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"Não permita que aquilo que você chama de amor se transforme em obsessão.
Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."

Militão Pacheco

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Biografias do Espiritismo





Emmanuel Swedenborg


Um dos precursores do Espiritismo, Swedenborg era um homem culto e de grande inteligência. Suas visões do mundo espiritual geraram relatos que foram comprovados posteriormente pelos trabalhos de Allan Kardec e André Luiz.

De acordo com uma definição brilhante do Prof. José Herculano Pires no livro O Espírito e o Tempo, o Espiritismo se formou como uma estrela no seio de uma nebulosa e faz parte de uma verdadeira galáxia que se estende até o infinito, abrangendo desde os mundos inferiores até os mais elevados. Os estudiosos se detiveram, então, na procura do foco de onde teria sido irradiada a elaboração da doutrina espírita propriamente dita e isso remeteu, segundo Sir Arthur Conan Doyle, a Emmanuel Swedenborg.

O célebre escritor inglês disse ainda que a elaboração da doutrina vinha sendo preparada cuidadosamente, mencionando "batedores" e "patrulhas de vanguarda" que prepararam o terreno para uma "invasão espiritual organizada" de nosso mundo. Como não poderia deixar de ser, Swedenborg pode e deve ser considerado o primeiro desses batedores, pois se lançou literalmente na elaboração de uma doutrina, alavancado por sua magnífica cultura e poderosa inteligência. Pode ser considerado como um dos precursores do Espiritismo.

Emmanuel Swedenborg nasceu em Estocolmo, na Suécia, em 1688, portanto, 169 anos antes do lançamento da primeira edição de O Livro dos Espíritos, em 18 de abril de 1857. Em sua época, foi considerado na Europa como uma pessoa de grande cultura e inteligência. Atuava em várias especialidades, como engenharia de minas, zoologia, anatomia, metalurgia, física e astronomia, destacando-se ainda como homem versado em finanças e política.

Swedenborg foi um dos médiuns mais proeminentes na produção mediúnica e deu inúmeras informações sobre o mundo espiritual, confirmadas posteriormente através do consenso universal, quando foi feita a codificação do Espiritismo. Consta que ele costumava ter visões desde criança, fenômeno que ocorria esporadicamente e que foi se apagando ao atingir a puberdade e a juventude. Entretanto, em abril de 1744, quando estava em Londres, suas forças psíquicas desabrocharam súbita e impetuosamente, permanecendo nesse nível durante muitos anos, até seu desencarne, em 1772, aos 84 anos de idade.
Aparecimento da Mediunidade:

Conan Doyle o chamava de "pai do nosso novo conhecimento dos fenômenos sobrenaturais". Com relação ao desabrochar de sua mediunidade, Swedenborg costumava descrever como ocorria o fenômeno que o mantinha em contato permanente com o mundo espiritual, dizendo que, em uma certa noite, o mundo dos espíritos se abriu para ele, encontrando muitas pessoas de seu conhecimento e de todas as condições. "Desde então, diariamente o Senhor abria os olhos de meu espírito para que eu pudesse ver, perfeitamente desperto, o que se passava no outro mundo e conversar, em plena consciência, com anjos e espíritos", afirmava.

Sobre sua primeira visão espiritual, Swedenborg dizia que "uma espécie de vapor se exalava dos poros do corpo, era um vapor aquoso que caía sobre o tapete". Essa era uma perfeita descrição do ectoplasma, considerado a base dos fenômenos físicos produzidos pelos espíritos. Essa substância foi chamada também de ideoplasma, pois toma a forma que o espírito lhe dá instantaneamente. No caso do médium, conforme sua descrição, o ideoplasma se transformou em vermes, interpretando como um sinal de que seus guias espirituais lhe desaprovavam o regime alimentar, pois tal fenômeno era acompanhado por um aviso, pela clarividência, de que deveria ser mais cuidadoso a esse respeito.

Mas como Swedenborg interpretava os fenômenos mediúnicos, considerando-se que ainda não havia sido feita a codificação do Espiritismo, que explica cientificamente estes fatos? Ele considerava que seus poderes psíquicos se relacionavam com o sistema respiratório, raciocinando que, como o ar atmosférico e o éter nos envolvem, seria possível que algumas pessoas respirassem mais éter do que ar e, assim, alcançassem um estado psíquico mais etéreo. É bom lembrar que o sistema indiano do yoga repousa sobre essa mesma idéia.
A missão de Swedenborg:

Tudo indica que a tarefa atribuída a Emmanuel Swedenborg pelos dirigentes espirituais foi de divulgar os conhecimentos que adquirisse em contato com o mundo dos espíritos. No entanto, sua mente privilegiada em relação ao nível de inteligência e cultura foi prejudicial em certo sentido, adulterando os resultados do que lhe foi permitido observar nesse mundo além-túmulo e levando-o a querer criar uma teologia própria, não aceitando opiniões contrárias aos seus próprios pontos de vista. Swedenborg tentou criar uma nova religião fundamentada em suas opiniões pessoais e, infelizmente, por não saber usar o bom senso que sua inteligência lhe proporcionava, fracassou no cumprimento da missão que teria sido confiada pelos espíritos superiores.

Para que fiquem mais claros os motivos que levaram Swedenborg a pretender criar uma teologia própria, vamos tentar explicar suas razões. Ele conhecia profundamente a Bíblia e a aceitava como sendo a palavra e a verdade de Deus, mas, ao mesmo tempo, fazia uma ressalva, sustentando que o significado do que está escrito é inteiramente diferente de seu sentido evidente e que somente ele, Swedenborg, ajudado pelos anjos, era capaz de entender e transmitir o verdadeiro sentido do que está escrito. Entretanto, não devemos tratá-lo como um pretensioso, pois ele era inteligentíssimo e culto. Para julgá-lo, o que não devemos fazer de maneira alguma, seria necessário ter também uma mente privilegiada, pois ele seria considerado como um "fora de série".

Desconsiderando sua pretensão de ser o único capaz de interpretar a Bíblia, chega-se à conclusão de que Swedenborg falou a verdade quando disse que o significado do que está escrito é inteiramente diferente de seu sentido óbvio. No livro A Caminho da Luz, psicografado por Chico Xavier, Emmanuel, mentor espiritual do médium mineiro, esclarece que o Antigo Testamento é um repositório de conhecimentos secretos dos iniciados do povo judeu e que somente os grandes mestres da raça poderiam interpretá-los fielmente, nas épocas mais remotas.

Portanto, a primeira elaboração teórica de Swedenborg não foi filosófica nem científica, mas teológica. Ele chegou a construir uma complicada interpretação da Bíblia por meio de um sistema de símbolos, dizendo-se o único detentor da verdade, à qual tinha acesso com o auxílio dos anjos. Essa pretensão o levou, naturalmente, à convicção da infalibilidade, ou seja, suas explicações deveriam ser aceitas sem discussões. Swedenborg via o mundo espiritual, conversava com os espíritos, recebia deles instruções diretas e, por isso, julgava-se capaz de explicar tudo, sem maiores preocupações. Tornou-se um místico, distanciando-se da experiência científica a que se dedicava anteriormente.

Essa curiosa posição de Swedenborg o transformou em um elo entre dois períodos da evolução espiritual humana. De um lado, temos o horizonte profético, carregado de misticismo, impondo-lhe o seu peso. De outro, o horizonte civilizado, que abre suas perspectivas em direção ao cenário espiritual. Ele permaneceu no limite desses dois mundos. Através de sua teologia, firmou-se no passado e com sua doutrina das esferas, que formularia logo a seguir, projetou-se ao futuro. Escrevia seus livros complicados em latim, mas, apesar disso, apresentava uma nova visão do problema espiritual.
Semelhança de Informações:

O que faz Emmanuel Swedenborg ser um precursor do Espiritismo é a sua posição diante do mundo espiritual, que ele considerava de maneira quase positiva. Segundo ele, após a morte, os homens vão para esse mundo e não são julgados por tribunais, mas por uma lei que determina as condições nas quais passarão a viver, ou seja, em planos superiores ou inferiores nas diferentes esferas da espiritualidade. Para Swedenborg, anjos e demônios nada mais eram do que seres humanos desencarnados em diferentes fases de evolução.

Suas descrições do mundo espiritual se assemelham bastante às que encontramos nas comunicações passadas a Allan Kardec ou recebidas atualmente por nossos médiuns. O inferno não é um lugar de castigo eterno, mas um plano inferior do qual os espíritos podem seguir para outros mais elevados, purificando-se. É impressionante também como suas informações do mundo espiritual são absolutamente semelhantes às que André Luiz nos passou muito tempo depois em seus livros, descrevendo uma das cidades do mundo espiritual e seus habitantes. Swedenborg nos fala da arquitetura, do artesanato, das flores, dos frutos, da arte, da música, da literatura, da ciência, dos esportes etc. Sustentava também que uma densa nuvem havia se formado ao redor da Terra devido à grosseria psíquica da humanidade e que, de tempos em tempos, ocorria um julgamento e uma limpeza.

Dessa forma, as atitudes proféticas de Swedenborg são indiscutíveis. Diante dos fenômenos observados por esse homem extraordinário, dotado de vastos conhecimentos em diversas áreas e interesse por outros ramos científicos, não se coloca posição de crítica, mas de passiva aceitação. Ele se considerava eleito para uma missão espiritual, senhor de uma revelação pessoal e, portanto, incumbido de ensinar de forma dogmática o que lhe era revelado. Neste ponto, diferenciava-se de Kardec, que não se julgava um profeta, mas um pesquisador, um observador dos fatos, dos quais deveria deduzir a necessária interpretação de forma racional.

No entanto, tiramos uma importante lição da vida e da obra de Emmanuel Swedenborg: o Espiritismo está certo em condenar a formulação de teorias pessoais pelos videntes e encarecer a necessidade da metodologia científica para verificação da verdade espiritual. Swedenborg foi o último dos reveladores pessoais e abriu perspectivas para a nova era, que deveria surgir com Kardec. O que vale em sua obra não é a interpretação pessoal dos fatos, mas estes em si, confirmados posteriormente pela observação e pela experimentação espírita, dando aos homens uma concepção nova da vida presente e futura.
Conheça algumas das informações passadas por Emmanuel Swedenborg que descreu em suas visões do mundo espiritual.

* Somos julgados automaticamente por uma lei espiritual e o resultado é determinado pela soma dos nossos atos durante a vida, de forma que a absolvição ou o arrependimento no leito de morte tem pouco proveito.

* O mundo para onde vamos depois da morte consiste em várias esferas, representando outros tantos graus de luminosidade e felicidade. Cada um de nós irá para aquela que se adapte à nossa condição espiritual.

* Nessas esferas, o cenário e as condições de vida são idênticas às da Terra, assim como a estrutura da sociedade. Existem casas onde vivem famílias, templos onde se praticam cultos religiosos, auditórios onde se realizam reuniões para fins sociais, palácios onde parecem morar os chefes etc.

* A morte é suave, dada a presença de seres celestiais que ajudam os recém-chegados em sua nova existência. Estes passam imediatamente por um período de repouso e alguns reconquistam a consciência em poucos dias, segundo a nossa contagem de tempo.

* Há anjos e demônios, mas não são de ordem diversa da nossa. São seres humanos que tinham vivido na Terra e que são almas retardatárias, como demônios, ou altamente desenvolvidas, como anjos.

* O homem nada perde nem se modifica com a morte. Sob todos os pontos de vista, ainda é um homem, porém, mais perfeito do que quando na matéria. Leva consigo seus hábitos adquiridos, preocupações e preconceitos.

* Todas as crianças são recebidas igualmente, sejam batizadas ou não. Crescem no outro mundo. Jovens lhes servem de mães até chegarem às suas mães verdadeiras.

* Não há penas eternas. Os que se acham no inferno podem trabalhar para sua saída, desde que sintam vontade. Os que se acham no céu trabalham por uma posição mais elevada.

* Aqueles que saem da Terra velhos, decrépitos, doentes e deformados recuperam a juventude e o completo vigor. Os casais continuam juntos se os seus sentimentos recíprocos os atraem, caso contrário, a união fica desfeita.

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