Núcleo Espírita Paulo de Tarso Rua Nova Fátima, 151 - Jardim Juá Campo Grande - São Paulo - SP CEP 04688-040 Telefone 11-56940205
Mensagem
"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."
Militão Pacheco
sexta-feira, 31 de agosto de 2012
Yvonne e Divaldo
Os dois médiuns que intitulam essa matéria são dignos, entre outros, de nosso maior respeito e gratidão. Seja pelo exemplo mediúnico, seja pela dedicação, seja pela fidelidade à causa espírita ou pelo conteúdo de suas produções literárias e verbais em favor da divulgação espírita.
Desde menino acostumei-me a ver meus pais lerem os livros de Yvonne. Inclusive cheguei a corresponder-me com ela. Com Divaldo não foi diferente: sua oratória vibrante, sua coerência e lucidez nas palestras e seminários, sempre empolgaram-me e seus livros são sempre grande sucesso editorial.
Eis que um novo livro biográfico, sobre Yvonne, chega-me às mãos. E, interessante, há um capítulo referindo-se aos dois médiuns. Pelo carinho, admiração e gratidão que sinto por ambos, não pude furtar-me de trazer aos leitores transcrição parcial do referido capítulo:
“(...) Em 1962, Divaldo passou por uma difícil provação. Embora não sendo solicitada pelo orador baiano, Yvonne Pereira pediu aos Espíritos amigos que ditassem palavras de conforto para o médium. Daí a alguns minutos, ela recebia a seguinte mensagem, gentilmente fornecida por Divaldo, que passo a publicar pelo seu ineditismo:
Cabeçalho feito por Yvonne: Divaldo Pereira Franco – Salvador – Bahia
Se possível, rogamos uma palavra de conforto para ele.
Mensagem recebida:
Meu amigo e filho querido, Deus nos abençoe.
Por que te admiras dos espinhos que circundam os teus caminhos, se o teu Mestre de Nazaré foi coroado com os mesmos espinhos?
Por que te admiras que as lágrimas corram dos teus olhos, confrangido que está o teu coração, se teus irmãos do início do Apostolado Messiânico se viram frente aos leões dos circos da iniqüidade, para satisfação das trevas?
Por que desejamos encontrar apenas sedas e arminhos se desde o início da Terceira Revelação foi anunciado que os adeptos mais responsáveis seriam atingidos pela zombaria e o ridículo, visto que passara a época dos gládios e dos circos romanos? De graças a Deus por mereceres sofrer frente ao serviço do Senhor. Reaja a tua fronte abatida, certo de que depois da borrasca surgirá a bonança. Lembra-te de que ao Cordeiro seguiu-se a Ressurreição, para que a Doutrina do Cristo imperasse nos corações.
Resigna-te ao presente e espera que a luz rebrilhe em teus futuros caminhos. Na Seara do Cristo nem só os que escrevem são eleitos. Os que choram e sofrem também o são, porventura com maiores méritos. Tua missão maior é junto aos que sofrem, como o teu Mestre Jesus Nazareno, e não ao pé dos letrados do século.
Prossegue, pois, enxugando lágrimas. Revigorando corações, amando, perdoando, esperando... e o mais vir-te-á por acréscimo de misericórdia.
Deus seja contigo. Não estás só. Amigos do invisível velam por ti.
Paz
Vianna de Carvalho (...)”
A beleza do texto dispensa outros comentários. A transcrição, parcial, é do livro Yvonne uma heroína silenciosa, páginas 99 e 100, autoria de Pedro Camilo, edição IDEBA.
Orson Peter Carrara
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
Verdades?
Havia um lugar, muito belo e tranqüilo, onde a natureza se mostrava sempre exuberante e generosa. Os frutos, de todas as qualidades, pendiam dos galhos que, graciosamente, se ofereciam a quem desejasse apanhá-los.
Do solo, todo alimento que se pode imaginar, nascia, crescia e se reproduzia em abundância. O Sol, com seus mornos raios dourados, todas as manhãs, percorria campos e vales, montes e extensas planícies, germinando a terra e renovando a vida em toda a natureza. Ao final de cada dia, antes de esvair-se, certificava-se de a que a Lua, a senhora da noite, já estava por vir para, na luz tranqüila que irradiava, pudesse a vida, descansar e sonhar...
Essa é a imagem que os povos antigos nos legaram do que entenderam como “paraíso” ou “éden”; o lugar perfeito criado por Deus para servir de morada aos primeiros seres humanos: Adão e Eva. Divergindo um pouco nos nomes e em alguns fatos e pormenores, muitos povos trazem nas suas origens um paraíso, que se tornou “perdido” devido ao erro de seus habitantes em não respeitar as Leis Divinas.
Os espíritas, também têm sua versão desta história. Num passado bem remoto, em um planeta muito maior que o nosso, existia uma civilização evoluída. A ciência desse mundo havia se desenvolvido à alta compreensão da vida. A filosofia e a Arte manifestavam-se com primor e, nesse mundo, encontravam tudo o que necessitavam para viverem felizes.
Mas tudo isso não foi o bastante, muito abusaram da intelectualidade, da sensualidade e do poder. Buscaram outros prazeres e objetivos que não aqueles que o Espírito e a boa moral conduziam. Houve então a degradação; do paraíso em que viviam, seus Espíritos desceram a planos e planetas inferiores na escala evolutiva. Esses seres, encarnados em mundos primitivos, tiraram do “suor de seus corpos” o sustento para suas vidas. Entre esses mundos... a Terra.
Talvez, essa seja a concepção espírita dos “Anjos decaídos”, “dos astronautas que vieram do céu”, dos “Deuses mitológicos”ou ainda, explique a grande sabedoria de alguns povos da antigüidade. Faz sentido, e é importante que se reflita sobre isso, pois do passado tiramos importantes lições para o presente e futuro.
E por falar nisso, observem com atenção a ciência de nosso mundo como está evoluindo. Observem a filosofia e as artes, vejam a facilidade que o homem está encontrando para extrair do planeta seu sustento, cada vez com menos esforço. Observem a inteligência das crianças, a longevidade que a vida humana tem alcançado e a velocidade com que as mudanças tecnológicas têm surgido e modificado nossas vidas e, o mais importante, não deixem de notar a quanto andam os valores morais e espirituais. Será que têm evoluído na mesma intensidade? Tem, o homem, dedicado o tempo e a atenção devida a essa parte tão importante do seu ser?
Talvez a idéia de “paraíso” esteja um pouco distante da nossa realidade mas, não me furto aqui a oportunidade de deixar uma questão para sua reflexão: Será que a história se repetirá?
Humberto
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
Vinte séculos
No ano 2012 d.C. é oportuna a avaliação sobre a nossa relação com os ensinos morais do Cristo, desde as ações de atendimento à comunidade ao relacionamento interpessoal dentro do movimento espírita.
Pelo calendário adotado, estamos no ano 2012 d.C. O Cristo é o marco da medida de nosso tempo.
Entre as recomendações da "Mensagem do Conselho Federativo Nacional ao movimento espírita brasileiro" (de 15/11/99), realçamos "que sejam destacados em todas as atividades do movimento espírita, no próximo ano, os 2000 anos com Jesus que a Humanidade comemora, observando os valores autênticos do Cristianismo e a sua relação com a Doutrina Espírita, que o revive" (trecho de Dirigente Espírita, nov.-dez./99).
A mensagem dos Evangelhos estão há muito entre nós, espíritos reencarnados. Já foi alvo de incompreensões variadas. Agora, há uma oportunidade renovada para se apreender a proposta da "boa nova".
Ao dar a certeza da vida imortal e da pertinência do processo de vidas sucessivas, o Espiritismo amplia sobremaneira a visão sobre a mensagem do Cristo. Não a circunscreve a questões históricas, passageiras e polêmicas. Fortalece a essência do conteúdo de sua mensagem, ou seja o ensino moral.
O Espiritismo se assenta no Cristo, dado como exemplo de espírito perfeito "para servir de guia e modelo" (O livro dos Espíritos, questão 625). O ensino moral do Cristo é um dos princípios da Doutrina Espírita. Faz parte das orientações prestadas a todos os que procuram a informação, o consolo e a compreensão propiciados pelo Espiritismo. Daí a oportunidade da obra "O Evangelho Segundo o Espiritismo", que tece considerações sobre a fé raciocinada, pondera sobre a chegada do consolador e amplia o descortínio sobre as bem aventuranças.
Todavia, toda a proposta espírita é incompatível com a visão enceguecida e fundamentalista. Não se prende à letra morta, mas à essência do pensamento. O Codificador delineia claramente na Introdução de O Evangelho segundo o Espiritismo como "inatacável" o "ensino moral do Cristo": "É o terreno onde todos os cultos podem abrigar-se... - Todo o mundo admira a moral evangélica, todos proclamam a sua sublimidade e a sua necessidade...".
Outro aspecto a ser lembrado é que há pessoas que ainda não O encontraram, não O reconheceram ou também imaginam que o Cristo deve retornar para mensagens de grande impacto, o que não deixa de ser uma visão salvacionista.
A propósito, Emmanuel (Médium F.C.Xavier) adverte: "Os homens esperam por Jesus e Jesus espera igualmente pelos homens. - Cristianismo significa Cristo e nós" (Fonte Viva, cap. 17).
A base para o relacionamento cristão deve estar concretizada nas ações do espírita, desde as prodigiosas prestações de serviços à comunidade carente até o cotidiano do relacionamento interpessoal dentro da própria seara espírita. O lema adotado pelo Codificador - "trabalho, solidariedade e tolerância" - é um imperativo para tal.
Sem dúvida, é extremamente significativa a reflexão ao longo deste ano sobre os 2012 anos com Jesus.
Antonio Cesar
terça-feira, 28 de agosto de 2012
Casamento e Divórcio
“...aquele que despede sua mulher, a não ser em caso de adultério, e desposa outra, comete adultério; e que aquele que desposa a mulher que outro despediu também comete adultério.” Mateus 19 – 3 a 9
Imutável só há o que vem de Deus. Tudo o que é obra dos homens está sujeito à mudança. As leis da Natureza são as mesmas em todos os tempos e em todos os países. As leis humanas mudam segundo o tempo, os lugares e o progresso da inteligência. No casamento, o que é de ordem divina é a união dos sexos, para que se opere a substituição dos seres que morrem; mas as condições que regulam essa união são de tal modo humanas, que não há, no mundo inteiro, nem mesmo na cristandade, dois países onde elas sejam absolutamente idênticas e nenhum onde hajam com o tempo sofrido mudanças. Daí resulta que, em face da lei civil, o que é legítimo em um país e em dada época, é adultério noutro país e noutra época, isso pela razão de que a lei civil tem por fim regular os interesses das famílias, interesses que variam segundo os costumes e as necessidades locais. Assim é, por exemplo, que, em certos países o casamento religioso é o único legítimo; noutros é necessário, além desse, o casamento civil; noutros finalmente, esse último casamento basta.
