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"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."

Militão Pacheco

sábado, 2 de julho de 2011

Origem e Natureza dos Espíritos - O Livro dos Espíritos




Perguntas de Allan Kardec aos Espíritos Superiores

76. Que definição se pode dar dos Espíritos?

“Pode dizer-se que os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Povoam o Universo, fora do mundo material.”

77. Os Espíritos são seres distintos da Divindade, ou serão simples emanações ou porções desta e, por isto, denominados filhos de Deus?

“Meu Deus! São obra de Deus, exatamente qual a máquina o é do homem que a fabrica. A máquina é obra do homem, não é o próprio homem. Sabes que, quando faz alguma coisa bela, útil, o homem lhe chama sua filha, criação sua. Pois bem! O mesmo se dá com relação a Deus: somos Seus filhos, pois que somos obra Sua.”

78. Os Espíritos tiveram princípio, ou existem, como Deus, de toda a eternidade?

“Se não tivessem tido princípio, seriam iguais a Deus, quando, ao invés, são criação Sua e se acham submetidos à Sua vontade. Deus existe de toda a eternidade, é incontestável. Quanto, porém, ao modo porque nos criou e em que momento o fez, nada sabemos. Podes dizer que não tivemos princípio, se quiseres com isso significar que, sendo eterno, Deus há de ter sempre criado ininterruptamente. Mas, quando e como cada um de nós foi feito, repito-te, nenhum o sabe: aí é que está o mistério.”

79. Pois que há dois elementos gerais no Universo: o elemento inteligente e o elemento material, poder-se-á dizer que os Espíritos são formados do elemento inteligente, como os corpos inertes o são do elemento material?

“Evidentemente. Os Espíritos são a individualização do princípio inteligente, como os corpos são a individualização do princípio material. A época e o modo por que essa formação se operou é que são desconhecidos.”

80. A criação dos Espíritos é permanente, ou só se deu na origem dos tempos?

“É permanente. Quer dizer: Deus jamais deixou de criar.”

81. Os Espíritos se formam espontaneamente, ou procedem uns dos outros?

“Deus os cria, como a todas as outras criaturas, pela Sua vontade. Mas, repito ainda uma vez, a origem deles é mistério.”

82. Será certo dizer-se que os Espíritos são imateriais?

“Como se pode definir uma coisa, quando faltam termos de comparação e com uma linguagem deficiente? Pode um cego de nascença definir a luz? Imaterial não é bem o termo; incorpóreo seria mais exato, pois deves compreender que, sendo uma criação, o Espírito há de ser alguma coisa. É a matéria quintessenciada, mas sem analogia para vós outros, e tão etérea que escapa inteiramente ao alcance dos vossos sentidos.”

Comentário de Kardec. Dizemos que os Espíritos são imateriais, porque, pela sua essência, diferem de tudo o que conhecemos sob o nome de matéria. Um povo de cegos careceria de termos para exprimir a luz e seus efeitos. O cego de nascença se julga capaz de todas as percepções pelo ouvido, pelo olfato, pelo paladar e pelo tato. Não compreende as idéias que só lhe poderiam ser dadas pelo sentido que lhe falta. Nós outros somos verdadeiros cegos com relação à essência dos seres sobre-humanos. Não os podemos definir senão por meio de comparações sempre imperfeitas, ou por um esforço da imaginação.

83. Os Espíritos têm fim? Compreende-se que seja eterno o princípio donde eles emanam, mas o que perguntamos é se suas individualidades têm um termo e se, em dado tempo, mais ou menos longo, o elemento de que são formados não se dissemina e volta à massa donde saiu, como sucede com os corpos materiais. É difícil de conceber-se que uma coisa que teve começo possa não ter fim.

“Há muitas coisas que não compreendeis, porque tendes limitada a inteligência. Isso, porém, não é razão para que as repilais. O filho não compreende tudo o que a seu pai é compreensível, nem o ignorante tudo o que o sábio apreende. Dizemos que a existência dos Espíritos não tem fim. É tudo o que podemos, por agora, dizer.”

Informações adicionais d'A Gênese:

Admitido o ser espiritual e não podendo ele proceder da matéria, qual a sua origem, seu ponto de partida?

