei civil, o que é legítimo em um país e em dada época, é adultério noutro país e noutra época, isso pela razão de que a lei civil tem por fim regular os interesses das famílias, interesses que variam segundo os costumes e as necessidades locais. Assim é, por exemplo, que, em certos países o casamento religioso é o único legítimo; noutros é necessário, além desse, o casamento civil; noutros finalmente, esse último casamento basta.
Mas, na união dos sexos, a par da lei divina material, comum a todos os seres vivos, há outra lei divina, imutável como todas as leis de Deus, exclusivamente moral: a lei de amor.
Quis Deus que os seres se unissem não só pelos laços da carne, mas também pelos da alma, a fim de que a afeição mútua dos esposos se lhes transmitisse aos filhos e que fossem dois, e não um somente, a amá-los, a cuidar deles e a fazê-los progredir. Nas condições ordinárias do casamento, a lei de amor é tida em consideração? De modo nenhum. Não se leva em conta a afeição de dois seres que, por sentimentos recíprocos, se atraem um para o outro, visto que, as mais das vezes, essa afeição é rompida. O de que se cogita, não é da satisfação do coração e sim da do orgulho, da vaidade, da cupidez, numa palavra: de todos os interesses materiais.
Quando tudo vai pelo melhor consoante esses interesses, diz-se que o casamento é de conveniência e, quando as bolsas estão bem aquinhoadas, diz-se que os esposos igualmente o são e muito felizes hão de ser. Nem a lei civil, porém, nem os compromissos que ela faz se contraiam podem suprir a lei do amor, se esta não preside à união, resultando, freqüentemente, separarem-se por si mesmos os que à força se uniram; torna-se um perjúrio, se pronunciado como fórmula banal, o juramento feito ao pé do altar. Daí as uniões infelizes, que acabam tornando-se criminosas, dupla desgraça que se evitaria se, ao estabelecerem-se as condições do matrimônio, se não abstraísse da única que o sanciona aos olhos de Deus: a lei de amor.
Ao dizer Deus: "Não sereis senão uma só carne", e quando Jesus disse: "Não separeis o que Deus uniu", essas palavras se devem entender com referência à união segundo a lei imutável de Deus e não segundo a lei mutável dos homens.
Será então supérflua a lei civil e dever-se-á volver aos casamentos segundo a Natureza? Não, decerto. A lei civil tem por fim regular as relações sociais e os interesses das famílias, de acordo com as exigências da civilização; por isso, é útil, necessária, mas variável.
Deve ser previdente, porque o homem civilizado não pode viver como selvagem; nada, entretanto, nada absolutamente se opõe a que ela seja um corolário da lei de Deus. Os obstáculos ao cumprimento da lei divina promanam dos prejuízos e não da lei civil. Esses prejuízos, se bem ainda vivazes, já perderam muito do seu predomínio no seio dos povos esclarecidos; desaparecerão com o progresso moral que, por fim, abrirá os olhos aos homens para os males sem conto, as faltas, mesmo os crimes que decorrem das uniões contraídas com vistas unicamente nos interesses materiais. Um dia perguntar-se-á o que é mais humano, mais caridoso, mais moral: se encadear um ao outro dois seres que não podem viver juntos, se restituir-lhes a liberdade; se a perspectiva de uma cadeia indissolúvel não aumenta o número de uniões irregulares.
O divórcio é lei humana que tem por objeto separar legalmente o que já, de fato, está separado. Não é contrário à lei de Deus, pois que apenas reforma o que os homens hão feito e só é aplicável nos casos em que não se levou em conta a lei divina. Se fosse contrário a essa lei, a própria Igreja seria obrigada a considerar prevaricadores aqueles de seus chefes que, por autoridade própria e em nome da religião, hão imposto o divórcio em mais de uma ocasião. E dupla seria aí a prevaricação, porque, nesses casos, o divórcio há objetivado unicamente interesses materiais e não a satisfação da lei de amor.
Mas, nem mesmo Jesus consagrou a indissolubilidade absoluta do casamento. Não disse ele: "Foi por causa da dureza dos vossos corações que Moisés permitiu despedísseis vossas mulheres?" Isso significa que, já ao tempo de Moisés, não sendo a afeição mútua a única determinante do casamento, a separação podia tornar-se necessária. Acrescenta, porém: "no princípio, não foi assim", isto é, na origem da Humanidade, quando os homens ainda não estavam pervertidos pelo egoísmo e pelo orgulho e viviam segundo a lei de Deus, as uniões, derivando da simpatia, e não da vaidade ou da ambição, nenhum ensejo davam ao repúdio.
Vai mais longe: especifica o caso em que pode dar-se o repúdio, o de adultério. Ora, não existe adultério onde reina sincera afeição recíproca. É verdade que ele proíbe ao homem desposar a mulher repudiada; mas, cumpre se tenham em vista os costumes e o caráter dos homens daquela época. A lei moisaica, nesse caso, prescrevia a lapidação. Querendo abolir um uso bárbaro, precisou de uma penalidade que o substituísse e a encontrou no opróbrio que adviria da proibição de um segundo casamento. Era, de certo modo, uma lei civil substituída por outra lei civil, mas que, como todas as leis dessa natureza, tinha de passar pela prova do tempo.
Este trecho acima é do Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XXII.
Todos os grifos no texto do Evangelho mostram claramente que é necessário avaliar caso a caso quando um casal demonstra sinais de que se encaminham para um divórcio, já que, não havendo amor, ou pior, havendo mágoas, ressentimentos, medos, ou quaisquer outros sentimentos ou emoções que não sejam o amor e a cumplicidade natural de dois seres que efetivamente têm entre si o amor, não estarão cometendo nenhum crime diante de Deus, pois certamente é muito pior para a “economia espiritual” de ambos que convivam entre si cultivando sentimentos inferiores, que poderão levar até mesmo a uma obsessão recíproca.
Não há o que justifique uma união onde não exista pelo menos o respeito e um senso comum de objetivos e união, já que o amor desenfreado da juventude vai se transformando progressivamente num sentimento sereno de união objetiva que mantém o instinto de preservação. Esse sentimento na idade mais avançada, com a família constituída serve de base e de exemplo para os mais jovens.
Mas onde há desconfiança, medo e desamor não há união e não justifica manter um casamento de fachada que na verdade é destrutivo para ambos, não somente no presente, mas particularmente no futuro.
Não há castigo para quem resolva partir para o divórcio, para a separação amistosa, quando consegue perceber que não há mais razão para o convívio.
Ninguém é obrigado a vir na próxima encarnação com a mesma pessoa no mesmo contexto que se vive agora. Ver assim é ter uma visão profundamente limitada da Vida e, por que não dizer, uma visão medieval.
Espíritas verdadeiros leem os ensinamentos do Evangelho e compreendem que é melhor cada um seguir sua jornada livre para que possa tentar acertar do que ser obrigado permanecer ao lado de alguém com quem não consiga mais suportar a companhia.
O Espiritismo não promulga culpa e castigo para ninguém, mas consciência e responsabilidade para cada pensamento, palavra e atitude.
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