Mas, na união dos sexos, a par da lei divina material, comum a todos os seres vivos, há outra lei divina, imutável como todas as leis de Deus, exclusivamente moral: a lei de amor.
Quis Deus que os seres se unissem não só pelos laços da carne, mas também pelos da alma, a fim de que a afeição mútua dos esposos se lhes transmitisse aos filhos e que fossem dois, e não um somente, a amá-los, a cuidar deles e a fazê-los progredir. Nas condições ordinárias do casamento, a lei de amor é tida em consideração? De modo nenhum. Não se leva em conta a afeição de dois seres que, por sentimentos recíprocos, se atraem um para o outro, visto que, as mais das vezes, essa afeição é rompida. O de que se cogita, não é da satisfação do coração e sim da do orgulho, da vaidade, da cupidez, numa palavra: de todos os interesses materiais.
Quando tudo vai pelo melhor consoante esses interesses, diz-se que o casamento é de conveniência e, quando as bolsas estão bem aquinhoadas, diz-se que os esposos igualmente o são e muito felizes hão de ser. Nem a lei civil, porém, nem os compromissos que ela faz se contraiam podem suprir a lei do amor, se esta não preside à união, resultando, freqüentemente, separarem-se por si mesmos os que à força se uniram; torna-se um perjúrio, se pronunciado como fórmula banal, o juramento feito ao pé do altar. Daí as uniões infelizes, que acabam tornando-se criminosas, dupla desgraça que se evitaria se, ao estabelecerem-se as condições do matrimônio, se não abstraísse da única que o sanciona aos olhos de Deus: a lei de amor.
Ao dizer Deus: "Não sereis senão uma só carne", e quando Jesus disse: "Não separeis o que Deus uniu", essas palavras se devem entender com referência à união segundo a lei imutável de Deus e não segundo a lei mutável dos homens.
Será então supérflua a lei civil e dever-se-á volver aos casamentos segundo a Natureza? Não, decerto. A lei civil tem por fim regular as relações sociais e os interesses das famílias, de acordo com as exigências da civilização; por isso, é útil, necessária, mas variável.
Deve ser previdente, porque o homem civilizado não pode viver como selvagem; nada, entretanto, nada absolutamente se opõe a que ela seja um corolário da lei de Deus. Os obstáculos ao cumprimento da lei divina promanam dos prejuízos e não da lei civil. Esses prejuízos, se bem ainda vivazes, já perderam muito do seu predomínio no seio dos povos esclarecidos; desaparecerão com o progresso moral que, por fim, abrirá os olhos aos homens para os males sem conto, as faltas, mesmo os crimes que decorrem das uniões contraídas com vistas unicamente nos interesses materiais. Um dia perguntar-se-á o que é mais humano, mais caridoso, mais moral: se encadear um ao outro dois seres que não podem viver juntos, se restituir-lhes a liberdade; se a perspectiva de uma cadeia indissolúvel não aumenta o número de uniões irregulares.
O divórcio é lei humana que tem por objeto separar legalmente o que já, de fato, está separado. Não é contrário à lei de Deus, pois que apenas reforma o que os homens hão feito e só é aplicável nos casos em que não se levou em conta a lei divina. Se fosse contrário a essa lei, a própria Igreja seria obrigada a considerar prevaricadores aqueles de seus chefes que, por autoridade própria e em nome da religião, hão imposto o divórcio em mais de uma ocasião. E dupla seria aí a prevaricação, porque, nesses casos, o divórcio há objetivado unicamente interesses materiais e não a satisfação da lei de amor.
Mas, nem mesmo Jesus consagrou a indissolubilidade absoluta do casamento. Não disse ele: "Foi por causa da dureza dos vossos corações que Moisés permitiu despedísseis vossas mulheres?" Isso significa que, já ao tempo de Moisés, não sendo a afeição mútua a única determinante do casamento, a separação podia tornar-se necessária. Acrescenta, porém: "no princípio, não foi assim", isto é, na origem da Humanidade, quando os homens ainda não estavam pervertidos pelo egoísmo e pelo orgulho e viviam segundo a lei de Deus, as uniões, derivando da simpatia, e não da vaidade ou da ambição, nenhum ensejo davam ao repúdio.
Vai mais longe: especifica o caso em que pode dar-se o repúdio, o de adultério. Ora, não existe adultério onde reina sincera afeição recíproca. É verdade que ele proíbe ao homem desposar a mulher repudiada; mas, cumpre se tenham em vista os costumes e o caráter dos homens daquela época. A lei moisaica, nesse caso, prescrevia a lapidação. Querendo abolir um uso bárbaro, precisou de uma penalidade que o substituísse e a encontrou no opróbrio que adviria da proibição de um segundo casamento. Era, de certo modo, uma lei civil substituída por outra lei civil, mas que, como todas as leis dessa natureza, tinha de passar pela prova do tempo.
Este trecho acima é do Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XXII.
Todos os grifos no texto do Evangelho mostram claramente que é necessário avaliar caso a caso quando um casal demonstra sinais de que se encaminham para um divórcio, já que, não havendo amor, ou pior, havendo mágoas, ressentimentos, medos, ou quaisquer outros sentimentos ou emoções que não sejam o amor e a cumplicidade natural de dois seres que efetivamente têm entre si o amor, não estarão cometendo nenhum crime diante de Deus, pois certamente é muito pior para a “economia espiritual” de ambos que convivam entre si cultivando sentimentos inferiores, que poderão levar até mesmo a uma obsessão recíproca.
Não há o que justifique uma união onde não exista pelo menos o respeito e um senso comum de objetivos e união, já que o amor desenfreado da juventude vai se transformando progressivamente num sentimento sereno de união objetiva que mantém o instinto de preservação. Esse sentimento na idade mais avançada, com a família constituída serve de base e de exemplo para os mais jovens.
Mas onde há desconfiança, medo e desamor não há união e não justifica manter um casamento de fachada que na verdade é destrutivo para ambos, não somente no presente, mas particularmente no futuro.
Não há castigo para quem resolva partir para o divórcio, para a separação amistosa, quando consegue perceber que não há mais razão para o convívio.
Ninguém é obrigado a vir na próxima encarnação com a mesma pessoa no mesmo contexto que se vive agora. Ver assim é ter uma visão profundamente limitada da Vida e, por que não dizer, uma visão medieval.
Espíritas verdadeiros leem os ensinamentos do Evangelho e compreendem que é melhor cada um seguir sua jornada livre para que possa tentar acertar do que ser obrigado permanecer ao lado de alguém com quem não consiga mais suportar a companhia.
O Espiritismo não promulga culpa e castigo para ninguém, mas consciência e responsabilidade para cada pensamento, palavra e atitude.
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
Hereditário
Sob a ótica da Medicina Legal, hereditariedade é o fenômeno biológico pelo qual se opera a transmissão de caracteres físicos e morais dos pais aos filhos. Temos, assim, a hereditariedade fisiológica que, por si mesma, não pode explicar determinados fatos que vão além dos seus acanhados limites. Há certas particularidades, no campo da hereditariedade, que demonstram heranças que nada têm a ver com os caracteres biológicos dos ascendentes.
Filhos de pais, sem quaisquer índices de inteligência, nascem com faculdades intelectivas fulgurantes e com inatas vocações para as artes, para a ciência, para a literatura, a música e outros ramos do conhecimento. Assim sendo, a hereditariedade, no seu amplo sentido, para ser melhor compreendida, tem de ser completada, também, com o conceito da hereditariedade psíquica, ou seja, aquela herança que o Espírito já traz consigo mesmo, quando retorna o vaso carnal.
Meus amigos, quem, a não ser o Espírito Imortal, pode constituir o fio condutor que, através de um contínuo nascer e morrer de formas, rege o desenvolvimento da evolução? Sim, através das múltiplas vivências, o Espírito vai amadurecendo e acumulando experiências, bem como, vai adquirindo cultura, patrimônio inalienável que o acompanha. Daí, então, a hereditariedade psíquica que transcende as barreiras da hereditariedade fisiológica. Esse conceito de hereditariedade psíquica, por certo, conduz à inevitável conclusão extraída de fatos já vivenciados relativos à sobrevivência de um Princípio Psíquico depois da morte. Sócrates já nos ensinava que "viver é recordar".
Os animais, nossos irmãozinhos menores, também, possuem o seu "corpo astral", (Perispírito), que sobrevive à morte do corpo físico e que é, justamente, aquele "fio condutor", ligando as numerosas fases das reencarnações.
Sim, meus amigos, se o Psiquismo, (Espírito), já está demonstrado, como fazendo parte dos fenômenos biológicos, forçoso é admitir que ele, assim como sobrevive à morte orgânica, deva preexistir ao nascimento. Ao Espírito são confiados os últimos produtos da vida e a continuidade do transformismo evolutivo, como Unidade Diretora que é de todas as suas formas sucessivas. A hereditariedade nos apresenta determinados fenômenos que só podem ser explicados à luz da hereditariedade psíquica, ou seja, o Espírito herdando de si mesmo as suas qualidades ou os seus defeitos. Quantas vezes, os filhos superam os pais e os gênios nascem de antepassados medíocres! Como pode o mais ser gerado pelo menos?
Entre pais e filhos prevalecem mais as semelhanças orgânicas do que as qualidades psíquicas. Notemos que a gênese do psiquismo, a formação do instinto, da consciência, por certo, são problemas de outra maneira insolúveis, caso não sejam analisados e equacionados à luz da legítima herança psíquica.
Um rio não pode criar-se a si mesmo; também o Espírito não pode criar-se a si mesmo. E, como o rio, o Espírito percorre uma longa distância, vencendo os acidentes da jornada, para alcançar a amplidão do oceano. Não podemos aceitar a tese de algumas crenças de que a Alma nasce com o corpo. Nesta hipótese, se a Alma nasce com o corpo fatalmente deve morrer com o corpo e, nesse caso, a lógica nos conduzirá ao mais desesperado materialismo. Isso não é verdade, porque já está provada cientificamente a sobrevivência do Espírito.
