Mensagem

"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."

Militão Pacheco

domingo, 4 de dezembro de 2011

As flores do campo





Conta-nos um amigo muito emocionado, a historia de um tibetano, não monge, apenas um tibetano comum, refugiado nos Estados Unidos, no Estado de Washington, que aos 52 anos de idade, após umas queixas inespecíficas teve diagnosticado um linfoma.

Felizmente desses linfomas mais fáceis de serem curados para a medicina da atualidade.

Este homem foi internado num hospital apropriado na cidade de Seattle para receber a quimioterapia.

Recebeu o primeiro pulso de quimioterapia, sempre uma pessoa muito gentil, educado, mas ao receber o segundo pulso na semana seguinte, passou a ser violento e agressivo inclusive com o corpo de enfermagem, que inclusive estranhou muito o comportamento e a postura desse nosso irmão e foram em busca da esposa que solenemente justificou a atitude do marido.

E ela relatou que ele houvera sido prisioneiro de soldados chineses pelo período de 17 anos, soldados que mataram a sua primeira esposa e que o torturavam diariamente, até que conseguiu se libertar.

Após conversar com ele, ela entendeu que ali naquele hospital, submetido àquele regime embora compreendesse a necessidade de se submeter a um tratamento, não conseguia, porque estava deveras envolvido com os pensamentos relacionados à época da tortura, porque cá entre nós, não é qualquer pessoa que suporta 17 anos de torturas contínuas.

Então este homem fora removido para o seu lar para que fosse mantido sob cuidados justamente desse nosso amigo, que teve um quadro como esse pela primeira vez, foi procurar pessoas que tivessem mais experiências, professores que lhe orientaram a fazer este nosso irmão tibetano enfrentar o obstáculo, pois essa seria a melhor solução para que ele encontrasse paz de espírito.

Esse nosso amigo então foi até o lar dele e encontrou-o sentado num tatame, de pernas cruzadas como um bom tibetano adepto claramente do budismo.

Ao se aproximar perguntou:
Como você se sente? O que o faz ficar assim?
O jovem tibetano disse:
O senhor não está aqui para me interrogar.
O senhor está aqui para fazer com que eu aprenda a amar, porque eu estou possuído pelo ódio há muitos anos, e agora revivendo essa situação no hospital, eu não consegui me conter.
Então o senhor está aqui, não para me questionar, não para me mostrar os meus problemas mas para me fazer aprender a amar.
Esse nosso amigo abaixou a cabeça, ficou pensativo e depois de alguns minutos, perguntou assim ao tibetano:
Mas como eu posso fazê-lo aprender a amar?
E lhe ocorreu uma idéia interessante de perguntar, como vocês fazem no Tibet?
O homem disse:
Bem, quando nós estamos adoecidos, nós ficamos no campo, e respiramos o perfume das flores.
O terapeuta então comovido, retirou-se e foi fazer uma pesquisa e descobriu que os tibetanos realmente fazem isso.
Não era uma ilusão, e fazem acreditando que ao respirar o perfume respiram também o pólen e que o pólen das flores, teria um poder curador.
Mas ali em Seattle não há campo de flores, pelo menos não próximos.
E um amigo do terapeuta sugeriu a ele que o levasse as floriculturas porque as floriculturas nessa cidade são muito grandes, para que o tibetano pudesse ficar lá e respirasse então o ar, o perfume das flores.
Conseguiu entrar em contato com o dono de uma floricultura, convidou então o tibetano para ir no domingo à tarde para lá.
Preparou tudo, preparou o chá tibetano muito característico, o tatame, o livro de orações que o tibetano costumava fazer e foram todos para a floricultura.
Na semana seguinte, o terapeuta conseguiu uma outra floricultura e na terceira semana ainda uma outra.
De inicio, as pessoas que trabalhavam e os freqüentadores estranharam, mas o que o terapeuta achou curioso é que na quarta semana, o dono da primeira floricultura ligou para ele, convidando o tibetano para ir lá e ainda disse que há uma serie de flores novas chegando.
Ele irá gostar do perfume dessas flores e preparamos também um banco de jardim para que ele possa ser acolhido melhor, sentar-se no banco e respirar e sentir o cheiro das flores com mais facilidade.
As coisas foram tomando um rumo muito curioso e todas as pessoas que conheciam o tibetano, acabavam se envolvendo com ele e começavam a torcer por ele, a desejar o seu bem.
Passou assim o período inteiro do verão, de floricultura em floricultura sendo sempre muito bem acolhido, não só pelos funcionários mas também pelos freqüentadores que eventualmente deixavam o carrinho e sentavam ao lado para conversar, perguntar as coisas sobre o Tibet.
No final do verão, já era hora de voltar para o médico oncologista que fez todas as pesquisas e não conseguiu mais identificar o câncer no sistema linfático do tibetano.
Deu então o tibetano como um homem curado, mas curioso pergunta ao tibetano:
Ao que o senhor atribui a sua cura?
O tibetano responde:
Doutor, não pense que a sua medicina pode curar tudo, mas pela primeira vez depois de muitos anos, eu percebi a compaixão das pessoas para comigo.
Não o dó, não a piedade, a compaixão, o interesse sincero de me ver bem e o câncer não pode mais estar comigo, porque este corpo está banhado em amor.
Ele não encontrará mais guarida, por isto estou curado.

Nenhum comentário: