Mensagem

"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."

Militão Pacheco

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Tentações





A temática do estudo entre Jesus e seus discípulos era a tentação. Como sempre, o Cristo fazia excelente uso da palavra articulada e expressava seu pensamento cósmico com profundo magnetismo, conduzindo as mentes para patamares mais elevados, libertando transitoriamente as criaturas de suas tendências materialistas.

E, exemplificando o tema, como de costume, retirou das pequenas experiências da vida uma história ilustrativa para todos.

"“Um valoroso servo de Deus movimentava-se intensamente por entre as gentes de uma cidade povoada de pessoas perdidas em seus princípios. Ele era um daqueles que se mantinha com imensa fé e potencial para a caridade, fugindo à regra da localidade, onde a maioria só sabia cultivar as necessidades dos prazeres mundanos.

Por esta razão os demais mantinham certa distância dele, além de eventualmente submetê-lo a constrangimentos variados, por conta da disfarçada inveja que dele cultivavam.

Muitas armadilhas para ele foram montadas, mas o servidor do Senhor delas todas se eximiu.

Em função disso, certo gênio do mal foi escutado, no intuito de acabar com aquela fortaleza, que para todos os demais inspirava um túmulo caiado por fora, mas imundo por dentro.

Um daqueles que o perseguiam fora incumbido da tarefa de consultar o empresário do mal e até ele se moveu para efetuar a tarefa.

O grande adversário do mal escutou o caso com atenção e, em seguida, recomendou a um de seus menores que sugerisse uma solução para ele.

Seu subordinado, então, sugeriu: “Não podemos despojá-lo de todos os seus bens?”

O perverso orientador redargüiu: “Isso, não! Para um servo desta qualidade a perda dos bens materiais é um processo de libertação. Desta forma encontraria mil modos de auxiliar a humanidade.”

“Então, vamos castigar sua família. Vamos dispersá-la e fazer com que todos se desentendam, gerando revolta e ingratidão!”

“Não notas que desta forma ele se integraria com a família universal, com todos os outros que constituem a vida comum?”

“Que tal gerarmos moléstias para o corpo, enchendo-o de feridas e de aflições?”

“Isso reforçaria sua fé e o fortaleceria para sua jornada diante Daquele a quem ele segue!”

“Vamos, então, gerar calúnias e difamações contra ele, para que o ambiente em torno dele possa ficar insustentável...”

“Neste caso ele se transformaria em verdadeiro mártir e ídolo de muitos! Iria se engrandecer e se encaminhar para o Alto!”

Já cansado e sem saída, o assecla menor, então, aduz:

“Vamos eliminá-lo de uma vez! Assassiná-lo, para que não sobre nada dele na Terra!”

“Não sabes o que dizes! A morte seria a verdadeira libertação, para conduzi-lo ao Paraíso!”

O silêncio do aprendiz de gênio do mal se fez presente, então. Observando isso, o Adversário do Bem, então se coloca, para quem o procurara:

“Volte e diga a ele que ele nada representa e que ele não passa de um verme desconhecido, impondo-lhe o conhecimento da própria pequenez, a fim de que jamais consiga se engrandecer!”

Satisfeito, o emissário dos homens retorna à sua cidade e coloca em prática a sugestão fornecida pelo Emissário do Mal.

Acercou-se do servidor de Deus e, com a mente preenchida de maldade, com muitos pensamentos de desvalia a seu respeito, irradiava frases que tendiam a desintegrar sua fé e sua proposta de caridade: “como te atreves a pensar que tuas obras destinadas ao pó têm algum valor?”, “não te sentes simples joguete das paixões da carne?”, “não tens vergonha da animalidade que trazes contigo em teu íntimo?”, “não percebes que não passas de um grão de areia no deserto?”, “não te reconheces como uma pequena parcela da lama que compõe o mundo?”...

O valoroso servidor do Pai, percebendo as perigosas investidas que estava recebendo, deixou-se levar pelas difíceis vibrações e entregou-se ao desânimo e ao desalento, deitando em leito de humilhação, abrindo mão do trabalho generoso que até então desfilava pelo mundo.

Despertou somente na hora em que a morte se lhe descortinava diante do infinito da vida.""

Jesus, então, silencia diante dos discípulos, que cabisbaixos fizeram longas reflexões íntimas durante toda aquela noite.



Militão Pacheco

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