Mensagem

"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."

Militão Pacheco

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Vida Dura!




O Espírito François Genève, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo V, item 25, cujo título é "A Melancolia", faz uma citação que evidentemente nos leva a fazer algumas reflexões sobre a atualidade, embora o texto já guarde um século e meio de divulgação.

Ele faz um questionamento interessante: "Sabeis por que, às vezes, uma vaga tristeza se apodera dos vossos corações e vos leva a considerar amarga a vida?".

Vamos pensar a respeito. O que leva um indivíduo a baixar a guarda e reduzir a vontade de viver, de enfrentar as dificuldades naturais da Vida, embora todo mundo saiba que a Vida é repleta delas?

Mas o próprio Espírito dá claramente a resposta. Leia: "Lembrai-vos de que, durante vosso degredo na Terra, tende de desempenhar uma missão de que não suspeitais, quer dedicando-vos à família, quer cumprindo as diversas obrigações que Deus vos confiou. Se, no curso desse degredo-provação, exonerando-vos dos vossos cargos, sobre vós desabarem os cuidados, as inquietações e tribulações, sede fortes e corajosos para os suportar. Afrontai-os resolutos..."

Mas, vamos dissecar o parágrafo. Estamos na Terra, não só quando encarnados, mas também enquanto Espíritos errantes, desencarnados, "degradados" em muitos casos, isto é, uma parte da humanidade está efetivamente "afastada de seus pares" enquanto transita pelo Planeta, mas não de modo a que seja encarado como uma prisão, em castigo perpétuo, como se pode levantar, mas certamente em um "colégio interno", em um "hospital dia", no qual não se pode facilmente receber visitas de entes amados destas outras esferas de onde possa (esta parte da humanidade) ter tido origem, por conta de haver feito uso indevido do livre-arbítrio em suas experiências anteriores, causando inadequação vibratória com a esfera onde esteve e que ao mesmo tempo atrai todos estes filhos de Deus magneticamente para um Planeta como este que nos abraça.

Não há, evidentemente, o aprisionamento da alma em uma esfera. Mas há, claramente, a "acolhida obrigatória e transitória" da criatura que equivocadamente não cumpriu com suas tarefas evolutivas e, de algum modo, se imputou a mudança para uma região como esta que está em determinado ciclo evolutivo, como já teve outros, para que a criatura consiga restabelecer suas diretrizes evolutivas adequadamente em sintonia com a esfera que o abrigue.

Muitos irmãos mais esclarecidos já nos alertaram para o fato de que a Terra é um grande hospital, uma esfera-escola e um lar para todos os que necessitamos elevar nossas condições de Espírito eterno incondicionalmente destinado para o aprimoramento perene.

Então não estamos guardados em uma prisão, embora certamente exista quem pense desta maneira, já que as dificuldades transparecem um castigo para quem assim determine em sua mente inquieta.

Aliás, é justamente esta inquietação que determina as disposições incorretas quanto à Vida na Terra, pois este julgamento de que se está sendo castigado, gera incoerências improdutivas destinadas a prover dor e ranger de dentes absolutamente dispensáveis para quem quer que seja.

Ao olhar para a Vida e, de alguma sorte, sentir que tudo é cinza, que tudo "está fora do eixo" e que "aqui não é o seu lugar", há geração de um campo vibratório mental de indisposição criador de doenças espirituais e, em sequência, físicas. Dependendo das disposições interiores, das potencialidades genéticas do Ser, a sequência mal espiritual - mal físico pode ser rápido letal para uma determinada experiência na Vida material, isto é, encarnação.

O simples fato de se expressar interiormente, mesmo que não se externe tais pensamentos, de modo equivocadamente insatisfeito, promove-se um campo mental em desequilíbrio, adoecido, que desarmoniza os órgãos, os tecidos, as células do soma, do corpo físico.

Esta indisposição quanto ao lugar onde se está encarnado, ao convívio com os parentes mais próximos, quanto às questões profissionais, dificuldades financeiras, frustrações em envolvimentos pessoais, complicações na vida social e tudo o que efetivamente se tenha de encontrar pela vida, levando a reflexões amargurosas e aspirando a "mudar de planeta", queda o indivíduo em precipício de dores algumas vezes atrozes, outras vezes insidiosas, mas sempre recrutantes de sofrimento indébito.

Algumas vezes estas dificuldades do Ser parecem inatas, isto é, desde sempre ele tem um certo mal-humor, um desafeto pela Vida, uma amargura perene, que transparece em seu olhar, de tal modo marcante que alguns pensadores chegaram a determinar em estudos que existam as personalidades chamadas melancólicas, o que parece ser uma expressão autêntica para quem não possa avaliar com critérios mais profundos as questões da formação do Espírito propriamente dito, pois, se assim fosse, o melancólico seria assim "para sempre", o que absolutamente não constitui a verdade, pois todos estamos destinados a progredir ou evoluir.

Por isso, estas dificuldades podem parecer inatas, mas apenas do ponto de vista momentâneo da atual existência, já que se trata de uma experiência que, em verdade, é uma continuação de outra Vida e não uma experiência única com início nesta encarnação e término nela mesma, sem qualquer sequência de motivações anteriores e consequências posteriores, como entende claramente o espírita-cristão.

Não estamos sobre a superfície da Terra para manter tais vínculos com a amargura. Estamos apropriados temporariamente da matéria para vivenciar as experiências dela, para aprimorar as emoções, os sentimentos, afastar as paixões, controlar os impulsos, aprender sobre a Natureza, conquistar vitórias sobre nós mesmos em todos estes aspectos, mas principalmente, para aprender a Amar.

Quem não se preocupa em aprender a Amar, permite-se assumir posturas errôneas quanto aos obstáculos que terá de superar, permeando em seu íntimo questionamentos injustificáveis quanto ao seu destino, às suas provas, às eventuais dores, às perdas, incompreensões, desentendimentos, frustrações e tudo o que já se tenha noção nesse profundo aprendizado que se recolhe durante uma encarnação, que, na verdade é uma experiência muito curta, diante da eternidade da Vida que realmente temos para cultivar.

Quem não guarde em si as boas disposições para se libertar das amarras das lamentações, acorrenta-se ao momento que vive e se impede de caminhar para a evolução. Por isso, precisamos refletir com realidade sobre quais nossos pensamentos diante da Vida.

Temos uma experiência difícil? É natural que tenhamos um choque, mas não é natural que nos mantenhamos em choque, pois é preciso permanecer em caminhada, é necessário compreender que somente com real boa disposição, desenvolvendo em nosso mecanismo mental, em nosso raciocínio, a fé no Criador, é que obteremos condição para seguir adiante, progressivamente mais livres, angariando cada vez mais força e serenidade, compreendendo a realidade da existência, sem sequer imaginar que a Vida na Terra é um castigo, que ela é um presídio, mas ao contrário, que é Nosso Lar, Nossa Escola, Nosso Ambulatório, por onde estamos passando para aprender, para ajudar, para fazer o que nos compete fazer no processo de criação e manutenção universal, ainda que de modo mínimo, mas sempre acompanhando as diretrizes do Alto, acompanhados por Jesus, que jamais nos abandona, embora nos observe em nosso poder de escolha em todas as nossas decisões.

Possamos, portanto, escolher pelo raciocínio e não por emoções surdas e cegas que costumam nos dominar. Aliás, precisamos lembrar para quem aspire "retornar para sua esfera de origem", que somente alcançará tal aspiração através do Amor, pois ele liberta sempre e para sempre.

Domine suas emoções e não se permita ser dominado por elas.


Militão Pacheco

Nenhum comentário: