Mensagem

"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."

Militão Pacheco

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Auto-piedade




Em determinada ocasião, Jesus é questionado sobre as leis mosaicas, com relação a qual seria a mais importante de todas. Sabiamente, como só é de esperar do Mestre, ele aponta que a mais importante de todas é a lei que dita que amar a Deus acima de tudo e ao próximo como a si mesmo é a fundamental diretriz para o ser humano encontrar sua tão esperada paz interior, sua liberdade e evolução.

Não por menos, percebemos que esta lei enunciada por Ele provoca em cada um de nós o questionamento a respeito do final da proposta: "amar ao próximo como a si mesmo", por conta de que existe nesta frase uma profunda ligação com a compreensão de amor intrínseco e recíproco, isto é, não há como amar alguém se não se amar a si mesmo, o que torna inviável dizer que se ama alguém quando não se dá mostras de que exista amor-próprio. Esta frase de Jesus é o encadeamento perfeito em direção a Deus.

Se o indivíduo apresenta postura e atitude de auto-desamor, com desleixo para consigo, mesmo que tenha discurso eloquente de zelar por si, será visto como incoerente diante dos demais e não terá em si a necessária confiabilidade para sedimentar um relação estável com quem quer que seja.

É de se considerar, além disso, que a falta de amor próprio, de auto-estima não se resumem ao fenômeno de não cuidar de si, seja externamente, nas condições de higiene e postura, seja internamente, nas questões emocionais e afetivas. Há um degrau abaixo deste, no qual a criatura se vê não apenas com falta de auto-amor, mas se enxerga com real auto-piedade, pena de si mesma, de tal modo pronunciada que chora desconsolada em função de uma emoção absolutamente desnecessária para si mesma, já que não tem qualquer fundamento.

Quem chegue neste estágio emocional não tem outra base real para si mesmo que não seja a revolta incontida e implosiva auto-destrutiva na não aceitação de injunções reencarnatórias pelas quais tenha ou esteja passando em determinada fase da experiência atual.

Esta postura emocional representa nada mais do que a não aceitação de suas provas. Há o questionamento diante de tudo por conta de qual seria a razão para passar pela dor, qual seria a razão de ser a pessoa a passar por aquilo, por não "acreditar" que tenha de passar por isso e muitos outros questionamentos indébitos que são levantados, constituindo a improdutividade do pensamento de modo desconstrutivo.

Em circunstâncias expiatórias, que são prolongadas ou permanentes, a criatura que não tenha consigo a resignação, muitas vezes transforma tal emoção, tal sentimento, em um processo tal que leva à revolta. Parte da internalização emocional para a exteriorização, com atitudes explosivas, controladas e maniqueístas ou descontroladas desprovidas de afetividade, geradoras de crimes insanos.

Mesmo que tenha tudo ao seu alcance, mesmo que seja provido de conforto, educação e saúde, pode o ser humano desenvolver este absurdo processo de auto-piedade, por conta de um detalhe do qual não se considere provido. Por exemplo, não "encontrar alguém para completar sua vida" é motivo relativamente comum para que exista o desenvolvimento da auto-piedade, de tal modo que a revolta incontida promova dificuldades de relacionamentos familiares, dificultando até mesmo o convívio com irmãos e com pais ou responsáveis pela sua criação.

E as pessoas que cercam a criatura, não conseguem compreender a razão desta postura equivocada, pois vêm no aspecto externo que "tudo é perfeito e não há razão para esta atitude".

De fato, muitas vezes a vida aparente é muito "adequada", mas a vida interior deixa a desejar para o próprio indivíduo. Dentro dele falta algo ou existe algo que o deixa permanentemente insatisfeito, descontente e se sente injustiçado pelo que passa.

Posturas auto-destrutivas, em busca "da felicidade" levam a criatura a se perder em "prazeres" dos mais variados, não sendo em absoluto incomum que mergulhe no tabaco, no álcool, nas drogas, no jogo ou sexo desmedido e descontrolado, por conta da imensa promiscuidade a que se submeta.

Atitudes insanas contra seus próximos, afastam-no de todos ou quase todos. Apenas alguns, que muito amam, ou simplesmente não conseguem vê-lo como os demais o vêem, mantêm proximidade e tentam amparar em momentos específicos, nos quais necessitem de algum conforto, para o qual, na verdade, não dão atenção, já que o íntimo sente uma profunda dor intraduzível graças ao desenvolvimento de uma pena imensa que sente de si mesmo, em função das dores intraduzíveis pelas quais "é obrigado a passar".

Os desvarios podem levar, inclusive à morte prematura, em função dos abusos ou dos descuidos, transformando a reencarnação atual em um peso a mais para ser carregado na consciência, já que aproveitou menos do que precisaria a oportunidade de aprendizado e de transformação diante da dor.

Faltam, verdadeiramente, fé e resignação, para compreender que necessita do que tem e que tem o que necessita. Certamente, em alguns casos, notamos que o indivíduo se sente acima da Justiça Divina e questiona veementemente a razão de não ter tudo o que quer ou de ter de passar por situações "que ninguém mais tem de passar"!

É preciso que esta criatura consiga se superar, queira realmente sair do poço onde foi mergulhando progressivamente, sem se dar conta de que a postura reativa de auto-piedade não permite respirar o ar da liberdade que compõe o auto-amor, a auto-estima, o amor destinado ao próximo e o amor à Divindade.

Quando resolvida de que irá mudar, precisará beber na fonte de Jesus, em Seu Evangelho de Amor Universal, para compreender que a dor é o remédio e não o castigo, que o egoísmo cega e não permite caminhar em direção à Luz do conhecimento e da sabedoria e que o orgulho ensurdece para as palavras de esclarecimento que facultam a compreensão da Vida.

Esforço, trabalho, estudo, determinação, persistência e disciplina serão os recursos dos quais deverá lançar mão para alcançar sua liberdade.

Militão Pacheco

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