Mensagem

"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."

Militão Pacheco

terça-feira, 28 de junho de 2011

Acreditar



Dizem que os tempos do fim do mundo estão chegando e muitas comunidades cultuam datas baseadas em informações de antepassados que predizem o verdadeiro apocalipse,o fim dos tempos, o fim do mundo.

O calendário maia aponta o fim do mundo para o solstício de verão de 2012, do hemisfério norte e, coincidentemente, há um alinhamento planetário previsto para a mesma época, pelos astrônomos, pelos cientistas, o que vem deixando muita gente preocupada.

Há um verdadeiro culto cataclismático em torno destas situações, como algo mágico, algo surreal, ilusoriamente verossímil, mas impalpável e gerador de descargas adrenérgicas aproveitado pela mídia, para vender informações cada vez mais enriquecidas com dados arrebanhados aleatoriamente, sendo incrustados em um corpo de informações básicas pré-existentes, na verdade incompatíveis entre si.

Os seres humanos sempre adoraram estas datas místicas, esses acontecimentos mágicos, estas situações que anunciam o fim-dos-tempos periodicamente, como um verdadeiro alimento para a imaginação auto-flagelatório, que faz com que o homem, a mulher, guardem dentro de si uma espécie de aviso de que tudo irá se acabar de súbito, tendo sido previsto por visionários, mensageiros do além, por entidades extra-terrestres, por missionários que trazem ou trouxeram avisos de sempre, como sucedeu com a vinda do Messias para a Terra, milênios antes de sua vinda através dos profetas da antiguidade.

Estudando as culturas antigas e as mais recentes, podemos observar que ciclicamente há uma perspectiva catastrófica, como se um novo dilúvio, em forma de chamas ou de terremotos, ou, ainda de corpos celestes a invadir a atmosfera terrena, pudessem dar cabo de tudo ou gerar muito "ranger de dentes", muitas dores, muito horror, banhos de sangue e tudo mais que promova o sofrimento, instituindo, na Terra a zona infernal, que na verdade o ser humano guarda dentro de si mesmo. Sim, pois, os medos estão dentro de cada um. Mas o medo da morte é um dos maiores temores da humanidade, como se ela fosse realmente o fim de tudo, quando, na verdade, ela não se configura como um fim, mas como um reinício.

Filmes, livros, fotografia, quadros, esculturas, gravuras, músicas, poemas, teatro e muitas expressões artísticas retratam a dor humana e "prevêm". algumas vezes, estes apocalipses que deixam o homem indefeso diante da Natureza, como sempre o foi.

A imensa facilidade pela qual a mídia atual aborda e perturba com essas "novidades" a cerca de dúvidas e questionamentos a respeito do destino planetário, gera uma nuvem assustadora de medo que permeia a manutenção do apego ao momento do ser, o apego do "aproveitar a vida", enquanto ela existe, de tal modo que os valores do Espírito deixam de ter qualquer importância, em decorrência do "fim-dos-tempos" que está para chegar, numa inversão de valores que deixa o ser humano ainda mais distante da Divindade que habita o próprio interior, na expressão do Amor que tem dentro de si, por ser ele uma fração do pensamento do Criador, da Divindade.

Assim, a criatura pensante deixa de pensar em criar por estar paralisado em crer que tudo se extinguirá efetivamente. O medo paralisa e impede uma caminhada linear em direção à luz do esclarecimento e do Amor.

Impressionante perceber que mesmo entre os espíritas correm informações sobre cataclismas, acidentes naturais, mudanças climáticas, transformações planetárias, catástrofes climáticas e migrações de povos que impressionam áqueles que vivemos na Vida Espiritual, por conta de nossa ignorância diante de tantas informações assustadoras, particularmente por conta das eventuais fontes que seriam as responsáveis por elas.

Quem divulga as notícias, dá nomes importantes, cita circunstâncias peculiares, gera fatos "fidedignos" que efetivamente impressionam.

É lícito, nestas situações, fazer um questionamento: devemos acreditar nisso tudo, com tanta simplicidade?

Kardec ensina a passar tudo o que aprendemos pelo crivo da razão. Primeiro a razão individual e depois a razão coletiva, abrangendo o máximo possível de pessoas que tenham condições de analisar de modo criterioso o que vem para o aprendizado.

Assim, em primeiro lugar, levantar a questão da identidade do Espírito comunicante, aja vista a impossibilidade de que ele venha a depor em função de estar desencarnado e ter seu nome utilizado como fonte de informação. Em "O Livro dos Médiuns" vemos claramente que o nome do Espírito não tem importância diante do conteúdo das informações. Elas precisam estar em consonância com o que se sabe do informante, isto é, um Espírito sabidamente equilibrado não desencadearia mal estar ou desconforto, mas ao contrário, carrega consigo mensagens de amor e esperança.

Só por isso, já podemos começar nosso questionamento destas notícias que têm circulado a respeito do fim-dos-tempos, que teriam sido afirmadas, inclusive, pelo Chico Xavier. Daí para diante, vamos pensar simplesmente assim: um Espírito bem intencionado provocaria, por alguma razão, o medo generalizado?

Se você acha que sim, que o Chico Xavier teria a intensão de ser um visionário pronto para disseminar a insegurança, então tudo certo: vamos acreditar nas notícias de que ele teria dito que muitas coisas curiosas irão acontecer. Agora, se isso soa estranho para você, então já podemos duvidar que essas informações sejam autênticas, mesmo que referidas como sendo de alguém que tem histórico tão importante dentro do contexto espírita mundial.

Quem quiser, que acredite.

Militão Pacheco

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