Meus amigos, tudo obedece a uma lei fatal de causalidade, uma lei íntima, invisível e inviolável, contra a qual nada podem a astúcia e a prepotência. Nunca se pode fugir às conseqüências das próprias ações. O Bem ou o mal que alguém faz, o faz para si mesmo.
Devemos considerar que antes da hereditariedade fisiológica, há uma hereditariedade psíquica que se sobrepõe àquela, resumindo todas as nossas obras e encerrando o nosso destino.
Mantemos com os nossos Pais uma relação de afinidade. Por isso mesmo reencarnamos nos ambientes onde devemos reencarnar e cruzamos com aquelas criaturas que devemos cruzar, ou por um toque de bem querer ou para restabelecimento de elos partidos.
Nossos Espíritos, normalmente, escolhem o lugar e o tempo em que, prescientes das provas, as têm que vencer.
Curvemo-nos, assim, ante nossa hereditariedade psíquica, pois, espiritualmente, somos os nossos próprios herdeiros e, assim sendo, temos que arcar com a partilha dos nossos Bens ou dos nossos males.
Domério
sábado, 25 de agosto de 2012
As Obsessões
Uma obsessão é caracterizada por uma interferência de entidades espirituais sobre a mente humana, mas nada impede que a obsessão tenha caminho inverso e que se faça do ser humano encarnado para o ser humano desencarnado, afinal, a única situação que diferencia os encarnados dos desencarnados é estar transitoriamente mergulhado na matéria.
Ela evidentemente se apresenta em graus variados, das mais simples às mais complexas.
Kardec simplificou essa graduação e colocou-a em três graus, a saber:
Obsessão simples, que provoca perturbações mentais inconstantes, ora tirando o sono, ora passando sensações de insatisfação, de descontentamento, de infelicidade, de solidão, de revolta ou qualquer situação não construtiva episódica e não muito persistente.
Fascinação, que abrange a afetividade e a vontade daquele que é atingido, podendo causar falhas na memória, na atenção, na concentração, gesticulação estranha, tiques nervosos e comportamentos agressivos ou opressivos diante de pessoas mais próximas. Nesta etapa o doente não dá atenção a mais ninguém que não seja o obsessor, embora ainda possa escolher por qual caminho trilhar. Não escuta mais ninguém, não aceita opiniões diferentes das entidades que o envolvam, por conta da absoluta confiança que deposita neles, evidentemente por hipnose.
Subjugação, comumente chamada de possessão (termo inadequado), caracterizada por processos alucinatórios variados, auditivos, visuais ou simplesmente mentais e pela perda da identidade daquele que é afetado pelo processo, que perde, até certo ponto, a capacidade de decidir os próprios passos, estando sempre submetido às impressões de entidades que literalmente obrigam-no a certas atitudes, muitas vezes desconcertantes ou esdrúxulas.
Qualquer um desses estágios teve por princípio a facilitação da própria criatura humana, que abre campo mental, facilitando a aproximação de outras criaturas humanas em sintonia com a má qualidade de pensamentos originada pelo doente. Aí pode-se afirmar que a base de qualquer processo obsessivo á a auto-obsessão, ou seja a fixação de pensamentos não saudáveis que permeiam claramente a infestação por parte de afins.
Assim, pensamentos, palavras e atitudes que distanciem a criatura humana da paz interior são sempre agentes causais para a obsessão.
Podemos distinguir algumas dificuldades mais comuns que permitem a instalação das obsessões: medos, tendências viciosas, egoismo, ambição, aversão por pessoas, preconceitos, mágoa persistente, raiva, ódio, desejo de justiça pelas próprias atitudes ou clamando por ela, vaidade, usura, futilidades, comentários levianos, malícia, maldade nos pensamentos, julgamentos maldosos e assim por diante.
A lista de circunstâncias é grande, mas basta pensar em uma frase do Evangelho para entender o que e como evitar o princípio de todo esse processo: "não faça ao próximo o que não deseja para si mesmo".
A receita para evitar obsessões é simples, mas difícil de executar, em função de que somos atavicamente ligados às emoções e aos sentimentos mais endurecidos e por nos afastarmos do fundamento do AMOR implantado em nós, desde nossa criação enquanto Espíritos, simples e ignorantes.
Roberto Brólio
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
Eutanásia
A eutanásia é um assunto polêmico que vem suscitando celeumas nos meios jurídicos, médicos e religiosos. Em alguns países, foram feitas tentativas no sentido de legalizar a Eutanásia, entretanto, dificilmente tal lei terá chances de ser aprovada, pois trata-se da eliminação não dolorosa de doentes portadores de moléstias incuráveis ou irreversíveis, tais como: câncer, aids, estado de coma, sono letárgico, etc...
No aspecto jurídico, a nossa Constituição, através do Direito Penal Brasileiro é incisivo e conclusivo: a Eutanásia constitui assassínio comum.
Sob o ponto de vista de ética médica, Hipócrates, pai da Medicina, deixou bem claro no juramento que até hoje é repetido na diplomação de novos médicos; considera a vida como um dom sagrado e veda ao médico a pretensão de ser juiz da vida ou da morte de alguém, condenando tanto a Eutanásia como o aborto.
No aspecto moral ou religioso, os riscos seriam incalculáveis: primeiro, o médico é falível e poderá errar no diagnóstico; segundo, os interesses de herdeiros apegados e mesquinhos; terceiro incapacidade de participar da dor alheia; quarto, egoísmo dos familiares para livrar-se de uma assistência demorada, penosa e cara.
Além disso, não são poucos os casos de pessoas desenganadas pela Medicina oficial e tradicional que procuram outras alternativas e logram curas espetaculares, seja através da imposição das mãos, da fé, do magnetismo, da homeopatia, de simpatias ou propósitos de mudanças comportamentais.
Em nossa caminhada evolutiva, existem episódios, ocorrências, dramas, tragédias, circunstâncias e fatos que irão exigir de nós experiências difíceis na própria carne, para superar barreiras e obstáculos, e muitas vezes são necessários o suor e as lágrimas; a dor e os padecimentos para a nossa transformação e evolução.
Como pesquisador já presenciei muitos casos de criaturas com quadros clínicos de doenças incuráveis e desenganados em que o magnetismo posto em atividade pela imposição das mãos conseguiu modificar o diagnóstico médico e restabelecer o campo celular, porém para que isto ocorra são necessários alguns requisitos, há necessidade de concentrar o plasma divino através da fé ativa, da confiança, da certeza, da segurança íntima, do merecimento, das conquistas alcançadas e das obras praticadas.
Não existem doenças e sim doentes, toda enfermidade são criações nossas, repercussões de nossos próprios atos, que precisamos desfazer, a fim de nos ajustarmos ao equilíbrio e harmonia.
Eis o motivo pelo qual, a Doutrina Espírita, revivendo o Cristianismo, refuta a Eutanásia em virtude da mesma ser uma usurpação do direito sobre a vida humana, reservado ao Criador, afirmando que toda criatura tem o direito de viver e apresenta como base de toda justiça social a aplicação do princípio: "Não façais aos outros, aquilo que não quiserdes que os outros vos façam".
Ruy Gibim
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
Humildade
O apóstolo Thiago do I capítulo de sua epístola, do versículo 17, cita-nos algo extremamente importante. Ele diz: "tudo que vem de bom e todo dom perfeito, vem do Alto".
Quantas vezes, em nossa vida, nós estamos a nos lamentar. Quantas vezes, nas oportunidades que nos são oferecidas, nós estamos a nos regozijar, a fazer as coisas de uma forma que parece que somos algo melhor, enfim, a não construirmos adequadamente, mas se pararmos para pensar um segundo que seja, uma fração de segundos, chegaremos a uma conclusão do óbvio, de que tudo o que temos, temos pela vontade de Deus.
Se tivermos o corpo funcionando bem ou não este corpo é pela vontade de Deus.
Se tivermos um trabalho é pela vontade de Deus.
Se tivermos familiares com quem nos damos relativamente bem, é pela vontade de Deus.
Se tivermos um lar; uma casa; algum recurso material; uma roupa; um veículo para nos transportar; um amigo para nos estender a mão; o alimento farto ou não a mesa para que possamos nos alimentar para a nossa própria nutrição; a água que temos; o ar que respiramos, tudo é por vontade de Deus.
Por isso, quando nós pensamos que poderemos perder, se perder, é também pela vontade de Deus.
Muitas pessoas esquecem-se disso ou se lamentam ou festejam ou sentem orgulhosos por serem ou terem mais do que os outros, mas, é porque se esquecem... Simplesmente se esquecem, de que tudo o que é bom e todo dom perfeito vem do alto, mas o que não é agradável ao nosso modo de ver, também vem do alto.
Se passarmos por uma prova, seja ela qual for, é porque a vontade de Deus se concretiza de alguma maneira.
Não, não é castigo. Estamos apenas colhendo, no momento oportuno, os frutos das sementes que plantamos no passado. Mas a vontade de Deus nos faz pensar que somos apenas criaturas e que não temos motivo para nós nos orgulharmos de ser o que não somos.
Por isso, a humildade nos chama à razão a cada instante da vida para podermos viver em liberdade.
Que Jesus nos abençoe!
psicofonia recebida no NEPT em 08 de agosto de 2012
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
Dor e Amor
Uma das passagens mais marcantes dos escritos de Pedro é aquela em que ele diz assim: “Só o amor cobrirá a multidão dos pecados”.
Mas diante desta frase de Pedro nós precisamos fazer um pequeno questionamento: Como conquistar o amor? É um questionamento muito importante, porque todos nós, na verdade, julgamos já conhecer o amor, mas na terra, em função das nossas imperfeições, das nossas limitações, ainda temos que andar muito para conhecer este nobre sentimento que se irradia sobre as frontes de inúmeros mensageiros de Jesus.
Na terra, para evoluirmos nós temos, fundamentalmente, dois caminhos: o amor e a dor.
A dor é representada pelo sofrimento, porém, o sofrimento nem sempre reforma, porque há muitas criaturas que sofrem muito e não compreendem porque sofrem e também não entendem que haja utilidade em sofrer.
O espírita não. O espírita já consegue compreender que o sofrimento nada mais é do que o reencontro com o passado, que de alguma forma está escondido, mas que vem à tona de “forma desconhecida”.
Se todos nós conseguíssemos encarar a dor de maneira adequada, usando a razão, a fé raciocinada, não precisaríamos passar por tantas dores, porque muitas vezes a dor se desdobra em dor. Aquele que sofre não aceita e se revolta sempre gera problemas.
Nunca ouvimos falar de alguém que tenha sido revoltado e não tenha tido problemas, e certamente, nenhum de nós conhece agora aquele que passa pela dor, guardando consigo a confiança em Deus, de que esta dor nada mais é do que o processo depurativo que o levará à evolução de alguma maneira irá encará-la com maior maturidade. E, por encará-la dessa forma, ela será mais amena, ele não dará tanta importância, sofrerá menos e progredirá mais, progressivamente, irá conhecendo o que é o amor.
Grandes exemplos nós tivemos na terra, podemos citar um, Frei Fabiano de Cristo, um dos maiores exemplos para refletir, porque o exemplo de Jesus está acima da nossa compreensão. Mas daqueles que estiveram entre nós, emissários do Cristo, são mais próximas e podemos entender melhor.
Que Jesus nos abençoe!
terça-feira, 21 de agosto de 2012
Allan Kardec Maçom?
O Jornal do Commercio em sua edição de 27/10/2002, traz uma reportagem sobre a modernização da legislação na “Grande Loja de Pernambuco” com uma entrevista do grão-mestre-adjunto, juiz trabalhista Milton Gouveia. Anexo a matéria publicada, foi colocado um quadro em que dava o nome de alguns maçons notáveis, sendo primeiro o de Allan Kardec dentre alguns outros.
Ficamos bastante surpresos pois nunca tínhamos tido tal informação em nenhum tipo de leitura anterior e pela convicção de que alguns elementos essenciais que constituem a confraria maçônica não fazem parte da doutrina espírita, como por exemplo: O espiritismo não tem estrutura hierárquica, não tem mestres, não tem templos suntuosos, não adota cerimônia de espécie alguma, não tem rituais, não usa vestes especiais, não tem qualquer simbologia, não utiliza ornamentações associadas a práticas exteriores, não tem gestos de reverência, não tem sinais cabalísticos, não tem dogmas indiscutíveis ...
Resolvemos então trilhar o bom e velho caminho das perguntas e pesquisas na solução da dúvida em questão, obtendo por resultado dois bons indicadores do fato histórico:
1 – No livro “História da magia, do ocultismo e das sociedades secretas” tomo VII: No século de Allan Kardec, autores – Danielle Hemmert e Alex Roudene temos o seguinte:
“Segundo alguns biógrafos, depois de alguns anos de preparatórios, Hippolyte Rivail teria deixado por algum tempo o castelo de Yverdon para estudar medicina na faculdade de Lyon. Vivia a França o período da restauração dos Bourbons, e então é agora em sua própria pátria, realista e católica, que ele se sentiria desambientado. No entanto não tarda em descobrir um derivativo para a sua decepção e o seu aborrecimento! Essa cidade secreta de Lyon ofereceu em todos os tempos asilo às idéias liberais e as doutrinas heterodoxas. Martinismo e Franco-Maçonaria, Carbonarismo e São-Simonismo vicejam entre suas paredes. E Rivail, jovem médico, inicia-se no magnetismo animal, descoberto quarenta anos mais cedo por Mesmer. O sonambulismo apaixona-o igualmente. Decididamente Hippolyte está “apanhado” pelas ciências ocultas: Assim continuará toda a sua vida, e Allan Kardec encontra-se já em potência no jovem estudante de medicina.”
2 – Perguntamos ao Dr. José Castellani, reconhecida autoridade em assuntos de Maçonaria, obtendo como resposta à nossa consulta: “Alguns biógrafos de Kardec dizem que ele foi membro da Grande Loja da França. A Grande Loja da França, há mais de 20 anos, diante de consulta minha, apenas respondeu que consta que foi iniciado ali, mas que não tem documentos comprobatórios. Portanto, históricamente, a dúvida continua. Entretanto, suas obras contêm, principalmente na parte inicial, introdutória, muitos termos do jargão maçônico e da doutrina maçônica.”
Concluímos então, diante das evidências, que o jovem Hippolyte Rivail realmente fez sua iniciação na Franco-Maçonaria, entretanto, ao assumir o pseudônimo de Allan Kardec e assumir a tarefa de codificação da doutrina espírita, fez uma opção pelos diversos elementos básicos da nova revelação apresentados pelos espíritos superiores.
Quando vemos espíritas que fazem parte da maçonaria, lembramos do exemplo clássico de sabedoria através do equilíbrio perfeito nas idéias e ações de Léon Denis, quando nos deixa este legado dizendo: “O Espiritismo não dogmatiza. Não é nem uma seita, nem uma ortodoxia, mas uma filosofia viva, aberta a todos os espíritos livres, filosofia que evolve, que progride. Não impõe nada; propõe. O que propõe apoia em fatos de experiência e em provas morais. Não exclui qualquer outra crença, antes a todas abraça numa fórmula mais vasta, numa expressão mais elevada e extensa da verdade.”
Paulo Roberto Martins
domingo, 19 de agosto de 2012
Gêneros
Os comportamentos masculino e o feminino são bastante diferentes ao expressar os sentimentos que fazem homens e mulheres, irem a busca de um outro relacionamento. Estamos falando tanto de um novo relacionamento, como também dos relacionamentos de pessoas casadas, que buscam novos parceiros, o que caracteriza os acontecimentos afetivos classificados como casos extra conjugais, ou fora do casamento ou simplesmente, casos.
Precisamos ter em mente as nossas heranças animais que, por enquanto, ditam regras e inclinações que nos fazem lembrar dos resquícios animais que ainda vivem em nós. Nos relacionamentos humanos, especialmente o comportamento de conquistar, as marcas instintivas que existem nos seres humanos são evidentes. Estamos falando de uma característica animal que demonstra as diferentes formas de demarcar territórios e de atrair o outro, isto é, de conquistar.
Todo mundo sabe um pouco disso quando diz, com muita naturalidade, que o seu cachorro está fazendo xixi aqui e ali para demarcar território. É claro que os humanos não usam mais este recurso. Não? Vejamos. Evidente que um rapaz apaixonado não precisa fazer xixi nas esquinas do quarteirão onde mora a sua eleita. Mas temos certos comportamentos correspondentes.
O macho, isto é, o homem, pensa que pode trazer ou atrair para o seu território, quantas mulheres ele quiser e quem ele quiser. O gênero masculino mede os limites de sua propriedade literalmente, fantasiando quem e quantas ele é capaz de atrair. Quando um jovem parte em busca da sua amada, raciocina como se estivesse caçando. Primeiramente escolhe, ou pensa que escolhe, depois ele diz onde mora, isto é, qual território é o seu onde ele atua e domina, depois raciocina como se atraísse a sua escolhida para os seus domínios que é onde supõe que vai ser o dono da sua amada. Um dos problemas que os jovens de hoje estão vivendo, com as desculpas de que não se pode mais namorar na rua ou fora de casa, é que ao trazer a namorada para sua casa, mais propriamente para o seu quarto, os seus instintos funcionam como se todos os traços animais ainda fossem válidos. Assim a sua caça vem, literalmente, para sua caverna.
A mulher, pelo seu lado age como a fêmea no cio, que exala o cheiro e atrai o macho. Desta forma, o seu território não está demarcado como o do animal do gênero masculino, mas sim, o seu território está, simbolicamente dentro dela, isto é, age e espera ser a escolhida ou a preferida. Só então vai demonstrar se aprova o conquistador ou não. É nesse momento que o rapaz pensa que escolheu e laçou a sua pretendida. No entanto o que ocorreu foi o contrário. Ele jogou o laço, mas quem deixou-se prender foi ela. Ele jogou o laço na sua direção, porque dela vinha o cheiro que o atraía. A mulher não demarca uma área geograficamente falando, como fazem os homens, mas ela concede a ele o direito à propriedade mediante o seu poder de atração, e que se encontra com o desejo e impulso de conquista do parceiro.
Neste jogo de tempos imemoriais de conquistar e ser conquistado, homens e mulheres, machos e fêmeas atuam de maneiras diferentes que demonstram como lidam com o sentimento de querer e desejarem-se mutuamente um ao outro. A mulher atua pelo emocional, muitas vezes deixa transparecer a sua paixão ou a sua preferência. É quando os machões pensam que ela está caidinha por eles, e se faz de difícil. O homem, nesta hora, só entra em contato com o seu lado racional que não quer expressar emoções e preferências, e pensa que está agindo como se fosse o dono da situação. Fazendo xixi aqui e acolá para mostrar que, quem manda é ele. Ele pensa em tomar a decisão de ir ou ficar, enquanto a mulher espera essa decisão do homem para dizer se ainda quer ou não. Nesta história de aproximação do homem e da mulher, ela está no emocional desde o início e depois na hora da escolha é que vai colocar a razão para funcionar, enquanto o homem está no racional desde o início, decidindo este ou aquele momento, fazendo xixi aqui e ali para dizer onde manda e quanto manda, etc. e tal e só vai colocar o emocional para funcionar na hora em que chegar perto da sua amada. É por isso que às vezes, a voz não sai ou ele não sabe o que dizer e até mesmo mostra o seu lado mais frágil e se dá a conhecer muito mais do que está pensando.
Na sua conquista, a mulher tem tendência a idealizar a relação. Isto é, sonhar e fantasiar. Para a mulher, em princípio, a chegada do amado, sempre a faz sonhar e esperar pelo melhor e mais emocionante. E como ela concorda com ele em ser sua preferida, supõe que ele será único.
O homem tem a tendência de formar um harém, isto é, possuir duas, três ou várias. Ele sempre idealiza ter várias mulheres e relacionar-se com todas elas. Por isso ele pensa que está escolhendo mais uma.
O macho visa possuir a mulher. Mandar e ter a posse sobre ela.
A fêmea espera que o macho a escolha para reproduzir, e com isso ela ganha a exclusividade, e de antemão o direito sobre a cria, porque só ela é capaz de reproduzir, já que o homem não pode engravidar.
Sei que os leitores devem estar discutindo ou discordando em parte, e que as leitoras estão dizendo que hoje em dia não é mais assim, pois as mulheres mudaram muito, não são mais iludidas pelos homens e afinal, estão igualando-se a eles. Tenham calma que discutimos outros aspectos em próximos artigos.
Enéas
As palestras
Normalmente o primeiro contato com a Doutrina se dá através do livro, do passe ou das palestras. Todavia, é através da palestra que a casa espírita apresenta o Espiritismo de maneira mais clara e direta para o público.
Assim, deve ser priorizada tal atividade na seara espírita, formando palestrantes com bom conhecimento doutrinário, mas que também tratem de continuamente se aperfeiçoarem no uso da palavra na tribuna.
Os palestrantes também podem buscar se afinizar com os modernos recursos audiovisuais, sabendo utilizá-los, fazendo com que a mensagem seja melhor oferecida, sendo mais atraente.
Toda exposição na tribuna espírita deve procurar sempre envolver o tríplice aspecto do Espiritismo. Deve ser evitada qualquer forma de pregação religiosa, como se fosse um sermão, mas recorrer à boa argumentação que traga a filosofia, a ciência e a proposta ético-moral da Doutrina Espírita, no consórcio permanente da razão com a fé esclarecida.
Importante para quem frequenta ou vai ocasionalmente a uma casa espírita, a palestra é muitas vezes a porta de entrada para a reforma íntima ou para a solução de muitos problemas de alguém que ouça a mensagem doutrinária.
Assuntos polêmicos não são bem-vindos, pois geram mal-estar e dúvidas ou inconformismos que não precisam acontecer em um ambiente onde se procura exatamente paz de espírito.
Toda palestra, toda leitura fraterna, precisa passar uma mensagem de equilíbrio.
Assim, o responsável pela mensagem deve preparar-se para enviar a mensagem que corresponda aos propósitos do trabalho: curar as almas enfermas.
sábado, 18 de agosto de 2012
Socialismo
Em todos os tempos, as almas sensíveis, emocionadas pelo espetáculo das prolongadas tribulações e das negras misérias da Humanidade, assim como as que por si mesmas conheceram o infortúnio dos dias maus, hão ideado sistemas mais ou menos práticos, capazes de pôr termo aos sofrimentos dos homens. Desde que, porém, se pretendeu aplicá-los, os que o tentaram em decepções esbarraram, bem amargas. É que se não havia levado muito em conta o papel, da Terra na grande harmonia universal, nem sabido adaptar ao grau de sua evolução as reformas, necessárias, mas, amiúde, prematuras.
As revoluções só têm feito, as mais das vezes, deslocar os abusos. Num progresso lento, contínuo e, sobretudo, na educação do povo, é que, principalmente, se encontra o "processus" mais eficiente para que neste mundo se realizem os aperfeiçoamentos entrevistos.
O Socialismo atual, também, quer estabelecer uma ordem de coisas que seja um composto de justiça e progresso. Mas, para isso, terá, antes de tudo, que se inspirar num ideal elevado, numa doutrina espiritualista, que constitua como que o cimento que ligue os seus elementos diversos, a fim de com eles formar um sistema homogêneo, uma força viva e benfazeja. Isso, entretanto, o de que sempre careceram as teorias socialistas, por demais impregnadas de materialismo.
Ora, esse ideal a Doutrina, a Revelação dos Espíritos lhes vem oferecer, mediante as provas experimentais demonstrativas da existência e da sobrevivência da alma.
O moderno espiritualismo traz ao Socialismo a revelação da vida universal e de suas leis, leis cujo conhecimento é indispensável a todos os que trabalham pelo progresso social. Não sendo mais que um dos aspectos, uma das formas da vida universal, a vida humana tem que se adaptar a esta, tomando-a no seu sentido profundo e no seu objetivo, sob pena de ver todas as obras sociais atacadas de impotência e de esterilidade, porquanto nada de durável se pode edificar fora da lei geral de evolução e de harmonia.
Para o materialista, a vida terrena, sem precedentes e sem conseqüentes, curtíssima duração empresta aos sentimentos e aos liames que unem os homens. Porém, graças aos testemunhos dos defuntos, ampliam-se ao infinito as perspectivas. O nosso destino se desdobra, através dos tempos, numa sucessão de existências inumeráveis, cada uma das quais é um meio de educação, de ascensão gradativa, de evolução do ser, no sentido do bom, do perfeito.
Desde logo, pois, a vida adquire maior valor e o destino toma uma amplitude que escapa a toda e qualquer mensuração. A solidariedade e a fraternidade, que constituem os princípios essenciais do Socialismo, já não ligam somente os homens no presente, mas em todas as fases de sua imensa evolução. A fraternidade se torna uma das leis da vida universal, resultando daí ficarem as instituições, as obras humanas, fecundadas e como que iluminadas.
Vem depois o conhecimento do que somos, da nossa dupla natureza, perecível uma, a outra imortal, e, conseguintemente, a solução dos problemas até aqui insolúveis, da vida, do livre arbítrio e da responsabilidade, a conseqüência dos atos a recair sobre seus autores, a demonstração da justiça e o aperfeiçoamento de todos, pelo trabalho, pelo estudo, pela utilização das forças morais inatas no homem.
Tais são os dados capitais desse ensino, dessa revelação, ao mesmo tempo científica, experimental e filosófica, que não pode ser abafada, desnaturada, falsificada, porque tem por intérpretes os milhões de vozes que se elevam em todos os pontos do Globo e que, fazendo umas a contraprova do que dizem as outras, nos informam das condições da vida futura e das suas leis.
Esse ensino penetra em todos os domínios do pensamento, toma pouco a pouco o lugar do dogmatismo dos séculos passados, das formas materiais, apoiado exclusivamente na consciência e na razão. E, unicamente a partir do dia em que o houver adotado, é que o Socialismo se achará em condições de trabalhar eficazmente na educação do povo, na reforma do ser humano, a fim de reprimir as paixões e o egoísmo, os ódios de classes, até hoje o maior obstáculo à realização de seus objetivos.
Adotando esta dilatada doutrina espiritualista é que o Socialismo alcançará o seu máximo de irradiação, toda a sua potencialidade regeneradora e logrará implantar na Terra um estado de coisas conforme a suprema lei de progresso e de justiça. Conservar-se-á estéril, enquanto ao programa das reformas materiais não juntar as forças do Espírito.
É preciso dar uma alma ao Socialismo!
Cada vez mais acerba e ardorosa se faz à luta pela vida, por motivo de que, em vez de restringirem as necessidades materiais, o que seria o remédio melhor, os homens as multiplicam à porfia. Todos os dias se criam necessidades fictícias, imaginárias, que mais pesado tornam o jugo da matéria, do mesmo passo que são desprezadas as necessidades espirituais, os tesouros da inteligência e do coração, para cuja aquisição viemos especialmente a este mundo. Daí resulta que, para a maioria dos homens, perdido ficou o objetivo da existência, cumprindo-lhes recomeçá-la em condições mais penosas, mais dolorosas.
Ignorante da conseqüência de seus atos, que sobre ela recaem, e das leis do destino, a Humanidade prepara dias sombrios para o seu amanhã, dias que perdurarão até que a luz do Alto e a Revelação dos Espíritos lhe venham, enfim, clarear o caminho.
O papel do Espiritismo na educação social tem que se patentear, porque constitui uma inovação, necessária do ponto de vista filosófico, e se torna assim correlativo com os trabalhos dos sábios, orientados para o estudo das ondas que formam parte integrante dos feixes da vida universal.
Filosofia e Ciência têm que chegar, paralelamente, num sentido abstrato e concreto, aos mesmos resultados: dilatação do pensamento humano e extra-humano, do ponto de vista filosófico, por efeito de uma visão científica, precisa, clara e racional.
Diante desses vastos domínios da vida universal, em face da meta sublime que a alma colima através de suas peregrinações, que significação têm as vãs distinções de castas e os preconceitos da riqueza?
A noção das responsabilidades pode preservar de muitas quedas e atenuar muitos ódios. Uma vaga de igualdade aproxima todas as situações. Compreender-se-á que a injustiça da sorte é apenas aparente, que as provações têm sua razão de ser para a reparação das faltas do passado e a conquista de melhor futuro.
Então, a malevolência, a inveja e o egoísmo poderão ceder lugar ao altruísmo, e a fraternidade deixará de ser uma palavra carente de sentido, por isso que perceberemos quão intimamente estamos ligados uns aos outros, em a nossa eterna ascensão.
E o mal? perguntarão.
O mal não é senão o estado de inferioridade dos seres e dos mundos. Enfraquece com a evolução geral e acaba por desaparecer. Na sua fadigosa subida para o bem, para a luz, o próprio ser constrói sua consciência, sua personalidade, e na sua mesma elevação encontra a alegria e a recompensa.
Leon Denis
sexta-feira, 17 de agosto de 2012
Pensamentos verticais.
Você concordaria com a afirmação de que normalmente não conseguimos centrar a nossa conversação em um só assunto. Quero dizer interrompemos o nosso raciocínio e enveredamos por outro assunto ou suspendemos a nossa exposição para darmos atenção a algo que está fora do tema presente.
Quanta energia dissipada tentando se atentar para tudo e não atendendo a nada! Isto se deve a forma de conduzir nossos pensamentos. Nós não aprendemos a parar de pensar no sentido meditativo.
A massificação nos bombardeia com idéias e estímulos que dominam as nossas características competitivas e nós não queremos perder, pois que senão seremos ultrapassados e a "vida é curta" "é uma só", sob o ponto de vista materialista ou de algumas ideologias.
Diz-se em auto-reprogramação-humana (ARH), que esta é uma característica do pensamento-horizontal. O Pensamento-Horizontal desvia o nosso foco do que acontece em nós e no meio ambiente que nos rodeia, divide o tempo e também nos divide: ou/ora vivemos no passado; ou/ora no presente; ou/ora no futuro.
Viver no passado "no meu tempo" é uma característica da Mente-velha, retrograda, limitada, sem aspiração, fator de depressão. As pessoas idosas têm fortíssima tendência a viver no passado.
Os que pensam mais na atualidade, em geral os de meia idade e também boa parte dos jovens, expoem-se a impulsividade, pelo querer aproveitar tudo ao máximo da vida, o que os tornam intempestivos ou ansiosos e quando não conseguem caem no oposto, tédio (fossa) e passividade. Acontece um evento musical, um festival de cinema, e querem ver tudo ao mesmo tempo, faltam aulas e serviço ou deixam tudo pela metade e se não conseguem, sentem-se frustrados.
Já os que pensam mais no futuro em geral a juventude, ficam sujeitos a ansiedade e a fantasia. O medo do que vai ainda acontecer pode tornar-se mórbido e causar alienação. A competição pode gerar distúrbios emocionais que afetam sensivelmente a personalidade em formação, criando gerações neuróticas e paranóicas como já é o caso da juventude de alguns paises ditos de primeiro mundo. Hoje a depressão jovem já é fato.
