Mensagem

"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."

Militão Pacheco

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Inconformismo






- Eu não suporto mais minha vida assim!

- O que acontece com sua vida, minha irmã? É tão dura assim?

- Dura? Duríssima! Insuportável! Desde sempre procuro minha identidade e não consigo me encontrar em nada, em ninguém...

- Conte um pouco mais, por favor.

- Não há muito que contar, senhor. Fiz uma faculdade de ciências contábeis, digna, diga-se de passagem, mas não me encontro nessa profissão. Aliás, nunca surgiu uma única oportunidade para que eu exercesse a profissão. Sempre “dando cabeçadas” e nada. Fiz de tudo um pouco: fui massagista, manicure, artista plástica, bailarina, trabalhei em bares, em escritórios e advocacia como recepcionista, até que minha irmã me convenceu a prestar um concurso público para trabalhar em banco e eu passei.

- Isso foi bom para você, minha irmã? Um trabalho fixo, com um salário garantido, segurança...

- Eu odeio, odeio, trabalhar no banco!

- Por qual razão?

- Eu me sinto emburrecida! As pessoas de lá me fazem sentir uma burra, uma incapaz! Até que saio de casa com vontade de ir, mas a cada dia encontro mai pessoas intolerantes, difíceis, enfim, um ambiente horroroso! Desagradável! Insuportável, mesmo!

- Assim é realmente difícil!

- Ainda bem que o senhor concorda comigo...

- Ao contrário, minha irmã, eu discordo plenamente de você.

- O quê? Não entendi!

- Fica difícil manter esse padrão de pensamentos continuamente como você mantém, minha irmã. Não há como sustentar a vida permanecendo o tempo todo com uma mentalização ligada à insatisfação. Isso faz com que você derrame sobre o próprio organismo uma vibração deletéria, desordenada, que gera paulatinamente uma desagregação e finalmente doenças.

- É, eu tenho tido dores o tempo todo. Passo mal, tenho náuseas, mal estar, vertigens, fico incomodada internamente o tempo todo.

- Pudera, moça, você mesma nutre isso em seu organismo, mantendo pensamentos de insatisfação o tempo todo e, pelo que você descreveu, “desde sempre”!

- Mas como eu posso ficar bem se tudo dá errado em minha vida? Além disso, o senhor está me acusando de ser culpada pelo meu próprio sofrimento? É isso mesmo?

- Não, minha irmã, eu não acuso você de nada. Apenas estou dizendo que discordo de um ponto de vista seu e que você tem o poder de mudar as diretrizes de sua vida se tiver um objetivo mais interessante de valorizar o que tem conquistado em sua jovem vida!

- Mas o que foi que eu conquistei? Não tenho um namorado, não ganho de salário o quanto gostaria e mereço ganhar. Estou de mão atadas, sem possibilidade de fazer coisa alguma! Tenho tudo para ser infeliz e sou infeliz! Aliás, foi por isso que eu vim aqui, para que o senhor me ajudasse a ser feliz, a mudar as coisas da minha vida para que eu possa pelo menos ver uma luz no fim do túnel, por que até agora, com quase quarenta anos eu não vi!

- Onde você mora?

- Com meus pais.

- Tem seu quarto?

- Tenho, sim senhor.

- Tem seu carro?

- Claro que tenho!

- Fez faculdade de ciências contábeis, não foi?

- Foi o que eu lhe contei, mas fiz também de letras e direito.

- É uma moça bonita, de aparência saudável, bem cuidada, com boa higiene, dentes bem cuidados. Mas falta uma coisa para que você “veja uma luz no fim do túnel”. Apenas uma coisa.

- E qual é?

- Dar valor a tudo que tem e tudo que conquistou na vida.

- E por acaso eu não dou?

- Certamente não. Se desse, não estaria aqui conversando comigo com tanta amargura no coração. Se você quiser, o Espiritismo pode lhe ajudar, mas sugeriria também que, dentro de suas possibilidades, buscasse fazer um tratamento terapêutico, para autoconhecimento, pois isso lhe faria muito bem.

- Pois eu não preciso de terapia alguma! Dou conta de mim mesma. Sempre fui auto-suficiente e continuarei sendo. Muito agradecida...


psicografia recebida no NEPT em 20 de setembro de 2012

Militão Pacheco

Nenhum comentário: