Mensagem

"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."

Militão Pacheco

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Psicografias - Parte II




- Qual o seu nome?

- Maria.

- Você deseja receber psicografia de quem?

- Do João, meu marido.

- Então, por favor, escreva o nome dele aqui e as informações solicitadas no formulário, por favor.

- Pois não.

Por algum tempo Maria permaneceu em uma assembléia na qual as pessoas ficavam escutando palestras variadas sobre Espiritismo. Alguns dos palestrantes falavam muito bem e com muita convicção, chegando a impressioná-la, outros nem tanto, deixando-a com dúvida a respeito do assunto abordado. Ficava um pouco confusa e então se perguntava o que estaria fazendo ali. Ocasionalmente entre uma palestra e outra alguém falava com voz mais alta, para chamar atenção dos presentes, alertando para a chegada de uma mensagem. E chegou a vez dela:

- De João para Maria!

Imediatamente ela se levantou e o rapaz lhe entregou a psicografia com um largo sorriso no rosto. Trêmula, ela não hesitou e começou a ler a carta que tinha nas mãos.

“Minha querida, estou muito feliz por saber que ainda se preocupa comigo. É muito bom, quando estamos aqui, desse lado da vida, sentirmos uma enorme solidão e dúvidas sobre a nossa importância para quem tenha ficado na Terra, por mais que tenham demonstrado nos amar o tempo todo.”

“Não sei o que dizer sobre nossos filhos. Tudo me parece confuso e tenho dúvidas sobre a situação dos dois. Nem me recordo direito suas idades e não sei exatamente quanto tempo passou depois de minha morte. Mas fico feliz de saber que os dois podem estar bem.”

“Sei que não fui um pai que cumprisse com todos os seus deveres e sei que falhei em vários aspectos, mas mesmo assim, quero dizer a você e a eles que eu os amo muito, muito mesmo!”

“Sinto não poder escrever mais para você, mas os Espíritos que me trouxeram aqui não querem que eu continue, pois dizem que preciso economizar energias.”

“Um forte abraço, do seu marido, João.”

‘Que coisa mais interessante’, pensou Maria! ‘Nunca fui casada, nunca tive filhos e bastou inventar algumas coisas para receber uma psicografia de um marido hipotético que inventei e escrevi só para ver o que acontecia. Esse pessoal espírita é feito de um bando de mentirosos mesmo! Tá vendo? Por isso eu fico lá, na minha igreja mesmo, que é de confiança! Ninguém de lá inventaria uma mentira dessas! Mas eu vou levar isso para o pastor da minha igreja hoje mesmo! Tenho certeza de que ele vai tomar alguma providência quanto a esse absurdo!’

- Olá, minha irmã! Boa tarde!

- Boa tarde, pastor. Com todo respeito queria lhe contar uma experiência que acabei de ter em um Centro Espírita. Posso?

- Claro que pode, minha irmã. Entre, por favor, a casa é de todos nós!

O pastor ouviu atentamente a história da moça, leu a mensagem recebida e, após alguns instantes de reflexão, iniciou uma pequena elucidação sobre o caso:

- Em primeiro lugar, minha irmã, o que você fez é de uma falta de respeito imenso...

- Mas...

- Sem ‘mas’, minha irmã, sem ‘mas’. É um grande equívoco abusar da ingenuidade das pessoas que estão em um trabalho religioso, seja ele qual for, para expor suas fragilidades, já que, afinal de contas, todos nós temos fragilidades inúmeras, incontáveis, pela nossa própria natureza. Você mesma, ao tomar essa atitude, demonstrou claramente que não respeita o próximo.

- Pastor! Eu não respeito o próximo? Eles é que não respeitam, agindo assim, enganando as pessoas!

- Não! Eles não agem de má fé, minha irmã. Eles agem por inocência, querendo auxiliar eles erram, mas querem ajudar! E você? Quis ajudar alguém ou quis simplesmente expor as mazelas alheias?

- Quis ajudar, ao expor os erros dos outros! Sou uma mulher honesta e o senhor sabe disso!

- Honesta, mas ao mesmo tempo cruel, pois prevalece de sua ‘honestidade’ para mostrar as fragilidades até mesmo de quem faz as coisas, toma as atitudes, por ter boa vontade. Eu conheço suas tarefas na igreja, sei que você é uma grande tarefeira, mas sinceramente, sinceramente, também sei que ‘a senhora’ não tem papas na língua e fala tudo o que julga ser verdadeiro para quem quer que seja. Isso, certamente, nem sempre é bem vindo e ‘a senhora’, com essa postura, faz muitos adversários por aqui.

- Não é verdade! Todos me amam nessa nossa comunidade! Não tenho do que me arrepender de falar a verdade!

- A SUA verdade, não é, irmã? A SUA verdade! Na verdade, você precisaria de uma reflexão mais profunda, para aprender a viver com mais cuidado e diplomacia, sabe? Seria muito bom se você conseguisse viver com maior grau de harmonia junto às pessoas. Isso que você fez nesse momento é desagradável e sugiro firmemente que se desfaça dessa mensagem infeliz, que só serve para mostrar sua crueldade...

- De modo algum! Se o senhor não me dá ouvidos, levarei a mensagem para o editor do nosso jornal! Tenho certeza de que ele terá grande interesse pela matéria riquíssima que tenho nas mãos e no meu depoimento pela verdade! Não irei desanimar diante de sua covardia! Passe bem!

Psicografia recebida no NEPT em 02 de outubro de 2012.

Militão Pacheco.

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