Alguém muito próximo a você sofre muito com problemas sérios que lhe perturbam a jornada.
Vive em falta de sintonia absoluta com a paz e a harmonia tão desejadas por todos.
Está continuamente deteriorando as relações familiares, o convívio social, o ambiente de trabalho, gerando em torno de si descontentamento e até mesmo infelicidade.
Não é má pessoa, tem boa índole, tem enorme coração e está sempre disposto a ajudar, a estender a mão a quem quer que seja menos a família.
Não respeita regras, não se submete a superiores, não mantém ordem em seus próprios pertences, não se preocupa com a própria saúde, enfim, é um descaso consigo e com os outros que acompanhem sua vida.
Você, em sua ânsia de ajudar, sofre ao presenciar tamanha falta de propósito e sente culpa, por não obter êxito em suas intenções.
Mas não deveria cultivar tal sentimento dentro de você, pois, mesmo que você esteja extremamente envolvido com essa pessoa, mesmo que seja um parente muito próximo, mesmo que seja o grande amor de sua vida, esta pessoa tem livre arbítrio e faz uso dele como você.
Ninguém deveria carregar consigo culpas pelos tormentos alheios.
Por mais amada seja a criatura alvo de nossas preocupações, por mais que nos incomode ver seu sofrimento, precisamos recordar que é uma criatura humana que carrega consigo suas mazelas referentes a outras vidas, a outras experiências, ignoradas por nós de forma absoluta.
Essas mazelas são desta pessoa. Não nossas. As obsessões, os resgates, as provas, as expiações, fazem parte do histórico de cada um, do currículo de existência de cada pessoa, de cada criatura, construído no correr das inúmeras experiências que só a oportunidade do livre arbítrio pode permitir.
Este mesmo livre-arbítrio que hoje é colocado em atividade construindo o presente e o futuro.
Claro que seria desejável que o ser amado fizesse o melhor para si, talvez dentro dos parâmetros que você julgue adequado para ele ou para ela.
Mas o ser individual que você tanto ama tem possibilidades de escolher entre as opções que a vida lhe oferece e nem sempre tais escolhas refletem o seu modo de pensar.
Você tem um padrão de pensamento.
O ser amado tem outro, na maioria das vezes bem diferente do seu.
Isso faz com que você assista cenas que não lhe agradam e seu papel é apenas estar ao lado, envolvido ou envolvida de compaixão, de amor, de boa vontade para amparar na hora que seja solicitado, ou solicitada.
Não se culpe. Encha-se de coragem para amparar.
Não ofenda. Compreenda que se trata de um modo de ver a vida diferente do seu.
Não abandone. Esteja presente para que na hora precisa possa auxiliar.
É duro, mas com muita chance de acerto, você deve estar ao lado desta criatura humana como um verdadeiro anjo da guarda, que sabe respeitar o livre arbítrio e aguardar sem abandonar. Jamais.
Militão Pacheco
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