Mensagem

"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."

Militão Pacheco

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Ciúme Patológico




Há três aspectos da mentalidade humana que chamam atenção por conta do poder destrutivo que têm na preparação da criatura para a Eternidade. São eles o ciúme, a inveja e a auto-piedade.

Para começar, vamos conversar um pouco sobre o ciúme, que atinge tantos corações incautos desde sempre na história da Terra.

É ele um instrumento de auto-tortura que conduz a sofrimentos não só da pessoa que o tem em seu íntimo, mas daqueles que a acompanhem em sua experiência terrena, particularmente dos mais próximos, aja vista a necessidade de sofrer as acusações de muitas atitudes não efetivamente praticadas.

Quem tem consigo como companheiro o ciúme, guarda em si a semente do equívoco cometido em experiência anterior, ou tudo isso no plural, particularmente o sentimento de culpa por uma traição qualquer de profunda gravidade, pelo menos para seu julgamento, que o leva a não considerar o auto-perdão, que serve de base fundamental para o desenvolvimento do processo de fundo espiritual que, por sua vez, serve de pano de fundo para instalar uma ideia fixa no desenvolvimento do quadro mórbido da doença mental-espiritual que se instala progressivamente em sua mente.

Esta base culposa é a matéria-prima para que seja a pessoa, vítima de assédio de Entidades Espirituais que venham ao seu encontro, por conta da sintonia consumada neste passado, para o que julgam ser a justa cobrança de dívidas passadas. Pode ser ainda, simplesmente, vítima de criaturas desajustadas que queiram se divertir com sua consciência culposa, ou, ainda, sintonia com desencarnados que cultivem as mesmas ilusões dispersivas e improdutivas, mas que queiram alimentar e se alimentar, em mecanismo vampiresco, das mesmas impressões que tenham.

Evidente que a cobrança nada tem de legítimo, pois a Justiça Divina soberana sempre, através da própria consciência do indivíduo é que deve atuar para que o erro seja adequadamente corrigido pela Lei de Causa e Efeito, na medida em que só Deus pode arbitrar.

Mas as vítimas do passado ou os aproveitadores do presente estão sempre a postos para uma imposição obsessiva equivocada, permeando um desajuste que pode levar a rompimentos de uniões e até mesmo a crimes, gerando novos processos dolorosos para quem já estava envolvido e para quem venha a se envolver, lembrando sempre que todas as uniões guardam necessária semelhança e vinculação em passado recente ou remoto.

Ainda que pareça furtiva a aproximação de Espíritos zombeteiros ou vampirizadores, ela efetivamente não o é, pois estes certamente guardam com a vítima, o ciumento, e com todos os que compartilhem com ele ou ela a experiência atual,estreita ligação em detalhes de alguma vida passada esquecida nas brumas do tempo por todos os envolvidos, mas jamais apagada no Julgamento Divino ou da própria consciência de todos.

Então, por conta do equivocado cultivo da culpa, há a geração de ondas-pensamento que atraem para o centro delas todos os envolvidos com quem as gere, aproveitando o momento para a oportunidade de reparação de erros antigos. Nada é realmente furtivo. Mas também não existe fatalismos.

Se os credores se aproximam não é para cobrar, mas para reconciliar. Eles precisam ver, sentir e aprender com a experiência. E muitas vezes a correção acontece por parte dos desencarnados, mas o encarnado, portador do livre-arbítrio, pode manter a postura equivocada que o transforma em vítima aparente ou algoz insolente.

Ninguém vem à Terra para cometer erros; nenhum de nós tem a oportunidade da reencarnação para piorar a própria situação espiritual. Entretanto, envolvidos pelas nuvens de dúvidas que nos assombram, pela ignorância que nos limita os passos, pelos preconceitos que nos confundem, pelos medos que nos tiram a lucidez, ficamos perdidos em emoções menores permitindo a manutenção da grave dificuldade em que nos encontramos em determinada etapa da evolução espiritual.

Aqueles que cobram o ciumento alimentam seus delírios, agigantam duas fraquezas, sugam as melhores aspirações para a lucidez, criam imagens surreais e projetam na mente de suas vítimas mostrando surrealidades intangíveis, improváveis ou impossíveis, dando a certeza daquilo que efetivamente não existe, a não ser no mundo interior do oprimido, por conta destas projeções hipnóticas que o estejam conduzindo.

Este, por sua vez, pressionado, derrama à sua volta todo o desastre interior, como faz o ladrão da caixa d'água quando esta transborda seu conteúdo. Incontido pela verdadeira convulsão mental à qual está submetido, externa suas dúvidas, seus conflitos e surtos irreais para o foco de seu ciúme, geralmente progressivamente mais doentio com o passar do tempo. Há perda de consciência relativa à realidade, perda de identidade, perda de responsabilidade no sentido de cumprir com os compromissos e não de responder pelas falhas que cometa, com conseqüências muitas vezes desastrosas, não só para ele ou para ela, mas para quem acompanhe na atual encarnação.

A imaginação é fertilíssima e permeia as ilusões que muitas vezes criam detalhes de impressionante realidade, chegando mesmo a dar verossimilhanças impressionantes. Quem ouça o interpelado nestas injunções das experiências terrenas, se não conhecer o histórico, mergulha juntamente com ele e vivencia por conta da riqueza das descrições que não geram quaisquer dúvidas para o ouvinte, a não ser que este consiga captar algum detalhe de incoerência.

Esta mesma imaginação é campo vasto para que os obsessores atuem francamente livres, dificultando acesso do auxílio terapêutico. Há impermeabilização extremamente acentuada em muitos casos e não é incomum que a pessoa, quando tentam lhe ajudar, simplesmente mimetize uma compreensão na intenção de se livrar daquele momento para continuar a divagar em seus delírios doentios.

Existe um certo prazer neste sofrimento que o ciumento alimenta, caracterizando algo de masoquista no quadro, como sucede com todos os dependentes químicos, sinalizando a existência de mecanismos cerebrais interagindo para manter o quadro, sendo que este estágio é na verdade a extensão da ação incaridosa dos perseguidores que acoçam-no permanentemente. Também caracteriza relativa perda de auto-estima e algum grau de auto-piedade.

Em casos mais acentuados as Entidades Mórbidas atuam de modo quase contínuo e revesam o assédio entre si. Pudemos acompanhar casos dolorosos, que levaram à desestruturação familiar em várias ocasiões, nos quais as entidades responsáveis pela desarmonia, não só atuavam no ciumento, mas também, e algumas vezes, principalmente naquela pessoa que seria o foco de toda a atenção dele, levando-a a cometer pequenos deslizes que simplesmente a comprometiam efetivamente, como que confirmando suspeitas que na verdade seriam completamente infundadas.

Isso mostra claramente o envolvimento de todas as pessoas que fazem parte do quadro nosológico estruturado no passado e que efetivamente absolutamente nada é casual. Todas as energias do Universo apresentam forças de atração e repulsão em acordo com as disposições íntimas dos seres que participam destas mesmas forças. Perdoe pela redundância.

Neste contexto, algum dos componentes do quadro deverá despertar para o pedido de auxílio, emitindo vibrações que permitam a ação de Servidores do Bem que sejam os intercessores do amparo para o esclarecimento oportuno dos doentes, aliviando as tensões geradas pela culpa, remorso, falta de perdão e de fé que os circunstantes possam ter dentro de si e entre si.

É preciso que o próprio ciumento disponha de vontade mínima para iniciar o tratamento de seu problema e, para isso, deverá reconhecer que apresenta um distúrbio de ordem emocional-espiritual ou, pelo menos, emocional. Este será o primeiro passo para que inicie um tratamento tão mais prolongado quanto mais antigo seja o quadro e quanto mais difícil seja para o paciente aceitar o auxílio externo, pois não é absolutamente incomum que este paciente julgue ser capaz de resolver todo o problema por conta própria, como costumam fazer os dependentes químicos, por exemplo, novamente.

Esta particularidade, entretanto deixa claro que todas estas situações complexas têm muita facilidade para ter encaminhamento progressivo dentro da compreensão do que constitua uma obsessão, sendo o nível da fascinação dos mais comumente encontrados nesta doença do ciúme.

Terapia, tratamento espiritual e médico constituem a tríade que costumeiramente indicamos para a cura do ciúme.

Na particularidade da psicoterapia, recomendamos a prática da terapia cognitivo-comportamental, por ser objetiva e direta em sua abordagem e por buscar retirar do doente os antigos condicionamentos de culpa e falta de perdão instalados em seu comportamento, como se fossem posturas corretas, não o sendo.

O tratamento médico indicará a real necessidade de se usar medicamentos químicos, por conta do acentuado desgaste de neurotransmissores que acontece no correr dos anos. Um verdadeiro esvaziamento das reservas neuronais. Isso não invalida o auxílio de homeopatia, florais, fitoterapia e acupuntura, que são excelentes auxiliares terapêuticos. Entretanto não podemos recomendar apenas estas terapias que, embora excelentes, não irão suprir de imediato as necessidades do doente. Aliás, vale recuperar a lembrança de que é possível que o tratamento com medicamentos não tem um prazo estipulado de instalação e tampouco pode se afirmar que será perene. Há muitos casos nos quais o medicamento antidepressivo ou ansiolítico será administrado por alguns meses ou poucos anos, para ser retirado em momento oportuno, quando já ocorra a estabilização do quadro clínico do paciente. Mas há outros em que a manutenção do medicamento adequado precisará ser prolongada por tempo indefinido.

A terapêutica espiritual é a forma mais importante na recuperação de um paciente portador da doença do ciúme e o levará a adquirir conhecimento progressivo quando escuta as palestras na Casa Espírita, alívio das tensões orgânicas pelo passe e desta forma ficará cada vez mais disposto a buscar a paz de espírito que necessita para sua Vida, aplicando a si mesmo a transformação das disposições íntimas. O conhecimento espírita o levará a ter nova postura diante das experiências e diante das pessoas, reformulando sua forma de pensar, de falar e de agir.

O auto-conhecimento que a psico-terapia e o tratamento espiritual conferem, serão os mais importantes pilares na sua recuperação e cura.

Militão Pacheco

Um comentário:

Mônica Regina disse...

O ciúmes é péssimo, para todos certamente, mas para quem sente, é realmente uma tortura.E pelo que eu li agora, um processo muito complexo.