Mensagem

"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."

Militão Pacheco

sábado, 31 de março de 2012

Debates

Recebi esta postagem com relação à matéria publicada no blog em 23 de abril de 2009. Por favor, leia com atenção. "Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Erros de Tradução das Obras Básicas": Querido irmão Carlos, Sou Espírita de berço e pesquisadora dos Estudos da tradução. Acho sempre válido o questionamento de tudo na vida, inclusive daquilo que é tido como verdade. Como bom Espírita você se questionou e chegou as conclusões que achou pertinente. Entretanto, seria interessante que lesse sobre tradução de fontes e teóricos sérios. De forma simplificada, os Estudos da Tradução pós-modernos nos esclarecem que a língua não é um conjunto de signos fechado e intocável, pelo contrário, ela é ativa e é diretamente afetada pelo tempo e pela cultura. Esses estudos ainda nos esclarecem que os conceitos de "originalidade" "fidelidade" são irreais, já que a tradução não é um "tira da li e põe aqui", pelo contrário, o tradutor faz leituras do texto- fonte e assim escreve um novo texto, já que os significados não estão nas palavras, mas no discurso como um todo. Se eu disser apenas a palavra "manga", por exemplo, você pode pensar em duas coisas a parte da roupa e a fruta, agora se eu incluir a palavra em um discurso você com certeza saberá de qual "manga" estou me referindo. Outro ponto a ser considerado é que cada Língua possui uma particularidade, uma forma de se expressar ... um exemplo simples é a comparação entre a língua portuguesa de Portugal e a do Brasil. A língua é a mesma, mas com inúmeras diferenças devido a cultura, tempo de vida do país, economia, geografia.... No caso das traduções das obras básicas temos que considerar que a Língua Portuguesa e a Língua Francesa são muito diferentes. E que a chamada "tradução literal" ou "tradução fiel ao autor" com o sentido de palavra por palavra é irreal, por todos os motivos listados acima. A beleza da tradução está na capacidade de dizer o mesmo a outros de maneira compreensível aos leitores. Por isso o tradutor não é traidor, ele é um artista das letras que com um trabalho árduo garante a sobrevida da obra, assim como afirma Derrida. Um último adendo é a respeito da autoridade moral dos tradutores das obras básicas, tanto Herculano como Guillon foram exemplos de vivência e de conhecimento espírita. Sempre lembrando 'Tradução não é cópia é reescrita'". Vamos ao que penso a respeito: 1. Não me agrada postagem anônima. Parece que “alguém” está se escondendo por detrás de um biombo fenestrado. 2. Dizer que é espírita de berço não transforma ninguém em espírita de verdade. 3. Quando se escreve “chegou as conclusões”, deveria se escrever “chegou às conclusões”. 4. Quem são as “fontes e teóricos sérios”? A própria anônima, seria o caso? 5. Acredito que eu já sabia previamente ao texto publicado, que diga-se de passagem, não é meu, embora de um xará, Carlos de Brito Imbassahy, que a língua não é um “conjunto de signos (e não signos – atente para o acento agudo na letra ‘i’) fechado e intocável”. Aliás, o autor do texto é bastante letrado, culto e muito respeitado, e até por conta disso estou aqui em defesa dele e sei que ele também sabe disso, provavelmente bem melhor do que eu. Não precisaria perder tempo com essa questão. 6. Observações e afirmativas feitas no texto anônimo têm caráter de algo que “chove no molhado”, não têm consistência, não têm uma linha de raciocínio com assertiva que me convença de que o texto de Carlos de Brito Imbassahy tenha qualquer equívoco. 7. Eu sei que há vários tipos de manga, como manga rosa, manga espada, manga manteiga e por aí vai. Nem precisava me dizer. 8. O assunto do texto do Carlos de Brito Imbassahy tem coerência, linha de raciocínio, proposição e conclusão. Além disso, tem coerência histórica, pois ele sabe exatamente por conta de quê faz as afirmações que faz. Guillon Ribeiro foi um real expoente para o Espiritismo brasileiro, mas tinha algumas posturas ligadas a Roustaing (Jean Baptist Roustaing), que fez proposições, digamos, “diferentes” da obra de Kardec. Por conta disso, a importância de seu texto e sua publicação (do Carlos). 9. Herculano Pires não tinha esse tipo de pensamento, que eu poderia me atrever a chamar de “influenciação” e era fidelíssimo às ideias de Kardec. 10. Sugiro a todos que, antes de ler um texto, qualquer que seja, e criticá-lo, faça uma reflexão realmente profunda a respeito. Que aprenda sobre o assunto que irá criticar, para não expressar ideias equivocadas, como estas que me foram enviadas. 11. E mais uma vez: IDENTIFIQUE-SE. Muito grato.

2 comentários:

Luis disse...

Só gostaria de chamar a atenção para este trecho escrito pelo nosso amigo espírita de nascimento:

"Entretanto, seria interessante que lesse sobre tradução de fontes e teóricos sérios. De forma simplificada, os Estudos da Tradução pós-modernos nos esclarecem que a língua não é um conjunto de signos fechado e intocável, pelo contrário, ela é ativa e é diretamente afetada pelo tempo e pela cultura. Esses estudos ainda nos esclarecem que os conceitos de "originalidade" "fidelidade" são irreais, já que a tradução não é um "tira da li e põe aqui", pelo contrário, o tradutor faz leituras do texto- fonte e assim escreve um novo texto, já que os significados não estão nas palavras, mas no discurso como um todo."

Assumir isso como verdade é assumir a deturpação deliberada de conteúdos. A interpretação pode existir, mas no caso científico do texto, há que ser fielmente traduzida. Como o Espiritismo também é ciência, verificamos na tradução do Herculano Pires as notas de rodapé a esclarecer eventuais problemas de tradução que foram encontrados e os esclarecimentos de conteúdo fiel. Isso conserva o texto clássico e atribui uma diferenciação opcional, o que a tradução do Guilhon não oferece.
Herculano traduziu inúmeros tratados filosóficos e foi também um filósofo, ele tinha a noção de como traduzir sem deturpar, e para isso talvez não fosse um teórico pós-moderno, mas um Espirita estudioso.

Luis disse...

Só gostaria de chamar a atenção para este trecho escrito pelo nosso amigo espírita de nascimento:

"Entretanto, seria interessante que lesse sobre tradução de fontes e teóricos sérios. De forma simplificada, os Estudos da Tradução pós-modernos nos esclarecem que a língua não é um conjunto de signos fechado e intocável, pelo contrário, ela é ativa e é diretamente afetada pelo tempo e pela cultura. Esses estudos ainda nos esclarecem que os conceitos de "originalidade" "fidelidade" são irreais, já que a tradução não é um "tira da li e põe aqui", pelo contrário, o tradutor faz leituras do texto- fonte e assim escreve um novo texto, já que os significados não estão nas palavras, mas no discurso como um todo."

Assumir isso como verdade é assumir a deturpação deliberada de conteúdos. A interpretação pode existir, mas no caso científico do texto, há que ser fielmente traduzida. Como o Espiritismo também é ciência, verificamos na tradução do Herculano Pires as notas de rodapé a esclarecer eventuais problemas de tradução que foram encontrados e os esclarecimentos de conteúdo fiel. Isso conserva o texto clássico e atribui uma diferenciação opcional, o que a tradução do Guilhon não oferece.
Herculano traduziu inúmeros tratados filosóficos e foi também um filósofo, ele tinha a noção de como traduzir sem deturpar, e para isso talvez não fosse um teórico pós-moderno, mas um Espirita estudioso.