Aqui, falecem absolutamente os meios de investigação, como para tudo o que diz respeito à origem das coisas. O homem apenas pode comprovar o que existe; acerca de tudo o mais, apenas lhe é dado formular hipóteses e, quer porque esse conhecimento esteja fora do alcance da sua inteligência atual, quer porque lhe seja inútil ou prejudicial presentemente, Deus não lho outorga, nem
mesmo pela revelação.

O que Deus permite que seus mensageiros lhe digam e o que, aliás, o próprio homem pode deduzir do princípio da soberana justiça, atributo essencial da Divindade, é que todos procedem do mesmo ponto de partida; que todos são criados simples e ignorantes, com igual aptidão para progredir pelas suas atividades individuais; que todos atingirão o grau máximo da perfeição com seus
esforços pessoais; que todos, sendo filhos do mesmo Pai, são objeto de igual solicitude; que nenhum há mais favorecido ou melhor dotado do que os outros, nem dispensado do trabalho imposto aos demais para atingirem a meta.

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Sempre encontrei, no estudo da Doutrina, a compreensão de que tudo procede de Deus. Ele é a causa primária de todas as coisas, da matéria e do Espírito. Seu pensamento gera e mantém continuamente tudo o que podemos perceber e muito mais.

A partir d'Ele, aprendemos pelas instruções dos Espíritos Superiores, nasce a matéria em suas apresentações infinitas e o Espírito, ser pensante. Há, entretanto, de se considerar que a criação do Espírito (nós) ainda tem seu momento e mecanismo de criação desconhecido para a humanidade.

Até hoje, acreditava, por ter compreendido assim, equivocadamente, que o próprio Espírito seria, por ser incorpóreo e não imaterial, como se pode ler em O Livro dos Espíritos, uma espécie de desdobramento do "fluído cósmico universal". Mas, por conta de dúvidas geradas em estudos de outros companheiros, mergulhei nestas questões e acredito ter entendido que, na verdade, o Espírito é um dos constituintes do Universo, não tendo sua origem nos mesmos moldes de todo o restante, oriundo do "fluído cósmico universal".

Assim sendo, podemos fazer o seguinte diagrama didático para entender fundamentos de filosofia doutrinária:


=> Espírito
/
DEUS =====>
\
=> Matéria


Mas, estudando O Livro dos Espíritos e a codificação básica, compreende-se que o princípio espiritual está presente na criação desde o início das manifestações da vida, a partir dos seres inorgânicos, como podemos ler abaixo, extraído novamente d'O Livro dos Espíritos:

Os seres orgânicos são os que têm em si uma fonte de atividade íntima que lhes dá a vida. Eles nascem, crescem, se reproduzem por si mesmos e morrem. São providos de órgãos especiais para a realização dos diferentes atos da vida, apropriados às suas necessidades de conservação. Os homens, os animais e as plantas são seres orgânicos.

Seres inorgânicos são todos os que não têm nem vitalidade, nem movimentos próprios e são formados apenas pela agregação da matéria; são os minerais, a água, o ar, etc.

[capítulo IV - Princípio Vital]

Embora possa parecer inverossímil para quem inicia o estudo doutrinário, não é tão difícil de compreender e de aceitar que existam "seres inorgânicos", se nos dispusermos a pensar de modo desapegado de preconceitos, afastando da mente o que possamos ter aprendido ou mesmo julgamentos próprios baseados sabe-se lá em quê.

Mas ainda há mais o que considerar, na sequência do capítulo, do mesmo estudo:

60 É a mesma força que une os elementos da matéria nos corpos orgânicos e inorgânicos?
– Sim, a lei de atração é a mesma para tudo.

61 Há uma diferença entre a matéria dos corpos orgânicos e a dos inorgânicos?
– A matéria é sempre a mesma, mas nos corpos orgânicos está animalizada.

62 Qual é a causa da animalização da matéria?
– Sua união com o princípio vital.

63 O princípio vital é um agente particular ou é apenas uma propriedade da matéria organizada? Numa palavra, é um efeito ou uma causa?
– Uma e outra. A vida é um efeito produzido pela ação de um agente sobre a matéria. Esse agente, sem a matéria, não é vida, do mesmo modo que a matéria não pode viver sem esse agente. O princípio vital dá a vida a todos os seres que o absorvem e assimilam.

64 Vimos que o Espírito e a matéria são dois elementos constituintes do universo. O princípio vital forma um terceiro?
– É, sem dúvida, um dos elementos necessários à constituição do universo, mas ele mesmo tem sua fonte na matéria universal modificada. É um elemento, como para vós o oxigênio e o hidrogênio que, entretanto, não são elementos primitivos, embora tudo isso proceda de um mesmo princípio.

64a Disso parece resultar que a vitalidade não tem seu princípio num agente primitivo distinto, mas numa propriedade especial da matéria universal, em razão de algumas modificações?
– É a conseqüência do que dissemos.

65 O princípio vital reside em algum dos corpos que conhecemos?
– Tem sua fonte no fluido universal. É o que chamais fluido magnético ou fluido elétrico animalizado. Ele é o intermediário, o elo entre o Espírito e a matéria.

66 O princípio vital é o mesmo para todos os seres orgânicos?
– Sim, modificado conforme as espécies. É o que lhes dá movimento e atividade e os distingue da matéria inerte, uma vez que o movimento da matéria não é a vida. A matéria recebe esse movimento, não o dá.

67 A vitalidade é um atributo permanente do agente vital ou apenas se desenvolve pelo funcionamento dos órgãos?
– Apenas se desenvolve com o corpo. Não dissemos que esse agente sem a matéria não é a vida? É preciso a união das duas coisas para produzir a vida.

67a Pode-se dizer que a vitalidade está em estado latente, quando o agente vital não está unido ao corpo?
– Sim, é isso.

O conjunto dos órgãos constitui uma espécie de mecanismo que recebe um estímulo de atividade íntima ou princípio vital que existe neles. O princípio vital é a força motriz dos corpos orgânicos. Ao mesmo tempo que o agente vital estimula os órgãos, a ação deles mantém e desenvolve a atividade do agente vital, quase do mesmo modo como o atrito produz o calor.

Podemos apreender, portanto, o seguinte:

1. Existem "seres inorgânicos", que têm uma espécie de vida, não como a nossa, pois estes seres têm suas peculiaridades e são portadores de princípio vital - não fluído vital como nós.

2. Estes seres inorgânicos mantêm relação permanente entre si, por conta de forças naturais de atração e repulsão, formando as incontáveis combinações da Natureza, manifestadas nas inúmeras apresentações de substâncias, aquelas que conhecemos e outras que desconhecemos.

3. Tanto a formação do fluído vital como dos seres inorgânicos, como de tudo o que seja manifestação da matéria tem sua origem no "fluído cósmico universal", que é a "matéria prima" de todas as manifestações passíveis de tangibilidade, isto é, de alguma forma perceptível para o Espírito.

4. Há dois princípios básicos formando o Universo: a matéria e o Espírito, sendo o primeiro desdobramento do "fluído cósmico universal" - matéria prima para o tangível e o segundo o "ser pensante", cuja origem ainda nos é ignorada.

Há sempre o que pensar nestas questões de origem filosóficas. Algumas coisas nos parecem claras, outras nos deixam confusos. Entretanto, a leitura detalhada e minuciosa da codificação tem todas as condições de eliminar qualquer dúvida.

Leia esta passagem d'A Gênese, para "clarear" ainda mais a questão da origem do Espírito:

Terá o princípio espiritual sua fonte de origem no elemento cósmico universal? Será ele apenas uma transformação, um modo de existência desse elemento, como a luz, a eletricidade, o calor, etc.?

Se fosse assim, o princípio espiritual sofreria as vicissitudes da matéria; extinguir-se-ia pela desagregação, como o princípio vital; momentânea seria, como a do corpo, a existência do ser inteligente que, então, ao morrer, volveria ao nada, ou, o que daria na mesma, ao todo niversal. Seria, numa palavra, a sanção das doutrinas materialistas.


Portanto, o "princípio espiritual" que está presente, já desde o reino mineral, nos seres inorgânicos, não é uma transformação do "elemento cósmico universal", mas o "outro" componente do Universo, por questão de compreensão dos textos compreendidos nas obras básicas da Doutrina Espírita.

Como se vê, são muitas informações, muitos conceitos para absorver e nem sempre nossa capacidade realmente absorve com realidade tudo. Algumas vezes temos certas tendências de "compreender com nossos modelos interiores" e acabamos por cometer equívocos bem intencionados.

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