Núcleo Espírita Paulo de Tarso Rua Nova Fátima, 151 - Jardim Juá Campo Grande - São Paulo - SP CEP 04688-040 Telefone 11-56940205
Mensagem
"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."
Militão Pacheco
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
Desencarnes tranqüilos
Chama a atenção dos espíritas curiosos, bem assim daqueles altamente preocupados com o "fim" desta jornada, a forma como desencarnarão: por modos violentos, sofridos, demorados, dolorosos?
Isso é um pouco influência da literatura espírita e de muitas das comunicações de desencarnados, que contam os dramas do momento de abandono da matéria, da morte, na linguagem geral e comum. Espíritos contam com pormenores os "horrores" por que passaram naquele momento e nos que se seguiram: uns, fruto de inaceitável doença prolongada e grave, seguidas de medos, sustos, sobressaltos; outros, passaram por desastres individuais ou coletivos, acidentes com máquinas velozes; não poucos vítimas de assassinatos horripilantes, difíceis de avaliar se derivados de expiação ou provas; outros ainda, induzidos ou decididos ao suicídio, descrevendo todos os desequilíbrios daí derivados; outros mais, "vítimas" de infartos fulminantes, de cânceres corrosivos, etc., etc., etc.
Parece um verdadeiro circo dos pavores, como se apenas tais circunstâncias valeriam a pena descrever, para avisar "os que ficam", para que se preparassem!
Mas, para consolo de todos nós, algumas criaturas nos dão exemplos de desencarne manso, tranqüilo, edificante, meritório, comprovando que tal é possível e está mais ao alcance nosso (de nós todos!) mais amiudemente do que se imagina.
Para confirmar, uma pequena história -- absolutamente verdadeira -- que nos foi contada por companheiros bem chegados na Doutrina e confirmada por militantes do Centro Espírita LAR DO AMOR CRISTÃO, lá do bairro do Ipiranga. Trata-se de uma Casa antiga, onde militou por muitos anos o extraordinário confrade LUIZ RODRIGUES DA CRUZ.
É ele -- o LUIZ CRUZ, como o chamamos por décadas -- o personagem central desta história edificante.
Espírita de "quatro costados", altamente evangelizado e evangelizador, incentivador de toda atividade doutrinária, que conheci na Federação Espírita do Estado de São Paulo, lá pelos anos 70, quando iniciei minhas lides como expositor. Uma das minhas primeiras turma de trabalho foi exatamente dirigida por ele, que fora diretor da Fraternidade dos Discípulos de Jesus, companheiro de trabalho do Comandante Edgard Armond, além de Conselheiro e diretor da FEESP. Pois, essa turma (uma das muitas que ele comandou) saiu "formada" da FEESP e assumiu, literalmente, a direção de um Centro na Moóca, que se encontrava em fase de desativação por falta de trabalhadores: o C. E. Emmanuel. Lá também fiz exposições, a convite do mesmo Luiz Cruz.
Quantas e quantas aulas e palestras não fiz a convite desse denodado companheiro, especialmente no Lar do Amor Cristão, nas turmas de Aprendizes do Evangelho, que eram sua especialidade dirigir e levar adiante, preparando milhares de trabalhadores na Seara do Mestre e divulgando o kardecismo, tanto no País como na França, na Espanha, em congressos de que participou, e também legando-nos obras como "Aprendendo com as Epístolas" e "André Luiz em Reflexão".
Criatura mansa, pacífica, de fala amorosa e doce, de gestos comedidos, elogiado e admirado por todos -- alunos, diretores, expositores, trabalhadores e assistidos --, dada sua simpatia, dedicação, meiguice, afabilidade e ternura no trato com as pessoas. E, com tal postura, trabalhou toda sua vida dando exemplo de reforma do Ser, reformando os seres e preparando-os para um mundo de regeneração efetivo e real – um verdadeiro espírita, como o definira Kardec.
Pois é, mas o Luiz Cruz (só o soubemos depois, pelos amigos, daí porque não fomos dar-lhe o adeus no descenso do corpo físico) desencarnou, como é obrigatório a todos nós na escalada dos estágios evolutivos.
Mas, até nesse momento nos deu um exemplo consolador: consta que ele e a esposa estavam fazendo sua caminhada diária no parque do Ibirapuera, quando ele parou e chamou a atenção para o alarido que os pássaros estavam fazendo, cantando alto e vibrante. Nesse instante, dirigiu-se para um árvore, abraçou-a serenamente e, ali, manteve-se calado, inerte, sereno, tranqüilo, brando, plácido, em paz... e desencarnou!
Assim, liberou-se do corpo físico, sem traumas, sem alarde, sem dores profundas, sem horrores contundentes. Passou para a pátria espiritual como para tal se preparara: mansamente!
Assim, amigos, tomemos para paradigma esse espírito exemplar: se quisermos ser "premiados" com um desencarne pacífico e manso, como o do Luiz Cruz, temos que lutar para tê-lo, temos que construí-lo -- hoje, já, agora, na jornada da vida terrestre -- temos que angariar méritos para isso... Sabem como? – levando firmemente a cabo os ensinos dos Espíritos (baseados na moral do Cristo): amar ao próximo como a si mesmo; cada um dando e fazendo aquilo que estiver ao seu alcance na encarnação que cursa, sejam quais qualidades forem - fruto da inteligência, das artes, dos ofícios, dos dons espirituais e morais.
Lembremo-nos que está ao alcance de cada um de nós e a todos angariar aqueles méritos, pois que cumpre ao homem "fazer o bem no limite de suas forças; porquanto responderá por todo o mal que haja resultado de não haver praticado o bem." (L.E., questão 642), sendo que "fazer o bem não consiste, para o homem, apenas ser caridoso, mas em ser útil, na medida do possível, todas as vezes que o seu concurso venha a ser necessário." (Idem, questão 643).
Francisco Gabilan
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
A evolução nas Obras de Chico Xavier - Ciência
Chico Xavier será estudado em profundidade após a sua desencarnação. Afirmação semelhante a esta ouvi de alguém, não lembro quem, porém, que vibra em minha mente toda a vez que leio algo referente a Chico ou algumas de suas Obras.
O tema proposto, em princípio, será baseado em pesquisa nas 16 obras clássicas psicografadas por Chico Xavier: Nosso Lar, Mensageiros... e, A Vida continua. Talvez consulte outras; vamos ver o que acontece. Nota: Chico psicografou mais de 400 obras.
Serão excertos de notações e destaques referentes a: Ciência.
CIÊNCIA
A Providencia me apresentou, através de mãos amigas e irmãs, um artigo referente a água diamante, o que inspirou-me a pesquisar nas Obras clássicas
de Chico Xavier os conteúdos de profundidade cientifica. Assim, comecemos:
EM "NOSSO LAR"
PROBLEMAS DA ALIMENTAÇÃO: "Rezam os anais da que colônia, há um século, lutava com extremas dificuldades para adaptar os habitantes às leis da simplicidade".
NO BOSQUE DAS ÁGUAS: Na Terra quase ninguém cogita seriamente de conhecer a importância da água. Em Nosso Lar, contudo, outros são os conhecimentos. Nos círculos religiosos do planeta, ensinam que o Senhor criou as águas. Ora, é lógico que todo serviço criado precisa de energias e braços para ser convenientemente mantido. Nesta cidade espiritual, aprendemos agradecer ao Pai. E aos seus divinos colaboradores semelhantes dádiva. Conhecendo-a mais intimamente, sabemos que a água é veículo dos mais poderosos para os fluidos de qualquer natureza. Aqui, ela é empregada, sobretudo como alimento e remédio. Há repartições no |Ministério do Auxílio absolutamente consagradas à manipulação de água pura, com certos princípios suscetíveis de serem captados na luz do Sol e no magnetismo espiritual. Na maioria das regiões da extensa colônia, o sistema de alimentação tem aí suas bases. Acontece, porém, que só os Ministros da União Divina sã detentores do maior padrão de Espiritualidade Superior, entre nós, cabendo-lhes a magnetização geral das águas do Rio Azul, a fim de que sirvam a todos os habitantes de Nosso Lar, com a pureza imprescindível. Fazem eles o serviço inicial de limpeza e os institutos realizam trabalhos específicos, no suprimento de substâncias alimentares e curativas. Quando os diversos fios da corrente se reúnem de novo, no ponto longínquo, oposto a este bosque, ausenta-se o rio de nossa zona, conduzindo em seu seio nossas qualidades espirituais.
Lísias Instrutor de A. Luiz, nesse capítulo, faz algumas críticas referentes a conduta do homem face a utilização dos recursos das águas e faz um chamamento profético: Virá tempo, contudo, em que copiará nossos serviços, encarecendo a importância dessa dádiva do Senhor. Compreenderá, então, que a água, como fluido criador, absorve, em cada lar, as características mentais de seus moradores. A água, no mundo, meu amigo, não somente carreia os resíduos dos corpos, mas também as expressões de nossa vida mental. Será nociva nas mãos perversas, útil nas mãos generosas e, quando em movimento, sua corrente não só espalhará bênção de vida, mas constituirá igualmente um veículo da Providencia Divina, absorvendo amarguras, ódios e ansiedades dos homens, lavando-lhes a casa material e purificando-lhes a atmosfera íntima.
EM "OS MENSAGEIROS"
1."A eletricidade e o magnetismo são duas correntes poderosas que começam a descortinar aos nossos irmãos encarnados alguma coisa dos infinitos potenciais do invisível, mas ainda é cedo para cogitarmos de êxito completo. Somente ao homem de sentidos espirituais desenvolvidos é possível revelar alguns pormenores das paisagens sob os nossos olhos".
EM "OBREIROS DA VIDA ETERNA"
1. Existência de faixas luminosas de salvamento de almas sofredoras departamentos de expiação.
2. Aparelhagem de ampliação da voz para falar aos irmãos de humanidades habitantes das zonas trevosas.
3. "Magnetização do vago e em seguida à ministração de certos agentes anestesiantes, destinados a propiciar-lhes brando sono, retiramo-lo do corpo , que permaneceu sob os cuidados de Bonifácio...".
EM "ENTRE A TERRA E O CÉU"
1. Mais tarde, a ciência humana evolverá em 'cirurgia psíquica', tanto quanto hoje vai avançando em técnica operatória, com vistas às necessidades do veículo de matéria carnal. No grande futuro, o médico terrestre desentranhará um 'labirinto mental', com a mesma facilidade com que atualmente extrai um apêndice condenado.
2. Freud vislumbrou a verdade, mas toda verdade sem amor é como luz estéril e fria. O grande cientista observou aspectos de nossa luta espiritual na senda evolutiva e catalogou os problemas da alma, ainda encarcerada nas teias da vida inferior. Assinalou presença das chagas dolorosas do ser humano, mas não lhes estendeu eficiente bálsamo curativo.
