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"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."

Militão Pacheco

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Intolerância no Espiritismo?





Comparando a história do Espiritismo com a do Cristianismo Primitivo, podemos tirar algumas conclusões importantes para a o futuro da nossa doutrina e o do seu movimento social.

O Cristianismo, cuja pureza doutrinária do Evangelho e simplicidade de organização funcional dos primeiros núcleos cristãos foi conquistando lenta e seguramente a sociedade de sua época, sofreu com o tempo um desgaste ideológico. Corrompeu-se por força dos interesses políticos, financeiros e institucionais. Os novos adeptos e seus líderes, não conseguindo penetrar na essência do Evangelho, que é regeneração, ou seja, o mergulho doloroso no mundo interior e a reversão das atitudes exteriores, adaptaram o mesmo às suas conveniências psico-sociais, atacando suas idéias mais contundentes à moral animalizada, alimentando os mecanismos de defesa da mente, fazendo concessões às fraquezas dos adeptos e desviando-os para o comodismo dos disfarces rituais exteriores. Repressão de forças espirituais espontâneas e idéias consideradas ameaçadoras ao clero, como a mediunidade e a reencarnação; a falsificação de tradições e a adoção do sincretismo do costumes bárbaros, foram as principais estratégias dessa clericalização do cristianismo.

O resultado de tudo isso é bem conhecido: dois milênios de intolerâncias, violências, atraso espiritual, perpetuação das injustiças sociais, agravamento de compromissos com a lei de ação e reação e forte comprometimento da regeneração do nosso planeta.

Com o Espiritismo não está sendo muito diferente.

Apesar das advertências dos Espíritos e do próprio Allan Kardec quanto aos períodos históricos e tendências do movimento, os espíritas insistem em cometer os mesmos erros do passado. Os mesmos erros porque provavelmente somos as mesmas almas que rejeitaram e desviaram o Cristianismo da sua vocação e agora posamos de puristas ortodoxos, inimigos ocultos do Espírito da Verdade.

Negligentes com a oração e a vigilância, cedemos constantemente aos tentáculos do poder e da vaidade. Desprezamos a toda hora a idéia do “amai-vos e instruí-vos”, entendendo-a egoisticamente, ora como fortalecimento intelectual competitivo, ora como o afrouxamento dos valores doutrinários. Não conseguindo nos adaptar ao Espiritismo, compreendendo e vivenciando suas verdades, vamos aos poucos adaptando a doutrina aos nosso limites, corrompendo os textos da codificação, ignorando a experiência histórica de Allan Kardec e dos seus colaboradores, trazendo para os centros espíritas práticas dogmáticas das nossas preferências religiosas, hábitos políticos das agremiações que freqüentamos e mais comumente a interferência negativas dos nossos caprichos e vaidades pessoais.

Como os primeiros cristãos, também lutamos pelo crescimento de nossas instituições, deixando-nos seduzir pelo mundo exterior e imitando os grupos já pervertidos, construindo palácios arquitetônicos, cuja finalidade sempre foi causar impressão aos olhos e a falsa idéia de prestígio político; e dentro deles praticamos as mesmas façanhas da deslealdade, das rivalidades, das perseguições aos desafetos, da auto-afirmação e liderança autoritária, de crítica e boicote às idéias que não concordamos.

E, finalmente, cultivamos uma equívoca concepção de unificação, esperando ingenuamente que a nossas idéias e grupos sejam majoritários num Grande Órgão Dirigente do Espiritismo Mundial, do nosso imaginário, e muitas outras tolices e fantasias que nem vale a pena enumerar aqui.

E assim caminhamos, unidos em nossas displicências e divididos nas responsabilidades. Preferimos esquecer figuras exemplares que atuaram na Sociedade Espírita de Paris quando ignoramos nossa história sabiamente registrada na Revista Espírita. Deixamos de lado líderes agregadores – ainda que divergências normais e toleráveis existissem entre eles – para ouvir e nos deixar dominar por um disfarçado clero institucional, comando por vozes medíocres e ciumentas, figueiras estéreis, sofistas encantadores e improdutivos, enfim, velhas almas e velhas tendências, vinho azedo e frutas podres em nossos mais caros celeiros doutrinários.

Mas como evitar esse processo de corrupção e, em alguns casos notórios, de contaminação e má conduta? Como reverter a situação para reconduzir essas experiências para os rumos verdadeiramente espíritas? O que fazer com as más instituições, com os maus dirigentes, os maus médiuns, maus comunicadores, enfim os maus espíritas? Devemos identificá-los e expulsá-los dos nossos quadros? Devemos denunciá-los e discriminá-los como fazia a Inquisição com os acusados de heresia?

O que fazer com os livros que consideramos impuros ou inconvenientes ao movimento?: devemos queimá-los em praça pública, censurá-los em nossas bibliotecas ou então deixar que a própria comunidade espírita pratique o livre arbítrio e aprenda a fazer escolhas corretas e adequadas às suas necessidades?

O Espiritismo foi certamente uma doutrina elaborada por Espíritos Superiores e isto nos deixa tranqüilos quanto ao seu futuro doutrinário. Mas o seu movimento vem sendo feito por seres humanos, espíritos ainda imaturos e inexperientes. Isso realmente tem nos deixado muito preocupados, pois sabemos que, hoje, os inimigos do Espiritismo estão entre os próprios espíritas.

Dalmo Duque dos Santos

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Bem, quero deixar claro que o texto acima foi encontrado na internet. Não irei citar o site, por questão de preservação, mas o autor tem seu nome marcado no final do texto.

Algumas vezes eu mesmo me pergunto se essa história de intolerância entre espíritas realmente existe e vejo que há quem pense que sim, pelo que se pode ler acima.

Mas o autor não afirma categoricamente que existe esta intolerância, ele levanta a questão de modo peculiar e isso serve para que se pense no assunto...

Eu tenho ainda mais questionamentos a respeito destes assuntos que ele coloca.

Por exemplo, com relação a livros, não acredito seja adequado divulgar obras que contrariem claramente os princípios doutrinários. Não repetiria o ato de intolerância de Barcelona, mas certamente não coloco algumas obras na prateleira de uma livraria para vender. Mesmo que muitas casas espíritas vendam tal obra. O fato de a maioria vender um livro, não autentica sua legitimidade. Sei que as pessoas precisam analisar e separar o joio do trigo, mas ao mesmo tempo não consigo ver sentido em propagar ideias que não combinam com aquelas que a Doutrina professa.

Não se pode deixar iludir por pensamentos unificadores, já que ainda estamos em processo de aprendizado. Mas precisamos, certamente, conviver com todos os que pensam de modo um pouco ou muito divergente de nós.

No âmbito maior entre as Instituições ditas Espíritas, pensamentos e propostas para o trabalho divergem de forma, digamos, harmônica. Assim, por exemplo, poderemos ver métodos de passe diferentes de uma casa espírita para outra. Uma concebe tocar as pessoas e outra não concebe o toque. Uma outra, ainda, orienta o passe coletivo, enquanto outra mais além apenas o individual, assim como uma terceira trabalha com o auto-passe. Todas têm formas diferentes para um mesmo trabalho, mas convivem pacificamente, à distância, sem que exista uma interação mais intensa entre todas.

Entretanto, dentro de uma mesma casa, as propostas precisam de uma unificação de ideais, senão o trabalho não fluirá. É necessário que tenhamos neste âmbito mais restrito uma coesão de pensamentos, uma diretriz unificada, para que exista resultados de uma equipe afinada com propósitos semelhantes. Quando não há proximidade desta forma em um mesmo ambiente, certamente haverá uma cisão, cedo ou tarde. Questão de lógica simples.

As experiências de todas as Casas irão se somando com o tempo e mostrando o caminho mais adequado para beneficiar a humanidade, progressivamente, como tem acontecido no correr da história. Mesmo com os traumas necessários, aprendemos, pelo menos alguns de nós.

Oxalá estejamos nós entre aqueles que efetivamente aprendam a linguagem do Cristo e consigamos realmente praticar seu Evangelho, gerando melhoras para a Doutrina, dia a dia, inclusive sem que nos coloquemos diante da Vida, como já o fizemos em outras vivências, em outras encarnações, como cita o autor do texto acima.

Saudações.

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