Mensagem

"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."

Militão Pacheco

terça-feira, 3 de abril de 2012

A confusão entre fenômenos espíritas e espirituais





Um médium faz prodígios de qualquer espécie. Curas, materializações, psicografias, psicofonias, passes que aliviam, que demonstram vidências, enfim, qualquer tipo de manifestação que evidentemente chame atenção das pessoas.

Isso já é o bastante para que encontre guarida nas esperanças de quem quer que seja para algo mágico, que fuja do comum, que tenha qualquer traço de manifestação que promova ligação com algo diferente.

Nós, os seres humanos, estamos tão envolvidos com a coisa mágica como éramos quando das épocas primordiais. Pelo menos a imensa maioria de nós.

Como os habitantes de uma tribo, que tinham no pajé a figura expoente para todos, estamos ainda hoje ligados nessa figura que envolve por mostrar a possível ligação com Deus, com a Divindade Criadora, com o Alto, seja como for.

Basta que alguém comece a manifestar possibilidades que mostrem, por exemplo, uma cura de uma doença, para que se iniciem filas em busca da mesma cura.

Basta que um médium receba algumas mensagens instrutivas para consolar alguns corações, para que muitos outros façam rogativas para encontrar consolo através do mesmo médium.

Não importa se o médium tem, realmente, contato com Entidades Espirituais elevadas, se os procedimentos guardam qualidades éticas e morais, mas importa se, apesar de suas próprias dificuldades, venha a apresentar algum tipo de auxílio.

E está certo! É isso mesmo! Não há como discutir que, mesmo que um médium esteja com suas dificuldades particulares, ele pode ser instrumento do BEM. Não há como aguardar que qualquer um de nós esteja em condições IDEAIS para o trabalho no BEM. É preciso que todos arregacemos as mangas e partamos para o trabalho, independentemente de nossas condições éticas ou morais.

Cada um de nós tem suas próprias mazelas e, apesar disso, somos filhos de Deus.

Se nos dispomos a auxiliar, ainda que muito distantes de sermos BONS, seremos instrumentos do BEM.

Evidentemente, se o médium misturar suas dificuldades com o trabalho, ficará à mercê de suas próprias misturas, ou seja, o médium vaidoso será alvo de Espíritos que usufruem de sua vaidade, o médium orgulhoso será alimentado por Entidades Espirituais que queiram desestruturá-lo através do seu orgulho e assim por diante.

Mas ainda assim terá condições de auxiliar outrem. Poderá ser instrumento da PAZ de alguma forma, ainda que parcial.

Pois não é o que acontece todos os dias? Quantas criaturas humanas, repletas de limitações de toda espécie, amparam e auxiliam em nome de Deus? Isso em todo o Planeta e independente da religião que professem ou mesmo agnósticos ou ateus!

Nada em a Natureza é perdido! Deus nos ama a todos! E sempre nos dá recursos para a prática da caridade, para que possamos prosperar.

Por incrível que possa parecer até mesmo um criminoso explícito pode ajudar a outra pessoa, por mais perverso que seja. Mesmo que seja considerado um psicopata, ele carrega consigo traços de caridade e, em algum momento, poderá exercitá-la.

A caridade é a partícula de Deus em nós. É a expressão de Seu Amor infinito na centelha de seus filhos, ou seja, todos nós.

Ela está dentro de cada um, aguardando a oportunidade de ser praticada a cada instante.

Ainda assim, precisamos entender o papel que cada criatura tem a desempenhar na Vida e respeitar os limites que cada um tem, entendendo a grande diferença que há entre as manifestações Naturais da caridade de Deus e as manifestações Espírita propriamente ditas.

Não é por conta da mediunidade manifesta em quem quer que seja que o médium passa a ser Espírita.

Apesar de a caridade existir em todos os lugares e com todos os potenciais, não se pode generalizar a qualidade de médiuns e mediunidades como se todas fossem Espíritas.

Manifestações efetivamente Espíritas guardam características peculiares de respeito à ordem, à ética e à moral. Sempre.

O médium Espírita entende a Doutrina, suas proposições, seu modo de operação e se desprende de sinais, necessidades exteriores, simbologia, ritos, rituais, talismãs, ferramentas materiais – como bisturis, facas ou outros objetos quaisquer – e falta de disciplina.

Particularmente isso: a disciplina para o médium espírita é fundamental. Sem ela, não se faz um bom trabalho e tampouco um bom médium.

Ao ter conhecimento de algum médium, que promova prodígios variados, pense calmamente sobre as notícias que cheguem. Analise as situações à luz da Doutrina Espírita e considere se realmente é o caso de ser um trabalho Espírita ou apenas de cunho espiritual ou mesmo espiritualista, pois são três circunstâncias diferentes.

Temos médiuns de efeitos físicos, curadores, magnetizadores, psicógrafos e psicofônicos (inspirados) em todos os quadrantes do mundo, em todas as religiões e fora delas.

Médiuns Espíritas têm uma postura peculiar. Traduzindo: não divulgam seu trabalho, não atribuem a si mesmos suas potencialidades, mesmo por que o trabalho não lhes pertence, mas aos Espíritos e têm disciplina no sentido mais amplo que seja possível.

Fogem da vaidade, afastam-se do orgulho, evitam os elogios, não aceitam pagamentos por conta de suas tarefas, tentam praticar o que aprendem na Doutrina Espírita, no Evangelho Segundo o Espiritismo.

Querem ser apenas instrumentos da Boa Vontade e não da Verdade.

Não fazem imposições ou exigências, digamos, bizarras para que possam trabalhar.

Trabalham de forma simples, objetiva, clara, sem mistérios, sem enunciados obscuros.

São servos de Jesus em Sua Seara.

Eu me recordo de uma afirmação de Chico Xavier, quando aguido sobre a eventualidade de que ele sofresse uma intervenção de José Arigó para tratar seu glaucoma e ele respondeu mais ou menos assim: “médium com bisturi na mão não me faz tratamento, somente médicos...”

É para pensar mais um pouco...

Elizabeth

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