Mensagem

"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."

Militão Pacheco

sábado, 4 de outubro de 2014

Justiça e Caridade


A justiça é um princípio moral que exige o respeito ao direito de si próprio e ao dos outros, segundo a equidade.

Por direito, entende-se aquilo que é conforme uma regra precisa ou àquilo que é permitido. Por equidade, entende-se o tratar todos com igualdade, ou seja, da mesma maneira seres que, além de suas diferenças acidentais, podem ser considerados como essencialmente parecidos.

Pode-se falar, também, de um sentimento de verdade, de equidade, de humanidade, colocado acima das paixões humanas.

Sentimento interior que nos remete a um objeto, considerado bom.

Em se tratando de pessoa, é uma força tendente a aproximar e a unir, numa relação particular, dois ou mais seres. Exemplo: "amor ao próximo"; "amor fraternal".

Da mesma raiz de amor (caritas), é uma virtude cristã fundamental que move a vontade à busca efetiva do bem de outrem e procura identificar-se com o amor de Deus. A máxima empregada é: "Ama o próximo como ti mesmo".

Paulo foi quem mais insistiu na superioridade da caridade em relação às outras virtudes cristãs, quais sejam a fé e a esperança. Assim se expressava: "Agora, essas três virtudes: a fé, a esperança e a caridade permanecem; mas, entre elas, a mais excelente é a caridade". (Paulo, 1.ª Epístolas aos Coríntios, 13, 1 a 7 e 13).

Para ele, "A caridade é paciente; é doce e benfazeja; a caridade não é invejosa; não é temerária e precipitada; não se enche de orgulho; não é desdenhosa; não procura os seus próprios interesses; não se melindra e não se irrita com nada; não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo suporta, tudo crê, tudo espera, tudo sofre". (Kardec, 1984, p. 201)

De acordo com O Livro dos Espíritos, há dez Leis Naturais: 1) Lei de Adoração; 2) Lei do Trabalho; 3) Lei de Reprodução; 4) Lei de Conservação; 5) Lei de Destruição; 6) Lei de Sociedade; 7) Lei do Progresso; 8) Lei de Igualdade; 9) Lei de Liberdade; 10) Lei de Justiça, Amor e Caridade.

Essa divisão da Lei Natural em dez partes, da mesma forma como fez Moisés com os Dez Mandamentos, abrange todas as circunstâncias da vida. A Lei de Justiça, Amor e Caridade é a mais importante, porque ela resume todas as outras.

A justiça procura simplesmente ajustar-se à lei. A lei, contudo, é fria, diz respeito a uma norma. Observe, porém, o provérbio inglês: "Law on the table, justice under the table" ("Lei sobre a mesa, justiça sob a mesa").

A obediência cega a uma lei pode acarretar uma injustiça para com os seres humanos. Nesse caso, o amor e a caridade entram como um complemento da Lei de Justiça.

Na pergunta 886 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec diz: "O amor e a caridade são o complemento da lei de justiça, porque amar ao próximo é fazer-lhe todo o bem possível, que desejaríamos que nos fosse feito. Tal é o sentido das palavras de Jesus: ‘Amai-vos uns aos outros, como irmãos’".

A justiça humana está sujeita às limitações do ser humano. Serve para uma sociedade durante um determinado período de tempo, conforme o grau de desenvolvimento moral e espiritual alcançado pelas pessoas que ali vivem.

A justiça divina é a justiça estabelecida por Deus, é um modelo a ser seguido. A função dos seres humanos é aproximar-se cada vez mais dessa justiça maior, a justiça das justiças.

"O critério da verdadeira justiça é de fato o de se querer para os outros aquilo que se quer para si mesmo, e não de querer para si o que se deseja para os outros. Como não é natural que se queira o próprio mal, se tomarmos o desejo pessoal por norma ou ponto de partida, podemos estar certos de jamais desejar para o próximo senão o bem. Desde todos os tempos e em todas as crenças o homem procurou sempre fazer prevalecer o seu direito pessoal. O sublime da religião cristã foi tomar o direito pessoal por base do direito do próximo". (Kardec, 1995, perguntas 873 a 876)

"A caridade, segundo Jesus, não se restringe à esmola, mas abrange todas as relações com os nossos semelhantes, quer se trate de nossos inferiores, iguais ou superiores. Ela nos manda ser indulgentes, porque temos necessidade da indulgência, e nos proíbe humilhar o infortúnio, ao contrário do comumente se pratica... O homem verdadeiramente bom procura elevar o inferior aos seus próprios olhos, diminuindo a distancia entre ambos". (Kardec, 1995, pergunta 885)

Lembremo-nos do diálogo entre Sócrates e sua esposa. Ao visitá-lo na prisão, ela diz que aquela acusação era injusta e que ele deveria fugir de lá. Como filósofo que era, retrucou: e você gostaria que a acusação fosse justa?

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