Na linha do Pensamento-Vertical temos a atenção voltada ao máximo para a percepção da realidade interna e externa do que estamos vivenciando no momento. É o que Dr Nilson Ruiz Sanches chama em seu livro ARH-Auto-reprogramação Humana, de "presentificação" do pensamento, não quer dizer absolutamente fato momentoso e sim, AGORA, MOMENTO, da meditação. O Pensamento-Vertical, o Momento, o Agora, aciona o Pensamento Racional e o Pensamento Intuitivo e aditaria o Pensamento Inspirado.
O Pensamento-Vertical nos coloca da melhor maneira dentro do contexto. Desenvolve o "músculo da atenção" favorecendo a concentração e a percepção da realidade interna, do momento envolto, da família, do grupo social, do mundo.
Auto analizando-se e 'presentificando-se'; realizando visualizações e abrindo a mente para o mundo espiritual (novos paradigmas para muitos), o ser humano se coloca inteiramente dentro do contexto em nível de Consciência Superior, queremos dizer Racional e Intuitivo Superiores.
Temos uma forma racional de pensar em nível de consciência inferior, o estado de sono e o superior em que o ser, centrado em si, faz o "nível de consciência de si".
Consciência de si é aquele nível no qual o ser humano deixou de ser apenas máquina, pois que conseguiu o "total controle da máquina".
Valdomiro
quinta-feira, 16 de agosto de 2012
Viver só...
Logo após acabar o curso na Universidade de Atlanta, nos Estados Unidos, em 1990, o jovem Christopher McCandless tomou uma decisão que iria mudar significativamente o curso de sua vida.
Doou os 24 mil dólares que tinha no saldo bancário a instituições de caridade, e desapareceu sem avisar a família.
Já não era a primeira vez que Chris decidia fazer uma viagem pelos vários Estados americanos, sozinho, dependendo da natureza e do que encontrava no caminho.
Mas, daquela vez foi diferente. A sua raiva quanto à civilização em que vivia, quanto aos pais e às mentalidades e materialismo da época, foi fundamental para a sua tomada de decisão.
A partir daquele dia não mais regressaria à sua casa.
Viveu assim, por muito tempo, desbravando o país, andando a pé, ou contando com caronas de estranhos para se locomover.
Trabalhava aqui e acolá. Ganhava um pouco de dinheiro, comprava suprimentos e continuava sua caminhada, livre, em busca de uma felicidade há tanto sonhada.
Sua história ficou conhecida através de escritos que deixou por vários cantos, sob um pseudônimo, e que depois foram colecionados pelo escritor Jon Krakauer.
Num desses escritos encontrou-se as seguintes palavras:
Sem jamais ter de voltar a ser envenenado pela civilização, foge e caminha sozinho pela Terra, para se perder na floresta.
O solitário andarilho, então, foi ao encontro daquela que seria a maior de todas as suas aventuras, e que simbolizaria seu rompimento com a sociedade civilizada.
Embrenhou-se no Alasca, com poucos recursos e condições, buscando sobreviver apenas do que a natureza lhe daria.
Meses e mais meses se passaram.
Através de um diário que mantinha, na contracapa de alguns livros, o jovem ia descrevendo seus dias e seus pensamentos.
Seu corpo foi encontrado em decomposição no ano de 1992, dentro de um saco de dormir, no interior de um pequeno ônibus abandonado na floresta.
Calculou-se que já havia falecido há cerca de duas semanas. A causa oficial da sua morte foi inanição - morreu de fome.
O autor do livro, que conta a história dramática do jovem, relata que uma das frases mais significativas encontradas em suas anotações dos últimos dias de vida, foi a seguinte:
A felicidade... só é verdadeira... quando partilhada.
* * *
Não nascemos para vivermos sós. Somos seres sociais por natureza, a ponto de nosso isolamento em excesso se fazer prejudicial ao corpo, à mente e ao Espírito.
Somos individualidades, é certo - seres completos buscando desenvolvimento intelecto-moral através das eras.
Porém tal desenvolvimento, principalmente no que diz respeito ao aspecto moral, só poderá ser realizado na vida social, isto é, no contato com outros seres.
Desta forma, toda fuga da vida em sociedade, toda tentativa de escapar da dor, dos desconfortos dos relacionamentos, será sempre frustrada.
* * *
Nenhum homem possui todos os conhecimentos. Pelas relações sociais é que se completam uns aos outros para assegurar seu bem estar e progredir.
É por isso que, tendo necessidade uns dos outros, são feitos para viver em sociedade e não isolados.
texto da Redação Momento Espírita
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
Os bons médiuns
Inerente a todos os seres humanos, a faculdade mediúnica expressa-se de maneira variada, conforme a estrutura evolutiva, os recursos morais, as conquistas espirituais de cada indivíduo.
Incipiente em uns e ostensiva noutros, pode ser considerada com a peculiaridade psíquica que permite a comunicação dos homens com os Espíritos, mediante cujo contributo inúmeras interrogações e enigmas encontram respostas e elucidações claras para o entendimento dos reais mecanismos da existência física na Terra.
Distúrbios psíquicos inexplicáveis, desequilíbrios orgânicos injustificáveis, transtornos comportamentais e dificuldades nos relacionamentos sociais e afetivos, malquerenças e aflições íntimas destituídas de significado, exaltação e desdobramentos da personalidade, algumas alucinações visuais e auditivas, na mediunidade encontram seu campo de expansão, refletindo os dramas espirituais do ser, que procedem das experiências anteriores à atual existência física, alguns transformados em fenômenos obsessivos profundamente perturbadores.
Mal compreendida por largo tempo através da História, foi envolta em mitos e cercada de superstições, que nada têm a ver com a sua realidade.
Sendo uma percepção da alma encarnada cujo conteúdo as células orgânicas decodificam, não significa manifestação de angelitude ou de santificação, como também não representa punição imposta por Deus, a fim de alcançar os calcetas e endividados perante as Soberanas Leis.
Existente igualmente no ser espiritual, é uma faculdade do Espírito que, através dos delicados equipamentos sutis do seu perispírito, faculta o intercâmbio entre os desencarnados de diferentes esferas da Erraticidade.
Dessa maneira, não se trata de um calvário de padecimentos intérminos em cujo curso a tristeza e o sofrimento dão-se as mãos, como pretendem alguns portadores de comportamento masoquista, mas também não é característica de superioridade moral, que distingue o seu possuidor em relação às demais pessoas.
Pode ser considerada como a moderna escada de Jacó, que permite a ascensão espiritual daquele que se lhe dedica com abnegação e devotamento.
Semelhante às demais faculdades do ser humano, exige cuidados especiais, quais aqueles que se dispensam à inteligência, à memória, às aptidões artísticas e culturais...
O conhecimento do seu mecanismo torna-se indispensável para que seja exercida com seriedade, ao lado de cuidados outros que se lhe fazem essenciais, quais sejam, a identificação da lei dos fluidos, a aplicação dos dispositivos morais para o aperfeiçoamento incessante, a disciplina dos equipamentos nervosos, as disposições superiores para o bem, o nobre e o edificante.
Neutra, sob o ponto de vista ético-moral, qual ocorre com as demais faculdades, é direcionada pelo seu portador, que se encarrega de orientá-la conforme as próprias aspirações, perseguindo os objetivos elevados, que são a meta essencial da reencarnação.
À medida que o médium introjeta reflexões em torno do seu conteúdo valioso, mais se lhe dilatam as possibilidades, que, disciplinadas, facultam ensejo para a produção de resultados compatíveis com o direcionamento que se lhe aplique.
A observação cuidadosa dos sintomas através dos quais se expressa, favorece a perfeita identificação daqueles que se comunicam e podem contribuir em favor do progresso moral do medianeiro.
O hábito do silêncio interior e da quietação emocional faculta-lhe a captação das ondas que permitem o intercâmbio equilibrado, ampliando-lhe a área de serviços espirituais.
Concessão divina para a Humanidade, é a ponte que traz de volta aqueles que abandonaram o corpo físico ou que dele foram expulsos, sem que deixassem a vida, comprovando-lhes a imortalidade em triunfo.
Ante a impossibilidade de ser alcançada a perfeição mediúnica, face à condição predominante de mundo de provações que caracteriza o planeta terrestre e tipifica os seus habitantes por enquanto, cada servidor deve lutar para adquirir a qualidade de bom médium, isto é, aquele que comunica com facilidade, que se faz instrumento dócil aos Espíritos que o utilizam sob a orientação do seu Mentor.
Nunca se acreditando imaculado, sabe que pode ser vítima da mistificação dos zombeteiros e maus, não a temendo, mas trabalhando por sutilizar as suas percepções psíquicas e emocionais, e elevando-se moralmente para atingir patamares mais enobrecidos nas faixas da evolução.
A facilidade com que os desencarnados o utilizam, especialmente por estar disponível sempre que necessário, propicia-lhe maior sensibilidade e o credencia ao apoio dos Guias da Humanidade, que o cercam de carinho e o inspiram para a ascensão contínua.
Consciente dos próprios limites e das infinitas possibilidades da Vida, reconhece o quanto necessita de transformar-se interiormente para melhor, a fim de ser enganado menos vezes e jamais enganar aos outros, pelo menos conscientemente.
A disciplina e o equilíbrio moral, os pensamentos e as ações honoráveis, o salutar hábito da oração e da meditação, precatam-no das investiduras dos maus e perversos que pululam em toda parte, preservando-lhe os sutis equipamentos mediúnicos dos choques de baixo teor vibratório que lhes são inerentes, ajudando-o, assim, a manter contato com esses infelizes, quando necessário, porém, sob o controle dos Guias que os conduzem, jamais ao paladar e apetite da loucura que os avassala.
O bom médium é simples e sem as complexidades do agrado da ignorância, do egoísmo e da presunção, cujas conquistas são internas e que irradia os valores morais de dentro para fora, qual antena que possui os requisitos próprios para a captação das ondas que serão transformadas em imagens sonoras, visuais ou portadoras de força motriz para muitas finalidades.
Quando esteja açodado pelas conjunturas difíceis ou afligido pelas provações iluminativas, que fazem parte do seu processo de evolução, nunca deve desanimar, nem esperar fruir de privilégios, que os não possui, seguindo fiel e tranqüilo no desempenho da tarefa que lhe diz respeito, preservando a alegria de viver, servir e amar.
O trabalho edificante será sempre o seu apoio de segurança, que o fortalecerá em todos os momentos da existência física, nunca se refugiando na inoperância, que é geradora de mil males que sempre perturbam.
Porque identifica as próprias deficiências, não se jacta da faculdade que possui, reconhecendo que ela pode ser bloqueada ou retirada, empenhando-se para torná-la uma ferramenta de luz a serviço do Amor em todos os instantes.
Os bons médiuns, que escasseiam, em razão da momentânea inferioridade humana, são os instrumentos hábeis para contribuírem em favor do Mundo Novo de amanhã, quando a mediunidade, melhor compreendida e mais bem exercida, se tornará uma conquista valiosa do espírito humano credenciado para a felicidade que já estará desfrutando.
(Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, na sessão mediúnica da noite de 08 de agosto de 2001, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.)
Estado de coma
Terry Wallis foi notícia no mundo inteiro porque abriu os olhos novamente depois de dezenove anos em estado de coma após sofrer um acidente de carro, nos Estados Unidos. Fato raro, segundo a Medicina, uma vez que a freqüência comum de reavivamento é de três meses. Terry acordou do longo sono bastante humorado. Primeiro falou com a mãe, depois pediu a terapeuta para fazer amor com ele. Outro caso interessante ocorreu com Patricia White Bull, uma bailarina que durante o parto de seu quarto filho desacordou para somente recobrar a consciência dezesseis anos depois, exatamente no natal de 1999. Embora a ciência tenha avançado bastante sobre o mecanismo de funcionamento do cérebro, especialmente nesta última década, não conseguiu desvendar o mistério para casos como estes de Terry Wallis e Patricia Bull. Não conseguiu porque ainda não levou em consideração a tese do princípio espiritual que anima cada ser vivente.
O ser humano não é tão-somente um animal racional, é, sobretudo, um ser espiritual que recebe um corpo de carne para passar por experiências de aprendizado no planeta Terra. Para ligar o espírito ao corpo físico existe um corpo específico, semimaterial, que encontra várias denominações como corpo bioplasmático, perispírito, corpo astral etc. A morte somente acontece quando as ligações do corpo físico com este corpo espiritual se efetiva. Um paciente em estado de coma mantém estes laços de vitalidade sem tempo determinado para desligamento. Por isso, a terminologia mais adequada para configurar este fenômeno seria a desencarnação, isto é, a ação de saída do corpo de carne. A miopia científica, porém, para as questões espirituais, faz atrasar os avanços necessários para o tratamento integral do ser humano.
Um paciente, em estado de coma, está presente no local onde seu corpo fica paralisado, presenciando o que ocorre ao seu redor ou em qualquer lugar, a semelhança do que atestam as pessoas que passaram por experiências de quase-morte. Se familiares, amigos ou médicos conversarem com o paciente podem ter a certeza que ele terá condições de ouvir e ver, sem, contudo, ter a capacidade de dar a resposta. Pode até aparecer normalmente em sonhos, pois quem está aprisionado na cama é o corpo e não o espírito. Mas, qual a razão para alguém passar tanto tempo ausente do mundo? Pode-se afirmar que cada caso é um caso, e compreendendo a Lei Divina como perfeita, é certo que aquela experiência deva servir de resgate de débitos cármicos provocados por ele noutras vidas.
O desaviso sobre a realidade espiritual pode, também, nos casos de coma profundo por longo período, levar ao raciocínio de abreviação dos sofrimentos do paciente e provocar a eutanásia. O termo eutanásia, proposto pelo filósofo Francis Bacon, em 1623, vem do grego, podendo ser traduzido como boa morte ou morte apropriada e teve a Holanda como o primeiro país do mundo a legalizá-la, em 2001. A eutanásia é outro equívoco. Equívoco porque parte do pressuposto de que a vida pertence à pessoa. A vida, na verdade, pertence a Deus que permite a cada um de nós usufruí-la para a nossa felicidade, não devendo ninguém abreviar a sua ou a de qualquer um, seja qual for a justificativa.
O sono profundo que necessitamos despertar é o da inconsciência daquilo que realmente somos. Acordar para a dimensão do espírito e vivermos em consonância com ela, modificando nossa forma de pensar e conseqüentemente de agir, sobretudo com os outros, sob a perspectiva da vida futura e da imortalidade que nos é inerente.
Carlos Pereira
terça-feira, 14 de agosto de 2012
Animismo
Por sua natureza, a revelação espírita tem duplo caráter: participa ao mesmo tempo da revelação divina e da revelação científica. Participa da primeira, porque foi providencial o seu aparecimento e não o resultado da iniciativa, nem de um desígnio premeditado do homem; porque os pontos fundamentais da doutrina provêm do ensino que deram os espíritos encarregados por Deus de esclarecer os homens acerca de coisas que eles ignoravam, que não podiam aprender por si mesmos e que lhes importa conhecer, hoje que estão aptos a compreendê-las.
Participa da segunda, por não ser esse ensino privilégio de individuo algum, mas ministrado a todos do mesmo modo; por não serem os que o transmitem e os que o recebem seres passivos, dispensados do trabalho da observação e da pesquisa, por não renunciarem ao raciocínio e o livre-arbítrio; porque não lhes é interdito o exame, ao contrário, recomendado; enfim, porque a doutrina não foi ditada completa, nem imposta à crença cega, porque é deduzida, pelo trabalho do homem, da observação dos fatos que os espíritos lhe põem sob os olhos e das instruções que lhe dão, instruções que ele estuda, comenta, compara, a fim de tirar ele próprio às ilações e aplicações. Numa palavra, o que caracteriza a revelação espírita é o ser, divina a sua origem e da iniciativa dos espíritos, sendo a sua elaboração fruto do trabalho do homem.
A expressão animismo e mediunismo trata de duas palavras que confundem os menos esclarecidos, em termos de doutrina espírita, e, principalmente, aqueles que se dão ao hábito de praticar a mediunidade, sem ter estudado o bastante, para exercer tamanha responsabilidade e se dar ao mister de dialogar com os espíritos desencarnados e deles receberem ensinamentos, como também praticar a psicografia, e outras atribuições que a prática mediúnica lhes proporcionam.
É uma responsabilidade muito grande e para os que agem assim, se faz necessário que estudem com bastante relevância o Livro dos Médiuns, para como se diz no dito popular: “Ficar no mato sem cachorro”. A palavra (anímico) deriva do latim anima,-ae=sopro, emanação, ar; daí= Alma como princípio vital, vida. Espírito que escapa do corpo após o passamento. Anímico é tudo aquilo que é relativo ao animismo.
E o que seria Animismo? Neologismo para significar que a alma do médium pode comunicar-se com a de qualquer outro, pois, se há certo grau de liberdade, recobra suas qualidades de espírito. Na prática espírita, trata-se de um estado de transe, no qual quem opera, produzindo fenômenos psíquicos e mesmo de efeitos físicos, é o Espírito do próprio encarnado e não um Espírito desencarnado, pois neste caso seria mediunismo e não animismo. Desde que há dissociação psíquica e o espírito de uma pessoa emancipa-se, mesmo que seja parcialmente, ele pode produzir os mesmos fenômenos produzidos pelos espíritos que se comunicam através de médiuns. Os fenômenos espíritas são de duas naturezas: Anímicos e mediúnicos.
Pelo enunciado e pelo que entendemos a prática mediúnica requer muito conhecimento, pois pelo visto, existem muitos médiuns anímicos mesmo dentro da doutrina, principalmente aqueles que não se dão, ao respeito e não procuram estudar com afinco O Livro dos Médiuns. Fenômenos psíquicos inconscientes, se produzidos fora dos limites da esfera corpórea do médium, ou extramediúnicos (Transmissão do pensamento, telepatia, telecinesia, movimentos de objetos sem contato, materialização).
Temos aqui a manifestação culminante do desdobramento psíquico; os elementos da personalidade transpõem os limites do corpo e manifestam-se, a distância, por efeitos não somente psíquicos, porém ainda físicos e mesmos plásticos, e indo até à plena exteriorização ou objetivação, provando por esse meio que um elemento psíquico pode ser, não somente um simples fenômeno de consciência, mais ainda um centro de força substancial pensante e organizadora, podendo também, por conseguinte , organizar temporariamente um simulacro de órgão, visível ou invisível, e produzindo efeitos físicos.
Pela importância, e magnitude da mediunidade, o que deve existir de comunicações anímicos espalhadas por este mundo espírita não está escrito, e principalmente se houver mistificação e fascinação.
A Palavra animismo pode designar todos os fenômenos intelectuais ou físicos que deixam supor uma atividade extracorpórea ou à distância do organismo humano, e mais especialmente todos os fenômenos mediúnicos que podem ser explicados por uma ação que o homem vivo exerce além dos limites do corpo. Saindo do mundo anímico e entremos no mediunismo, iremos notar o que representa a mediunidade para o espírita. Mas precisamente o mediunismo Aksakof propõe à compreensão todos os fenômenos ordinariamente chamados espíritas.
Tal denominação tem a vantagem de aplicar-se exclusivamente à explicação dos fenômenos. O mediunismo é um campo de trabalho onde podem florescer, sob inspiração de Jesus, as mais sublimes expressões de fraternidade. Um meio que se serve deus para auxiliar a humanidade em seu esforço evolutivo. Elo de luz entre a Terra e o Céu, o mediunismo superior possibilita o encontro, cada vez mais acentuado, do pensamento humano, com as esferas invisíveis nobres, de onde se originam as melhores expressões evolutivas.
Alexander Aksakof, em meados de 1890, empregou o termo mediumnismus, traduzido para o francês mediumnisme, e para o português mediunismo, para designar o uso das faculdades mediúnicas. A prática do mediunismo não significa que haja prática de espiritismo propriamente dito, visto que a mediunidade não é propriedade do Espiritismo, ele apenas a estuda e a pratica de modo científico, sem superstições, crendices ou sincretismo religioso.
Pelo que foi exposto aqui nesta matéria dá para se ter uma idéia fiel, e a responsabilidade que temos na prática da mediunidade. O Livro dos espíritos está ai, ao alcance de todos, não adianta precipitação, pois pode ser prejudicial e trazer graves conseqüências para quem a pratica, principalmente por curiosidade. Ao encerrar queria terminar com esta passagem de Allan Kardec: “Para as coisas novas necessitam –se palavras novas, assim o quer a clareza da linguagem para evitar a confusão inseparável do sentido múltiplo dos mesmos vocábulos”
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
Aparências
André_Luiz conta que, em "Nosso Lar", logo após às vinte e uma horas, chegou alguém dos fundos do enorme parque. Era um homenzinho de semblante singular, evidenciando a condição de trabalhador humilde. Narcisa recebeu- o com gentileza, perguntando:
– Que há, Justino? Qual é a sua mensagem? O operário, que integrava o corpo de sentinelas das Câmaras de Retificação, respondeu, aflito:
– Venho participar que uma infeliz mulher está pedindo socorro, no grande portão que dá para os campos de cultura. Creio tenha passado despercebida aos vigilantes das primeiras linhas.
– E por que não a atendeu? - interrogou a enfermeira.
O servidor fez um gesto de escrúpulo e explicou:
– Segundo as ordens que nos regem, não pude fazê-lo, porque a pobrezinha está rodeada de pontos negros.
– Que me diz? - revidou Narcisa, assustada.
– Sim, senhora.
– Então, o caso é muito grave.
Curioso, segui a enfermeira, através do campo enluarado. A distância não era pequena. Lado a lado, via-se o arvoredo tranqüilo do parque muito extenso, agitado pelo vento caricioso. Havíamos percorrido mais de um quilômetro, quando atingimos a grande cancela a que se referira o trabalhador.
Deparou-se-nos, então, a miserável figura da mulher que implorava socorro do outro lado. Nada vi, senão o vulto da infeliz, coberta de andrajos, rosto horrendo e pernas em chaga viva; mas Narcisa parecia divisar outros detalhes, imperceptíveis ao meu olhar, dado o assombro que estampou na fisionomia, ordinariamente calma.
– Filhos de Deus - bradou a mendiga ao avistar-nos -, dai-me abrigo à alma cansada! Onde está o paraíso dos eleitos, para que eu possa fruir a paz desejada.
Aquela voz lamuriosa sensibilizava-me o coração. Narcisa, por sua vez, mostrava-se comovida, mas falou em tom confidencial:
– Não está vendo os pontos negros?
– Não - respondi.
– Sua visão espiritual ainda não está suficientemente educada.
E, depois de ligeira pausa, continuou:
– Se estivesse em minhas mãos, abriria imediatamente a nossa porta; mas, quando se trata de criaturas nestas condições, nada posso resolver por mim mesma. Preciso recorrer ao Vigilante-Chefe, em serviço.
Assim dizendo, aproximou-se da infeliz e informou, em tom fraterno:
– Faça o obséquio de esperar alguns minutos.
Voltamos apressadamente ao interior. Pela primeira vez, entrei em contacto com o diretor das sentinelas das Câmaras de Retificação. Narcisa apresentou-me e notificou-lhe a ocorrência. Ele esboçou um gesto significativo e ajuntou:
– Fez muito bem, comunicando-me o fato. Vamos até lá.
Dirigimo-nos os três para o local indicado.
Chegados à cancela, o Irmão Paulo, orientador dos vigilantes, examinou atentamente a recém-chegada do Umbral, e disse:
– Esta mulher, por enquanto, não pode receber nosso socorro. Trata-se de um dos mais fortes vampiros que tenho visto até hoje. é preciso entregá-la à própria sorte.
Senti-me escandalizado. Não seria faltar aos deveres cristãos abandonar aquela sofredora ao azar do caminho? Narcisa, que me pareceu compartilhar da mesma impressão, adiantou-se suplicante:
– Mas, Irmão Paulo, não há um meio de acolhermos essa miserável criatura nas Câmaras?
– Permitir essa providência - esclareceu ele -, seria trair minha função de vigilante.
E indicando a mendiga que esperava a decisão, a gritar impaciente, exclamou para a enfermeira:
– Já notou, Narcisa, alguma coisa além dos pontos negros?
Agora, era minha instrutora de serviço que respondia negativamente.
– Pois vejo mais - respondeu o Vigilante-Chefe.
Baixando o tom de voz, recomendou:
– Conte as manchas pretas.
Narcisa fixou o olhar na infeliz e respondeu, após alguns instantes:
– Cinqüenta e oito.
O Irmão Paulo, com a paciência dos que sabem esclarecer com amor, explicou:
– Esses pontos escuros representam cinqüenta e oito crianças assassinadas ao nascerem. Em cada mancha vejo a imagem_mental de uma criancinha aniquilada, umas por golpes esmagadores, outras por asfixia. Essa desventurada criatura foi profissional de ginecologia. A pretexto de aliviar consciências alheias, entregava-se a crimes nefandos, explorando a infelicidade de jovens inexperientes. A situação dela é pior que a dos suicidas e homicidas, que, por vezes, apresentam atenuantes de vulto.
Recordei, assombrado, os processos da medicina, em que muitas vezes enxergara, de perto, a necessidade da eliminação de nascituros para salvar o organismo materno, nas ocasiões perigosas; mas, lendo-me o pensamento, o Irmão Paulo acrescentou:
– Não falo aqui de providências legítimas, que constituem aspectos das provações redentoras, refiro-me ao crime de assassinar os que começam a trajetória na experiência terrestre, com o direito sublime da vida.
Demonstrando a sensibilidade das almas nobres, Narcisa rogou:
– Irmão Paulo, também eu já errei muito no passado. Atendamos a esta desventurada. Se me permite, eu lhe dispensarei cuidados especiais.
– Reconheço, minha amiga - respondeu o diretor da vigilância, impressionando pela sinceridade -, que todos somos espíritos endividados; entretanto, temos a nosso favor o reconhecimento das próprias fraquezas e a boa-vontade de resgatar nossos débitos; mas esta criatura, por agora, nada deseja senão perturbar quem trabalha. Os que trazem os sentimentos calejados na hipocrisia emitem forças destrutivas. Para que nos serve aqui um serviço de vigilância?
E, sorrindo expressivamente, exclamou:
– Busquemos a prova.
O Vigilante-Chefe aproximou-se, então, da pedinte e perguntou:
– Que deseja a irmã, do nosso concurso fraterno?
– Socorro! socorro! socorro!... - respondeu lacrimosa.
– Mas, minha amiga - ponderou acertadamente -, é preciso sabermos aceitar o sofrimento retificador. Por que razão tantas vezes cortou a vida a entezinhos frágeis, que iam à luta com a permissão de Deus?
Ouvindo-o, inquieta, ela exibiu terrível carantonha de ódio e bradou:
– Quem me atribui essa infâmia? Minha consciência está tranqüila, canalha!... Empreguei a existência auxiliando a maternidade na Terra. Fui caridosa e crente, boa e pura...
– Não é isso que se observa na fotografia_viva_dos_seus_pensamentos_e_atos. Creio que a irmã ainda não recebeu, nem mesmo o benefício do remorso. Quando abrir sua alma às bênçãos de Deus, reconhecendo as necessidades próprias, então, volte até aqui.
Irada, respondeu a interlocutora:
– Demônio! Feiticeiro! Sequaz de Satã!... Não voltarei jamais!... Estou esperando o céu que me prometeram e que espero encontrar.
Assumindo atitude ainda mais firme, falou o Vigilante-Chefe com autoridade:
– Faça, então, o favor de retirar-se. Não temos aqui o céu que deseja. Estamos numa casa de trabalho, onde os doentes reconhecem o seu mal e tentam curar-se, junto de servidores de boa-vontade.
A mendiga objetou atrevidamente:
– Não lhe pedi remédio, nem serviço. Estou procurando o paraíso que fiz por merecer, praticando boas obras.
E, endereçando-nos dardejante olhar de extrema cólera, perdeu o aspecto de enferma ambulante, retirando-se a passo firme, como quem permanece absolutamente senhor de si.
Acompanhou-a o Irmão Paulo com o olhar, durante longos minutos, e, voltando-se para nós, acrescentou:
– Observaram o Vampiro? ...
Exibe a condição de criminosa e declara-se inocente;
é profundamente má e afirma-se boa e pura;
sofre desesperadamente e alega tranqüilidade;
criou um inferno para si própria e assevera que está procurando o céu.
Ante o silêncio com que lhe ouvíamos a lição, o Vigilante-Chefe rematou:
– é imprescindível tomar cuidado com as boas ou más aparências. Naturalmente, a infeliz será atendida alhures pela Bondade Divina, mas, por princípio de caridade legítima, na posição em que me encontro, não lhe poderia abrir nossas portas.
Equívoco sobre a morte
É um equívoco afirmar, sobretudo o cristão, que não existe morte.
Imortal é o espírito. O corpo que ele usa, em cada existência, morre e permanece na Terra enquanto a alma retorna ao mundo espiritual. Com o tempo, os elementos corpóreos se reintegram em outros seres em sua volta, porque é da lei da Física que nada se perca, nada se acabe, tudo se transforme.
"Nascer, morrer, renascer ainda, e progredir incessantemente, tal é a lei" - assim resume Allan Kardec a evolução do homem, no caminho de sua felicidade verdadeira e definitiva, o Reino dos Céus preconizado pelo Cristo.
A não ser para o suicida, que optou pelo desenlace antes do tempo, arrancando, abruptamente, do corpo a própria alma, antes de se completar seu novo ciclo, morrer não dói.
A morte é um sono, disse o Nazareno, tão amigo da vida como da morte, na expressão de Huberto Rohden, um dos grandes pensadores cristãos deste século. Com a lógica de sua filosofia, Rohden pergunta:
"Se for boa tua vida, como será má tua morte ? Não sabes que a morte é o corolário da vida ? Por que hesitaria a fruta madura em desprender-se da haste ? Por que despreenderia com dor o que amadureceu às direitas ?"
Em O Livro dos Espíritos se aprende que o corpo, quase sempre, sofre mais durante a vida do que no momento da morte. A alma nenhuma parte toma nisso. Os sofrimentos, que às vezes se experimentam no instante da morte, são, até mesmo, "um gozo para o Espírito", que vê chegar o fim do seu exílio.
A separação nem sempre é instantânea. A alma normalmente se desprende gradualmente. O Espírito se solta pouco a pouco dos laços que o prendiam. Os laços se desatam, não se quebram.
Não raro, na agonia, a alma já deixou o corpo, que nada mais tem do que vida orgânica. O homem não possui mais consciência de si mesmo e, não obstante, ainda lhe resta um sopro de vida.
Espíritos que partiram antes de nós se comunicam, todos os dias, na rotina dos trabalhos das casas espíritas, comprovando a imortalidade e confirmando a impressão que tiveram na passagem entre dois mundos distintos.
Dormiram, para despertar aos poucos, no seu elemento natural que é o mundo espiritual.
Atravessaram um período de perturbação para, no outro lado da vida, se encontrar consigo mesmo e com a plenitude da Infinita Bondade e da Justiça Divina.
Assinar:
Postagens (Atom)