3. No plano espiritual as transformações do corpo espiritual, o perispírito, são mais rápidas e exteriorizam aspectos íntimos do ser, com facilidade e segurança, porque as moléculas do perispírito giram em mais alto padrão vibratório, com movimentos mais intensivos que as moléculas do corpo carnal. A consciência, por fulcro anímico, se expressa, desse modo, na matéria sutil com poderes plásticos mais avançados.
EM "NOS DOMÍNIOS DA MEDIUNIDADE"
O PSICOSCÓPIO: Facilita exames e estudos, sem o impositivo de acurada concentração mental é um aparelho a que intuitivamente se referiu ilustre estudioso da fenomenologia espirítica, em fins do século XIX, Destina-se à auscultação da alma, com o poder de definir-lhe as vibrações e com a capacidade para efetuar diversas observações em torno da matéria - esclareceu Áulus, com breve sorriso. - Esperamos esteja, mais tarde, entre os homens. Funciona à base de eletricidade e magnetismo, utilizando-se de elementos radiante, análogos na essência aos raios gama. É constituído por óculos de estudo, com recursos disponíveis para a microfotografia.
Esta Obra apresenta conteúdos de profundidade científica referente a mediunidade: cada médium com sua mente; cada mente com seus raios, personalizando observações e interpretações; e, conforme os raios que arremessamos, erguer-se-nos-á o domicílio espiritual na onda de pensamentos a que nossas almas se afeiçoam. Isso, em boa síntese, equivale a repetir com Jesus: - A cada qual segundo suas obras.
EM "AÇÃO E REAÇÃO"
1. No cap 3 encontramos o emprego de raios de choque, raios desintegrantes... Baterias de exaustão, pára-raios, telescópios, aparelhagem eletrônica, tudo no "complicado edifício", conforme a narrativa de A. Luiz/Espírito.
2. Nicho de material sensível que plasma a imagem colorida e vibrante que corresponde aos desejos de quem ora. Capítulo 11.
EM "EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS"
1....Desde a experiência carnal o homem se alimenta muito mais pela respiração, colhendo o alimento de volume simplesmente como recurso complementar de fornecimento plástico e energético, para o setor das calorias necessárias à massa corpórea e à distribuição dos potenciais de força nos variados departamentos orgânicos.
EM "MECANISMOS DA MEDIUNIDADE"
Apresentam o estudo das Energias, ondas matéria mental e física...
EM "CONDUTA ESPÍRITA"
PERANTE A CIÊNCIA: Colaborar com as iniciativas que enobreçam as pesquisas e os estudos da inteligência sem propósitos destrutivos.
Toda ciência que objetiva o progresso humano vem do Socorro Celestial.
Exaltar a contribuição inestimável da medicina terrestre em sua marcha progressiva para a suprema redenção da saúde humana.
O médico, consciente ou inconscientemente, está ligado ao Divino Médico.
Sopitar quaisquer impulsos inamistosos para com os representantes da ciência, sobre temas doutrinários ou problemas assistenciais.
Na prestação de serviço, temos o exemplo renovador.
Quando chamado a responsabilidades no setor científico, superar limitações e preconceitos, sem perder a simplicidade e a modéstia.
Não há sabedoria areal sem humildade vivida.
Desaprovar os procedimentos que, embora rotulados de científicos, venham de encontro aos ensinamentos espíritas.
À ciência humana sobrepõe-se a Ciência divina.
'A ciência incha, mas o amor edifica'. - Paulo (I Col, 8:1).
COMENTÁRIOS: À medida que o ser Humano progredir a Luz da Doutrina Espírita, tecnologias serão repassadas a Terra e nossas Instituições assistenciais delas se utilizarão para o bem geral. Não é sem propósito que cientistas pesquisadores de toda a ordem têm intuições e engendram experimentações, aos olhos dos vulgos e dos tíbios, mirabolantes, fantasiosas, despropositadas, loucas... Veja-se a questão da alimentação que levou o Governador de NOSSO LAR a tomar enérgica providencia para que a simplicidade e a frugalidade pudessem proporcionar considerável salto de qualidade. "Reduziu-se expressão física e surgiu maravilhoso coeficiente de espiritualidade".
A CIÊNCIA POLÍTICA E SOCIAL
A Administração de Nosso Lar se aperfeiçoa dia a dia; antiga fundação de portugueses distintos, desencarnados no Brasil, no século XVI, após enorme e exaustiva luta. "Os fundadores não desanimaram, porém. Prosseguiram na obra, copiando o esforço dos europeus que chegavam à esfera, apenas com a diferença de que por lá se empregava a violência, a guerra, a escravidão, e, aqui, o serviço perseverante, a solidariedade fraterna, o amor espiritual".
"A colônia, que é essencialmente de trabalho e realização, divide-se em seis Ministérios, orientados, cada qual por doze Ministros. Temos os Ministérios da Regeneração, do Auxílio, da Comunicação, do Esclarecimento, da Elevação e da União Divina. O quatro primeiro nos aproxima das esferas terrestres, os dois últimos nos ligam ao plano superior".
Cremos que já neste III Milênio as estruturas organizacionais das diversas sociedades terrestres começarão a se organizarem a semelhança daquelas existentes na psicosfera dos paises e cidades, pois que vemos a todo o momento os estremecimentos sócio-político e econômico fazerem ruir suas estruturas, regimes e cidades serem destruídas, economias irem a banca rota, a ciência apresentando novos ensaios para o bem geral em todos os campos. "O homem vulgar ignora que toda manifestação de ordem, no mundo, procede do plano superior. Nenhuma organização útil se materializa na crosta terrena, sem que seus raios iniciais partam de cima".
Valdomiro Halvei Barcellos
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
Segunda vista
Muita gente gostaria de ser vidente e muita gente se faz de vidente por conta de certa frustração inerente ao desejo de ser médium desta categoria.
Mas, antes de qualquer citação, é interessante observar que a expressão vidente dá um ar mais adequadamente místico do que propriamente correto para tal característica mediúnica.
Não que não se possa chamar o médium com este potencial de “vidente”, mas seria mais correto chamá-lo de médium portador de segunda vista, ou visão espiritual.
Pode ser que alguém interprete minha afirmação como sendo algo desnecessário, mas na verdade, é apenas interesse de adequar nomenclaturas para interpretar corretamente os aspectos sobre a mediunidade.
O médium portador da segunda vista ou vista espiritual pode ser capaz de observar o mundo espiritual de infinitas maneiras peculiares à sua possibilidade pessoal, pois cada médium tem suas particularidades infinitamente variáveis, como cada ser humano é um ser humano.
Allan Kardec cita, em um relato sobre uma médium portadora da segunda vista, caso publicado no Reformador – órgão de divulgação da FEB – em 1975, no mês de outubro, de forma inédita, que demonstra ser ela capaz de ver Espíritos em seu estado normal, mesmo sem estar sonambulizada ou mediunizada, o que não é uma situação habitual para a maioria das pessoas portadoras de tal faculdade.
Essa senhorita, de acordo com o documento elaborado pelo mestre lionês, era capaz de se desdobrar lucidamente e observar outros ambientes com relativa facilidade.
Tanto é verdade, que a esposa de Kardec teve a oportunidade de conversar com ela e Kardec nos conta como foi o diálogo, como se pode ler abaixo:
“Uma vez em Paris, aonde veio passar alguns dias, deliberou visitar-me, na Rue Sainte-Anne, tendo encontrado minha esposa, vez que, desde meu retorno de Sante-Adresse, me havia eu retirado para seguir a fim de, com mais tranqüilidade, trabalhar em minha obra sobre o Evangelho. Nosso encontro foi impossível, em vista de ter a senhorita empreendido viagem de regresso, ainda naquela tarde. Mas durante a conversa com minha esposa, diz esta:
- Uma vez que não poderei avistar-vos com meu marido, o que ele muito lamentará, não podereis transportar-vos em Espírito até onde se encontra, e vê-lo?
Por um instante, recolheu-se a senhorita e disse:
- Sim, vejo-o; acha-se num aposento muito iluminado, no pavimento térreo, ali há três janelas... Oh!... e como tudo é alegre! A casa é circundada por jardins... por toda parte árvores e flores... Tudo respira a calma e a tranqüilidade... Ele está sentado, próximo a uma janela, trabalhando... Está cercado por uma multidão de Espiritos que lhe conservam boa saúde... alguns há que parecem muito elevados, e o inspiram; um deles especialmente parece ser superior a todos os demais, sendo-lhes objeto de deferências.
Pergunta: - Acaso percebeis a natureza do trabalho de que meu marido se ocupa?
Resposta: - Um momento... vejo um Espírito que segura um livro de grandes proporções... abre-o e mostra-me o que se acha escrito... leio-o: Evangelho.
Observação: com efeito trabalhava eu em meu livro sobre os Evangelhos e cujo título constituía-se um segredo para todos. A senhorita V... não poderia conhecê-lo. Quanto à minha esposa, ignorava ela se, naquele momento, me ocupava disso ou de outro assunto qualquer. Nada, consequentemente, poderia influenciar o pensamento da clarividente.
A descrição dos recantos é, além do mais precisa, sendo de ressaltar que ela jamais viu esses lugares.
A peça onde me instalara está provida exatamente de três janelas, o que não é comum, e, de todos os lados, confina com os jardins. Minha esposa ignorava estivesse eu nesse cômodo, que é o salão. Poderia, com muito maior probabilidade, supor-me no escritório. Todas as circunstâncias comungam na prova de que, em realidade, a senhorita V... a tudo presenciava, não sendo joguete da própria imaginação. Tal fato constitui-se, para mim, numa prova do interesse que os Espíritos tinham por esse trabalho, bem como da assistência que a mim dispensam e às minhas atividades.”
Allan Kardec.
É um caso clássico de segunda vista, ou clarividência, como se pode ler. Para tentar tirar o peso da palavra clarividência, Kardec intuiu a expressão segunda vista, que na verdade exprime ainda melhor o fato de que o médium pode efetivamente ter uma visão espiritual mais ampla, independente dos olhos físicos.
Leopoldo
sábado, 25 de fevereiro de 2012
Biografias de personagens importantes para o Espiritismo
Cornélio Pires
Ele nasceu na cidade de Tietê, Estado de São Paulo, no dia 13 de julho de 1884, e a sua desencarnação aconteceu na cidade de S. Paulo, no dia 17 de fevereiro de 1958.
Homem de personalidade inconfundível, tornou-se figura popular e de bastante destaque em todo o Brasil, graças ao trabalho, por ele encetado, de viajar pelas cidades do Interior do Estado de S. Paulo e outros Estados, estreando na condição de caipira humorista.
Em sua juventude aspirava participar de um concurso de admissão numa Faculdade de Farmácia. Animado desse propósito viajou de Tietê para S. Paulo, a fim de se inscrever como candidato a um desses concursos, porém, apesar do seu desempenho não logrou êxito nesse seu intento.
Tomou então a deliberação de dedicar-se ao jornalismo, passando a trabalhar na redação do jornal O Comércio de São Paulo, em cujo cargo desenvolveu um aprendizado bastante estafante. Posteriormente passou a exercer atividades nos jornais O São Paulo e O Estado de São Paulo, tradicional órgão da imprensa paulista, onde desempenhou a função de revisor e, finalmente, no ano de 1914, passou a dar a sua contribuição ao órgão O Pirralho.
Numerosos escritores teceram comentários sobre a personalidade de Cornélio Pires e, para ilustração, passemos a citar Joffre Martins Veiga, que em seu trabalho A Vida Pitoresca de Cornélio Pires, escreveu “ Ninguém amou tanto a sua gente como Cornélio Pires; ninguém se preocupou tanto com seus semelhantes como esse homem, que foi, antes de tudo, um Bom”. O famosos poeta Martins Fontes, por sua vez, escrevendo sobre ele, afirmou: “é um bandeirante puro, um artista incansável, enobrecedor da Pátria e enriquecedor da língua”.
Admirado também pelo grande jornalista Amadeu Amaral, este deu-lhe a sugestão de tornasse um dos maiores divulgadores do folclore brasileiro.
Pelos idos de 1910, Cornélio Pires lançou o livro Musa Caipira, obra que foi largamente saudada pela crítica, graças ao seu conteúdo tipicamente brasileiro. Sílvio Romero tornou-se um dos seus mais salientes críticos, comentando da seguinte forma o lançamento dessa obra: “ Apreciei imensamente o chiste, a cor local, a graça, a espontaneidade de suas produções que, além do seu valor intrínseco, são um ótimo documento para o estudo dos brasileirismos da nossa linguagem”.
No início do presente século, Cornélio Pires começou a freqüentar a Igreja Presbiteriana, entretanto não conseguiu conciliar os ensinamentos dessa religião com o seu modo de pensar. Ele não admitia a existência das penas eternas e de um Deus que desse preferência aos seguidores de determinadas religiões. O demasiado apego aos formalismos da letra, na interpretação dos textos evangélicos fez com que ele quase descambasse para o materialismo.
Nessa época ele desconhecia o que era Espiritismo, entretanto, durante as suas viagens ao Interior, aconteceram com ele vários fenômenos mediúnicos, inclusive algumas comunicações do Espírito Emilio de Menezes, as quais muito o impressionaram. Como conseqüência ele passou a estudar obras espíritas principalmente as de Allan Kardec, Leon Denis, Albert de Rochas e alguns livros psicografados pelo médium Francisco Cândido Xavier.
Dali por diante integrou-se decididamente no Espiritismo, interessando-se muito pelos fenômenos de efeitos físicos. Nos anos de 1944 a 1947 ele escreveu os livros Coisas do Outro Mundo e Onde estás, ó morte?, tendo desencarnado quando escrevia Coletânea Espírita.
De sua vasta bibliografia destacamos: Musa Caipira, Versos Velhos, Cenas e Paisagens de minha Terra, Monturo, Quem conta um conto, Conversas ao Pé do Fogo, Estrambóticas Aventuras de Joaquim Bentinho - O Queima Campo, Tragédia Cabocla, Patacoadas, Seleta Caipira, Almanaque do Saci, Mixórdias, Meu Samburá, Sambas e Cateretês, Tarrafas, Chorando e Rindo, De Roupa Nova, Só Rindo, Ta no Bocó, Quem conta um Conto e outros Contos..., Enciclopédia de anedotas e Curiosidades, além dos dois livros espíritas acima citados.
Num de dos seus escritos sobre o Espiritismo, dizia ele: “ O Espiritismo, mais cedo ou mais tarde, fará aos católicos romanos, aos protestantes e aos adeptos de outros credos, a caridade de robustecer-lhes a Fé, com os fatos que provam a imortalidade da Alma, que se transforma em Espírito ao deixar o invólucro material” e mais adiante “ O Espiritismo nos proporciona a FÉ RACIOCINADA, nos arrebata ao jugo do dogma e nos ensina a compreender DEUS como Ele é”.
Pouco antes da sua desencarnação, Cornélio Pires, demonstrando que havia assimilado o preceito de Jesus Cristo: “ Amai ao próximo como a ti mesmo”, voltou para a cidade do Tietê e ali comprou uma chácara, onde fundou a “ Granja de Jesus”, lar destinado a crianças desamparadas. Infelizmente ele não chegou a ver a conclusão da obra.
Cornélio Pires chegou a organizar o “ Teatro Ambulante Cornélio Pires” perambulando de cidade em cidade, sendo aplaudido por toda a população brasileira por onde passava. Esse intento foi concretizado após ter abandonado a carreira jornalística.
O presente trabalho representa uma apagada biografia desse batalhador infatigável, que desenvolveu na Terra uma tarefa altamente meritória.
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
Uniões
Muitas pessoas ficam em compasso de aguardo na vida, por conta de que esperam alguém a quem possam unir-se para constituir família e dar seguimento aos seus propósitos mais nobres para a vida.
A espera é por uma pessoa que se encaixe em suas necessidades a fim de concretizar a instituição da família, o porto seguro para que possa estar em adequadas condições para os embates inevitáveis que as experiências terrenas oferecem cotidianamente.
Um sonho de perfeição, de ideal, de propósitos nobilitantes, mas algumas vezes não factível.
A vida acena para a realidade mostrando os limites sobre os quais debruçam as reais responsabilidades da criatura, de tal modo que impedem o caminhar natural para consumar a efetivação de um sonho ao nível dos altares das expectativas de um filho ou uma filha de Deus.
Muitas razões conduzem pessoas a não efetivar uniões conjugais.
Responsabilidades adquiridas na vida atual e em vidas passadas.
Nesse campo as nuances, os detalhes de cada um podem estar obscurecidos pelas máscaras da vida, pelo organismo físico, pelas instituições sociais e familiares, assim como as peculiaridades da personalidade que compõem um modo de pensar, falar e agir.
Irmãos e irmãs que passam por tal particularidade da vida, enfrentando o quadro de eventual dificuldade para comungar uma união terrena, geralmente passam por aflições íntimas das mais variadas, questionando a vida, as possibilidades que teriam se pudessem ter uma companhia, a felicidade que seria para eles compartilhar detalhes da vida com uma alma “prometida” para suas vidas.
E a solidão passa a ser a companhia relativa da vida que rege os pensamentos atordoados como se fossem vítimas de um castigo insofismável delegado pela divindade que lhes oprime com o isolamento e a impossibilidade de formatar uma família.
O que é realmente algo desejável para que se possa ter plenitude de possibilidades para reparar erros do passado diante de almas com as quais existam as necessidades de reparos evidentemente.
Mas nem sempre a constituição de uma família possibilita a concretização de sonhos para uma criatura. Antes a formalização de quadros reparadores que mais recordam pesadelos, diante das aspirações românticas que são desenvolvidas na juventude e na idade de adulto jovem.
A união familiar na Terra constitui na maioria das vezes uma possibilidade de se reconstruir relacionamentos, através da oportunidade de se aprender a amar aqueles com quem nos unimos e com aqueles que sejam os frutos desta união.
Cônjuges e filhos são nossos antigos parceiros de outras experiências, nas quais deixamos alguns traços para que sejam ajustados oportunamente.
Não formamos habitualmente, nas vidas terrenas, a família espiritual mais amada, mas aquela que em verdade precisamos efetivamente aprender a amar.
A família terrena é uma família de provas, num planeta de provas.
Raras são as uniões por méritos junto a almas queridas com as quais sintonizam as criaturas em plenitude, para as tarefas redentoras junto à humanidade, pois no círculo familiar os ajustes podem já ter sido efetuados.
Comuns são os casamentos de prova, possibilidades de reconstrução para o futuro libertador.
Tivessem os solitários, maior ciência das suas próprias realidades e necessidades, além de confiança em Deus para seguir suas trajetórias com serenidade e dignidade, certamente não manteriam em seus íntimos a discrepante mágoa para com a vida, que nada constrói, por reconhecer que a tão aspirada união a uma alma afetiva nem sempre é a realização de um sonho, mas muitas vezes a chance para o desenvolvimento da alma através da dor e do sofrimento junto a corações com quem se possa guardar desajustes.
Em uma frase sintética, pode-se afirmar que a solidão é mais propriamente um estado de espírito, não uma penalização e que sempre o caminho de cada um é aquele que se fez pelas escolhas do passado remoto ou atual, sempre dando a diretriz para os passos de uma jornada, cumprindo inexoravelmente a lei de ação e reação.
Os sonhos que não se transformam em realidade são projetos nem sempre factíveis por conta de alguma razão que foge da possibilidade de entendimento, já que a lógica das existências são naturalmente apagadas da memória transitoriamente nos processos reencarnatórios.
Se a pessoa compreende que não está sendo castigada, que não é vítima das circunstâncias, que não é produtivo revoltar-se por não ter alguém e que tem o que necessita para seguir sua existência, começa a demonstrar para si mesmo que já está a caminho de ter fé em Deus e que irá ter serenidade para enfrentar os óbices que a vida normalmente oferece.
Afinal, efetivamente, ninguém está sem função na Terra. Nem sozinho. Mesmo que não veja ninguém à sua volta.
Alva Luzia
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
O Espírito da Verdade
Kardec é o codificador da Doutrina dos Espíritos. Foi dele o trabalho fundamental de dar forma ao conteúdo do ensinamento dos Espíritos à sua época, por conta de uma programação anunciada anteriormente pelo próprio Cristo, quando avisou que nos enviaria o Consolador, para dar continuidade à tarefa de Amor que havia iniciado.
E este Consolador não é outro senão a própria Doutrina Consoladora dos Espíritos, que dá norte às nossas vidas na época atual.
Os mecanismos fundamentais de contato com os Espíritos quando a codificação foi iniciada eram os recursos ligados aos efeitos físicos, naturalmente com a intenção de chamar atenção para os fenômenos mediúnicos entre pessoas certamente mais ligadas às questões de ordem material e céticas com relação à vida espiritual.
Os Espíritos superiores lançaram mão, então, de recursos dos quais as pessoas necessitavam para que se deixassem conduzir ou para dar atenção às questões de ordem mediúnica, já que a incredulidade fazia parte do currículo da maioria delas, inclusive por questões históricas, já que havia um movimento intenso de questionamento sobre as questões da fé, oriundo de um longo e profundo processo de impregnação da igreja católica sobre o mundo ocidental que havia desgastado e muito a compreensão sobre a realidade da vida, graças aos preconceitos inerentes a tal situação.
Digamos que a igreja não foi, por alguns séculos, uma adequada condutora de almas.
Havia um intenso jogo de forças sócio-econômico-políticas ligadas à manutenção do poder material a partir de uma instituição que deveria ser de cunho estritamente espiritual.
Assim, a fé simples, o acreditar em propostas ideológicas tinha uma tendência de perder sua razão de ser, já que a representante de Deus na Terra estava profundamente desacreditada.
Nada mais compreensível que os Amigos do Bem, representantes de Jesus para a humanidade, lançassem mão de recursos, digamos, mais próximos da realidade inicialmente materialista que se reformava, diante de questões históricas, numa proposta de busca da verdade, ligada à Ciência cartesiana.
Então, embora possa parecer estranho para algumas pessoas ligadas à Doutrina Espírita, os Bons Espíritos e mesmo os Espíritos Superiores lançam mão, sim, de recursos mais modestos para que possam comunicar-se com os homens mergulhados na carne, simplesmente para que estes últimos os “ouçam” de alguma forma, pois não seria natural que os Espíritos Superiores não tivessem algum tipo de preocupação conosco e tampouco deixassem de se comunicar conosco por serem “superiores” e completamente desligados da matéria.
Espíritos do Bem estão sempre auxiliando a humanidade e utilizando todos os recursos possíveis para que isso aconteça, ainda que para isso falem a linguagem mais simples.
E não há nada de errado em imaginar que uma determinada Entidade Espiritual venha a se comunicar através da tiptologia, se é assim que as pessoas encarnadas conseguem dar atenção para as instruções eventualmente fornecidas por este recurso.
O próprio Cristo certamente vem à Terra, não como o Espírito de imensa luz que é, mas como humilde servo de Deus, buscando amparar as ovelhas perdidas de seu rebanho e tornar a conduzi-las ao caminho correto que as leve à salvação.
Assim o fez durante toda a codificação da qual Kardec foi o médium. E muitas vezes chamou atenção de Rivail para equívocos por ele cometidos durante o árduo trabalho de organização e escrita das obras básicas para a Doutrina dos Espíritos.
E o fez lançando mão de tiptologia. Ou de psicografia. Como poderia ter feito através da voz direta, da psicofonia, de sonhos, de intuição ou qualquer recurso mediúnico que fosse factível para as situações vigentes e cabíveis para que o andamento dos trabalhos desse segmento.
Não há absolutamente nada de errado em Jesus usar recursos mais próximos às pessoas para se comunicar com elas.
Haveria erro se alguém na Terra afirmasse comportar-se como Jesus, pois isso na verdade é impossível, inverossímil.
Não há fortuidade na comunicação do Alto com os seres humanos, há intenção dos Seres Angelicais de nos ajudar, seja pelos recursos que forem, ainda que possa parecer “estranho” um Espírito puro usar os recursos da matéria para isso.
Mas não devemos esquecer de que esses mesmos Espíritos sabem profundamente como manipular a matéria, por conhecê-la muito bem. Já passaram por ela, já viveram nela e já se desprenderam dela.
Mas não se desprenderam do Amor pela humanidade, felizmente!
E é a esse Amor que precisamos ser muito gratos, pois é ele que nos dá respaldo para a vida e para a vida eterna.
Jesus, o Espírito da Verdade, está entre nós, sempre! Não está esperando uma ocasião para vir até a humanidade para salvá-la! Ele sempre nos acompanha, desde todos os tempos!
Foi ele que conduziu Kardec, o professor Rivail, em todas as linhas da Codificação. Letra a letra. Palavra a palavra. Frase a frase.
E suas mensagens estão claras em vários momentos de toda obra fundamental.
Basta ler para ver. E acreditar.
Militão Pacheco
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
O médium e o aprendizado
O crescimento espiritual do médium está na razão direta de sua compreensão, fé em Deus e desprendimento, isso porque reconhece que «nem o que planta é alguma coisa, mas Deus dá o crescimento», segundo a palavra de Paulo de Tarso.
O conhecimento evangélico-doutrinário é de real utiilidade no exercício mediúnico, para que se o converta em missão de auxílio ao próximo.
O conhecimento das lições do Evangelho coloca amor no coração do médium.
Quem ama, serve. Quem serve, ajuda. Quem ajuda, sustenta.
Quem sustenta, ampara. Quem ampara, orienta.
O amor, por legenda imperecível, não pede recompensas.
Não cuida de retribuições de qualquer espécie.
O estudo da Doutrina Espírita dá condições para o discernimento que facilita a análise das próprias comunicações, recebidas na psicofonia, na escrita, na vidência, na audiência ou em quaisquer outras modalidades do mediunismo.
O Espiritismo esclarece, orienta e preserva. Ampara, protege, ilumina.
Evangelho e Espiritismo estimulam os sentimentos de fraternidade, exortando o medianeiro a amar o próximo como a si mesmo.
O médium fraterno serve, cada vez mais, despreocupando-se de si mesmo, de seus interesses, para que haja felicidade no coração de outrem.
Evangelho e Doutrina Espírita são luz no caminho do médium.
Mas o conhecimento aparente da Doutrina pode não preparar totalmente médium algum, se ele não estiver provido de uma característica aliada ao conhecimento que lhe dá maior propriedade para a prática efetiva da mediunidade: a fé.
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
A obra de Kardec
Sempre haverá muito que aprender na obra de Allan Kardec, não apenas aqueles que se iniciam no estudo da Doutrina Espírita, como também os que dela já têm conhecimento mais profundo.
Isso porque os livros que divulgam idéias construtivas — e especialmente idéias novas — nunca se esgotam como fonte de onde fluem continuamente motivações para novos arranjos e, portanto, de progresso espiritual, sem abandonar a contextura filosófica sobre as quais se apóiam.
Para usar linguagem e terminologia essencialmente espíritas, diríamos que o perispírito da doutrina permanece em toda a sutileza e segurança de sua estrutura, ao passo que o espírito da Doutrina segue à frente, em busca de uma expansão filosófica, sujeito que está ao constante embate com a tremenda massa de informação que hoje nos alcança, vinda de todos os setores da especulação humana.
De fato, a Doutrina Espírita está exposta às mais rudes confrontações, por todos os seus três flancos ao mesmo tempo: o filosófico, o científico e o religioso.
A cada novo pronunciamento significativo da filosofia, da ciência ou da especulação religiosa, a doutrina se entrega a um processo introspectivo de auto-análise para verificar como se saiu da escaramuça. Isso tem feito repetida mente e num ritmo cada vez mais vivo, durante mais de um século.
E com enorme satisfação, podemos verificar que nossas posições se revelaram inexpugnáveis.
Até mesmo idéias e conceitos em que a Doutrina se antecipou aos tempos começam a receber a estampa confirmatória das conquistas intelectuais como, para citar apenas dois exemplos a reencarnação e a pluralidade dos mundos habitados. Poderíamos citar ainda a existência do perispírito que vai cada dia mais tornando-se uma necessidade científica, para explicar fenômenos que a biologia clássica não consegue entender.
Quando abrimos hoje revistas, jornais e livros sintonizados com as mais avançadas pesquisas e damos com o nome de importantes cientistas examinando a sério a doutrina palingenésica ou a existência de vida inteligente fora da Terra, somos tomados por um legítimo sentimento de segurança e de crescente respeito pelos postulados da doutrina que os Espíritos vieram trazer-nos.
Tamanha era a certeza de Kardec sobre tais aspectos que escreveu que o Espiritismo se modificava nos pontos em que entrasse em conflito com os fatos científicos devidamente comprovados.
Essa observação do Codificador, que poderia parecer a muitos a expressão de um receio ou até mesmo uma gazua para eventual saída honrosa, foi, ao contrário, uma declaração corajosa de quem pesou bem a importância do que estava dizendo e projetou sobre o futuro a sua própria responsabilidade. O tempo deu-lhe a resposta que ele antecipou: não, não há o que reformular, mas se algum dia houver, será em aspectos secundários da doutrina e jamais nas suas concepções estruturais básicas, como a existência de Deus, a sobrevivência do Espírito. a reencarnação e a comunicabilidade entre vivos e "mortos".
O que acontece é que a doutrina codificada não responde a todas as nossas indagações, e nem as de Kardec foram todas resolvidas nos seus mínimos pormenores e implicações. “O Livro dos Espíritos” é um repositório de princípios fundamentais de onde emergem inúmeras “tomadas” para outras tantas especulações e conquistas e realizações. Nele estão os germes de todas as grandes idéias que a humanidade sonhou pelos tempos afora, mas os Espíritos não realizam por nós o nosso trabalho.
Em nenhum outro cometimento humano vê-se tio claramente os sinais de uma inteligente, consciente e preestabelecida coordenação de esforços entre as duas faces da vida — a encarnada e a desencarnada.
Tudo parece — e assim o foi — meticulosamente planejado e escrupulosamente executado. A época era aquela mesma, como também o meio ambiente e os métodos empregados. Para a carne vieram os espíritos incumbidos das tarefas iniciais e das que se seguiram, tudo no tempo e no lugar certos.
Igualmente devem ter sido levadas em conta a fragilidade e as imperfeições meramente humanas, pois que também alternativas teriam sido planejadas com extremo cuidado. Há soluções opcionais para eventuais falhas, porque o trabalho era importante demais para ficar ao sabor das imperfeições humanas e apoiado apenas em dois ou três seres, por maiores que fossem. Ao próprio Kardec, o Espírito da Verdade informa que é livre de aceitar ou não o trabalho que lhe oferecem.
O eminente professor é esclarecido, com toda a honestidade e sem rodeios, que a tarefa é gigantesca e, como ser humano, seria arrastado na lama da iniqüidade, da calúnia, da mentira, da infâmia.
Que todos os processos são bons para aqueles que se opõem à libertação do homem. Que ele, Kardec, poderia também falhar. Seu engajamento seria, pois, de sua livre escolha e que, se recusasse a tarefa, outros havia em condições de levá-la a bom termo.
O momento é dramático. É também a hora da verdade suprema, pois o plano de trabalho não poderia ficar comprometido por atitudes dúbias e meias-palavras. Aquilo que poderia parecer rudeza de tratamento é apenas ditado pote seriedade do trabalho que se tinha a realizar no plano humano. Kardec aceitou a tarefa e arrostou, com a bravura que lhe conhecemos, a dureza das aflições que sobre ele desabaram, como estava previsto.
Tudo lhe aconteceu, como anunciado; os amigos espirituais seriam incapazes de glamourizar a sua colaboração e minimizar as dificuldades apenas para induzi-lo a aceitar a incumbência.
Por outro lado, se ele era, entre os homens, o chefe do movimento, pois alguém Unha que o liderar, compreendeu logo que não era o dono da doutrina e jamais desejou sê-lo.
Quando lhe comunicam que foi escolhido para esse trabalho gigantesco, sente com toda a nitidez e humildade a grandiosidade da tarefa que lhe oferecem e declara que de simples adepto e estudioso a missionário e chefe vai uma distância considerável, diante da qual ele medita, não propriamente temeroso, mas preocupado, dado que era homem de profundo senso de responsabilidade. Do momento em que toma a incumbência, no entanto, segue em frente com uma disposição e uma coragem inquebrantáveis.
Esse aspecto da sua atuação jamais deve ser esquecido a consciência que tem da sua posição de coordenador do movimento e não de seu criador. Não deseja que a doutrina nascente seja ligada ao seu nome. Apaga-se deliberadamente e tenazmente para que a obra surja como planejada, isto é, uma doutrina formulada pelos Espíritos e transmitida aos homens pelos Espíritos, contida numa obra que fez questão de intitular “O Livro dos Espíritos”. Por outro lado, não é intenção dos mensageiros espirituais — ao que parece — ditar um trabalho pronto e acabado, como um “flash” divino, de cima para baixo. Deixam a Kardec a iniciativa de elaborar as perguntas e conceber não a essência do trabalho, mas o plano geral da sua apresentação aos homens. A obra não deve ser um monólogo em que seres superiores pontificam eruditamente sobre os grandes problemas do ser e da vida; é um diálogo no qual o homem encarnado busca aprender com os irmãos mais experimentados novas dimensões da verdade.
E preciso, pois, que as questões e as dúvidas sejam levantadas do ponto de vista humano, para que o mundo espiritual as esclareça na linguagem simples da palestra, dentro do que hoje se chamaria o contexto da psicologia específica do ser encarnado. Por isso, Kardec não se julga o criador da Doutrina, mas é infinitamente mais do que um mero copista ou um simples colecionador de pensamentos alheios. Deseja apagar-se individualmente para que a obra sobreleve às contingências humanas; a Doutrina não deve ficar “ligada” ao seu nome pessoal como, por exemplo, a do super-homem a Nietszche, o islamismo a Maomé, o positivismo a Augusto Comte ou a teoria da relatividade a Einstein; é, no entanto, a despeito de si mesmo, mais do que simples colaborador, para alcançar o estágio de um co-autor quanto ao plano expositivo e às obras subseqüentes. Os Espíritos deixam-lhe a iniciativa da forma de apresentação.
A princípio, nem ele mesmo percebe que já está elaborando ‘O Livro dos Espíritos”; parece-lhe estar apenas procurando respostas às suas próprias interrogações. Homem culto, objetivo, esclarecido e com enormes reservas às doutrinas religiosas e filosóficas da sua época, tem em mente inúmeras indagações para as quais ainda não encontrara resposta. Ao mesmo tempo em que vai registrando as observações dos Espíritos, vai descobrindo um mundo inteiramente novo e insuspeitado e tem o bom senso, de não se deixar fascinar pelas suas descobertas.
E, pois, ao sabor de sua controlada imaginação que organiza o esquema das suas perguntas e quando dá conta de si tem anotações metódicas, lúcidas, simples de entender e, no entanto, do mais profundo e transcendental sentido humano. Sem o saber, havia coligido um trabalho que, pela sua extraordinária importância, não poderia ficar egoisticamente preso à sua gaveta; era preciso publicá-lo e isso mesmo lhe dizem os Espíritos. Assim o fez e sabemos de sua surpresa diante do sucesso inesperado da obra.
Daí em diante, isto é, a partir de “O Livro dos Espíritos”, seus amigos assistem-no, como sempre o fizeram, mas deixam-no prosseguir com a sua própria metodologia e nisso também ele era mestre consumado, por séculos de experiência didática. As obras subseqüentes da Codificação não surgem mais do diálogo direto com os Espíritos e sim das especulações e conclusões do próprio Kardec, sem jamais abandonar, não obstante, o gigantesco painel desenhado a quatro mãos em “O Livro dos Espíritos”.
Conversando uma vez, em nosso grupo, sobre o papel de certos espíritos na história, disse-nos um amigo espiritual que é muito importante para todos nós o trabalho daqueles a quem ele chamou Espíritos ordenadores. São os que vêm incumbidos de colocar em linguagem humana, acessível, as grandes idéias. Sem eles, muito do que se descobre, se pensa e se realiza ficaria perdido no caos e na ausência de perspectiva e hierarquia. São eles —Espíritos lúcidos, objetivos e essencialmente organizadores — que disciplinam as idéias, descobrindo-lhes as conexões, implicações e conseqüências, colocando-as ordenadamente ao alcance da mente humana, de modo facilmente acessível e assimilável, sob a forma de novas sínteses do pensamento.
São eles, portanto, que resumem um passado de conquistas e preparam um futuro de realizações. Sem eles, o conhecimento seria um amontoado caótico de idéias que se contradizem, porque invariavelmente vem joio com o trigo, na colheita, e ganga com ouro, na mineração. São eles os faiscadores que tudo tomam, examinam, rejeitam, classificam e colocam no lugar certo, no tempo certo, autruisticamente, para que quem venha depois possa aproveitar-se das estratificações do conhecimento e sair para novas sínteses, cada vez mais amplas, mais nobres, mais belas, ad infinitum.
Allan Kardec é um desses espíritos. Não diremos que seja um privilegiado porque essa classificação implica idéia de prerrogativa mais ou menos indevida e as suas virtudes são conquistas legítimas do seu espírito, amadurecidas ao longo de muitos e muitos séculos no exercício constante de uma aguda capacidade de julgamento — é, pois, um direito genuinamente adquirido pelo esforço pessoal do espírito e não uma concessão arbitrária dos poderes superiores da vida. O trabalho que realizou pela Doutrina Espírita é de inestimável relevância. Para avaliar a sua importância basta que nos coloquemos, por alguns instantes, na posição em que ele estava nos albores do movimento.
Era um homem de 50 -anos de idade, professor e autor de livros didáticos. Sua atenção é solicitada para os fenômenos, mas ele não é de entregar-se impulsivamente aos seus primeiros entusiasmos. Quer ver primeiro, observar, meditar e concluir, antes de um envolvimento maior. Quando recebe a incumbência e percebe o vulto da tarefa que tem diante de si, nem se intimida, nem se exalta.
É preciso, porém, formular um plano de trabalho. Por onde começar? Que conceitos selecionar? Que idéias têm precedência sobre outras? Serão todas as comunicações autênticas? Será que os Espíritos sabem de tudo? Poderão dizer tudo o que sabem?
É tudo novo, tudo está por fazer e já lhe preveniram que o mundo vai desabar sobre ele. O cuidado tem de ser redobrado, para que o edifício da doutrina não tenha uma rachadura, um fresta, um ponto fraco, uma imperfeição; do contrário, poderá ruir, sacrificando toda a obra. Os representantes das trevas estão atentos e dispostos a tudo. Os Espíritos o ajudam e o inspiram e o incentivam, embora sejam extremamente parcimoniosos em elogios e um tanto enérgicos nas advertências.
Quando notam um erro de menor importância numa exposição de Kardec, não indicam o ponto fraco; limitam-se a recomendar-lhe que releia o texto, que ele próprio encontrará o engano. Do lado humano, encarnado, da vida, é um trabalho solitário. Não tem a quem recorrer para uma sugestão, um conselho, um debate.
Os amigos espirituais somente estão à sua disposição por algum tempo, restrito, sob limitadas condições, durante as horas que consegue subtrair ao seu repouso, porque as outras são destinadas a ganhar a vida, na dura atividade de modesto guarda-livros.
Sem dúvida alguma, trata-se de um trabalho de equipe, tarefa pioneira, reformadora, construtora de um novo patamar para a escalada do ser na direção de Deus. As velhas doutrinas religiosas não satisfazem mais, a filosofia anda desgovernada pelos caminhos da negação e a ciência desgarrada de tudo, aspirando ao trono que o dogmatismo religioso deixou vago. No meio de tudo isso, o homem que pensa e busca um sentido para a vida se atormenta e se angustia, porque não vê suporte onde escorar sua esperança.
A nova doutrina vem trazer-lhe o embasamento que faltava, propor uma total reformulação dos conceitos dominantes. Ciência e religião não se eliminam, como tantos pensavam; ao contrário, se completam, coexistindo com a filosofia. O homem que raciocina também pode crer e o crente pode e deve exercer, em toda a extensão, o seu poder de análise e de crítica. Isso não é apenas tolerado, senão estimulado, pois entende Kardec que a fé só merece confiança quando passada pelos filtros da razão. Se não passar, é espúria e deve ser rejeitada.
Concluindo, assim, o trabalho que lhe competia junto aos Espíritos ainda lhe resta muito a fazer, e o tempo urge. Incumbe-lhe agora inserir a nova doutrina no contexto do pensamento de seu tempo — como se diria hoje. Terminou o recital a quatro mãos e começa o trabalho do solista, porque o mestre ainda está sozinho entre os homens, embora cercado do carinho e da amizade de seus companheiros espirituais.
Atira-se, pois, ao trabalho. A luz do seu gabinete arde até altas horas da noite. E preciso estudar e expor aos homens os aspectos experimentais implícitos na Doutrina dos Espíritos. Desses aspectos, o mais importante, sem dúvida, é a prática da mediunidade, instrumento de comunicação entre os dois mundos. Sem um conhecimento metodizado da faculdade mediúnica, seria impossível estabelecer as bases experimentais da doutrina. Daí, o “O Livro dos Médiuns”.
Em seguida, é preciso dotar o Espiritismo de uma estrutura ética. Não é necessário criar uma nova moral; já existe a do Cristo. O trabalho é enorme e exige tudo de seu notável poder ordenador.
E que o ensinamento de Jesus, com a passagem dos séculos e ao sopro de muitas paixões humanas, ficara soterrado em profunda camada de impurezas. Kardec decidiu reduzir ao mínimo os atritos e controvérsias, buscando nos Evangelhos apenas o ensinamento moral, sem se deter, portanto, na análise dos milagres, nem dos episódios da vida pública do Cristo, ou dos aspectos que foram utilizados para a elaboração dos dogmas. Dentro dessa idéia diretora, montou com muito zelo e amor “O Evangelho segundo o Espiritismo”. O problema dos dogmas — pelo menos os principais —ficaria para “O Céu e o Inferno” e sobre as questões científicas ainda voltaria a escrever em “A Gênese”.
E assim concluía mais uma etapa da sua tarefa. O começo, onde andaria? Em que tempo e em que ponto cósmico? Era — e é — um espírito reformador, ordenador, preparador de novas veredas. A continuação, seus amigos espirituais deixaram-no entrevê-la ao anunciar-lhe que se aproximava o término da existência terrena, mas não dos seus encargos: voltaria encarnado noutro corpo, lhe disseram, para dar prosseguimento ao trabalho.
Ainda precisavam dele e cada vez mais. Nada eram as alegrias que experimentava ao ver germinar as sementes que ajudara a semear; aquilo eram apenas os primeiros clarões de uma nova madrugada de luz.
Quando voltasse, teria a alegria imensa de ver transformadas em árvores majestosas as modestas sementeiras das suas vigílias, regadas por dores muitas.
Não seria mais o vulto solitário a conversar com os Espíritos e a escrever no silêncio das horas mortas —teria companheiros espalhados por toda a Terra, entregues ao mesmo ideal supremo de trabalhar sem descanso na seara do Cristo, cada qual na sua tarefa, conforme seus recursos, possibilidades e limitações, dado que o trabalho continua entregue a equipes, onde o personalismo não pode ter vez para que as paixões humanas não o invalidem.
“De modo que — dizia Paulo — nem o que planta é alguém, nem o que rega, senão Deus que a faz crescer.
E o que planta e o que rega são iguais; se bem que cada um receberá o seu salário segundo seu próprio trabalho, já que somos colaboradores de Deus e vós, campo de Deus, edificação de Deus” (1 Coríntios, 3:7 a 9).
Trabalhadores de Deus desejamos ser e o seremos toda vez que apagarmos o nosso nome na glória suprema do anonimato, para que o nosso trabalho seja de Deus, que faz germinar a semente e crescer a árvore, e não nosso, que apenas confiamos a semente ao solo. Somos portadores da mensagem, não seus criadores, porque nem homens nem espíritos criam; apenas descobrem aquilo que o Pai criou.
São essas as dominantes do espírito de Kardec. Sua vitória é a vitória do equilíbrio e do bom senso, é a vitória do anonimato e da humildade, notável forma de humildade que não se anula, mas que luta e vence. Como figura humana, nem sequer aparece nos livros que relatam a saga humana. Para o historiador leigo, quem foi Kardec? Seu próprio nome civil, Hippolyte-Léon Denizard Rivail, ele o apagou para publicar seus livros com o nome antigo de um obscuro sacerdote druida.
De modo que não é somente a obra realizada por Kardec que devemos estudar, é também sua atitude perante a obra, porque tudo neste espírito é uma lição de grandeza em quem não deseja ser grande.
Nas Fronteiras do Além – Hermínio C Miranda
sábado, 18 de fevereiro de 2012
Por que sofremos?
Perguntamos constantemente a razão do sofrimento.
Somos responsáveis por nossas vidas.
Por sofrimento se diz muitos obstáculos a decifrar o nosso caminho, porém, o sofrimento não é isso.
Sofremos por conta de nós mesmos, pelas incúrias que cometemos perante a vida sucessiva.
Vamos dissimulando a origem de nós mesmos.
Vemos que o principal erro da humanidade está no ter e não no ser.
Esperamos encontrar o verdadeiro caminho dentro de nós, revelando a nossa verdadeira identidade ao nosso irmão, e à nós mesmos, com o estudo em evidência.
Com o melhor em constância e com o viver em harmonia.
Irmãos em Cristo, que o Divino amigo esteja entre nós.
Humberto
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
Causa ou efeito?
Cada um de nós é um Espírito, que pensa raciocina, elabora, constrói, destrói, ama, odeia, tem medo, confiança, esperança, enfim, emoções e sentimentos.
A origem de todas as emoções e sentimentos é o próprio Espírito, isto é, você ou eu, qualquer um de nós.
Temos conosco todo o potencial para produzir ambos.
Independentemente do cérebro. Não precisamos do cérebro para ter ódio, assim como também para ter ciúme.
Entretanto, enquanto estamos vivendo no mundo material, o órgão responsável pela transmissão de todos os nossos potenciais intelectuais é o cérebro. Ele é o mais importante elo de ligação entre o Espírito e a vida material.
Ele também é um dos regentes da vida e sem ele a vida não tem como acontecer.
É um dos mais importantes maestros na condução dos passos de cada um, mas ele depende de outros órgãos que interagem com ele para a manutenção da energia vital que corre pelo organismo durante as décadas que o Espírito, eu ou você, temos de experiência terrena.
Mas, como tudo na Natureza, ele não trabalha só e depende de outros órgãos fundamentais para a manifestação do Espírito durante o processamento de sua encarnação em cada existência enquanto homem ou mulher.
A ciência o vê como a fonte de todas as expressões para tudo na vida.
Nele encontra as áreas das emoções e as áreas responsáveis pela elaboração dos pensamentos.
Não o vê apenas como um intermediário entre o Ser Espiritual e o Ser Material, mas sim como a fonte suprema do todo que cada Ser Humano é.
Temos de considerar que a ciência ainda tem uma visão parcial, embora muito mais avançada do que há poucas décadas, sobre o que o Ser Espiritual efetivamente é para a vida, por conta de que ela simplesmente não encara sequer de passagem que há um Espírito por detrás de todas as manifestações intelectuais e emocionais de um Ser Humano.
Para ela, a ciência, o cérebro é tudo.
Para o Espiritismo o Espírito é a essência do pensamento.
Um dia ambos se encontrarão e darão à humanidade o conhecimento mais amplo sobre a realidade do que o Espírito representa para a vida verdadeiramente, sem menosprezar o Espiritismo, o próprio Espírito e também sem relegar a ciência como outrora já aconteceu.
Leopoldo.
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
Passes
Em "A GÊNESE - CAP. XIV - ITEM 33", Kardec nos demonstra que "a ação magnética pode produzir-se por diversas formas:"
Pelo próprio fluido do magnetizador (Passista) – é o magnetismo propriamente dito, ou magnetismo humano, cuja ação é subordinada à potência e sobretudo à qualidade do fluido.
Pelos fluidos do Espírito (desencarnado). – atuam diretamente e sem intermediários sobre o encarnado, seja para curar ou acalmar um sofrimento, seja para provocar o sono sonambúlico espontâneo, seja para exercer sobre o indivíduo uma influência física ou moral qualquer. É o magnetismo espiritual, cuja a qualidade está na raiz das qualidades do espírito.
Pelos fluidos do Espírito (desencarnado) combinando com os fluidos do magnetizador (Passista). – fluidos derramados sobre o magnetizador e ao qual ele serve de condutor. É o magnetismo misto, semi-espiritual ou, se assim melhor nos expressamos, humano-espiritual. Vemos neste, o fluido espiritual, combinado com o fluido humano, dando à este último as qualidades que lhe faltam. O auxílio dos espíritos, em tais circunstâncias, é por vezes espontâneo, porém com mais freqüência é provocado pelo apelo do magnetizador.
Como se pode ler, claramente, da própria obra codificada por Kardec, não há um passe especificamente de apenas um tipo, mas todos se somam durante a aplicação, embora algumas pessoas espíritas tenham certa tendência de crer em passe, por exemplo "magnético", passe "espiritual", ou outras variantes.
Passe é a doação fluídica através da ação de um médium, que se dispõe a servir de intermediário entre os Espíritos desencarnados e o encarnado que necessita receber auxílio.
Para sua aplicação, não há necessidade de qualquer tipo de ritual. Basta a imposição das mãos, tocando ou não o atendido, sem gesticulação específica, sem sinais especiais, com a companhia da prece e da vontade, para que se faça o influxo de energias para beneficiar o assistido.
Atualmente complicam muito o passe em muitas casas espíritas.
Instituições dividem os passes em vários tipos, com vários métodos (rituais), para várias finalidades.
Mas basta lembrar de que o trabalho mais importante na terapia do passe nasce da vida espiritual, já que os pares da vida maior é que conseguem efetivamente observar as necessidades de quem procure auxílio e que, na Doutrina Espírita, os rituais são preconizados como desnecessários, justamente pelo esclarecimento que temos sobre os mecanismos reais que envolvem os trabalhos mediúnicos.
Não há necessidade de absolutamente nada, além de um ambiente simples, uma cadeira, um ou dois médiuns, o assistido, a seriedade no trabalho, a boa vontade de quem trabalha e a prece.
Mais nada.
Militão Pacheco.
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
Minha casa...
A liberdade parece ser direito do ser humano.
Todos estamos transitando para todos os lados; do trabalho para a casa, da casa para a escola e desta de volta para casa, de casa para o centro espírita e assim por diante.
Passeios, visitas, pequenas atividades, reuniões sociais, atividades físicas, sessões mediúnicas e depois, para onde vamos? Para casa!
Nem sempre temos consciência desse fato: nosso lar tem a importância de um ponto de partida e de um ponto de chegada, uma referência, um abrigo para voltarmos sempre que transitamos de um lugar a outro.
Só, ou em grupo, ou família, a certeza de termos um espaço reservado e seguro nos aguardando, consciente ou inconscientemente, nos tranqüiliza.
Muitas pessoas sentem tão forte essa necessidade que passam quase toda a vida na busca infatigável desse local onde possam sentir-se em "sua casa".
Nem sempre encontram, infelizmente. Parece que a vida é um périplo em busca do “cantinho” que possa acolhê-los.
Muito natural essa necessidade do ser humano e, é preciso compreender a existência de todo movimento, dentro da lei e da ordem, que busque condições para que todos tenham o direito à moradia, justamente pela necessidade que todos temos de morar. De ter uma residência, um lar para acolher nosso corpo no final de uma jornada diária, junto daqueles que constituam nossa necessidade reencarnatória.
É direito de todos viverem com alguma dignidade, direito esse, não apenas indicado pelas leis da nossa sociedade, mas, principalmente, pelas Leis Divinas.
Diferentemente das leis humanas, que muitas vezes não são cumpridas, as Divinas não se tardam e nem se desviam das suas diretrizes.
Dissemos que ir e vir são direitos do ser humano e, se refletirmos um pouco mais, entenderemos que é a mesma coisa que dizer que é um direito do Espírito, pois o Espírito é um ser humano!
A Lei da reencarnação nos ensina que partimos por diversas vezes e a esta moradia voltamos sempre, embora se ampliarmos ainda mais nossa visão poderemos observar a infinidade de mundos que Deus nos oferta na eternidade.
É lícita nossa preocupação com a necessidade de uma morada.
Mas independente disso, enquanto Espíritos, não nos falta morada no Universo, por conta da Natureza, por conta da vontade de Deus.
Enquanto o homem luta por restringir seu espaço com paredes e muros, Deus lhe dá extensas planícies, formosos vales e praias, num lindo e maravilhoso Planeta para viver enquanto está em suas reencarnações probatórias.
Mas, e que fazemos nós para cuidar desta “casa” que tem nos dado tanto, por tantos séculos?
Temos cuidado dos mares, dos rios, das matas, da fauna e da flora com o mesmo interesse e cuidado que eventualmente nos dedicamos às "nossas casas" ?
Destruímos ou deixamos destruir o nosso belo planeta ?
Matamos ou deixamos morrer os seres chamados menores, nossos irmãos, dos quais deveríamos cuidar?
Refletir sobre o que é ser civilizado nos faria, com certeza, mudar nossos comportamentos com relação a muita coisa. Acima disso, pensar em efetivamente ser cristão seria essencial para a própria civilidade, em todos os sentidos.
Todos queremos a felicidade e, para isso, necessitamos estar de bem conosco, com nossos amigos e vizinhos, com nosso país e com todo o planeta.
Felicidade é, na verdade, algo muito mais sublime e complexo do que algo individual.
Para se alcançar a felicidade verdadeira, é preciso que exista integração entre tudo e todos, em harmonia. Se um elo da cadeia de relacionamento estiver fora da mesma faixa vibratória de paz e harmonia, a felicidade não será autêntica.
Ficará “faltando algo”...
Por isso se diz a expressão “a felicidade não é deste mundo”...
Sentir a felicidade e a liberdade de caminhar pela vida sem nada destruir, lembrando que o caminhar também se faz pela eternidade.
Um ideal somente existe quando se acredita efetivamente nele.
Portanto, procure refletir mais profundamente sobre o cuidado que cada um de nós precisa ter para com a Natureza, pois, caso contrário a sua leitura deste texto não passará de mais uma leitura, nem sempre tão lúcida, sobre os cuidados para com a Natureza e o que se deveria fazer...
Será que temos de viver isolados, cultivando prazeres individuais, sem a mínima noção de que felicidade realmente não é isso?
Dê um passo a mais no sentido de cuidar de “sua casa”, de seu Planeta, para que ele possa se manter, com dignidade, na posição de seu lar.
Você já sabe como agir.
Alva Luzia
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
Biografias de personagens importantes para o Espiritismo
NICOLAS CAMILLE FLAMMARION
Nicolas Camille Flammarion nasceu em 26 de fevereiro de 1842 e era filho de comerciantes, que moravam em Montigni-Le-Roi, na França. Por insistência dos pais, Flammarion era proibido de brincar com as crianças de seu bairro e foi direcionado aos estudos desde muiito pequeno. Aos seus 5 anos ele já sabia ler, escrever e iniciava seus estudos em Gramática e Aritmética. Aos 9 anos estudava Latim na cidade de Langres e já possuía uma biblioteca particular de 50 volumes.
Posteriormente, entrou numa escola católica, onde vislumbrou-se com a Astronomia, pois que o vigário Lassale lhe falava muito sobre a beleza da ciência e a grandeza da Astronomia, como também ensinava sobre a Oratória e o Novo Testamento.
Etienne Jules, pai de Flammarion, presenteou-lhe certa vez com um livro de Cosmografia que obtinha os sistemas de Ptolomeu, Copérnico e TychoBrahe, um livro que o ajudou muito em seus estudos.
Em 1856 a família Flammarion teve que se mudar para Paris, por enfrentar uma epidemia de cólera na cidade natal e também por dificuldades financeiras. O jovem Camille já com 14 anos começou então a trabalhar por 15 hooras como auxiliar de gravador e estudava aos domingos, freqüentando cursos gratuitos na Associação Politéccnica de Paris. Sua dedicação aos estudos era espantosa. Toda noite ele juntamente com uma pequena vela ao lado de sua cama no chão frio, lia e relia seus livros. No ano seguinte ele concluiu seu livro com 500 páginas e ilustrado com 150 desenhos; com o nome de Cosmogonia Universal: estudo do mundo primitivo.
Como pagamento, Camille recebia um lugar para dormir e comida. Além de comer mal e dormir numa cama muito dura, o trabalho como aprendiz de gravador era bastante rigido.
Na Escola de Monges de Saint Roch, Flammarion decidiu fundar a Academia da Juventude, com apenas 16 anos, proferindo palestra de abertura sobre A Maravilha da Natureza. Posteriormente, numa missa, Flammarion desmaia em frente a todos na Igreja; provavelmente em decorrência de tanta dedicação ao serviço e a má alimentação. Esse desmaio, no entanto, foi providencial, pois que o Dr. Edouvard Fomié ao visitá-lo em seus aposentos, encontrou alguns dos textos do livro ainda não publicado Cosmologia Universal. O Dr. Edouvard se surpreende com a capacidade do jovem Camille e lhe promete colocá-lo no Observatório Nacional como aprendiz de Astronomia.
No Observatório de Paris, o Diretor Leverrier recebeu Camille com muita desconfiança e também não aceitava o fato de que o menino de 16 anos possuia tantos conhecimentos e capacidade intelectual de grandes cientistas. A facilidade que tinha de escrever, a sua capacidade intelectual e todo seu conhecimento sobre Astronomia demonstram que realmente se tratava de um Espírito antigo com grandes conhecimentos e aprendizaados, voltado à uma missão aqui na Terra.
Em 1861 Camille descobre em uma livraria O Livro dos Espíritos. De pronto ele compra o livro e o devora. O Livro dos Espíritos colabora muito para o livro que ele já estava escrevendo intitulado A Pluralidade dos Mundos Habitados. Ele procura por Allan Kardec e acaba por conhecer a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.
Logo após, Kardec o convida a participar das reuniões mediúnicas , com o passar do tempo Camille desenvolve a sua pisicografia; recebendo mensagens do ilustre Galileu Galílei. Muitas destas mensagens estão postadas no livro A Gênese e são também comentadas por Allan Kardec nas edições da Revista Espírita.
Allan Kardec demonstra muita admiração pelo jovem Camille que, tendo um pouco mais que dezoito anos já colaborava com a Codificação Espírita e demonstrava grande ascensão espiritual e intelectual.
No decorrer dos anos, Camille foi se tornando um célebre cientista e muito conhecido em Paris e no mundo. Sua atividade junto ao Espiritismo foi até o fim de seus dias, proferindo palestras, programando Congressos. Foi ele quem fez também o lindo discurso de homenagem a Allan Kardec no dia do seu cepultamento.
Seus livros científicos: Pluralidade dos Mundos Habitados (1861), seguido-se Viagem extática às regiões lunares, Os mundos imaginários e os mundos reais (l865), As maravilhas celestes (obra popular de divulgação da astronomia), Estudos e leituras sobre astronomia (1867), Viagens aéreas (1867), Galerie Astronomique (1867), Contemplações científícas (coletânea de escritos publicados nas revistas Siecle, Magasín Pittoresque e Cosmos - I 870), A atmosfera (1871), Astronomia Popular (1880), O mundo antes da criação do homem (1885), Os cometas, as estrelas e os planetas (1886), Astronomia para amadores (1904) e Raio e trovão (1906) .
Seus livros espíritas comentados na Revista Espírita: A Pluralidade dos Mundos Habitados (1863), Os Espíritos e o Espiritismo (1860) Fontenelle e os Espíritos Batedores. (1864) Lúmen - relato Extraterrestre (1867). Lúmen. (1 867) Deus na Natureza. (1867) 0 Homem antes da História - Ancíanidade da Raça Humana. (1867) O Espiritismo e a Ciência. (1869).
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
Mais sobre verdades
Muitos filósofos vêm buscando entender o que é a verdade, para que se possa efetivamente compreender algo sobre ela, mas tudo o que se compreende é que ela é algo relativo para a humanidade e o que se aceita como verdade hoje poderá ser um absurdo amanhã.
As ciências são exemplo absoluto da relatividade no que diz respeito à verdade. Os conhecimentos científicos vão se transformando dia a dia e permitem que o ser humano progrida incessantemente.
Ainda bem.
Se tudo fosse absoluto para a humanidade, estaríamos estagnados, cristalizados nos pensamentos medievais e não teríamos a possibilidade de adquirir condições apropriadas para sobreviver como o temos feito na superfície terrena.
Quando se fala sobre verdades, apenas as naturais, imutáveis para nós, são aquelas das quais não se pode duvidar, ainda que não as entendamos completamente, como acontece com inúmeros fenômenos da natureza.
A compreensão humana sobre o Universo ainda é bastante reduzida, embora, certamente alguns poucos cientistas já tenham condições de compreender melhor a Criação Universal do Regente Maior da Vida.
As verdades pequenas, aquelas que sobrenadam em nossas vidas, que digam respeito ao intercâmbio vital entre as pessoas, ao relacionamento interpessoal, essas são aquelas que normalmente abordam as mentes cotidianamente.
São importantes para o desenvolvimento da personalidade do Espírito, para o progresso individual, para o amadurecimento de cada um de nós. Mas ainda assim, são relativas também!
O que é claro para você hoje, amanhã poderá não mais ser.
O que é aceitável em determinadas condições sociais, não o é em outras, graças às mudanças de costumes e de hábitos diferenciados comparados em sociedades montadas em circunstâncias outras daquelas que se pode ter como modelo.
Cada sociedade tem um padrão de pensamento que reflete as condições coletivas dos indivíduos que a constitui, sendo então, o reflexo coletivo dos pensamentos agregados em suas verdades relativas.
O mesmo acontece em grupos, ou agrupamentos sociais.
Nichos de pessoas criam uma forma de pensamento que reflete costumes particulares diferenciados de outros, tendo para si mesmos alguns pontos de vista que constituem verdades contumazes que são, para outros, absurdos incoerentes.
A verdade é que nenhum de nós está com a verdade.
Somente Deus é portador dela. E os Espíritos que se aproximam dEle, também se aproximam da verdade, mas como não podem se igualar a Ele, também não guardam consigo a verdade em sua totalidade.
Enquanto isso, em nossa pequenez, precisamos aprender que não somos donos da verdade. Em nenhum setor da vida, em nenhum momento, por mais que pareça estarmos com a razão, não somos portadores dela.
É necessário criar consciência sobre este fato, para que muitos de nós não permaneçamos com o nariz empinado, certos de tudo, sempre, como é habito fazer, por conta de acreditarmos piamente que estamos sempre com a razão.
É preciso reformular a proposta de vida que impõe aos outros uma forma de ver os fatos tão particular que, claramente, tem um viés ditatorial para com as experiências cotidianas.
É necessário ser democrático com todos. Ouvir, querer ouvir, querer aprender, querer compartilhar, para não fechar as portas da vida para a grande verdade que é a necessidade de aprender a amar.
Amar a todos, a tudo e à vida.
Assim como precisamos aprender a amar a Deus.
Alva Luzia
domingo, 12 de fevereiro de 2012
Fundamentalismo
Uma expressão que tenta definir indivíduos que se agarram a uma espécie inabalável de convicção, particular ou geral, dentro de uma instituição e que praticam tal convicção tentando eliminar, através de quaisquer meios, mesmo os violentos, qualquer opinião que difira da sua ou do grupo que defende.
Esses meios podem ser extorsão ou chantagem, por exemplo, ou ainda desmoralização, indiferença, coerção física, silêncio opositivo, traição ou mesmo agressões verbais.
O fundamentalista pode chegar às raias da insânia e sugerir a quem se oponha a ele (ou a ela) se o opositor prefere ter razão ou viver bem.
Uma postura tresloucada.
Neste contexto ele se transforma efetivamente em uma espécie de monstro perseguidor.
