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Amor é liberdade.
Amor é vida.
Jamais prisão ou limitação."
Militão Pacheco
terça-feira, 20 de novembro de 2012
PEDRO DE CAMARGO
PEDRO DE CAMARGO (VINÍCIUS)
1878 – 1966
Nascido no dia 7 de maio de 1878, na cidade de Piracicaba, Estado de S. Paulo, e desencarnado no dia 11 de outubro de 1966, na cidade de São Paulo.
Não se pode fazer o esboço histórico do Espiritismo no Estado de S. Paulo, na primeira metade do presente século, sem levar em consideração a personalidade inconfundível de Pedro de Camargo, mais conhecido pelo pseudônimo de Vinícius.
Os seus primeiros anos de escolaridade foram feitos no Colégio Piracicabano, educandário de orientação metodista, de fundação norte-americana. A diretora do estabelecimento era então a missionária Martha H. Watts, de quem Pedro de Camargo guardou sempre as mais caras recordações e grande admiração.
São dele as seguintes palavras extraídas de um artigo que escreveu por ocasião da desencarnação daquela missionária, ocorrida nos Estados Unidos: "Sempre que se oferecia ensejo de inocular princípios de virtude e regras de moral, era quando se mostrava admirável, comprovando a rara e excepcional competência de que fora dotada para exercer tão sublime missão".
Durante muitos anos, Pedro de Camargo presidiu a Sociedade de Cultura Artística, de Piracicaba, tendo a oportunidade de levar para lá famosos artistas.
Jamais teve tendência para a política. Chegou a assumir uma cadeira de Vereador, na Câmara Municipal de Piracicaba, eleito por indicação do extinto Partido Republicano.
Como não quisesse "seguir outra disciplina que não fosse a do dever, e ouvir outra voz que não a da razão e da consciência", dizia ele mais tarde - esse critério não serviu ao Partido, por isso não o quiseram mais.
Os estudos bíblicos eram metódicos no Colégio Piracicabano, de maneira que Pedro de Camargo se tornou um dos maiores entusiastas dessa matéria, tornando-se mais tarde uma das maiores autoridades no trato da exegese evangélica.
No ano de 1904, foi fundada em Piracicaba a primeira instituição espírita da cidade, com o nome de Igreja Espírita Fora da Caridade não há Salvação. Dentre os seus fundadores salientava-se a figura veneranda de João Leão Pitta.
O funcionamento dessa tradicional instituição acarretou a esse pioneiro uma série de perseguições movidas por inspiração de outras entidades religiosas, chegando ao ponto de não conseguir nem mesmo um emprego, tão necessário para o amparo de sua família, a qual ficou mais de um ano na eminência de completo desamparo.
Um ano mais tarde, em 1905, Pedro de Camargo interessou-se pelo Espiritismo, uma vez que nele encontrou a solução para tudo aquilo que constituía incógnitas em seu Espírito.
Tomando conhecimento do que sucedia com Leão Pitta, prontamente o empregou em sua loja de ferragens e, como segundo passo, desfez a secção de armas de fogo que representava apreciável fonte de renda em seu estabelecimento comercial.
Durante cerca de trinta anos, Pedro de Camargo desenvolveu, em sua cidade natal, profícuo e intenso trabalho de divulgação das verdades evangélicas à luz da Doutrina Espírita.
Nessa época passou a adotar o pseudônimo de Vinícius; suas preleções eram estenografadas e logo em seguida largamente difundidas, fazendo com que sua fama se propagasse por toda a circunvizinhança.
No ano de 1938, transferiu seu domicílio para a cidade de S. Paulo. Ali substituiu o confrade Moreira Machado na presidência da União Federativa Espírita Paulista e, juntamente com Thietre Diniz Cintra, fundou uma escola para evangelização da infância e juventude, tendo para tanto elaborado normas e diretrizes para esse gênero de educação.
Em 1939 tornou-se um dos diretores do Programa Radiofônico Espírita Evangélico do Brasil, levado ao ar, diariamente, através da Rádio Educadora de S. Paulo. Em 31 de março de 1940, quando a União Federativa Espírita Paulista fundou a Rádio Piratininga, emissora de cunho nitidamente espírita, Vinícius foi eleito seu diretor-superintendente e, em companhia de outros valores do Espiritismo paulista, orientou aquela emissora e seu programa espírita diário até o ano de 1942.
Nessa época Vinícius já havia se integrado na Federação Espírita do Estado de S. Paulo, tornando-se um dos seus conselheiros e ali introduzindo as suas "Tertúlias Evangélicas", realizadas todos os domingos de manhã, com apreciável assistência que invariavelmente superlotava o seu salão.
Durante muitos anos, foi delegado da Federação Espírita Brasileira, em S. Paulo, representando-a em todas as solenidades onde a sua presença se fazia necessária.
Quando a Federação Espírita do Estado de S. Paulo, em março de 1944, lançou o seu órgão "O Semeador", Vinícius foi designado seu diretor-gerente, cargo que desempenhou durante mais de uma década, emprestando àquele jornal a sua costumada cooperação.
Em outubro de 1949, em companhia de Carlos Jordão da Silva, integrou a representação do Estado de S. Paulo junto ao II Congresso Espírita Pan-americano, conclave de grande repercussão que se realizou no Rio de Janeiro. No ensejo desse acontecimento, reuniram-se na antiga Capital Federal várias representações de entidades espíritas de âmbito estadual, as quais, numa feliz gestão, conseguiram materializar o sonho de muitos seareiros espíritas, criando o Conselho Federativo Nacional e assinando o célebre Pacto Áureo de Unificação.
Pedro de Camargo foi um dos signatários desse importante instrumento de pacificação espírita nacional, no dia 5 de outubro de 1949.
Vinícius foi assíduo colaborador de numerosos órgãos espíritas. De sua bibliografia destacamos os livros: "Em torno do Mestre", "Na Seara do Mestre", "Nas Pegadas do Mestre", "Na Escola do Mestre, "O Mestre na Educação", e "Em Busca do Mestre", obras de marcante relevância no campo da divulgação evangélico-doutrinária.
A sua ação se fez sentir vigorosamente quando se cogitou da fundação de uma instituição educacional espírita. Lutou durante muitos anos por esse ideal. Exultou-se com a fundação do Educandário Pestalozzi, na cidade de França, entretanto, o seu sonho concretizou-se quando da fundação do "Instituto Espírita de Educação", do qual foi presidente. No âmbito desse instituto foi fundado o "Externato Hilário Ribeiro", em cuja direção permaneceu até o ano de 1962.
A par de todas essas atividades, Pedro de Camargo ocupava assiduamente as tribunas das instituições espíritas, principalmente as da Capital do Estado, tornando-se um dos oradores mais requisitados e o que sempre conseguia atrair maior assistência. Homem dotado de ilibado caráter, comedido em suas atitudes e de moral inatacável, tornou-se, de direito e de fato, verdadeira bandeira do movimento espírita. Quando seu nome figurava à testa de qualquer realização, esta infundia confiança e respeito, dada a indiscutível projeção do seu nome e a sua qualidade de paladino das causas boas e nobres.
Vinícius também teve notória atuação no campo da assistência social espírita, situando, entretanto, em primeiro plano o trabalho em prol do esclarecimento evangélico-doutrinário, imprescindível à iluminação interior dos homens.
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