Claro que isso leva a uma habitual reação. Habitual, mas indevida.
Há geração de uma espécie de relacionamento doentio junto das outras pessoas, com troca de agressões claras ou veladas, mesmo.
Perde-se o senso de justiça quando a exacerbação de um ponto de vista acontece.
Cria-se apenas mal estar e desconforto.
Por esta razão, excessos não são jamais bem vindos.
Nada justifica esta postura diante do que quer que seja.
Quanto mais nos aproximamos da média ponderada da vida, buscando o equilíbrio, mais temos oportunidade de viver bem.
O melhor recurso para isso é aprender. Ler, estudar e aprender. Mas colocar em prática a cada momento.
Assim há a possibilidade de ter razão e viver bem ao mesmo tempo, sem qualquer constrangimento.
Militão Pacheco
sábado, 11 de fevereiro de 2012
Distrações
Há pessoas com variadas dificuldades, ou mesmo sem qualquer dificuldade, que buscam no centro espírita o alívio para as dores, a cura para as doenças e o conhecimento sobre a Doutrina Espírita.
Para saciar as necessidades destas pessoas, o centro espírita deve estar preparado minimamente para acolher, aliviar e orientar.
A base fundamental para isso é o Evangelho do Cristo.
Pautado nele, o centro espírita irá ter maiores chances de acerto para com aqueles que o procurem.
Quaisquer recursos que fujam do Evangelho não passam de mera distração para o Espírito em sofrimento ou em busca do conhecimento.
Tudo o que seja paliativo, distrativo, ilusório ou alienante não é obra do Espiritismo.
É obra das idéias sombrias que afastam as mentes do reto caminho que conduz a Deus.
Fenômenos mediúnicos só são úteis quando marcados por seriedade firme e com propósito correto.
Recursos terapêuticos outros, que não os do passe e da água fluída, além do Evangelho no Lar, estudos doutrinários e sessões mediúnicas, são apenas ilusões.
São fatores para distração, afastando do mais importante para a Alma em evolução: a REFORMA ÍNTIMA.
Sem ela, a Alma não se cura efetivamente. Só recebe paliativos entorpecedores na razão.
Quando vir algo que fuja do que é promissor para a Alma, recolha-se para o Evangelho redentor que pode efetivamente lhe conduzir para a Luz do Amor que cura verdadeiramente.
Não se iluda com as apresentações fantasiosas que envolvem tanta gente.
Lembre-se de que Jesus era a simplicidade encarnada e, embora fizesse prodígios, o mais importante de tudo o que fez para nós foi dar-nos o exemplo do caminho pelo qual devemos trilhar.
Ele é o exemplo e é a Ele que devemos seguir.
Militão Pacheco
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
Tentações
A temática do estudo entre Jesus e seus discípulos era a tentação. Como sempre, o Cristo fazia excelente uso da palavra articulada e expressava seu pensamento cósmico com profundo magnetismo, conduzindo as mentes para patamares mais elevados, libertando transitoriamente as criaturas de suas tendências materialistas.
E, exemplificando o tema, como de costume, retirou das pequenas experiências da vida uma história ilustrativa para todos.
"“Um valoroso servo de Deus movimentava-se intensamente por entre as gentes de uma cidade povoada de pessoas perdidas em seus princípios. Ele era um daqueles que se mantinha com imensa fé e potencial para a caridade, fugindo à regra da localidade, onde a maioria só sabia cultivar as necessidades dos prazeres mundanos.
Por esta razão os demais mantinham certa distância dele, além de eventualmente submetê-lo a constrangimentos variados, por conta da disfarçada inveja que dele cultivavam.
Muitas armadilhas para ele foram montadas, mas o servidor do Senhor delas todas se eximiu.
Em função disso, certo gênio do mal foi escutado, no intuito de acabar com aquela fortaleza, que para todos os demais inspirava um túmulo caiado por fora, mas imundo por dentro.
Um daqueles que o perseguiam fora incumbido da tarefa de consultar o empresário do mal e até ele se moveu para efetuar a tarefa.
O grande adversário do mal escutou o caso com atenção e, em seguida, recomendou a um de seus menores que sugerisse uma solução para ele.
Seu subordinado, então, sugeriu: “Não podemos despojá-lo de todos os seus bens?”
O perverso orientador redargüiu: “Isso, não! Para um servo desta qualidade a perda dos bens materiais é um processo de libertação. Desta forma encontraria mil modos de auxiliar a humanidade.”
“Então, vamos castigar sua família. Vamos dispersá-la e fazer com que todos se desentendam, gerando revolta e ingratidão!”
“Não notas que desta forma ele se integraria com a família universal, com todos os outros que constituem a vida comum?”
“Que tal gerarmos moléstias para o corpo, enchendo-o de feridas e de aflições?”
“Isso reforçaria sua fé e o fortaleceria para sua jornada diante Daquele a quem ele segue!”
“Vamos, então, gerar calúnias e difamações contra ele, para que o ambiente em torno dele possa ficar insustentável...”
“Neste caso ele se transformaria em verdadeiro mártir e ídolo de muitos! Iria se engrandecer e se encaminhar para o Alto!”
Já cansado e sem saída, o assecla menor, então, aduz:
“Vamos eliminá-lo de uma vez! Assassiná-lo, para que não sobre nada dele na Terra!”
“Não sabes o que dizes! A morte seria a verdadeira libertação, para conduzi-lo ao Paraíso!”
O silêncio do aprendiz de gênio do mal se fez presente, então. Observando isso, o Adversário do Bem, então se coloca, para quem o procurara:
“Volte e diga a ele que ele nada representa e que ele não passa de um verme desconhecido, impondo-lhe o conhecimento da própria pequenez, a fim de que jamais consiga se engrandecer!”
Satisfeito, o emissário dos homens retorna à sua cidade e coloca em prática a sugestão fornecida pelo Emissário do Mal.
Acercou-se do servidor de Deus e, com a mente preenchida de maldade, com muitos pensamentos de desvalia a seu respeito, irradiava frases que tendiam a desintegrar sua fé e sua proposta de caridade: “como te atreves a pensar que tuas obras destinadas ao pó têm algum valor?”, “não te sentes simples joguete das paixões da carne?”, “não tens vergonha da animalidade que trazes contigo em teu íntimo?”, “não percebes que não passas de um grão de areia no deserto?”, “não te reconheces como uma pequena parcela da lama que compõe o mundo?”...
O valoroso servidor do Pai, percebendo as perigosas investidas que estava recebendo, deixou-se levar pelas difíceis vibrações e entregou-se ao desânimo e ao desalento, deitando em leito de humilhação, abrindo mão do trabalho generoso que até então desfilava pelo mundo.
Despertou somente na hora em que a morte se lhe descortinava diante do infinito da vida.""
Jesus, então, silencia diante dos discípulos, que cabisbaixos fizeram longas reflexões íntimas durante toda aquela noite.
Militão Pacheco
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
Verdades
Um diamante lindo é a verdade, sem dúvida!
Admirá-la é oportunidade ímpar para os sentidos e faz refletir sobre sua necessidade para a Vida!
Nada melhor do que conviver com a verdade, pois a consciência tranqüila nos faz sentir leves e assim a vida pode correr mais serena.
Ainda assim, mesmo que portadores de uma vida honesta, não temos o direito de avaliar a vida alheia, gerando questionamentos sobre a autenticidade de cada um.
Se somos honestos, ótimo!
Se outras pessoas são desonestas, problema delas. Nada temos com isso.
Olhar no espelho e analisar a própria vida é uma oportunidade de crescer, de amadurecer.
Olhar pela janela e investigar a vida alheia é oportunidade para a mesquinhez, que estanca e impede o progresso individual.
Afinal, a nossa verdade nem sempre é a verdade do outro!
Portanto, fiquemos em paz com a própria vida, gerando o máximo possível de oportunidades para que ela seja uma representante natural da verdade e deixemos a vida dos outros para que eles mesmos cuidem, afinal, já é tão difícil cuidar da própria vida!
Atirar a “verdade” na face alheia pode machucar. E essa atitude pode ser vista como uma agressão, lembrando que toda forma de agressão gera uma reação semelhante, portanto, fiquemos em paz com a própria vida na segurança de que nos ocupamos com nossa própria evolução e não com a eventual regressão dos irmãos que transitam conosco na existência terrena.
Paz em cada coração.
Militão Pacheco
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
Mansidão e Irritabilidade
"Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a Terra." (Mateus, V, 5.)
A delicadeza e a civilidade são filhas diletas da mansidão.
Pela mansidão o homem conquista amizades na Terra e bem-aventurança no Céu
Inimiga da irritabilidade que gera a cólera, a mansidão sempre triunfa nas lutas, vence as dificuldades, enfrenta os sacrifícios.
Os mansos e os humildes de coração possuirão a Terra, porque se elevam na hierarquia espiritual e se constituem outros tantos propugnadores invisíveis do progresso de seus irmãos, guiando-lhes os passos nas veredas do Amor e da Ciência—nobres ideais que nos conduzem a Deus!
"Aprendei de mim, disse Jesus, que sou humilde e manso de coração."
É em Jesus que devemos buscar as lições de mansidão de que tanto carecemos nas lutas da vida.Embora enérgico, quando as circunstâncias o exigiam, o Sublime Redentor sábia fazer prevalecer a sua Palavra pelo poder da verdade que a embalsamava, e sem ódio, sem fel. combatia os vícios, os embustes que deprimiam as almas.
Sempre bom, lhano, sincero, caritativo, prodigalizava a seus ouvintes os meios de adquirirem o necessário à vida na Terra e a felicidade no Céu.
"Não vos encolerizeis para que não sejais condenados . "
A irritabilidade produz a cólera e a cólera é uma das causas predominantes de enfermidades físicas e males psíquicos.
A cólera engendra a neurastenia, as afecções nervosas, as moléstias do coração: é um fogo abrasador que corrompe o nosso organismo, é o vírus peçonhento que macula nossa alma.Filha do ódio, a cólera é um sentimento mesquinho das almas baixas, dos Espíritos inferiores.
Sem mansidão não há piedade, sem piedade não ha paciência, sem paciência não há salvação!
A mansidão é uma das formas da caridade que deve ser exercitada por todos os que buscam a Cristo.
É da cólera que nasce a selvageria que tantas vitimas tem feito.
Da mansidão vem a indulgência, a simpatia, a bondade e o cumprimento do amor ao próximo.
O homem prudente é sempre manso de coração: persuade seus semelhantes sem se excitar; previne os males sem se apaixonar; extingue as lutas com doçura, e grava nas almas progressistas as verdades que soube estudar e compreender.
Os mansos e humildes possuirão a Terra, e serão felizes, o quanto se pode ser no mundo em que se encontram.
Cairbar Schutel
Assinar:
Postagens (Atom)